Capítulo 12

 

Érika acordou com uma resseca horrível. Teve dificuldades para lembrar o que havia acontecido, mas acabou lembrando. 

 

"Merda, que ridículo você beber desse jeito, Érika. Onde estou?"

 

A loira olhou em volta, mas não estava reconhecendo aquele lugar. Levantou-se com certa dificuldade e fez careta, pois a dor de cabeça estaca forte demais. Abriu a porta do quarto e observou aquele enorme corredor. Reconheceu onde estava e ficou um pouco mais aliviada. Resolveu tomar um banho. Depois foi no quarto da ruiva para agradecer. Viu que ela e a prima dormiam tranquilamente e sorriu. Apesar de Érika amar Luiza, há muito tempo ela já havia parado de sofrer. Queria que Luiza fosse feliz e não tinha nenhuma esperança de um dia ficar com ela. Só queria amar novamente e dessa vez ser correspondida, mas era fechada em relação a isso. 

 

Infelizmente teria que acordar Luiza, pois teriam que inventar uma desculpa do século para os pais. Aproximou-se da cama e cutucou levemente a prima. 

 

-- Luiza... - chamou, mas a menina dormia feito pedra com um sorriso bobo no rosto. 

 

Érika revirou os olhos e sentiu a cabeça doer. 

 

-- Aii inferno! - praguejou. 

 

Luiza acordou assustada e encarou a prima. 

 

-- Érika? - estava confusa. 

 

-- Até que enfim - disse massageando a testa, tentando conter a dor. 

 

Rebecca acordou e deparou-se com Érika observando as duas. Corou imediatamente. Érika percebeu e fez uma careta, pois não conseguia sorrir. 

 

-- Luiza vou te esperar no quarto que estava antes... Sinto que minha cabeça vai explodir. 

 

-- Tem remédios no banheiro, Érika - disse a ruiva timidamente. 

 

-- Obrigada por tudo, Rebecca... Por você ter deixado a gente ficar aqui, valeu - disse sincera.

 

-- De nada, Érika - Rebecca sorriu. 

 

-- Luiza não demora... A gente ainda tem que inventar uma desculpa das boas - disse saindo do quarto e deixando as meninas sozinhas. 

 

Rebecca estava tímida e Luiza percebeu. A menina sorriu e deu um selinho na ruiva. 

 

-- Você fica linda tímida - disse fazendo carinho no rosto de Rebecca. 

 

-- Eu sempre fico assim perto de você - sorriu. 

 

-- Agora não podemos conversar... Pode ser mais tarde... Você pode ir lá em casa? 

 

-- Ai não sei...  Seus pais estão lá - disse com as bochechas vermelha - Eu tenho vergonha...

 

-- Eles não estão lá hoje... Papai estar de plantão e mamãe foi visitar minha avó e vai ficar por lá... Só vai ficar eu e a Carol. 

 

Rebecca sorriu.

 

-- Então eu vou. 

 

-- Ótimo - beijou os lábios da ruiva - Agora preciso ir... - disse se levantando 

 

-- Luiza - a ruiva a chamou. 

 

-- Oi minha linda - falou carinhosa. 

 

-- Eu amo você... 

 

Luiza abriu o mais lindo sorriso de todos. 

 

-- Eu também te amo! - aproximou-se dando um leve selinho -  Agora tenho quer ir... 

 

-- Vou acompanhá-las até a saída - disse ficando de pé e passando as mãos pelo vestido, que estava todo amarrotado - Vamos... 

 

Rebecca levou as duas até a porta. Abraçou Érika que correspondeu. Abraçou e beijou Luiza no rosto. As duas não cansavam de se olhar. Se despediram e se foram deixando para trás uma ruiva cheia de suspiros. 

 

"Acho que eu sou a garota mais feliz nesse momento. Estou amando e sou correspondida... Esse sentimento me deixa tão... Maravilhada... Eu quero viver esse amor por completo"

 

**********

Carol havia saído para comprar besteiras na padaria. Estava se deliciando com um biscoito delicioso. Caminhava tranquilamente e cantando alguma canção boba. Parou de repente olhando fixamente para um grupinho que estava reunido na praça da cidade. Reconheceu a menina de cabelos castanhos que estava no meio deles. A baixinha sorriu e aproximou-se. 

 

-- Bia! - Carol chamou. 

 

Todos os olhares se voltaram para ela. Beatriz apertou os olhos algumas vezes parecia não está lembrando da menina. 

 

-- Eu conheço você? - disse meio louca. 

 

Carol riu. 

 

-- Bia tu tá muito doida né? 

 

-- Eu? Nada.. Eu... Só tô vendo coelhinhos pulando na lua... Eles são tão fofos - disse doidona. 

 

Carol gargalhou. 

 

-- Cara, cê é muito louca! 

 

Bia finalmente pareceu reconhecer a baixinha. 

 

-- Carol? 

 

-- Ao menos não me confundiu com coelhos - debochou.

-- Ah não... Coelhinhos são lindos... 

 

-- O que você quis dizer com isso? 

 

-- Hã... O que foi que eu disse? Nem lembro - falou realmente confusa. 

 

-- Ah esquece... Tu tá drogada demais pra entender... Tu viu a Luiza por aí? 

 

-- Luiza... - fez um esforço para lembrar -  Eu lembro que sua prima bebeu todas e mais algumas e eu chamei a Lulu para ajudar... 

 

--  A Érika bebeu? - perguntou surpresa. 

 

-- É uma loira muito da gostosa? - perguntou na dúvida. 

 

A baixinha riu. 

 

-- Essa mesmo. 

 

-- É então foi ela... Será que tu podia dar meu número para ela - disse tentando ficar de pé, mas perdeu o equilíbrio e segurou na baixinha - Vish... - disse rindo débil - Esse chão tá todo torto, credo... Isso é um risco. 

 

Carol revirou os olhos e observou as pessoas que estavam com Beatriz. Pareciam ser todos roqueiros. 

 

-- Quem são essas pessoas, Bia? 

 

-- Eles tem uma banda e precisavam de um abrigo... 

 

-- Ah... - Carol reparou que todos ali estavam na brisa. 

 

-- Agora você virou papa anjo, Beatriz? - disse uma menina morena aproximando-se das duas. 

 

Carol fuzilou a garota. 

 

-- Claro que não... - Bia respondeu sorrindo. 

 

A menina analisou Carol que a encarava com raiva. 

 

-- Mas ela é quase um bebê - comentou. 

 

-- Bebê é  a... Aff, idiota. Eu não sou bebê! - disse irritada. 

 

-- Ela é irmã da Lulu, Lia... - Bia explicou. 

 

Julia encarou a baixinha surpresa. 

 

-- Mas ela não é parecida com a Luiza... A Luiza é alta, aquelas pernas... Uii... Tem uma bunda de dá inveja, enfim... A Luiza é linda! 

 

-- Obrigada por ter acabado de me chamar de feia - Carol bufou. 

 

-- Desculpa, eu me expressei mal... Você é bebê, mas não é feia - Lia disse sincera. 

 

-- Como se você fosse bem mais velha né - debochou. 

 

-- Deve ser porque você é baixinha. 

 

-- Ai eu não mereço ouvir isso... Bia tô indo... Valeu por me dar notícias da Luiza e cuidado pra não se perder com os coelhos - disse se afastando e deixando as duas sozinhas. Carol não havia gostado da tal Julia. 

 

-- Acho que você irritou ela... - comentou Bia. 

 

-- Eu amo fazer isso - Lia disse rindo. 

 

-- Depois eu que tenho problemas. 

 

-- Falando em problemas...  Chega né Bia... Vamos pra casa... - segurou o braço da amiga a arrastando dali. 

 

-- Ok, mas só porque eu tô querendo dormir - completou Bia. 

 

 

****************

 

Daniela estava num barzinho com uma turma que estava bem louca. A morena estava revoltada e bebia como uma louca. Assim que percebeu a ausência de Rebecca, a garota foi procurá-la, mas tudo que ouviu foi que a ruiva estava bem. Tentou entrar na mansão, mas foi avisada que estava proibida. Estava com um ódio enorme em seu peito. Sondou um segurança tentando saber se a ruiva havia voltado com alguém e ele acabou dizendo por alto que estavam com ela uma morena e uma loira, mas não ousou comentar mais nada. Daniela não precisava saber de mais nada, pois já sabia exatamente de quem ele estava falando. Volto para festa revoltada e saiu bebendo qualquer coisa que via. Resultado foi que acabou ficando muito louca. A morena já estava melhor, não bebia mais, apenas tomava refrigerante, torcendo para o efeito da bebida passar. 

 

-- Dani você me parece tão perdida... - disse Adrian, um garoto que a morena estava ficando naquele momento. 

 

-- Impressão sua... - disse olhando em volta. 

 

-- A gente podia se divertir em outro lugar depois - sussurrou no ouvido da morena. 

 

Daniela sorriu maliciosa. 

 

-- Quem sabe... - disse beijando o menino. 

 

O beijo virou uma agarração, deixando ambos excitados. 

 

-- Vamos sair daqui gata... - o garoto disse enquanto beijava a  pescoço da menina.

 

Daniela estava de olhos fechados e já sentia a excitação do menino através do jeans. A morena abriu os olhos e deparou-se com a cena daquelas duas meninas que andavam despreocupadas pela calçada. Rapidamente desvinculhou-se de Adrian. 

 

-- Já volto! - disse caminhando a passos duros em direção às meninas. 

 

Érika e Luiza caminhavam em silêncio. A loira havia tomado um remédio e já se sentia melhor da dor de cabeça. 

 

-- O que houve, Érika? - Luiza quebrou o silêncio. 

 

Érika suspirou.

 

-- Eu só tava cansada de tudo... 

 

-- Você e a Daniela brigaram? 

 

-- Estou sem vontade de falar sobre isso, mas gostaria de dizer que você e a Carol sempre tiveram razão em relação a ela. Daniela não presta - disse amarga. 

 

-- Sei que deve ter sido uma surpresa pra você. 

 

-- Sim... Mas e você com a ruiva, finalmente se entenderam? - a loira mudou de assunto. 

 

Os olhos de Luiza ganharam um brilho diferente. 

 

-- Acho que sim... Estamos bem. Ainda temos que conversar sobre tudo isso, mas acho que vai tudo se resolver. 

 

-- Fico feliz por você - disse a loira sincera. 

 

Luiza sorriu. As duas se assustaram quando alguém atravessou no caminho delas. 

 

-- Oras vejam só quem eu encontro por aqui - disse a morena irônica e com raiva -   Sua vadia... - encarou Luiza - Eu sei que você estava com a MINHA Rebecca - trincou os dentes. 

 

Érika sorriu com deboche e Luiza permaneceu encarando a morena. 

 

-- A Rebecca não é sua, não seja patética! 

 

-- Ah, então ela é sua? - irônica. 

 

-- Ela não é de ninguém! A Rebecca não é um objeto! 

 

-- Eu nunca vou deixar vocês duas ficaram juntas! 

 

-- Não tenho medo das suas ameaças.  Guarde elas pra quem realmente se importa. 

 

-- Eu vou acabar com você Luiza! - vociferou - Não ouse se meter no meu caminho com a minha vermelhinha. 

 

-- Você não lembrou dela quando estava quase trans*ndo com o Adrian na parede daquele bar imundo - Érika meteu-se na briga das duas. Havia visto a morena se agarrando com o menino. 

 

Daniela fuzilou a loira. 

 

-- Não se meta, Érika! 

 

-- Cala essa boca, Daniela... Deixa a gente em paz. Ninguém merece ficar escutando essas merd*s que você fala... Faça um favor... Volte para lá - disse apontando em direção ao bar - E deixa aquele garoto te comer... E esquece a gente! Vamos Luiza... 

 

Érika segurou a mão da prima e as duas se afastaram da morena. 

 

Daniela tremia de raiva e apertava as mãos que estavam fechadas fortemente. 

 

"Isso não vai ficar assim! Vocês não sabem do que eu sou capaz! Preciso esfriar minha cabeça para pensar melhor... Mas eu juro que vou fazer alguma coisa! Minha vermelhinha jamais ficará com uma vadia  como a Ana Luiza... E a Érika... Dessa eu cuido depois!"

 

A morena seguiu em direção ao bar e fez exatamente o que Érika havia dito. 

 

**********

 

Luiza deu uma desculpa para Marta que não desconfiou de nada. Érika agradeceu profundamente a prima. Luiza seguiu para a casa. 

 

Carol chorava como um bebê no sofá. Quando Luiza entrou e deparou-se com a cena da irmã assim, se desesperou. 

 

-- Carol o que aconteceu? Você está bem? 

 

Carol não parava de chorar e Luiza pegou um copo de água para irmã que bebeu tudo num gole só. Esperou a baixinha parar de chorar enquanto fazia Cafuné em seus cabelos. Carol estava com a cabeça sobre as pernas da irmã. 

 

-- Já consegue me dizer o que aconteceu?

 

Carol balançou a cabeça positivamente. 

 

-- Eu não tinha o que fazer...  Então fui locar alguns filmes pra eu ver... Tipo, eu peguei assuntos de meninas porque gostei e tal, mas não li que o troço era só inglês até porque eu confundo tudo esse negócio de dublado e legendado... Aff, lá sei... E depois o cara da locadora me indicou o amor para recordar - disse fazendo um biquinho de choro -  E tipo... Primeiro assistir o coisas de meninas lá... Gente que horror... Tem a menina que morre e tal e a outra que é covarde... E nem me pergunta o nome delas porque não tenho ideia... Tudo que sei foi porque deduzi, pois tenho uma preguiça enorme de ficar lendo aquelas letras lá... Tipo a gente só falta ficar vesga,  porque não sabe se olha pra cara das criaturas ou pra aquelas letrinhas dos infernos.. Sério... Não li nada... Imagina.. Fiquei tentando adivinhar o que acontecia... E acho que consegui... Quero mais ver não... O pior é que depois de ficar triste por causa desse filme, eu ainda fui assistir o tal amor para recordar... - voltou a lágrimar. 

 

-- Mas o que tem demais o filme? - Luiza nunca havia assistido o filme. 

 

-- Tudo né mulher...  Tipo.. Tem a menina que tá com leucemia... E aí, tem o menino também que realiza todos os desejos dela.. Eles se apaixonam e tal... Ele era um garoto popular e ela quase uma "feira"... É tão bonitinho eles juntos... E aí,  ela morre!!!!, - disse indignada - Um absurdo terem matado a Jamie... Rum!... Traumatizei, ainda mais por ter leucemia também... - disse pensativa. 

 

-- Ai Carol não precisa ficar assim é só um filme. 

 

-- O que me consola é saber que pelo menos a Jamie deu antes de morrer... 

 

Luiza revirei os olhos. 

 

-- Eu nem vou falar nada sobre isso. 

 

Carol se sentou e encarou a irmã curiosa. 

 

-- Onde tu tava metida?... Eu encontrei com a Bia e ela me disse que tu tinha ido ajudar a Érika que tava muito doidona... É verdade isso? 

 

-- Sim... A Érika acabou ficando bêbada. 

 

-- Nossa... Não creio que a loira azeda certinha fez isso... Érika merece um abraço apertado - disse divertida. 

 

--  A Rebecca ajudou a gente e dormimos na casa dela... 

 

Carol reparou o brilho nos olhos da irmã. 

 

-- Vocês finalmente se entenderam?! 

 

-- Sim... - disse bobamente. 

 

-- Finalmente, aleluia! Não aguentava mais você choramingando por aí... E pior... Ficava tocando aquele troço chato... - falou fazendo careta. 

 

-- É violino Carol... Você não sabe apreciar as coisas boas. 

 

-- Bom pra mim é sorvete de morango! 

 

-- Rebecca vem aqui mais tarde... - disse caminhado em direção aos quartos - Preciso de um banho e descansar. 

 

Carol ficou vendo besteiras na TV por muito tempo. Luiza desceu e foi fazer algo para comer. A baixinha se levantou e foi olhar o movimento lá fora. Viu umas três pessoas atravessando o portão e seguindo em direção a casa delas. Carol fez uma careta. 

 

"Testemunhas de Jeová... Nossa eu amo vocês... Mas sinceramente, nesse calor não... Tô fora!"

 

Carol correu em direção a escada e antes de subir gritou:

 

-- Luiza é pra você! - e riu indo para o quarto. 

 

Luiza foi atender a porta com um sorriso enorme, mas assim que olhou para aquelas três mulheres seu sorriso murchou.

 

-- Olá mocinha, será que podemos tomar alguns minutinhos do seu tempo? - falou uma das mulheres simpáticas. 

 

Luiza sorriu forçado. 

 

-- Claro... 

 

"Carol eu vou te matar"

 

Luiza foi simpática com as mulheres que tentaram converser a menina a ter umas aulas com elas, mas Luiza negou rapidamente. Depois de alguns minutos elas se foram.

 

-- CAROL SUA COISA! - gritou. 

 

A baixinha apenas gargalhou do seu quarto. 

 

Passou mais algumas horas até a campainha tocar novamente e dessa vez era a garota que Luiza estava esperando há muito tempo e que agora poderia ser dela... Rebecca. 

 

 

 

Fim do capítulo