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Palavras ao Mar por Dy Elbe

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Palavras: 7900
Acessos: 3109   |  Postado em: 00/00/0000

Notas iniciais:

A história a seguir será narrada em 1ª pessoa, por duas pessoas, em itálico a Lívia, não-itálico a Júlia. Divirtam-se!

A Iracy, que logo as tormentas passem e venha o final feliz

Capítulo 1

Capitulo 1: Empurrãozinho...

 

Nunca me canso de ver o mar, o vai e vem das ondas, e aquela imensidão que parece não ter fim. Olho pro caderno em branco, que está aqui do meu lado. Mais uma vez sem escrever nenhuma linha. Eu gostava de escrever, era minha maneira de me comunicar comigo mesma e com o mundo.

Lembro de quando meu pai me deu meu primeiro caderno. Eu devia ter uns doze anos e andava me esquecendo muito das coisas; me levaram ao médico e ele recomendou que eu passasse a escrever as coisas que eu fazia ou aconteciam comigo. Achei a ideia péssima, disse a meus pais que todos me achariam doente, ou coisa assim, mas lembro até hoje das palavras convincentes do meu pai: “Nada disso, Júlia, saber escrever, é para poucos. Você não vai simplesmente encher o caderno de palavras que descrevem o que você faz ou sente, mas principalmente descobrir aos poucos quem você é, e como vê o mundo. E ainda mais, há várias formas de fazer isso, quem sabe você não se torna uma escritora famosa? Vamos, não é tão ruim assim.”

A terapia acabou, mas não a minha necessidade de escrever e acabei incorporando aquele hábito à minha rotina.

Mas há muito não sentia mais vontade de escrever, era como se olhasse para o lado e não visse nada, ou olhasse para várias coisas ou inúmeras pessoas, mas nada fizesse sentido.

 

Levantei daquela pedra, espreguicei o corpo, olhei mais uma vez para o mar, o caderno em branco, caminhei até o mar e de lá voltei pra casa.

*********

Passeio na praia. Ali era o único lugar onde ainda podia me sentir tranquila, havia outras pessoas, movimento, barulho, mas tudo me era alheio. Caminhava devagar, pés descalços, o espírito mais calmo. Ao meu lado ainda aquela sensação ruim, aliada à vontade de chorar, que fica quando você acaba de brigar com alguém que gosta.

“Ainda não se acostumou Lívia? Será para sempre assim? Será que não nasci pra ser feliz ou mesmo ter só um pouquinho de paz?”

Foi com esses pensamentos que sentei numa pedra e olhei para o relógio, só mais cinco minutos naquela calmaria e daqui a pouco estaria de volta à realidade. O barulho de folhas ao vento chamou minha atenção, olhei para o lado e lá estava um caderno pequeno, o vento bagunçando suas folhas. Peguei-o no colo, folheei suas páginas. Estaria totalmente em branco se não fosse por uma palavra... Mar...

Fiquei analisando aquela caligrafia desajeitada e ao mesmo tempo caprichosa. Olhei para o lugar onde o caderno estava e lá também tinha um lápis preto, um pouco sujo de areia. Apanhei-o e acrescentei com minha própria letra...

Admiro a calmaria do mar, sim, ele se revolta, debate-se consigo mesmo, mas é em sua imensidão calmo.

Levantei de sobressalto, deixando o caderno cair. Estava atrasada e isso com toda certeza seria motivo para mais brigas, podia ouvir a voz da minha avó gritando: Lívia você ainda não fez isso! Lívia, sua vagabunda, onde estava?

Segui apressada o caminho de volta.

 

*******

Já estava na porta do meu prédio; é bem perto do mar. Um prédio pequeno de cinco andares e muito antigo. Tem uma pintura verde encardida e janelas de vidro, só dois apartamentos têm sacadas; justamente os do último andar, e um deles é meu. Foi justamente na frente do prédio verde que percebi que havia esquecido o caderno; bom, podia deixar lá, afinal era só mais um caderno, mas acabei fazendo o caminho de volta. Lembrei que ganhei aquele caderno do filho de um assistido do NAP, e não gostava de deixar “meus pagamentos” para trás.

Já estava bem próxima do local quando sou surpreendida por um esbarrão. Não deu nem tempo de saber quem foi o dono da gentileza, só ouvi o rápido “desculpe” e uma moça correndo apressada até o ponto de ônibus. Usava um vestidinho claro, cabelos castanhos claros e ondulados; não consegui enxergar mais nada.

Olhei ao redor, aquela parte da praia nunca fora muito movimentada mesmo, ainda que fosse sete da noite o movimento até de carros na pista em frente era pouco. Fiquei lá parada olhando pros lados, havia me esquecido porque estava ali, isso sempre acontece: esquecer das coisas, do que vou fazer ou falar...

- Ah sim! O caderno.

Lá estava ele entre as pedras, peguei-o do chão, juntamente com o lápis e notei que ali havia mais coisas escritas.

Era uma caligrafia meio de lado, redondinha, caprichada...

"Admiro a calmaria do mar, sim, ele se revolta, ele debate-se consigo mesmo, mas é em sua imensidão calmo."

E então, depois de algum tempo tive vontade de escrever e “respondi”...

“A calmaria do mar é só aparente; quando tentamos nos aproximar dele ele nos repele, as ondas nos impedem de penetrar em sua fortaleza, de partilhar de sua calmaria. Apenas alguns barcos se aventuram nessa imensidão, sem medo de serem engolidos.”

 

Para quem não escrevia uma linha há muito tempo, estava surpresa comigo mesma. Um sentimento bom tomou conta de mim como se algo de repente voltasse ao lugar. Deixei o caderno lá, voltaria amanhã e tentaria continuar...

Colaboração nesse capítulo: Carla.

 

**********

Capítulo 2: Mar revolto

 

Entrei em casa devagar; é um apartamento pequeno, num prédio bem antigo e próximo ao centro. Cozinha americana, à direita um corredor que dá pra dois quartos.

Deixei minha bolsa em cima de uma mesa de madeira ao lado da porta. E ainda sem fazer muito barulho me dirigi à cozinha e coloquei um avental.

A tv estava ligada; uma poltrona escura e bastante velha fica de frente para ela.

_Onde esteve? – ouvi aquela voz de velha amargurada – estamos com fome.

_Não se preocupe vovó, providenciarei algo. – respondi abrindo a geladeira e apanhando alguns legumes.

 

Aquela senhora na poltrona é minha avó, eu moro aqui com ela e meu irmãozinho Lucas. A única coisa que tem real atenção da parte da minha avó são as novelas; quando não tem novela passando eu e meu irmão somos alvo das gritarias; meu irmão às vezes apanha, eu deixei de apanhar quando passei a colocar comida dentro de casa. E quando foi isso? Aos quinze anos, trabalhava de empacotadora num supermercado aqui perto e, todos os dias, dava graças a Deus por não ter de ficar em casa engolindo as coisas terríveis que a vovó disparava. Ela é uma pessoa difícil, e ficou pior depois da última visita da minha mãe. O que aconteceu foi o seguinte: assim que nasci minha mãe me deixou aqui e caiu no mundo, depois de alguns bons anos ela volta com um papo de arrependimento, não pra cima de mim, mas da minha avó. Alguns meses depois descobrimos o porquê da visita, ela estava grávida do meu irmão.

Mas as coisas mudaram um pouco depois que a minha mãe voltou, lembro-me do rosto dela, como lembro também de que ela nunca olhou pra mim de verdade. Ficou por aqui só o tempo em que o menino ainda amamentava; um belo dia eu volto do supermercado e começo a ouvir os gritos da minha avó da calçada, assim como o choro desesperado do Lucas. Tentei acalmá-la e recebi um tapa de presente; achei melhor me trancar no quarto e tentar acalmar meu irmão.

_Esse menino vai morrer de fome! Eu não vou sustentar dois vagabundos filhos de uma puta!

 

E assim foi, ela recebia aposentadoria, mas nunca comprou sequer uma fralda pro Lucas. E eu usava tudo que recebia no supermercado, que não era muito na verdade, com ele. Daquele dia em diante passei a estudar e trabalhar feito uma louca, pois tinha que sustentar a mim e ao meu irmão.

Aquela época não foi nada fácil, muitos improvisos e noites e mais noites em que tinha que colocar o Lucas pra dormir sem poder alimentá-lo, e chorávamos os dois naquelas noites escuras. Depois de algum tempo e muita ralação, consegui ser caixa em vez de empacotadora, meu salário não aumentou muito, já que por conta da escola e do meu irmão só trabalhava no período da tarde, mas não deixava mais o Lucas com fome.

Quando a escola acabou não perdi a fé nos estudos, o Lucas tinha já dois anos e era surpreendentemente muito independente e maduro pra idade. Assim comecei a fazer um curso de enfermagem no mesmo período em que era a escola.

E aqui estou eu, alguns anos depois, trabalho no hospital do centro da cidade, ainda cuido do meu irmão e sinto-me também obrigada a cuidar de minha avó, porque apesar de tudo, se não fosse ela nos dando teto, sabe-se lá em que sarjeta minha mãe teria nos jogado?

_Oi, Lívia! – disse meu irmãozinho enquanto abraçava minhas pernas.

Ele tem agora cinco anos, cabelos castanhos e levemente encaracolados como os meus, e olhos azuis que deve ter herdado do pai.

_Oi meu anjo. Como foram as coisas? – perguntei enquanto fazia um carinho em seus cabelos.

_O de sempre, evitei os mesmos cômodos que ela – disse apontando para minha avó – e coloquei as roupas no cesto, como você disse, e só brinquei no quarto.

_Muito bem. Se continuar assim tem passeio no fim de semana.

_Acho mesmo que é melhor assim; se não apareço, ela nem se dá conta de que existo. – disse ele mais baixo do que de costume.

Eu não cansava de me surpreender com meu irmão, ainda uma criança, mas às vezes pensava como um verdadeiro adulto. Lembro que depois de algum tempo, ainda bem bebezinho, ele parou de chorar; demorei pra descobrir que ele sabia falar, sempre fala muito pouco e bem baixinho, e ainda assim só com quem ele conhece; alguns vizinhos já me perguntaram se ele é mudo. Mas a vida é isso mesmo, pelo menos a nossa nunca foi fácil e ficava triste em ver que meu irmão não era como as outras crianças, mas também não podia esperar muita coisa.

Eu mesma não era o que se chamaria de normal, devo ter uns três amigos na vida, nunca saio se não for para levar o meu irmão para se distrair, trabalho feito uma desesperada e só namorei um cara até hoje, muito desagradável por sinal. Na maior parte do tempo sinto um enorme vazio dentro de mim.

Jantamos primeiro eu e o Lucas, depois a minha avó, em sua poltrona mesmo. Ajudei o Lucas com os deveres da escola e fomos dormir. Pela manhã tinha hospital.

 

Capítulo 3: Barco

Como de costume já as sete eu estava de pé, vestindo minha costumeira calça jeans, um pouco desbotada um top; nem é por que gosto de ficar me mostrando por aí, mas gosto de ficar confortável e além do mais estou em casa... sim, na varanda, mas ainda em casa.

Tomava minha xícara de café ali na varanda, vendo o pouco movimento, de verdade essa é uma porção da praia onde as pessoas não gostam de vir, tá certo que é segunda-feira, mas deixa chegar sexta ou sábado e vai estar do mesmo modo.

Toca a campainha.

_Não acredito que não está pronta. –bufou meu amigo me olhando de cima a baixo.

Esse engomadinho aí, calça, camisa, gravata e terno é o Armando, perdão, Dr. Armando. Um advogado que de vez em quando presta assessoria a quem precisa, apesar de tudo, meu amigo. Ele é assim mesmo, careca, mesmo com apenas trinta anos, também não vou ser injusta, tem cabelo castanho escuro aqui do lado, e nessa barbicha ridícula que ele usa. Ele é branco assim mesmo, deve ser o terno, que ele nunca tira.

_Como assim não estou pronta? – digo pegando uma camiseta azul clara que estava em cima do sofá e vestindo ao mesmo tempo em que calço minhas havaianas. – Prontinha, meu caro.

_Não acredito que você vai de havaianas outra vez? Você é uma advogada, Júlia, como pretende defender seu cliente hoje de havaianas?

_E vou defendê-lo com provas e argumentos ou com pés e havaianas? – perguntei enquanto olhava para minhas chinelas preferidas – e olha só, combinam com a camiseta, visto que também são azuis.

_Pelo amor de Deus! Você tem o juiz Belfort pela frente, e ela já num vai com a sua cara e seu jeito prepotente, economize e calce uns sapatos.

_Ah é! O nojo do Belfort, pera aí.

Fui até meu quarto. Ah, essa é a minha casa: onde estávamos era a sala... dois sofás pretos enormes, e aqueles eletrodomésticos comuns de uma sala. Passamos por um corredor, antes de começar o corredor tem uma porta a esquerda, onde fica a cozinha. No fundo do corredor tem um quarto cheio de trecos velhos, à direita tem o banheiro e aqui à esquerda meu quarto. Minha cama é desse tamanho mesmo: imensa. E nessa parede aí atrás, muito bem e enormemente pintado é um símbolo japonês que segundo a minha ex-namorada significa: sinceridade completa. Nunca fui pesquisar com medo de saber que o significado na verdade é outro. E nem mandei apagar, muito bonito a meu ver... Vim buscar o que mesmo? E olho o quarto ao meu redor.... Ah sim, as botas! Pego um par de botas preto no guarda-roupa.

_Vamos indo. – disse voltando pra sala e pegando minha bolsa e minha jaqueta de couro, linda, mais um dos meus pagamentos.

_Você não tem jeito mesmo. – disse o Armando já começando a suar, o bichinho suava como um porco o dia inteiro.

_Arm, folga pelo menos essa gravata, você já está começando a derreter.

_Vamos logo, Júlia! – ele reclamou

O NAP, minha paixão, já teve até namorada me largando por culpa dele. Já é a segunda vez que falo das namoradas, pois é isso. Sou linda assim mesmo e modesta também. Mas veja só: eu corro na paria de vez em quando pra retardar o crescimento da barriga, Deus me deu esses olhos azuis, presente de papai (só para lembrá-lo de que sou mesmo dele), minha morenice é presente de mamãe, que Deus a tenha. Sendo assim não tem mulher que resista, os homens tentam, e também já tentei, mas foi que nem acordar de ressaca no dia seguinte. Já tive muitas namoradas, mas prefiro ficar solteira, que causa menos estrago. Amor? Bem, torço pra que exista.

Sim, mas eu tava no NAP, fica num prédio pequeno, nessa rua pequena a algumas quadras do centro. O Núcleo de Assistência Popular atende grande parte da população carente dos arredores, temos casos de tudo quanto é tipo, desde pensão alimentícia até processo por danos morais, pois quem foi que disse que pobre não pode processar? Somos em parte custeados pelo governo, a outra parte é uma verdadeira batalha anual por recursos, mas sempre damos um jeito de conseguir um ou outro padrinho. Dependemos muito desses recursos, visto que todos que vêm nos procurar não podem nos pagar honorários e nem sempre o governo honra com o seu percentual.

Mas vamos sobrevivendo, por que todos por aqui amam mesmo o trabalho.

_Ei, Júlia, a D. Josefa passou aqui ainda pouco, ela diz que vai receber a primeira parcela da pensão do falecido marido hoje, mandou agradecer por tudo que você fez por ela e deixou algo pra você, está na sua sala.

A D. Josefa tem aquele estilo bem vovó, até xale usa, seu marido acabou morrendo em um acidente de trabalho e ela sabia que tinha direito a uma indenização. Por isso nos procurou e então iniciamos uma verdadeira batalha visto que a empresa não estava disposta a honrar com seus compromissos. Por fim foram obrigados a fazer um acordo, ou eu mesma me encarregaria de depená-los, mas deixei nas mãos da D.Josefa, como deixo nas mãos de todos os meus clientes o rumo que o processo deverá tomar. Ela decidiu pelo acordo e foi o que fizemos.

_Humm.... bolo de cenoura! – falei de boca cheia. – Adoro esses pagamentos.

O Armando me deixa ali todo dia, depois contorna essas quadras e vai trabalhar no prédio grande e de vidro que paga muito bem para que ele fique o dia inteiro naquele terno e no ar condicionado. Muita gente lá faz acordo sujo, usam de seu dinheiro e posição para ganharem os casos, mas quero acreditar que o que o Armando tenha em comum com eles seja apenas o terno e o apartamento caro.

Passo a manhã ali no NAP, são três casos novos só naquela manhã. De tarde vem o Belfort e sua cara de limão. Eu até calcei as botas e tentei não fazer piada, ele bem que queria que eu perdesse, mas fui infalível nos meus argumentos e acabei ajudando o Seu Ronaldo a ganhar uma pensão da sua ex-esposa. Incomum eu sei, mas a espertinha passou tudo para o nome dela enquanto a felicidade durou, depois o coitado ficou sem nada, agora tem pelo menos pensão.

Pra voltar pra casa eu peço carona ou uso o transporte público, eu não tenho paciência para dirigir e táxi é muito caro. Só que antes de voltar pra casa, acho que vou naquele pedaço da praia ver se ninguém ainda roubou meu caderno.

 

Capitulo 4: Precisa-se de um barco.

O hospital, para variar estava àquela loucura; é terrível a privação que os hospitais públicos têm de passar. Todos que trabalham ali são verdadeiros heróis, já que estão a salvar vidas mesmo com a escassez de instrumentos. Eu mesma, que era apenas uma enfermeira, ainda hoje tive de auxiliar uma cirurgia; uma senhora quebrou a tíbia e tiveram que colocar no lugar, o pessoal qualificado e disponível era muito pouco, e improvisamos, como sempre.

Era naquelas horas que despertava aquele velho sonho de fazer Medicina, sabia que era a maneira de ser mais útil ali. Mas sabia também que não tinha grana o suficiente para bancar uma universidade, além disso, Lucas ainda era muito pequeno e só Deus sabe mais o quanto ele teria de ficar sozinho. Aquele era de verdade apenas um sonho. Almocei no hospital como sempre, mas acabei saindo mais cedo, pois a moça que me substituiria no plantão acabou chegando antes do horário.

Não reclamei, já estava mesmo cansada, fui buscar o Lucas na casa de um amigo e depois fomos à praia ver o pôr do sol. E lá estava eu, naquela mesma praia, na mesma pedra e com o mesmo caderno no colo. Ele tinha uma capa bem incomum, era de couro enfeitado com algumas conchas de praia que formavam a palavra obrigada. Folhei-o de novo e lá estava a página onde eu havia escrito, só que agora com ainda mais coisas.

“A calmaria do mar é só aparente; quando tentamos nos aproximar dele ele nos repele, as ondas nos impedem de penetrar em sua fortaleza, de partilhar de sua calmaria. Apenas alguns barcos se aventuram nessa imensidão, sem medo mesmo de serem engolidos.”

Fiquei impressionada, e passei não sei quantos minutos admirando aquelas palavras, que descreviam o mar e também a minha vida. Porque talvez quem me visse agora enxergasse apenas calmaria, mas só eu sei o mar revolto que era minha vida. Eu e mais alguém, que mesmo sem me conhecer e com apenas algumas palavras conseguiu me descrever, me enxergar, porque era exatamente assim que me sentia: aparência tranquila, que encobria o tormento que eu vivia, tormento esse que ou afastava alguém, ou nem mesmo deixava se aproximar. E sem perceber acabo escrevendo:

“Preciso de um barco que não tenha medo de navegar no mar que é minha vida...”

E o Lucas já estava com as mãos na areia outra vez, ele adora catar conchas. Pensei em brigar com ele por estar todo sujo, mas apenas me aproximei e perguntei se queria ajuda.

_Ah não, adoro essa sua roupa branquinha e se me ajudar vai ficar toda suja. Eu já terminei aqui, podemos ir. – disse ele me mostrando um saco plástico cheio de conchas.

 

E assim nós fomos, jantamos na rua e chegamos bem tarde, ainda consegui colocar o Lucas pra tomar banho antes de dormir. Eu ainda demorei um pouco a adormecer, não conseguia parar de pensar...

“A calmaria do mar é só aparente; quando tentamos nos aproximar dele ele nos repele, as ondas no impedem de penetrar em sua fortaleza, de partilhar de sua calmaria. Apenas alguns barcos se aventuram nessa imensidão, sem medo mesmo de serem engolidos.”

 

Capítulo 5: Tristeza, calmaria, tormento

Hoje eu vim de carona, antes passei num barzinho pra jogar conversa fora, bebi um suco de melancia, mas só porque é dia de semana não. Acabamos demorando mais do que previ, mas aqui estou, contornando as várias pedras que tem nessa praia e tentando lembrar onde mesmo eu deixei aquele bendito caderno.

_Aqui! – disse apanhando o caderno do chão.

E fiquei lá procurando a página onde eu havia escrito na noite anterior, e foi então que me dei conta do quanto esperava que tivesse algo mais escrito ali.

Fechei o caderno, ganhei-o do Felipe, o pai dele, o Mário, veio até nós porque havia se separado da mulher, mas queria ficar com o filho. Dava pra perceber mesmo como os dois eram apegados, no entanto o Mário perdeu o emprego, e já estava quase sendo despejado do lugar onde morava, ou seja, um prato cheio para os advogados da mulher. O pessoal do NAP arrumou um emprego pra ele e também fizemos uma vaquinha pra pagar os aluguéis atrasados (isso nem é nosso trabalho, mas quando dá a gente faz). No tribunal não foi tão simples, íamos perder se não descobríssemos que a mulher tinha seus débitos com a justiça, assim, além de perder a guarda do filho foi processada por mais uma dúzia de coisas.

Mas vamos deixar de embolação, porque estou mesmo doida pra abrir esse caderno. E lá estava, bem abaixo da minha caligrafia desajeitada:

“Preciso de um barco que não tenha medo de navegar no mar que é minha vida...”

 

Não saberia dizer o que senti quando li aquilo, na verdade foi uma tristeza, que coisa! Levantei com o caderno na mão, dei uns pulinhos, mas nada de sair aquela sensação. Não era minha, não vinha de mim, mas estava ali. Reli cada palavra, sim, estava lá, em cada letra. E a única coisa em que pensei pra dissipar aquilo foi escrever...

“Já imaginou que no fim, é o barco que precisa do mar? Porque um mar sem barco, ainda é mar, mas um barco sem mar não é nada, porque é essa utilidade, navegar pelas águas... pelas águas do mar. Então, afinal de contas, para quê diabos precisa o mar em sua imensidão de um barco?”

Ri do que havia escrito (tipo: que deplorável) e pensei que ainda não estava assim tão animador, então acrescentei em letras de fôrma.

 

P.S.: MAMÃE SEMPRE ME DISSE QUE EU TINHA VOCAÇÃO PARA BARCO...

Voltei pra casa pensando ainda naquela loucura, como consegui sentir aquilo apenas com umas palavras? E mais, porque continuei com isso, afinal? E de onde tirei tantas perguntas?

*********

Deixei o Lucas na escola e falei com a Neide, nossa vizinha, que também tem um filho que estuda nessa mesma escola, para ela não esquecer de levá-lo pra casa. É sempre ela que o leva, às vezes, ele fica na casa dela até eu chegar, outras vezes vai pra casa já sabendo que tem que ficar longe do campo de visão da vovó.

Hoje eu só terei plantão a partir da tarde, então, passei na rua pra comprar alguma coisas, entre comida e roupas pro meu irmão, e quando me dei conta lá estava eu naquela praia outra vez. Sempre gostei de estar lá, mas pensando bem, minha frequência por aqui anda muito assídua. Sentei lá naquela mesma pedra de sempre, coloquei as sacolas que trazia de lado e fiquei olhando o caderno. Sim, é por ele que venho. E que coisa mais louca, sei lá quem escreve aqui e é claro que não voltou a escrever, afinal de contas pelo que estou esperando? Não demorei com aqueles conflitos internos, porque eles eram muitos, e... ai!!! Abri logo o bendito, era isso mesmo que eu queria...

“Já imaginou que no fim, é o barco que precisa do mar? Porque um mar sem barco, ainda é mar, mas um barco sem mar não é nada, porque é essa utilidade, navegar pelas águas... pelas águas do mar. Então, afinal de contas, para quê diabos precisa o mar em sua imensidão de um barco?”

P.S MAMÃE SEMPRE ME DISSE QUE EU TINHA VOCAÇÃO PARA BARCO...

 

Acho que fiquei rindo ali, sozinha naquela praia, por uns cinco minutos. Depois pensei nas perguntas que tinham ali. Solidão. Era essa a resposta, não precisaria eu ter a vida nada fácil que tenho, pois tem gente que tem tudo na vida, mas ainda se sente só. Mas é exatamente assim que me sinto e se não fosse o Lucas há muito já teria abandonado essa vida, sempre pensei nisso antes da minha mãe aparecer para deixá-lo. Mas ele deu um novo sentido à minha existência, mas no fundo sentia que faltava algo mais, um dia ele iria embora e então eu já não teria um motivo pra continuar. Até os cinco anos acreditei em príncipe encantado, que me livraria da avó má e me levaria em seu cavalo branco. Mas quando tive o meu primeiro (e único) namorado, o Sérgio, que mora lá no prédio e trabalha num restaurante, não achei meu algo mais e vi que sapo e príncipe nunca se separam. Eu gostava dele, mas nunca senti nenhuma daquelas coisas que têm nas histórias ou na tv.

Passei muito tempo ainda pensando nessas coisas, que quase nunca parava pra pensar. Não lembro e nem sinto falta da minha mãe, não fico remoendo a desgraça que foi e é minha vida, porque já dói demais quando minha avó me faz lembrar. E ainda, para que me serve parar para pensar que nesse mundo deve ter alguém que um dia possa me fazer esquecer tudo isso de verdade?

 

O mar, forte e imenso, aquela fortaleza que a muitos repele, é no fundo um grande solitário, triste até. São os barcos a desafiá-lo que o mantém forte. São os barcos que não desistem dele e precisam dele que dão sentido à sua existência. Pode ser que um mar sem barco continue mar, mas será um mar sem graça, que aos poucos perde sua grandeza lhe restando apenas uma beleza pálida de poucas ondas e uma tosca comparação: se a água não fosse salgada, seria um rio, ou um lago...

P.S. TEM CERTEZA QUE ELA NÃO FALOU BOTE INFLÁVEL OU BARQUINHO A REMO?!O DESAFIO É GRANDE...

Pronto, fechei o caderno e coloquei de volta entre as pedras. Ainda dei uma última olhada no mar enquanto ia até o ponto de ônibus. Estranhei o fato de a costumeira tristeza de voltar pra casa não estar comigo, sentia-me quase leve e confesso que queria voltar ali amanhã, e já até torcia mentalmente para que tivesse algo para ler.

Meu castelinho de areia se despedaçou antes mesmo de eu entrar em casa, da escada dava pra ouvir os gritos de minha avó...

_Um imprestável é isso que você é! Um inútil que só serve para atrasar, muito esperta foi sua mãe de jogar um estorvo feito você aqui.

Subi as escadas correndo, abri a porta apressada. Minha avó segurava o braço do Lucas pressionando muito forte pelo que eu podia ver, ao mesmo tempo em que gritava bem próxima do rosto dele. O menino assustado, o rosto vermelho e marcado pelas lágrimas. Ela levantava a mão para acertá-lo quando intervi.

_Não! Você não vai machucá-lo. – disse enquanto segurava sua mão.

Ela era forte e se desvencilhou rápido, e ainda acertou um tapa com toda sua força no meu rosto.

_Não me diga o que fazer sua vagabunda! Vocês moram na minha casa, se estão insatisfeitos podem sair. E já vão muito tarde.

Eu sentia a dor enquanto olhava para o rosto desfigurado da minha avó, carregado de rugas e com olhos verdes frios, mas que agora estavam vermelhos de ódio. Sim dava pra ver o quanto nos odiava por lembrá-la de que havia se enganado em escolher um homem para se casar, em mimar uma filha, para no fim ser abandonada por todos. Ser pisada, ver seus sonhos acabarem. Nunca senti raiva dela, nem mesmo agora, mas pena, muita pena.

Peguei o Lucas no colo e nos trancamos no quarto que dividíamos, sentei na cama com ele ainda enroscado em mim, nós dois chorávamos silenciosamente enquanto minha avó continuava a bater na porta e gritar coisas que queria não ter que ouvir. Tapei os ouvidos do meu irmão e ficamos assim até ela se cansar.

 

Capitulo 6: O lado negro da força

Já bem cedo eu estava no NAP, tinha audiência ainda naquela manhã. Um caso um pouco complicado, a Nalda trabalhou 8 anos em uma casa de família, sem carteira assinada, nem férias, nem décimo terceiro, como é de praxe nesse nosso país. Acontece, que por conta da idade, já um tanto avançada ela foi demitida, e é claro, nada de seguro desemprego. Entramos com um processo contra os ex-patrões dela, que têm dinheiro o suficiente para pagar um bom advogado, mas não para fazer valer os direitos da Nalda.

Já tem meia hora que estou nessa sala, minha sala aqui no NAP, diga-se de passagem, pequena, tem uma janela aqui atrás e um armário de cada lado da sala; essas pilhas de papel em cima da mesa são por minha conta, há funcionários aqui bem mais organizados.

Aqui sentada e muito tensa estou espiando o armário da direita. Ai!!! Queria que esse momento não chegasse, dá até uma vontade de chorar. Toda esta minha aflição é pelo seguinte: todo mundo tem aquela parte meio negra da vida, não dá pra sair limpo, todo mundo tem aquele lado da vida que guarda no armário. Bom, a minha está aqui do lado. Levanto como se tivesse cinquenta quilos nas costas, é assim mesmo que me sinto. Apoio as mãos no bendito armário, frio, abaixo a cabeça, respiro fundo e abro o bendito. Aqui estão: três terninhos, algumas calças, umas saias, sandálias de salto. Sim estou fazendo bico e a ponto de chorar... Isso aqui é tortura! Tiro minha roupinha confortável bem devagar, elas são tão boas que não tem nem dificuldade para tirar, a dificuldade mesmo é de colocar essa aqui – pegando uma calça de linho preta.

Me visto devagar, como se estivesse me preparando para um enterro. É sempre assim, aquela história das botas era só balela, só pro Armando parar de me encher. Quase desisto de fazer Direito quando descobri que teria mesmo de me submeter ao martírio que é ter que se fantasiar de operador do Direito. É desse jeito, vestidinha como aqueles outros, que me faço ser ouvida, este é meu passaporte para aqueles benditos tribunais. Lembro que no início tentei participar de uma audiência com as minhas roupinhas preferidas, não acreditaram que eu era advogada, tive que mostrar a carteirinha da ordem junto com identidade, depois disso o juiz passou um senhor sermão, e eu: “Meritíssimo, estamos aqui para julgar minhas vestimentas ou o caso do meu cliente?”

_Esta audiência está suspensa até que o acusado arrume um advogado de verdade. – respondeu o juiz.

_Mas ele têm uma advogada. – respondi indignada.

_Senhorita Albuquerque se quiser ser considerada uma advogada, comporte-se como tal.

Eu ainda tentei argumentar, mas o homem me deixou falando sozinha, e de fato a audiência foi suspensa. Tentei fazer alguma coisa para reverter, mas todos me disseram para seguir seu conselho, e se de fato eu quisesse fazer carreira e utilizar os meus conhecimentos nos tribunais, tinha que dançar conforme a música, ou seja, me fantasiar de “operadora do Direito”.

 

E aqui estou, elegantemente vestida para uma audiência. Já está começando a dar um pico no meu corpo, mas é isso mesmo, o ser humano precisa se submeter a alguns sacrifícios e este é o meu. Pego minha pasta, que também fica dentro desse bendito armário, respiro fundo e saio de dentro daquela sala. Sempre tem algum engraçado que faz uma piada, ainda mais essa, eu mereço.

_Puta que pariu, Pedro! Não acredito que esse pessoal vai pagar essa miséria pra Nalda, isso num é nem metade do que ela tem direito. – eu disse irritada tirando as sandálias de salto do pé, ainda na portado fórum.

_Calma Júlia, vamos recorrer. – respondeu Pedro aflito.

O Pedro é estagiário lá no Nap, quase meu secretário particular por opção própria, diz que comigo pode aprender mais coisas, louco, no mínimo. Ele é bem alto, brinco com ele dizendo que parece um daqueles bonecos de Olinda, mas é assim mesmo, alto, os ombros largos, mas com espinhas ainda, bem branquinho e um cabelo preto cortado no estilo militar.

 

_Vamos sim! Odeio esses artifícios que usam influência... influência, quero mais que enfiem essa porr* de influência... graças a Deus! – disse tirando um saco com as minhas havaianas embrulhadas de dentro da pasta.

Calcei-as como se tivesse bebendo água no deserto, pois é a mesma sensação de alívio, bom, pelo menos pra mim é. Sabe que até comecei a pensar melhor.

_E já tenho uma ideia para esse recurso. Eles pensam que vão ganhar essa fácil, vamos ver...

_Vai almoçar onde Julia?

_Na praia, mas nem pense em vir junto, vou passar num lugar antes.

_Falou. Até amanhã.

_Até.

E o lugar que eu tinha que passar primeiro era em casa pra tirar aquela roupa, porque senão ia morrer, depois bom... vocês já sabem... meu caderninho... estou com uma saudade do meu caderninho!

Estava segurando o tal caderno, com a mesma ansiedade que calcei minhas havaianas mais cedo. Eu devia estar muito doida mesmo, ficar desse jeito por causa de um caderno e nem é o caderno, é o que pode estar escrito nele. E nem é o que está escrito, mas quem escreve. Estou mesmo precisando ir ao psicólogo. Sim, mas cadê a bendita página....  Aqui!

"O mar, forte e imenso, aquela fortaleza que a muitos repele, é no fundo um grande solitário, triste até. São os barcos a desafiá-lo que lhe mantém forte. São os barcos que não desistem dele e precisam dele que dão sentido à sua existência. Pode ser que um mar sem barco continue mar, mas será um mar sem graça, que aos poucos perde sua grandeza lhe restando apenas uma beleza pálida de poucas ondas, e uma tosca comparação: se a água não fosse salgada, seria um rio, ou um lago...

P.S. TEM CERTEZA QUE ELA NÃO FALOU BOTE INFLÁVEL OU BARQUINHO A REMO?!O DESAFIO É GRANDE...

O humor dela estava bem melhor, mas começava a entender o porquê da tristeza: solidão. Mas alguma coisa me dizia que também tinha algo mais, havia algo que eu não conseguia perceber por trás daquelas palavras. O mais estranho de tudo era eu perceber essas coisas, puxa vida, deve ter sido o terno que me deixou com o raciocínio turvo.

“Sabe, mar, até os barcos que têm sempre uma tripulação se sentem sozinho às vezes. Sabe todo aquele barulho, todas aquelas pessoas ao seu redor, e você não entende uma palavra, nem reconhece nem um rosto? Essa sim é a pior das solidões, porque se tem a falsa impressão de não estar só, e quando se dá conta de que nada ali é seu, ou pra você, é assustador, como se você não tivesse um lugar no mundo. No fim o barco e o mar precisam um do outro.”

P.S. AGORA FIQUEI PENSANDO... BOM, FOI BARCO SIM!! BARCO À VELA, DAQUELES BONITÕES QUE APARECEM NOS FILMES DE PIRATAS... MAS E SE FOSSE UM BARQUINHO À REMO OU SIMPLES BOTE INFLÁVEL, NUM TINHA CHANCE DE NAVEGAR NESSE MAR NÃO????

Deixei o caderno lá, no mesmo cantinho de sempre e deu uma vontade louca de tomar banho de mar e fui de roupa e tudo, saí correndo que nem criança e POW! Não demorei muito no meu “banho”, lembrei porque ali era uma praia relativamente vazia: PEDRAS!

Eu saí toda arranhada, pelo menos os braços e os pés, as pernas a calça protegeu. Arranhão e água salgada definitivamente não é uma mistura agradável. E ainda tinha que almoçar e voltar pro NAP, e assim foi: eu toda molhada e arranhada num quiosque que fica perto da minha casa tentando escolher algo pra comer... definitivamente não regulo muito bem da cabeça!

 

Capítulo 7: Você não está só.

Abri os olhos e eles estavam doloridos, assim como o resto do meu corpo. O Lucas me apertava bastante, olhei o seu rosto, estava vermelho, suado e com uma expressão muito aflita e ia me abraçando cada vez mais.

 

_Ei meu amor, acorda. – disse enxugando o suor do seu rosto.

 

Ele diminuiu a pressão que fazia ao me abraçar e logo depois abriu seus olhinhos azuis.

 

_Pesadelo foi? – perguntei ao mesmo tempo em que pensava se já não era suficiente o pesadelo em que vivíamos.

 

Ele apenas balançou a cabeça no sentido afirmativo, levantou da cama e ficou um tempo parado no meio do quarto olhando através da janela. Tirou a camiseta que vestia e aproveitou para se enxugar com ela. Sentou na beirada da cama e abriu a bolsa que levava para a escola, apesar de bem novo já conseguia ler e escrever algumas coisas, no entanto, ele tirou de dentro da bolsa seu caderno de desenho e começou a desenhar o que pensei ser o céu.

_Lívia, você não tem que ir para o hospital? – ele me perguntou sem tirar os olhos do caderno.

Olhei no meu relógio e já estava na hora que deveria estar saindo, depois do que aconteceu nós acabamos pegando no sono. Agora pensava se era uma boa idéia deixar o Lucas sozinho, afinal ele não havia almoçado, nem deu tempo de preparar a janta dele, além do que o que deveria estar passando pela cabeça dele, as coisas que deveria estar sentindo... uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

_É sim meu anjo, você vai ficar bem?Não quer ir pra casa da Neide ficar com o Ben?-perguntei fazendo um carinho no seu rosto.

_Vou ficar aqui.

_Meu amor, você nem comeu nada.

_Eu comi na escola. Quando começar a novela das seis vou até a cozinha. Você tem que ir pro hospital, eu vou ficar bem.

Eu ouvia uma voz baixinha de criança, mas sentia a determinação de quem sabe o que fala, eu não cansava de me surpreender com meu irmão, mas aquilo também me assustava. Sua independência, inteligência, a capacidade que ele tinha de passar por tudo aquilo e ainda parecer bem... Estava deixando de ser criança muito cedo, tanta coisa que ele poderia aproveitar, eu queria tanto que tivesse uma família, um quarto pra ele, brincasse e falasse pelos cotovelos como as outras crianças, mas Lucas não tinha uma vida normal, não podia ser como os outros, seria pedir demais.

 

Eu não queria deixá-lo, mas precisava, o meu emprego era a única maneira de tentar dar uma vida digna ao meu irmão, era como eu o alimentava, vestia, e o fazia ir para escola. Já pensei em nos mudarmos, mas ainda não achei nenhum lugar onde dê pra pagar aluguel mais custear nós dois, assim vamos vivendo esse nosso inferno. Me arrumei o mais rápido possível e deixei todas as recomendações que podia ao Lucas, ainda passei na Neide e expliquei o que tinha acontecido e também pedi que ela fosse dar uma olhada nele pra mim.  Cheguei ao hospital tão depressa quanto os ônibus deixaram, a moça que eu substituiria já estava impaciente e me falou uma dúzia de coisas antes de sair correndo dali, eu mal a escutei. Me concentrei a tarde e a noite inteira no meu trabalho, se não conseguia aliviar meu sofrimento, pelo menos faria tudo que podia para aliviar o dos outros.

*******

Almocei lá no quiosque aos olhos de todos os curiosos, o André que trabalha lá, e também é meu amigo, sentou na mesa e ficou me observando comer com aquela cara “você não é normal?”.

_O que foi? Ta com fome André? – perguntei assim que acabei.

_Você ta bem? – perguntou ele enquanto fazia uma vistoria no meu corpo todo arranhado.

_Ah sim! Cara, eu esqueci das pedras e inventei de dar um mergulho lá na parte que tem as pedras.

_Esqueceu? Você é doida isso sim, como se esquece uma coisa dessa? Lá não é deserto de graça, gente já morreu ali. E não passou em casa pra trocar essa roupa por quê? Esqueceu também...

_Ah não, tava com mais fome do que outra coisa. – respondi distraída – E doida é a mãe.

A gente ainda jogou conversa fora até aquela roupa molhada me incomodar. Voltei pra casa e troquei de roupa depois fui de ônibus pro NAP. Entrei na minha sala e o Pedro já estava analisando uns papeis.

_Boa tarde guri.

_Boa ta... – não terminou de falar quando me viu.

_O que foi? – perguntei olhando pros lados e pra trás – estou fedendo ou o que?

_O que foi isso Ju? Mulher? Por isso não me deixou ir almoçar com você não foi? -perguntou apontando pros meus arranhões.

Ri  bastante antes de responder:  _Antes fosse. Mergulho em águas erradas.

_Hum?!!?!

_Olha só guri, a gente trabalha um pouco e depois te conto essa história, quando tiver mais gente reunida, já que todo mundo vai me parar pra perguntar isso mesmo.

_Claro, isso ta meio feio sabia? Num dói não? – perguntou me analisando mais de perto.

_Pior que dói. – aí que lembrei da dor...

Trabalhamos a tarde toda, basicamente recebemos novos casos, analisamos os processos em andamento, traçamos estratégias pra próximas audiências e mais um monte de coisa. Já perto do final do expediente todo o prédio já sabia dos meus arranhões e corria mesmo o boato de que tinha sido mulher, afinal quem acreditaria que eu, moradora já de alguns anos daquele ponto da praia me esqueci das benditas pedras e dei um mergulho onde não devia? Expliquei pra quem perguntou o resto que pensasse o que quisesse.

Recusei de sair com o pessoal, era sexta-feira e eu gostava de sair, mas a verdade é que não tava me sentindo muito bem. Corpo todo mole e dolorido, dor de cabeça também, alguém me deixou em casa, mas juro que não lembro quem. Entrei no prédio de cabeça baixa e andando devagar, será que tava bêbada? Uns pensamentos meio doidos tipo: olha que pisos bonitos, quem será que sujou o piso bonito?!?! É isso!

Até me esqueci das dores e sai dali correndo, caminhei meio lerda até as pedras lá onde ficava o caderno, lá estava ele do mesmo jeito que havia deixado, ainda abri pra confirmar e nada a mais. Ao lado daquela mesma pedra onde ficava o caderno havia um espaço vago de areia e depois outras pedras e pedras, e também pedras. Descalcei minhas havainas e senti o chão frio da praia, comecei a espirrar do nada.

_Puta que pariu a roupa molhada! – praguejei enquanto ficava de pé naquele espaço vago que falei.

Além das dores e dos espirros, cada vez mais constantes, agora estava sentindo muito frio. Pressionava cada vez mais meus pés contra a areia e parei quando senti que começava a afundar. Dei alguns passos e virei pra admirar minha obra de arte: as marcas dos meus pés estavam bem visíveis na areia.

_Ótimo, agora é torcer pra não desmanchar antes da hora. – falei ao mesmo tempo que começava a escrever no caderno.

A PROPÓSITO, VC NÃO ESTÁ SÓ... (CHÃO À DIREITA)

Voltei pra casa me arrastando, as dores aumentaram, o frio também. Só deu tempo de me jogar na cama e me enrolar no máximo de coberta que achei.

*********

Trabalhei tanto que nem vi as horas passarem, recebi uma advertência do diretor do hospital, por chegar atrasada e para compensar tive que ficar até as 6 horas da manhã no hospital, não reclamei, pois aquele trabalho me distraía. No entanto, fiquei preocupada com o meu irmão, lá sozinho. Liguei pra Neide que disse que passou lá na casa da minha avó no horário da novela das seis e levou o Lucas pra casa dela. Fiquei mais tranqüila, e me dediquei inteiramente ao trabalho, nem sei se consegui pensar em outra coisa até de manhã.

Na verdade a primeira coisa que pensei ao sair do hospital foi naquele caderno. Eu já estava ficando dependente dele, mas ele era o único que parecia me trazer alguma coisa boa em que pensar e sentir, além do Lucas. Peguei um ônibus em direção à praia. O caderno ficava estrategicamente guardado entre algumas pedras, à esquerda daquela que sempre me sentava pra ler e escrever.

“Sabe, mar, até os barcos que têm sempre uma tripulação se sentem sozinho às vezes. Sabe todo aquele barulho, todas aquelas pessoas ao seu redor, e você não entende uma palavra, nem reconhece nem um rosto? Essa sim é a pior das solidões, porque se tem a falsa impressão de não estar só, e quando se dá conta de que nada ali é seu, ou pra você, é assustador, como se você não tivesse um lugar no mundo. No fim o barco e o mar precisam um do outro.”

 

P.S. AGORA FIQUEI PENSANDO... BOM, FOI BARCO SIM!! BARCO À VELA, DAQUELES BONITÕES QUE APARECEM NOS FILMES DE PIRATAS... MAS E SE FOSSE UM BARQUINHO À REMO OU SIMPLES BOTE INFLÁVEL, NUM TINHA CHANCE DE NAVEGAR NESSE MAR NÃO????

O senso de humor do meu correspondente misterioso tinha o poder incrível de aliviar minhas tristezas e preocupações, acho que era por isso que não parava de voltar àquela praia, estava cada vez mais dependente daquelas palavras. E mais em baixo ainda tinha:

A PROPÓSITO, VC NÃO ESTÁ SÓ... (CHÃO À DIREITA)

Olhei o espaço vago a minha direita e lá estava, já quase se apagando, a marca de dois pés. Não foram as palavras, nem as pegadas, mas o fato de eu sentir não estar só que me assustou e ao mesmo tempo me confortou.

Olhando para aquelas marcas parei para pensar em quem escrevia aquelas palavras, de quem seria aquela caligrafia desajeitada, quem também vinha aqui todos os dias e me roubava, ou melhor, me presenteava com um sorriso. Alguém que parecia também se sentir só, mesmo que de uma maneira diferente, mas era a mesma sensação de não pertencer a nada.

“Parece que se precisam mesmo, quase se completam já que aparentemente sofrem do mesmo mal, mas com efeitos diferentes. Mas lembre-se, barco, sua solidão pode ser curada com um pedaço do mar, mas um barco é suficiente para curar a imensa, e proporcional, solidão do mar? Por que mesmo sendo um barco a vela, daqueles grandões, é para o porto que eles sempre voltam, e nem é em todas as águas que ele está disposto a navegar...”

P.S. CHANCE ATÉ TERIA, MAS POR QUANTO TEMPO ELES RESITIRIAM EU JÁ NÃO SEI, E OUTRA, ADOREI NÃO ME SENTIR SÓ, QUERIA QUE ESSA SENSAÇÃO NÃO PASSASSE MESMO DEPOIS QUE O VENTO TERMINAR DE APAGAR SUAS PEGADAS.

**********

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Esse é um conto que postei originalmente no Fator X, por dificuldades de contato com o site, e em virtude aos inúmeros pedidos que recebo, todos os dias por email para continuar a história, aqui estamos! Além do que, adoro o site, e pra mim é um privilégio ter algo para postar aqui.

Essa edição ta um pouquinho diferente, nenhum ponto relevante, mas coisas que acho que deixaram o texto mais limpinho/conexo.

Sugestões são bem vindas! E @s mais tímid@s podem entrar em contato por email: dy.coelho@gmail.com.

Toda gratidão do mundo aos emails de incentivo, é por vocês que estou me aventurando de novo.

Ao que tudo indica terá fim, não desistam. 


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Comentários para 1 - Capítulo 1:
Costana
Costana

Em: 07/02/2023

Minha preferida. Ainda tenho esperança que a autora volte e nos presentei com o desfecho deste amor de tirar o fôlego. Kkk

Por enquanto fica só na imaginação mesmo. Espero que esteja bem querida.

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crisley
crisley

Em: 01/10/2016

Dy, cadê vc meu anjo? não nos deixe assim, incompletas, sua história é linda e merece continuar, volta logo logo vai. ????, amo o modo como escreves.bls

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AgathaS
AgathaS

Em: 18/06/2016

Autoraaa, cadê vc? Peloamor kkkkkk.

N fique tanto tempo assim sem postar, entendemos VC, porém a história acaba ficando esquecida e um pouco fria por conta da demora. Mesmo q vc n poste diariamente, mas tente só pelos organizar uma, duas vezes por semana pra publicar um novo capítulo, enfim, é só uma sugestão. 

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AgathaS
AgathaS

Em: 03/06/2016

Que capítulo mais lindooooo...

Por favor n demora a postar de novo.Diz q vai postar um novo capítulo amanhã. Rsrsrsrsrs

 

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Mille
Mille

Em: 22/05/2016

Oiiiiii Dy tudo bem??? Feliz dia do abraço, saudades!!!

"Um ABRAÇO é a forma perfeita de mostrar o AMOR que sentimos! Faz se sentir bem! É só abrir os BRAÇOS e o CORAÇAO."

Bjus linda autora

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Thaci
Thaci

Em: 20/04/2016

Eu adoro este romance ou conto. Ele élindo,eu o já li no fator x,mas estou aguardandl o final. A Dy,esta de parabéns


Resposta do autor em 20/04/2016:

Nossa, tão bom ter vocês do Fator aqui!!Origada!!

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AgathaS
AgathaS

Em: 20/04/2016

Que história linda!!! Vi ela em outro site e quando vi que ela não tinha sido concluída, procurei VC pelo face, te mandei email. Fiquei muito feliz em saber q VC voltou. Por favor, n abandone novamente.. Tô super anciosa com o desenrolar dessas duas..


Resposta do autor em 20/04/2016:

Ain, não sei se respondi, mas eis que estou agora por aqui dando a resposta aos diversos pedidos que recebi, que me encorajaram a retomar uma história começada há muito tempo! Estamos tod@s ansiosas, hein!?

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Beth
Beth

Em: 04/04/2016

Boa tare Du

Fiquei super feliz de te encontrar aqui,li essa história em outro site, e fiquei tristel qd parou as postagens, mas agora quero ler ele todo com final feliz,,,rsrs

Obrigada pela chance de poder ler esse conto novamente

Bjs


Resposta do autor em 20/04/2016:

Eu que agradeço a chance de reconquistá-las novamente com essa história! Vamos providenciar esse final feliz! Beijos.

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Marie Claire
Marie Claire

Em: 15/03/2016

Vc não sabe como fiquei feliz ao te encontrar aqui no lettera!!! Confesso que já li algumas vezes esse conto, mesmo ainda inacabado no fatorx. E sempre que passava por lá dava uma olhada, para ver se vc tinha voltado a escrever. Mas agora estou realmente esperançosa de enfim saber o final dessa história linda e emocionante. bjs


Resposta do autor em 20/04/2016:

Eu que estou imensamente feliz de poder retomar a história e contar com a atenção de vocês, mesmo depois de tanto tempo! O sentimento de esperança é mútuo, espero não decepcioná-las! Beijos.

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NayGomez
NayGomez

Em: 04/03/2016

Nuss esse conto eu li no Fator x e eu estava procurando a continuação dela já que lá  o conto ficou pela metade fiquei muito triste de não poder ler ele mais ai vc apareceu e Mew eu to muito feliz  de poder continuar lendo  essa história linda bjss e obrigada. 


Resposta do autor em 05/03/2016:

Eu que agradeço a nova chance que estão nos dando! Espero não decepicioná-las dessa vez. Beijos.

Responder

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Sofi
Sofi

Em: 04/03/2016

Adorei :)


Resposta do autor em 05/03/2016:

Legal, continua com a gente que tem coisa boa vindo por ae ;)

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NayAntunes
NayAntunes

Em: 04/03/2016

ಥ_ಥ

Não acredito q essa estória vai ser postada aki!!! e q possivelmente agora terá um final!!!

A primeira vez q eu li fiquei encanta,sua estória é maravilhosa.

Obg por postar novamente.


Resposta do autor em 05/03/2016:

Eu que agradeço! Muito feliz de poder reencontrar por aqui as pessoas que começaram a ler, já já tem capítulo novo para vocês!

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Lu Carvalho
Lu Carvalho

Em: 04/03/2016

Não acredito! Enfim, poderei ler a continuação. Essa foi uma das histórias em que eu mais sofri, pela interrupção.

Aguardando ansiosa pelos próximos capítulos.

 


Resposta do autor em 05/03/2016:

Espero não fazê-la sofrer dessa vez!

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Nay Rosario
Nay Rosario

Em: 03/03/2016

Aaaaahhhhh! "Num acredito!"
Adorei ver essa historia aqui. Já tem algum tempo que gostaria de saber o desfecho. 
Sucesso moça.


Resposta do autor em 05/03/2016:

Pode acreditar! A ansiedade é compartilhada, estamos tod@s na expectativa por esse final rsrsr. Obrigada!

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Mille
Mille

Em: 03/03/2016

Ah amei ver sua história aqui. 

 Chega dei pulinhos de alegria.

Adoro o jeito da Júlia, e a força da Livia e do pequeno. 

 Bjus e até o próximo


Resposta do autor em 05/03/2016:

O próximo vem logo logo! Eu adoro esses persongens também e, principalmente, a forma que eles se completam. Beijos, obrigada pela atenção, continue conosco.

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josi08
josi08

Em: 03/03/2016

Por isso que achei semelhanças ...rsrs...ja tinha lido essa história e tinha amado so tinha ficado triste por não ter tido final.....e agora que vc esta aqui nem sem como dizer que estou imensamente feliz...

Obgada por nao abandonar a historia...


Resposta do autor em 05/03/2016:

Eu que agradeço e estou imensamente feliz em reencontrar as leitoras de outrora, espero não decepcioná-las! 

Responder

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Eva Bahia
Eva Bahia

Em: 03/03/2016

Nossaaaaa....nao acredito. Por favor Dy, me fale que nao estou sonhando.....menina, eu amooo esse romance (inacabado) rsrs.  Lindo. Doce. Intenso. Incrivel. Livia e Julia, lindasss... Muito obrigado por voltar (rsrs) estou feliz e emocionada. Li, me apaixonei e chorei durante a leitura e qdo vc parou de postar (rsr) e agora, sorrio de alegria por seu regresso. Parabens. Parabens!! Linda e emocionante estória. Espero que tu chegues ao fim e comece outros viu. Muito sucesso pra ti....bjs e agardo os prox capitulos anciosa...bjss

Com carinho

Eva


Resposta do autor em 05/03/2016:

Nada de sonho, a não ser esse que dividimos com a personagens, por um final feliz! Eu que fico emocionada com tanto carinho, muito obrigada mesmo!

Responder

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