Capítulo Bônus 1

BIANCA

            Cheguei na empresa cedo, Isac me pegou em casa. Isabella ainda não havia chegado. Enquanto esperávamos conversávamos bobagens:

-Como se sente sabendo que vai ver Samantha todos os dias agora? – meu amigo perguntou.

-Normal. – dei de ombros. – Nós não temos nada, saímos algumas vezes, trans*mos, o prazer é mutuo, mas não passa disso. – disse rindo de canto.

-Você realmente vai ficar nessa vida só por conta do fim do namoro com Ester? – questionou me encarando.

            Parei de sorrir, ainda era doloroso para mim pensar em como essa história terminou. Ouvir o nome de Ester me trazia a lembrança das mãos daquela mulher tocando seu corpo, naquele maldito banheiro. Parecia que alguém tirava meu coração do peito e o apertava nas mãos me sufocando. Respirei fundo, tentando controlar meus pensamentos:

-Só estou aproveitando, o que tem demais nisso?

-Tudo bem Bia, você quem sabe. A Isa chegou. – deu de ombros.

            Seguimos Isabella até sua sala, ela nos assustou com a personalidade que adquiria quando estava trabalhando. Depois de dizer nosso horário de trabalho ela nos mandou até o RH. Assim que saímos da sala de Isa dei de cara com Samantha no elevador. Ela me olhou surpresa, eu a olhei rapidamente e segui Isac. A ruiva segurou a porta do elevador, caminhou em minha direção:

-Bianca. – segurou meu braço me fazendo virar para ela.

-Samantha. – sorri olhando-a.

-O que faz aqui? Está me perseguindo? –questionou agoniada.

-Bianca precisamos ir. –Isac me chamou.

-Te encontro lá daqui a pouco. – olhei Isac, ele se afastou.

-Então, o que faz aqui? – apertou meu braço.

-Primeiro, será que poderia largar meu braço? – ela olhou sua mão e retirou de lá. – Isac e eu começamos a estagiar hoje e você deve realmente se achar a última coca cola do deserto não é mesmo? – sua expressão mudou.

-E por que não fui comunicada sobre a contratação de vocês? – perguntou de dentes cerrados.

-Samantha, não faço ideia. – dei as costas na tentativa de sair de perto dela.

-Espera, sinto muito ter falado assim com você, senti sua falta. – confessou mordendo o lábio. Era tentação de mais.

-Eu...eu...preciso ir. E Samantha, não vou perseguir você, se pensa que irei está redondamente enganada. – pisquei para ela e sai.

            Sentia seu olhar em mim, sorri divertida. Ficar perto dela era perigoso e mesmo que nossos encontros tenham sido casuais, ela mexia comigo, aquela boca, aquele corpo, aqueles cabelos vermelhos. “Contenha-se Bianca, contenha-se”. Você não pode se apaixonar por ela:

-Quanta demora, já estou indo para a sala de Isabella. – reclamou Isac.

-Desculpa, Samantha não me deixou sair. – confessei.

             O restante do dia não encontrei mais Samantha. Estava pronta para ir para a faculdade quando ela me mandou uma mensagem:

“Podemos nos encontrar depois dá sua aula?”

             Sorri de canto, bloqueando o celular. Se ela realmente pensa, que pode me ter quando quer, está enganada, com tanta mulher por aí eu não quero ficar apenas com uma. Dirigi calmamente até a faculdade, assim que cheguei fui logo para a sala.

-Vamos sair hoje? – Isac me perguntou.

-Claro, olha as meninas ali. – apontei e logo nos juntamos a elas.

             Contamos de Isabella e sua postura profissional. Não me ative ao que eles conversavam, Isa veio buscar Larissa, pois estavam combinando de saírem com Maísa. Isac foi logo expulso do grupo já que essa seria a despedida de solteira dela. Senti meu celular vibrar, logo que Milena e eu chagamos ao meu carro.

 “Bianca, vai me deixar no vácuo?”

              Ri e entreguei a chave do meu carro a Milena:

-Você dirige.

-Certo.

“Bi, eu sei que você está recebendo minhas mensagens.”

-Você não vai responder? – Milena perguntou prestando atenção ao carro de Isa que ia a nossa frente.

-Não sei. Acho que não. – sorri maldosa.

-Você está torturando ela, não é? – perguntou rindo.

-Não, tá, só um pouco, ela se acha demais. Tudo bem que ela é linda, mas precisa aprender que tenho outras opções. – pisquei para ela e nós gargalhamos

               Logo chegamos ao pub, o lugar era agradável e totalmente misto. Nos sentamos junto de Maísa que já estava bebendo algo. A conversa fluía de forma divertida na mesa. De repente meus olhos caíram em Andressa, ela era linda, parecia uma modelo. E eu não conseguia esconder meu interesse.

-Ai deus, essa mulher é um pedaço de mal caminho. – deixei escapar meu pensamento.

              As meninas seguiram meu olhar e Andressa sorriu para Larissa e Isabella.

-Controla essa periquita, que a mulher é casada. – Larissa falou séria.

-Mas gente, só estou admirando a beleza da mulher brasileira. - ri piscando.

                Pena que a loira logo foi para perto da esposa, que era linda também. Meu celular vibrou, mais uma mensagem de Samantha:

“Bianca onde você está? Por que não fala comigo, estou preocupada já. Me liga por favor.”

                Tudo bem eu era malvada, mas nem tanto, resolvi responder à mensagem dessa vez:

Eu estou bem, não se preocupe. Saí com as meninas, estamos em um pub perto da casa de Maísa eu acho.

“Como assim com as meninas? Me dispensou para sair com elas?”

Já tinha combinado, olha preciso ir.

                 Dei uma olhada no lugar e reparei em uma ruiva que me olhava sorrindo. Ela levou o canudo até a boca, passando a língua na ponta. Acompanhei seus movimentos atenta, ela não tirava os olhos de mim. Começou a tocar uma música animada. Decidi que era hora de tomar uma iniciativa.

-Bom, já que a beldade Andressa é casada, vou me contentar com aquela ruiva que não para de me olhar. – sorri e caminhei até a mesa que ela estava.

-Pensei que ia ter que ser mais clara. – sorriu assim que me viu próxima.

-De forma alguma. – encarei seus olhos, observei eu decote avantajado, evidenciando algumas sardas em sua pele branca.

-Quer dançar? – perguntou já se levantando.

                   Quando ela ficou de pé, meus olhos seguiram até suas coxas grossas, que estavam descobertas devido ao vestido curto. Ela virou-se em direção a amiga dela e falou algo em seu ouvido, a morena riu. Não pude não ficar excitada quando vi bunda daquela mulher. Confesso que a noite naquele momento começava a valer a pena.

                   A mulher que eu percebi ainda nem saber o nome, começou a dançar no ritmo da música. Seus olhos presos nos meus, ela mordia o lábio volta e meia. Minha boca já salivava desejando um beijo daquela boca carnuda. A estranha rebol*va na minha frente de forma provocante, eu já estava enlouquecida com o contato dos nossos corpos. Ela segurou meu pescoço e foi ficando mais próxima. Ela devorou minha boca com gula, senti sua língua sugar a minha sedenta, gemi contra sua boca. Essa mulher pegava fogo e estava me deixando maluca.  Interrompemos o beijo, mas continuamos dançando, de repente senti alguém colar o corpo nas minhas costas. Eu me assustei:

-Então foi por essa que você me trocou? – a voz aveludada de Samantha ao meu ouvido.

                Me arrepiei inteira, sorri de canto e não dei muita importância. Continuei dançando, já percebi algumas pessoas nos olhando. Claro três mulheres dançando assim, chama atenção até de quem não gosta do produto. Nós três continuamos dançando, senti as mãos de Sam em minha cintura, ela logo me virou em sua direção. A estranha não se intimidou, sua língua percorria meu pescoço, os olhos de Samantha foram até minha boca e me beijou.

                Eu só podia ter morrido ou estava sonhando, o melhor sonho de toda minha vida. Duas mulheres lindas, estavam ali, me agarrando daquele jeito, esse sem dúvida foi o melhor dia da minha vida. Logo, percebi que era real, quando Samantha apertou minha bunda com força, enquanto mordia meu lábio inferior. Gemi sentindo, meu sex* pulsar. Logo precisamos de ar e nos afastamos, mas continuamos dançando.

-Vamos sair daqui? – Samantha sussurrou em meu ouvido. – Pode levar sua amiga de quiser. – sorriu safada.

               Dei as costas a ela me virando para a estranha:

-Quer sair daqui, com a gente? – perguntei e passei a ponta da língua em sua orelha.

-Com prazer.- falou com a voz fraca.

              Peguei a mão das duas e caminhei até a mesa. Samantha se manteve distante, enquanto eu pegava minha bolsa. Sorri para as meninas e saímos em direção ao estacionamento. Samantha segurava minha mão, olhei para seus dedos entrelaçados aos meus. A outra mulher observou, mas não comentou nada.

-Motel? – perguntou a estranha.

-Sim. Meu carro está ali. – Samantha apontou.

             Caminhamos até ele em silêncio. Logo chegamos ao motel. Já na porta do quarto, Samantha me empurrou contra a porta ainda fechada. Suas mãos me apertando a cintura. Quando ela interrompeu o beijo, a ruiva nos olhou, segurou minha cintura e me beijou. Aquilo não ia funcionar, elas estavam me disputando, não que eu não estivesse gostando ou algo do tipo, mas comecei a duvidar se daria conta das duas.

               Samantha me encarou séria quando paramos de nos beijar. O clima pesou e eu percebi.

-Olha não sei o que vocês duas tem, mas não vou ficar sobrando aqui. – a ruiva falou.

-Nós não temos nada. Não é Samantha? – olhei para ela que nada falou.

-Vou embora. Aproveitem a noite e se entendam. Não percam tempo com banalidades. – falou e saiu do quarto.

               Olhei incrédula para Samantha, como assim ela deixa aquela deusa sair desse quarto. Minha vontade era bater nela. E foi exatamente isso que fiz:

-Qual é o seu problema? – perguntei dando tapas em seus ombros.

-Para, Bianca, para. – pedia enquanto eu seguia batendo. Segurou meus braços.- Para, eu não sei o que me deu. – me encarou.

-Você tem ideia do que ia acontecer aqui? – perguntei com os dentes cerrados.

-Claro que sim, ela iria tocar você. E eu não sei se quero isso. – falou pausadamente me olhando nos olhos.

-Samantha me faça o favor, quer mesmo que eu acredite que ficou com ciúmes de mim? – perguntei debochada.

-Sim, eu fiquei. Quando vi vocês dançando, tudo o que eu queria era te tirar de perto dela. – disse soltando meus braços.

                Se distanciou e ficou de costas para mim. Eu me sentei na cama:

-Então porque me chamou para sair de lá com ela? - perguntei confusa.

-Achei que ela não aceitaria. – disse baixo.

-Samantha eu te conheço muito bem e sei que você fica com outras mulheres.

-Não, só foi um beijo com Alana, no estacionamento. Não tive relações com mais ninguém além de você Bianca. - disse me olhando. – E só fiz isso porque não conseguia parar de pensar em você.

-E na empresa? Porque me tratou daquele jeito?

-Ter você perto é difícil para mim, eu nunca senti isso por nenhuma outra mulher.

               Vi que ela parecia ser sincera até porque quem em sã consciência dispensaria um ménage? Apenas por ciúmes mesmo.

-O que você quer Samantha? - perguntei.

-Nesse momento, eu quero te beijar. Quero ficar com você, sem pressa, ouvir sua risada. – disse se aproximando.

-Sem sex*? - perguntei.

-Sim, sem sex*. Quero que você acredite que eu gosto de você não apenas pelo sex*. – segurou minha cintura.

-Você percebeu que eu acabei de ser dispensada por uma gostosa noite de sex* para ficar conversando com você? – falei rindo.

-Vai valer a pena, eu prometo. – aproximou a boca da minha.

                O beijo dessa vez foi calmo, carinhoso. Lento, claro que mesmo assim mexeu comigo, mas ela realmente não queria aprofundar nada. Não sei aonde isso iria nos levar. Nem sei ao certo o que ela realmente quer. Nos afastamos e ela sorriu encostando a cabeça na minha.

-Você está apaixonada por mim Samantha? – perguntei.

-Sim, eu estou. E pela primeira vez na vida eu quero a monogamia- sorriu aberto.

             Eu virei e gargalhei ao ouvi-la dizer isso. Ela semicerrou os olhos e me encarou séria.

-Eu sei que você ainda gosta da Ester. – disse calma. – Mas será que podemos ficar? Não estou pedindo que namore comigo, ao menos por enquanto, vamos nos conhecer, me deixa tentar conquistar sua confiança? Me deixa conquistar você? – pediu encarando meus olhos.

              Não soube o que lhe responder, de um lado poderia lhe dar a chance e deixar que as coisas fosse acontecendo no tempo certo.  Do outro eu havia terminado o namoro a pouco tempo e de uma forma que ainda não consegui me recuperar. Samantha me olhava de forma apreensiva, bastou ela morder a boca para que eu esquecesse o mundo.

-Tudo bem, podemos tentar.- disse e ela sorriu. – Mas será que podemos mudar essa parte do sex*? – perguntei rindo.

-Não, não podemos. – riu e beijou minha testa.

             E ficamos o restante da noite apenas conversando, descobri tudo sobre ela, contei tudo sobre minha vida. No fim percebi que ela era bem diferente do que as pessoas pensam, quem sabe isso pudesse realmente dar certo?

Bom, isso apenas o tempo dirá.

Fim do capítulo