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  • Capítulo 16 - Marina -

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Amor acima de tudo por Little dream

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Palavras: 12576
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Capítulo 16 - Marina -

- Marina –

 

Meu corpo tremeu, uma sensação gostosa me invadiu, invadiu minha alma no instante que vi Giulia de olhos fechados chamar meu nome e de repente sua expressão ficar serena. Seu corpo escultural brilhava ainda de suor, as gotículas a deixaram ainda mais irresistível e sensual. Eu sei que era sem querer, não era proposital, mas ela estava completamente sexy mexendo com a minha libido novamente.

Senti seu corpo ficar mole após o ápice, e sorri quando a vi sorrir também. Passei a admirá-la, como se quisesse gravar em minha memória aquela cena, Giulia completamente nua, seus cabelos espalhados por meu travesseiro em volta dos lençóis que eram um sinal do que tínhamos feito, vivido e sentido de forma física a nossa paixão.

Extasiada deitei-me ao seu lado. Ela estava quieta, calada, e eu detive-me apenas em olhá-la, a acompanhar a sua respiração que aos poucos se acalmava voltando ao normal. Me aproximei dela e beijei seu rosto, só então ela abriu os olhos e olhou em minha direção. Eles brilhavam intensamente, brilhavam mais do que qualquer ouro reluzente. Foi por eles que me apaixonei, e agora eles faziam me apaixonar ainda mais. Como eles eram lindos!

-- Tudo bem? – perguntei acariciando seu rosto.

-- Tudo perfeito! – respondeu sorrindo.

Sua voz era suave, sua expressão serena e singela, o carinho, a admiração e a paixão eram palpáveis naquele quarto.

-- Você é tão linda Giulia! – falei apaixonada.

-- E você é maravilhosa Marina. Nunca me senti tão bem assim, como você faz com que eu me sinta a cada minuto do teu lado. Foi perfeito, foi mágico e sem sombra de dúvidas foi inesquecível.

-- Como você consegue fazer com que eu me apaixone assim por você? O tempo todo? Como você faz isso?

Ela aproximou-se de mim, seus lábios ficaram a escassos centímetros dos meus.

-- Do mesmo jeito que você faz. – falou baixinho e selou nossos lábios.

Dividi seu gosto com ela naquele beijo, seus lábios doces e suaves me inebriavam, tiravam minha coordenação, me deixando perdida no gosto daquele beijo. Seus dedos emaranharam-se em meus cabelos, fazendo carinho em minha nuca. Era tudo completo, eu me sentia completa, me sentia preenchida de um sentimento muito bom. Sentia-me feliz, e era uma felicidade que eu nunca havia provado. Não tinha como mensurar.

-- Me desculpa por invadir seu quarto. – disse com um sorriso maroto.

-- Eu estava para fazer o mesmo, invadir o seu quarto. Não conseguia dormir só de imaginar que você estava ai no quarto da frente, eu tinha ímpetos de ir até lá.

-- E por qual motivo deteve-se?

-- Os motivos foram vários. – disse roubando-lhe um selinho.

-- Pode listá-los para mim?

-- Claro! Bom, eu achei que estivesse cansada e talvez quisesse dormir, também passou por minha cabeça que esse podia não ser o momento pra você, achei que estaria invadindo literalmente a sua privacidade, eu estava nervosa e incerta, talvez você nem sentisse um pontinha assim de desejo por mim – falei mostrando os dedos – e de novo eu estava nervosa e ansiosa.

-- Sinto lhe dizer, mas você perdeu tempo não indo até lá. – sorriu de forma marota.

-- Ah é? E por quê?

-- Porque eu lhe desejo imensamente, e estou lhe desejando ainda mais nesse momento.

Sua face assumiu uma expressão muito diferente das que eu já tinha visto, de predadora. Ela sentou sobre meu abdômen, completamente nua, meus olhos passearam por seu corpo maravilhoso. Seus seios perfeitos eram uma perdição, seu corpo inteiro é o caminho do pecado. Ela mordia o canto da boca, e aquilo tinha um efeito absurdo sobre mim. Suas mãos pousavam sobre meu abdômen dando a ela apoio.

-- Agora é a minha vez de provar de você. Te quero inteirinha pra mim.

Suas mãos começaram a passear em meus seios por cima do tecido mesmo. Ela apertava, massageava e me excitava por completo. Inclinou-se por cima de meu corpo e passou a beijar e morder meu pescoço e minha orelha. Meu corpo reagiu de imediato, senti como seu uma corrente o percorresse, minha pele ficou eriçada e entre minhas pernas completamente molhado. Minha respiração já estava fora de controle. Ainda com os lábios em meu pescoço ela começou a tirar a peça de roupa que impedia que nossos corpos se tocassem sem empecilhos, me deixando apenas de calcinha. Suas mãos macias desceram lentamente por minha barriga até chegar ao meu sex*, que ela tocou primeiramente por cima da calcinha.

-- Você está me deixando completamente louca Marina! – ela sussurrou em meu ouvido assim que sua mão ultrapassou a pequena peça.

Deixei um gemido fraco escapar quando a senti me tocar daquela maneira. Ela ainda se mantinha em cima de cima, mexia-se suavemente sobre minha barriga, eu podia sentir seu sex* tocando a minha pele. Até suspirar estava difícil. Ela beijava meus lábios, meu queixo, meu pescoço...mordia. Seus dedos iam até a minha entrada, mas logo depois ela os fazia passear por todo meu sex*, fazia isso repetida vezes, me torturando, até que ela me penetrou sem nenhum aviso. Delirei. Agarrei-me a seus braços e fui arranhando até chegar as suas costas, onde arranhei quando ela começou a movimentar seus dedos dentro de mim. Era um movimento diferente, novo, mas completamente gostoso. Os movimentos foram ficando mais fortes e intensos, eu estava à beira do ápice.

-- Gem* pra mim Marina... – sussurrou com um olhar sedutor.

Os gemidos que antes eu sufocava foram saindo pouco a pouco, já não os prendia, e agora eles preenchiam o quarto. Ela começou a diminuir o ritmo e eu passei a movimentar meu quadril de encontro a seus dedos.

-- Por favor, não para... – consegui pronunciar.

-- Não vou parar.

Sua boca desceu para meus seios, onde sua língua fez movimentos circulares sob o bico eriçado. Ela mordiscava, prendia entre os dentes e puxava levemente. Sugava e ch*pava, sem que seus movimentos parassem, pelo contrário, eles intensificaram-se, ficando mais rápidos do que anteriormente. Agarrei-me novamente em seus braços no momento que senti o orgasmo vindo. Gemi uma última vez e senti espasmos em meu corpo, havia goz*do.

A respiração ainda estava alterada, meu corpo estava mole e me parecia que eu estava presa ao colchão, meu corpo não tinha nenhum reflexo. Só conseguia me sentir incrível. Mesmo com os olhos fechados senti Giulia deitar-se ao meu lado, ela fazia movimentos circulares e suaves em minha barriga, ainda conseguindo eriçar minha pele. Passamos alguns minutos assim, e eu não conseguia abrir os olhos, tinha receio de quebrar aquele encanto e perder aquela sensação.

Eu tentava me concentrar e me recuperar quando senti Giulia girar meu corpo, me deixando de costas. Sorri.

-- O que você está fazendo? – perguntei ainda sorrindo.

Ela beijou minha boca e com aquele sorriso de lado disse.

-- Eu ainda não terminei, quero e preciso mais de você.

-- Sério?

-- Unhum.

-- Mas assim você vai acabar comigo. – fingi-me.

Quase nem deu tempo terminar de falar, logo ela sentou-se sobre meu bumbum, onde roçou sua pélvis e acendeu novamente meu corpo. O gemido foi como um sinal verde, ela não parou, continuou com seus movimentos. Era impossível resistir daquela maneira, eu já estava completamente molhada outra vez. Ela segurou meus cabelos os puxando levemente para trás, gemi outra vez. Ela continuou rebol*ndo em cima de mim.

Senti-la daquela maneira estava me enlouquecendo, sentir o seu sex* molhando meu bumbum, sua pélvis me instigando me tirava completamente do rumo. O tesão era absurdo. Um leve tapa em bumbum me fez gem*r outra vez. Aliás, gem*r era tudo o que eu conseguia nesse momento.

Senti as mãos de Giulia afastando minhas pernas levemente, e isso fez com que eu ficasse com o bumbum um pouco empinado. Uma posição instigante e excitante. Suspirei pesadamente e logo senti seus dedos estimulando meu clit*ris em movimentos circulares. Não conseguia acompanhar, não sabia bem os movimentos que ela estava fazendo, não sabia ao certo o que seus dedos faziam, o que eu sei é que logo meu clit*ris ficou intumescido. Logo eu que pensei que demoraria um pouco para me excitar.

Senti um outro tapa em meu bumbum, e acompanhado disso Giulia voltou a me penetrar. Gritei. Não de dor, mas de prazer. Senti seu dedo dentro de mim mover-se rapidamente, ora em movimento circular, ora vindo até minha entrada e penetrando-me novamente com força. Agarrei-me ao travesseiro, cravando minhas unhas nele. Outro tapa. Os movimentos intensificaram mais ainda e novamente cheguei ao ápice.

Sem forças, era assim que eu estava.

Novamente senti quando Giulia deitou-se ao meu lado. Eu respirava fundo tentando controlar a respiração e meus batimentos cardíacos. Giulia aninhou-se em meus braços, passando seus braços por minha cintura e apoiando sua cabeça em meu ombro.

-- Outra dessa e eu não agüento Giulia. – falei sorrindo.

-- Desculpa! – falou escondendo o rosto na curva de meu pescoço – É que você é tão irresistível que eu realmente não resisti.

-- Você é incrível!

Ela apertou ainda mais seu rosto em meu pescoço, escondendo-se. Sorri com isso e passei a fazer carinho em seus cabelos.

-- Você que é incrivelmente linda e irresistível.

-- Assim vamos ficar discutindo quem é mais incrível do que quem. E não importa o que fale ou faça, pra mim você vai continuar sendo incrível. – sorri.

-- Tudo bem, pra mim você também vai continuar sendo incrível, e em tudo, tudo o que faz e tudo o que é!

Foi a minha vez de ficar com vergonha.

-- Posso lhe fazer uma pergunta? – sua voz era vacilante.

-- Claro Giulia, quantas quiser...

-- Quando cheguei aqui você não estava vestida como estava agora a pouco. Porque trocou de roupa?

Sorri com a pergunta.

-- Sempre fico de pijamas quando estou em casa, é um costume, uma mania. E eu troquei porque quando fui beber água, acabei derramando e me molhando inteira, então vesti outra. Ganhei quase uma coleção dessas camisolas da Fernanda.

-- Elas são um pouco curtas. – comentou.

-- E você ficou muito linda com uma delas.

-- Ah, então a senhorita já tinha outras intenções e outros planos quando a deixou em meu quarto?

-- Pra falar a verdade não, eu não tinha outros planos. Foi inocente, apenas lhe emprestei uma das que eu ainda não havia usado.

Mantivemos silêncio, as duas ficaram caladas, apenas sentindo o carinho uma da outra e sentindo as respirações que naquele momento estavam calmas. Completamente calmas.

Olhei para uma das janelas de meu quarto, e apesar de estarem fechadas, pude ver que lá fora o dia começava a amanhecer, o sol estava começando a sair.

Era até engraçado pensar no que estava acontecendo entre Giulia e eu. Ela conseguiu mesmo me tirar da minha zona de conforto, ela consegui atravessar a enorme muralha que eu havia erguido para me defender. Mas se pensasse bem não havia sído bem assim, eu na verdade havia derrubado esse muro no momento que vi aqueles lindos olhos castanhos. Eu quis sair da minha zona para viver o que estava vivendo naquele momento, para me entregar aquela nova paixão.

Giulia era mais nova do que eu, mas não parecia, ela parecia ser muito madura e decidida, até mais do que eu. Ela era uma mulher incrível, e que merecia um mundo inteiro aos seus pés, e eu sei que se ela me permitisse eu lhe daria tudo o que ela quisesse, porque eu estava verdadeiramente apaixonada por ela. Eu a queria, queria um futuro nosso, queria tê-la comigo daquela maneira muitas outras vezes. Não falo sobre o sex*, sobre o ato de fazer amor, mas falo do simples ato de tê-la em meus braços, sentir seu calor, sentir sua respiração junto ao meu peito, senti-la suspirar tranquilamente.

Senti a respiração de Giulia ficar mais pesada. Ela acabou dormindo. Giulia dormia em meus braços, e isso mais do que nunca, mais do que qualquer outro momento de minha vida significou muito, foi algo muito valioso. Sorri, depositei um beijo no alto de sua cabeça, suspirei e relaxei também. Ela estava em meus braços! Estava alí comigo.

Ainda fiquei algum tempo sentindo a respiração dela, curtindo aquele momento com medo de dormir e depois me dar conta de que tudo não passou de algo da minha cabeça, do meu enorme desejo de tê-la comigo. Mas o sono acabou me vencendo e eu acompanhei Giulia em um sono tranquilo.

Acordei meio perdida, sem saber ao certo se tudo o que ocorreu na noite passada havia sido um sonho bom, um sonho maravilhoso ou se havia sido realmente verdade. Tive medo de olhar para o lado de encontrar a resposta. Eu queria muito que tudo tivesse acontecido, que fosse a mais pura verdade, tive medo de olhar.

A minha resposta veio quando ouvi Giulia murmurar ao meu lado. Só então olhei, e senti felicidade sem igual me invadir. Giulia estava tranquila a meu lado, nua, completamente nua, só uma parte do lençol lhe cobria. Em seus lábios rosados um quase sorriso os moldavam. Agradeci mentalmente a Deus por aquele momento, por ter me permitido viver aquela cena. Sorri quando Giulia ainda murmurando agarrou-me pela cintura. Fiquei imóvel para não acordá-la. Aquilo só podia ser um sonho.

Não era minha intenção, não foi de caso pensando que eu havia feito o convite para que ela dormisse alí, apenas agi por impulso, fiz o que meu coração me pedia pra fazer. Só não imaginei o quanto me perturbaria saber que ela estava do outro lado do corredor. Fiquei impaciente, ansiosa e louca pra ir até o quarto dela, mas apesar da vontade consegui me controlar, porém não consegui dormir.

Giulia tornou a se mexer, mas dessa vez no sentido contrário, ela havia me dado as costas, e isso acabou descobrindo o seu corpo inteiro. Seu corpo era maravilhoso, era esculpido e tinha uma cor alucinante. Não conseguia parar de olhá-la, mas não era apenas no sentido sexual que eu a olhava, eu admirava, admirava a mulher excepcional que ela era. A olhava com carinho, com ternura, com paixão.

Ouvi batidinhas na porta do quarto. Levantei-me o mais depressa que pude e com o maior receio de que Giulia acordasse. Cheguei até a porta e olhei para a cama. Ela ainda dormia.

-- Oi Rose. – falei abrindo um pouco a porta – Bom dia.

-- Desculpe lhe incomodar menina, só queria saber se está tudo bem, é que já passam das 10hs da manhã, e como você ainda não havia descido para tomar café, resolvi vir ver se tinha acontecido algo.

Olhei para trás, para Giulia novamente e tive uma ideia.

-- Está tudo bem sim Rose, – sorri – acordei agora a pouco. Preciso que me faça um enorme favor.

-- Pode falar menina.

-- Por favor, prepara um café da manhã especial e bem fresquinho.

-- Claro! Do jeitinho que você gosta.

-- É...Rose, é que não é bem pra mim. Quer dizer, não é só pra mim...então...

-- Oh! – colocou as mãos sobre a boca e me olhou com surpresa – Não vai me dizer que...

-- Sim Rose, estou acompanhada. – falei envergonhada.

-- Sabia que tinha motivo para não ter descido cedinho como de costume. Bom, não se preocupe, vou preparar o café da manhã rapidinho.

-- Ótimo! Obrigada Rose. – sorri.

-- Não precisa me agradecer menina em um instante eu faço o café de vocês. Não sabe como estou feliz por você menina, estou muito feliz. Depois de muito tempo vê-la assim é maravilhoso.

-- Eu também estou, estou muito feliz. – olhei mais uma vez para ela e sorri.

-- Então eu vou lá.

Rose virou-se e já caminhava na direção do início do corredor – para a cozinha – quando voltou-se para mim, me olhou de maneira doce e voltou a se aproximar.

-- É aquela moça não é? Como é mesmo o nome dela?

-- É sim Rose, é a Giulia, é ela que está aqui, foi com ela em meus braços que eu adormeci.

-- Eu sabia que tudo daria certo, desde o primeiro momento que me falou dela, quando vi o brilho em seus olhos eu me dei conta de que isso daria certo de uma maneira ou de outra.

-- Ainda bem que você estava certa Rose, ainda bem!

-- Pois bem, vou fazer o café de vocês.

-- Tudo bem. Ah Rose, por favor pode colocar em uma bandeja, daqui a pouquinho eu desço para buscar.

-- Tudo bem.

Dessa vez Rose encaminhou-se para cozinha sorridente, e eu tranquei a porta e fui direto para o banheiro. Tomei banho, fiz minha higiene pessoal. Assim que sai do quarto olhei para a cama. Era real! Ela ainda dormia em minha cama.

Ah, sobre Rose, ela trabalhava em minha casa há muito tempo, pra ser mais exata há uns 8 anos. Era uma senhora íntegra, honesta e sincera. Sua índole era incontestável. Ela conquistou minha confiança logo no primeiro ano, quando começou a trabalhar comigo. Rose era uma senhora doce, meiga e justa. Ela soube de mim no primeiro instante, ela sabia de minha orientação sexual, e o melhor é que ela nunca me olhou torto por isso, nunca me recriminou ou falou algo contra, pelo contrário, ela sempre me apoiou. Contei a ela sobre Giulia, na verdade eu só falei sobre ela, não falei sobre o que sentia por ela, mas ela percebeu, disse que eu falava dessa moça com brilho no olhar, e que aquilo não tinha como ser outra coisa a não ser paixão.

Fui até o guarda roupa e vesti uma roupa confortável. Queria fazer uma pequena surpresa para Giulia, oferecer-lhe um café da manhã na cama, na primeira noite que ficamos juntas. Não queria que ela acordasse antes de tudo estar pronto. Queria que se aquele momento se tornasse marcante pra ela tanto quanto estava sendo pra mim.

Sai do quarto sorrateiramente, e segui até a cozinha saltitante, completamente alegre e feliz.

Cheguei à cozinha e Rose estava de costas entretida em sua panela. Cheguei de surpresa e depositei um beijo em sua bochecha.  A bandeja já estava prontinha, tinha de tudo um pouco, tinha coisas que eu gostava, coisas que ela me “forçava” a comer e coisas que talvez ela tenha deduzido que Giulia gostasse.

Peguei a bandeja e voltei apressada para meu quarto. Entrei devagarzinho, e me surpreendi ao ver Giulia de pé, olhando por uma das janelas do quarto, ainda nua e enrolada em um lençol. Seus cabelos levemente bagunçados caiam por suas costas, brilhavam de uma cor diferente devido aos raios de sol que o atingiam. Sua pele também brilhava. Perdi o ar diante de imagem tão perfeita. Queria gravar para sempre em minha memória, então nem pisquei para não estragar tamanha perfeição.

-- Bom dia! – disse sem ar.

Falei e só então ela olhou em minha direção. Sorriu assim que me viu e veio em minha direção com um andar provocante, segurando o lençol junto aos seios com a mão esquerda.

-- Bom dia Marina. – disse sorrindo.

-- Desculpa por ter lhe deixado sozinha.

-- Tudo bem, eu me senti um pouco perdida quando acordei, não sabia dizer onde estava, mas quando me espreguicei na cama seu perfume me invadiu. Soube na hora onde eu estava.

-- Desculpe por isso, mas foi por uma boa causa. Trouxe café para nós.

Mostrei a farta bandeja pra ela e sua barriga a entregou fazendo um pequeno, mas audível barulho. Ela me olhou com as bochechas levemente coradas.

-- Estou com um pouquinho de fome. – quase sussurrou.

-- Não precisa ficar com essa carinha, é normal. – sorri – Eu também estou com fome, e nem tinha como ser diferente não é? Você...é...você me...

-- Lhe cansei? – perguntou completando a minha frase.

-- Isso mesmo!

Ela olhou para a bandeja e eu podia jurar que vi seus olhos brilharem.

-- Vamos comer?

-- Vamos.

Fomos até a cama, onde eu depositei a bandeja. Giulia sentou encostada na cabeceira da cama, eu fiquei a sua frente com a bandeja entre nós duas. Eu a olhava sem me cansar de admirá-la. Era simplesmente incansável olhar pra ela. Seus pequenos olhos, castanhos e tão expressivos me prendiam. Sua boca de lábios tão bem desenhados me enfeitiçava. Seu sorriso fazia minhas pernas ficarem fracas e tremerem. Seu cheiro me deixava tonta. Sua voz me transmitia paz e segurança. É...eu estava muito apaixonada por aquela linda mulher a minha frente.

Giulia pegou uma torrada e um copo de suco de laranja. Era algo comum, comer era um gesto normal e rotineiro, mas ela fazia parecer muito diferente, eu a enxergava em câmera lenta, seus lábios moviam-se devagarzinho, seus olhos apertavam-se ao sentir o sabor, um pequeno sorriso enfeitava seu rosto. Era hipnose, eu estava hipnotizada. Estática!

-- Marina? Está tudo bem?

-- Está sim. Estava apenas te olhando.

Ela sorriu fazendo seus olhos se fecharem. Mais um motivo para me encantar e me apaixonar. Cada gesto, cada feição, cada movimento.

-- Assim você vai me deixar sem graça Marina.

-- Não precisa ficar sem graça, eu é que estou sem graça, porque eu simplesmente não consigo parar de te olhar, nem mesmo disfarçar eu consigo. Ser discreta está fora de questão.

Giulia inclinou-se um pouco em minha direção e selou nossos lábios em um selinho com sabor de geléia de morango.

-- Não sei como passei tanto tempo assim longe de você. Como demorei tanto pra lhe encontrar?

-- Estávamos nos preparando uma para a outra, amadurecendo...

Ela me olhou com a carinha mais linda do mundo, um misto de felicidade e vergonha. Giulia tinha pequenas covinhas nas bochechas que ficavam mais evidentes quando ela tentava disfarçar um sorriso. Ainda não conseguia compreender como Deus conseguiu colocar tanta beleza, tantos detalhes e tantas qualidades em apenas uma pessoa.

Terminamos de comer com algumas pausas para selinhos e beijos. Mas claro, sem esquecer de falar dos olhares que trocávamos, alguns deles até me davam um certo arrepio de tão intensos que eles eram. Eu amava aqueles olhos dela, aquele olhar, profundo e misterioso! Seus olhos castanhos eram muito intensos, despertava em mim uma vontade de desvendar tudo o que havia por trás deles, tudo o que eles traziam bem lá no fundo.

-- Aceita passar o dia comigo? – perguntei assim que terminamos de comer e coloquei a bandeja de lado.

-- O dia inteiro?

-- Claro! Quer dizer, se você não tiver nada pra fazer, algum outro compromisso, ou achar que já chega de minha companhia, que está de bom tamanho, se estiver cansada ou se...

Ela gargalhou gostosamente e isso me fez parar.

-- O que foi? – a olhei sem entender.

-- Você se enrola com as palavras quando esta nervosa.

Sorri encabulada.

-- Isso nunca mais havia me acontecido, não desde o tempo do meu ensino médio, eu tinha esse pequeno problema ao falar em público, mas isso havia sumido, só voltou agora.

-- Por quê?

-- Sempre fico nervosa quando estou do seu lado, você me desconcerta de uma maneira que não entendo. Faz muito tempo mesmo que isso não me ocorria.

-- Quantas mulheres já lhe ouviram falar essa frase? – perguntou sorrindo, em um tom claro de brincadeira.

-- Você é a única mulher que me deixou desnorteada Giulia, nenhuma outra nunca chegou perto.

-- Nem mesmo Larissa? – perguntou baixando o olhar.

-- Nem mesmo ela. – sorri levantando seu rosto a fazendo olhar para mim – Nenhuma outra mulher em minha vida foi capaz de fazer todo um reboliço em meus pensamentos, de me deixar alegre, ansiosa, feliz, receosa, contente...tudo de uma vez e ao mesmo tempo. Você é diferente, você é única!

Notei que ela ficou um pouco incomodada com o assunto, da mesma maneira que ela ficou quando contei a ela sobre o fato de já ter sido noiva, de tudo o que aconteceu. Mas pra ser bem sincera, eu também não gostaria de imaginar, de cogitar a idéia de que ela já foi noiva, e pior ainda, de pensar como seria se ela fosse noiva nesse momento. Não queria nem pensar! Corroia-me de ciúmes só de pensar outra pessoa beijando-a, mesmo que num passado distante.

O que falei, o que expus a ela melhorou o modo como ela ficou. Eu queria que ela acreditasse piamente em minhas palavras, não para tê-la em minhas mãos, e sim porque eu acreditava cegamente no que estava sentindo por ela, e queria que ela também acreditasse tanto no que eu sinto, quanto em seus próprios sentimentos.

-- Mas e então, o que me diz sobre a minha proposta? Você aceita passar o dia comigo, me aturando e me suportando?

Tentei mudar de assunto.

-- Será um enorme prazer Marina!

Sorri feliz!

-- Só preciso de um banho e avisar a Vick, desde ontem que não falo com ela, não avisei que dormiria aqui, ela deve estar preocupada.

-- Tudo bem, avisa a ela. Você pode tomar banho nesse banheiro aqui – apontei para a porta ao lado de uma cômoda – Tem toalha limpa no armário. Eu vou pegar uma roupa limpa pra você.

-- Não precisa Marina, não quero lhe incomodar, eu visto a minha, ainda está limpa.

-- Não é incômodo nenhum Giulia, como eu disse é um enorme prazer tem a sua companhia. Me deixa muito contente ter você aqui, ainda mais por um dia inteiro. – não consegui conter o sorriso.

-- Tudo bem!  - sorriu – Vou ligar pra Vick então.

-- Vou buscar suas roupas, já volto.

Ela assentiu, e eu sai do quarto a deixando ainda sentada em minha cama e enrolada em meu lençol. Fui até um dos quartos de hóspedes, onde Fernanda costumava dormir quando vinha até minha casa. Ela tinha a mania de sempre deixar roupas reservas naquele quarto, pra não ter que trazer nada quando viesse dormir aqui ou quando acabasse por aqui sem nenhuma previsão ou planejamento.

As duas tinham quase a mesma altura e o mesmo peso, era fácil encontrar uma roupa que servisse em Giulia. Abri o guarda roupa e fiquei na dúvida sobre qual roupa pegar. A indecisão não era exatamente sobre a roupa, e sim sobre o que faríamos durante o dia, eu tinha que escolher roupas adequadas para cada situação. Pensei e não consegui decidir, queria fazer de tudo com ela. Passaria horas tentando decidir algo, então peguei algumas e sai na direção de meu quarto. Se fosse preciso mais roupas eu as pegaria.

Fui me aproximando de meu quarto e já podia ouvir a voz de Giulia, baixinho, bem longe...quase inaudível. Sussurros. Me aproximei e a ouvi pronunciar meu nome.

-- Foi tudo perfeito, ela é perfeita, é carinhosa e sexy ao mesmo tempo, mas eu estou com medo, não sei bem se é isso mesmo que eu quero pra mim, pra minha vida. Preciso conversar com ela, colocar os pontos nos “is”, eu sei. Ta. Tenho que desligar agora, vou tomar um banho. Até mais tarde.

Eu sei! Era errado ouvir a conversa dos outros através da porta, era falta de educação, mas ao ouvir o início da conversa simplesmente não consegui mais me mover. O que será que ela queria dizer quando falou que não sabia se era isso que ela queria para a vida dela? Será que ela tinha dúvidas? Apavorei-me um pouco com a provável conversa que teríamos. Não tive coragem de entrar no quarto. Adiei. Fiquei no corredor até ouvir o barulho da água. Ela estava no banheiro. Tentei entrar sem fazer nenhum barulho para que ela não notasse minha presença, mas não deu muito certo, Murphy estava do meu lado. Acabei topando em uma cômoda que ficava próxima a porta. Sufoquei o grito, mas ainda sim ele saiu. Olhei para a porta do banheiro na esperança de que ela não tivesse ouvido.

Fiquei encarando a porta que mantinha-se aberta. Ouvi o chuveiro ser desligado e Giulia aparecer na porta enrolada em uma toalha branca. Seus cabelos molhados, as pequenas gotas descendo, passeando por seu belo corpo, seu pescoço e ombros. A cena me deu água na boca.

Eu estava literalmente de boca aberta, babando por aquela mulher maravilhosa.

-- Está tudo bem? – perguntou me olhando séria.

-- É..é...está, está sim. Por quê? – gaguejei.

-- Ouvi um grito.

-- Ah, ah sim, está tudo bem, bati o pé aqui nessa cômoda – balancei a cabeça na direção do móvel – É...aqui...é...a sua roupa oh! – mostrei-lhe as roupas que ainda tinha em meus braços.

Ela sorriu lindamente balançando a cabeça em negativa.

-- Porque fica tão nervosa assim quando estou perto de você?

-- Não sei. Você me desconcerta, me tira o ar. Como agora...

-- Como agora por quê? Porque estou apenas de toalha? – perguntou com um sorriso sugestivo.

-- Com certeza! – sussurrei.

Nesse momento eu estava extasiada e molhada. Molhada só por imaginá-la sem aquela toalha em seu corpo. Encarávamos-nos numa troca de olhares intensos, como se estivéssemos conversando com o olhar. Giulia mordia o cantinho da boca, e aquilo estava me provocando.

Ela sorriu intensificando seu olhar pareceu com o da noite passada, intenso, devorador, predador, sensual...

-- Eu não estou mais. – disse abrindo a toalha e a deixando cair até seus pés.

Fiquei em transe! Joguei as roupas que ainda tinha em minhas mãos sem deixar de olhá-la e fui em sua direção.

-- Vai me deixar louca! – sussurrei roucamente quando me aproximei e a puxei com força contra meu corpo.

Ela gem*u.

-- Eu já estou...

Segurei firme em sua cintura, apertando, a mantendo presa, colada em meu corpo. A beijei com fome, com pressa e desespero. Mordiscava seus lábios, ch*pava-os. Uma de minhas mãos descia lentamente, percorrendo a pele macia até chegar ao seu bumbum, que apertei com força. A outra pousava em sua nuca, a puxando pra mim, intensificando nosso beijo. Que era cada vez mais faminto, mais quente e mais sensual. Seus seios nus de encontro ao meu corpo me instigavam. Seu corpo estava molhando minha roupa, mas eu nem me importava.

As mãos de Giulia estavam debaixo de minha blusa, arranhando e deixando minha pele completamente arrepiada. Habilmente, com uma das mãos ela abriu o fecho de meu sutiã.

Sem desgrudar nossas bocas comecei a guiá-la para dentro do banheiro novamente. Entramos no boxe ainda aos beijos. Nos separamos e eu olhei seu corpo inteiro com uma excitação enorme, totalmente molhada e sedenta de prazer, do gosto e do cheiro dela.

-- Vai apenas me olhar?

-- De maneira nenhuma!

Disse e logo voltei a capturar seus lábios em outro beijo, dessa vez um pouco mais calmo, mas ainda sim quente. Liguei o chuveiro e entramos, mesmo eu estando de roupas ainda. Estava quente, precisava esfriar meu corpo.

Depois de alguns beijos Giulia passou a tentar tirar a roupa que agora grudava em meu corpo. Arrepiei quando senti seus suaves toques em minha pele ao tentar tirar minha blusa. Suspirei. Enfim ela tirou a blusa, e junto com ela o sutiã que já havia sido aberto. A água molhava nossos corpos, mas ainda sim eu sentia cada toque dela como se queimasse. Sua mão logo cobriu meus seios, surpreendendo meu corpo que reagiu tremendo. Me beijou enquanto massageava meus seios. Ainda com nossas bocas coladas ela abriu meu short, abandonou meus lábios e passou a deslizá-lo por minhas pernas junto com minha calcinha, agachando-se e o retirando de meus pés.

Suas mãos fizeram o movimento contrário desde os meus pés até a minha virilha arranhando levemente. Subindo. Ela me olhava enquanto fazia isso. Seu olhar era mais intenso do que o normal. Voltou a me beijar e me surpreendeu quando tocou meu sex*, me fazendo gem*r alto. Sua mão movia-se em meu sex*, o conhecendo, me instigando e me excitando. Mas era a minha vez! Eu queria prová-la de todas as maneiras.

Segurei firme em seus pulsos e a girei, fazendo com ela encostasse o corpo nos ladrilhos do boxe. Ela gem*u em surpresa. Segurei suas mãos acima da cabeça e encostei meu corpo no seu, em suas costas. Mordi sua nuca e sua orelha. Encostei minha pélvis em seu bumbum, friccionando enquanto passeava com minha língua em seu pescoço.

-- Isso é torturante. – sussurrou.

Soltei seus pulsos e desci minhas mãos por seu corpo, sentindo cada pedacinho daquela pele que estava incrivelmente quente. Pousei uma mão em seu seio, onde massageava, apertava firmemente. Sentia minha excitação escorrer por minhas pernas mesmo estando com o corpo molhado. Eu queria senti-la, queria estar dentro dela. Desci minha outra mão de encontro ao seu centro. Gemi quando a toquei alí. Massageei seu clit*ris em movimentos circulares, sua cabeça estava jogada para trás, aproveitei e beijei a sua boca com voracidade. Ela gemia contra meus lábios!

Com minhas pernas a fiz afastar as suas, me dando mais liberdade para tocá-la, o que eu fiz sem pudor nenhum! Quando senti o corpo dela relaxar encostando em meu peito eu a penetrei com uma estocada forte e rápida.

-- Oh!

-- Quer que eu continue? – perguntei em seu ouvido.

-- Sim, por favor.

-- O quê?

-- Continua Marina, por favor...continua.

Assim que ela pronunciou a última palavra eu a penetrei novamente com dois dedos, dessa vez mais intensamente. Outra vez ela gem*u, me fazendo gem*r junto. Diminui o ritmo, a penetrando, fazendo meus dedos entrarem completamente e depois saírem devagarzinho, parando em sua entrada. Um vai e vem lento, torturante, mas cada vez mais profundo e gostoso.

-- Mais rápido. – sussurrou entre um gemido.

-- O que você quer?

-- Mais rápido...

-- Me pede...

-- Por favor Marina, mais rápido, me penetra mais rápido e mais forte. – falou passando a mão, arranhando meu pescoço, onde as vezes ela me puxava para um beijo.

Ensandeci!

Mordi sua nuca com força, minha intenção não era marcar sua pele, mas com certeza iria ficar uma marca alí. Fiz como ela havia pedido, mais rápido e mais forte, intensifiquei o movimento até ver que Giulia não seguraria por muito tempo. Ela empurrava o corpo contra o meu, inclinava-se para trás tentando intensificar e coordenar meus movimentos. Seus gemidos aumentaram gradativamente, até que Giulia arranhou meu pescoço, tudo cessou, e seu corpo ficou mole colando-se ao meu. A segurei entre meus braços até que os espasmos acabassem. Ficamos nessa posição até que ela se recuperasse.

-- Isso está ficando viciante. – disse sorrindo ao virar-se de frente para mim.

-- E isso é bom?

-- É muito bom, aliás, é mais do que isso.

A puxei para mim e selei nossos lábios e m um beijo delicado, cheio de ternura e carinho.

-- Acho que marquei sua nuca. – disse e ela sorriu.

-- E eu acho que arranhei de verdade o seu pescoço, me desculpe por isso, é que foi tão intenso...tão...

Ela não encontrou mais palavras para continuar, mas seu semblante, seu sorriso e seu olhar me disseram tudo o que eu queria ouvir, tudo o que eu precisava.

-- Vamos tomar um banho, quero sair com você está tarde.

-- A é? E para onde vamos senhorita Amorim?

-- Ainda estou planejando, mas nem preciso de tantos planos, sei que se você estiver comigo nem importa o programa ou o lugar, eu sei que será perfeito.

Suas bochechas ficaram rosadas, e ela sorriu timidamente. Como era bom vê-la sorrir daquela maneira. Era até engraçado partilhar do lado tímido e ao mesmo tempo fugaz dela.

Tomamos um banho demorado, entre beijos, sorrisos, carinhos e brincadeiras. Tinha momentos em que Giulia parecia ser uma mulher, e tinha momentos que Giulia parecia ser uma menina, e ela conseguia despertar em mim esse dois lados, a mulher e a menina.

Saímos do banho e tinha um almoço nos esperando. Rose era perfeita demais, nem precisei falar, comentar ou pedir algum tipo de almoço, ela providenciou tudo por contra própria.

Dessa vez apresentei formalmente Rose e Giulia, ambas acanhadas sorriram ao se cumprimentarem. Notei que Rose dividia o olhar entre Giulia e eu, ela nos olhava e balançava discretamente a cabeça em negativa. Ela sorria, eu sabia que ela estava contente com o que estava acontecendo entre nós duas, então da pra tentar imaginar um pouquinho de como eu me sentia.

Depois do almoço Giulia e eu nos retiramos sob o olhar atento da senhora que me conhecia melhor do que eu, fomos para o escritório, nos deitamos juntinhas no sofá que dava para uma enorme janela de vidro. A imagem alí era surreal, o céu imensamente e lindamente azul, preenchido com pequenas nuvens de vários formatos.

Ficamos abraçadas, conversando, nos sentindo. Não tinha conotação sexual, nos sentíamos de uma maneira diferente, como se nos conhecêssemos de uma maneira única. Era um toque de almas. Conversávamos, sorriamos, ficávamos em silêncio ouvindo apenas a respiração uma da outra. Estavam em compasso, alinhadas num ritmo só nosso.

Fazendo carinho em seus cabelos, sentindo o cheirinho gostoso que eles exalavam contei a ela sobre minha vida, a parte que quase ninguém conhecia, apenas aqueles que eu permitia. Contei a ela sobre minha adolescência, sobre quando me descobri, e quando meus pais me descobriram. Contei todas as dificuldades que passei quando eles me expulsaram de casa, a amizade que encontrei em Pablo, Pietro, Juliano e Fernanda, que eram a minha verdadeira família.

-- Não acredito que seus pais foram capazes disso Marina! Não acredito mesmo. – disse virando-se de frente para mim e olhando em meus olhos.

-- Acho que no fundo eu não esperava outra reação deles que não fosse essa Giulia. Eles sempre foram duros comigo, cabeça fechada, sempre quiseram me dominar, coordenar todos os meus passos. Esse é dos motivos por eu morar neste apartamento, eles me querem debaixo da vigilância deles, mesmo que há algum tempo atrás tenhamos cortado relações. Eles só me procuram quando existe algum interesse.

-- Com meus pais foi tudo tão diferente. Mesmo longe deles, eles procuraram me entender, me apoiar e cuidar de mim.

-- Eu não tinha dúvidas sobre a generosidade e bondade de seus pais Giulia.

-- Porque não?

-- Eles são os culpados por você ser quem você é, por cada coisinha e detalhe que compõe a sua personalidade, que diga-se passagem é linda!

Mais uma vez ela sorriu encabulada.

-- Você tem que conhecê-los, eles vão amar te conhecer.

A olhei surpresa. O que ela havia dito me pegou de surpresa, completamente desprevenida. Será que isso significava que a nossa relação iria mesmo ficar séria? Diante do meu silêncio enquanto pensava ela tentou justificar-se, dar explicações.

-- É...quer dizer, só se você quiser conhecer...se quiser ver belas praias, sentir um clima diferente...é...não precisa responder, eu sei que é cedo e que...

-- Pelo que percebi não é só eu que fico embananada com as palavras quando estou nervosa.

-- Pelo visto não. – admitiu timidamente.

-- Mas apesar de ser cedo eu tenho que admitir, adoraria conhecer seus pais! Seria um prazer.

-- Sério?

-- Claro! Assim como sou louca para conhecer as praias do Nordeste, mais especificamente do Ceará. Elas devem ser lindas.

-- Ah são sim! São lindas.

Notei em seus olhos um brilho diferente, não tive certeza se era emoção por falar do lugar de onde veio e admirava, ou se era apenas saudade.

-- Sente saudade de lá?

-- Sinto muita saudade, faz um bom tempo que não vou lá, nunca consigo conciliar tempo e dinheiro para fazer uma visita a meus pais.

-- Então o que acha de unirmos o quanto antes o útil ao agradável?

-- Como assim?

-- Eu quero conhecer o Ceará, e você quer visitar seus pais. Você poderia ser minha guia, me levar para os lugares mais lindos. Então preciso que vá comigo, me acompanhe como uma guia profissional que você é.

Ela gargalhou e sorriu feliz.

-- Seria um prazer!

-- Então isso está decidido! Vou começar a providenciar isso o quanto antes.

Passamos mais um tempo conversando, ela me contava empolgada de todas as suas aventuras dentro da pousada dos pais, assim como de contava das belezas de sua terra natal. Ela falava com tanta admiração, carinho e saudade que isso me afetou, aumentou ainda mais a vontade de que eu tinha de conhecer aquelas terras. Tirar longas férias seria perfeito. Seria mais perfeito ainda se Giulia me acompanhasse nessas férias.

Falar em férias me fez pensar instantaneamente na viagem a trabalho que Giulia e eu faríamos logo mais. Me agradava a idéia de tê-la comigo, isso nos daria a oportunidade de nos conhecermos melhor, de ficarmos mais íntimas e de talvez solidificar a nossa relação que estava no início. Se tudo caminhasse bem, eu já tinha até planos para nós duas. Naquela viagem mesmo iria surpreendê-la. Mas, como bem sabíamos ainda estávamos no início, nos conhecendo, nos permitindo, e eu queria que aos poucos ela confiasse no que sentia, tivesse certezas e desejasse o mesmo que o meu coração deseja desde o momento que me declarei para ela. Que fossemos NÓS!

De repente me deu uma enorme vontade de fazer algo que eu não fazia há muito tempo, desde minha adolescência: ir ao cinema. Fiz o convite a Giulia, e ela adorou a idéia.

Saímos do escritório. Fui até o quarto de hóspedes novamente, escolhi mais algumas roupas para dar opções diferentes para que ela escolhesse a roupa que achasse melhor. Fomos cada uma para o seu quarto, dessa vez tomamos banho separadas. Achei melhor dessa maneira, ou não me deteria em amá-la mais uma vez, ou quem sabe mais algumas vezes. Como ela disse, aquilo estava ficando vicioso, eu estava ficando viciada nela e estava adorando.

Nunca em toda minha vida me vi tão feliz como agora, para alguém que me ouvisse falar de minha felicidade o tempo todo poderia até se tornar muito irritante. Mas era algo incontrolável mesmo!

Sai de meu quarto pronta e ansiosa. Vi que o quarto que Giulia estava ainda estava com a porta trancada, provavelmente ela ainda estivesse no banho. Pensei em bater, mas acabei desistindo. Voltei até meu quarto, peguei o celular, documentos e a chave do carro.

Resolvi espera-la na sala. Sentei em minha poltrona preferida, a que ficava ao lado da janela de vidro. Olhei o relógio em meu pulso, passava-se da 16hs. Comecei a bater os pés em sinal de ansiedade. Isso era incrível, eu estava com ela o dia todo e mesmo assim me sentia nervosa e ansiosa. Olhei para o relógio novamente, o ponteiro quase não tinha se movido.

Meu celular vibrou em minha mão. Olhei e vi que era uma mensagem de Verônica, ela me chamava de amor e dizia que estava com saudades de mim. Quando será que isso iria ter um fim? Quando será que essa mulher me esqueceria? Essa mensagem era apenas um reles detalhe, não era lá grande coisa, mas coloquei em minha cabeça que qualquer coisa, fosse ela grande ou pequena, eu sempre contaria para Giulia, sendo assim ela saberia dessa mensagem. Falaria pra ela da minha intenção de ter uma conversa franca com Verônica, mais uma na tentativa de faze-la entender que eu não lhe devia mais satisfações. Não custava tentar.

Estava de cabeça baixa, tentando fazer em minha cabeça um provável diálogo entre Verônica e eu, escolhendo as palavras certas pra dizer a ela quando senti um cheiro tão característico invadir a sala. Era o perfume dela. O que veio a seguir pareceu acontecer em câmera lenta. Seu sorriso encantador iluminou o ambiente, seus lábios que pareciam desenhados estavam pintados com um batom vermelho, seus passos firmes em minha direção me fizeram paralisar, quase babar. Não sei de onde havia surgido aquele vento, mas seus cabelos estavam esvoaçantes. Talvez fosse apenas minha imaginação dando mais brilho aquilo que já era perfeito.

-- Me desculpa pela demora. – falou parando a minha frente.

-- Sem problemas. – consegui dizer.

Continuei sentada, a olhando de baixo e nem percebi que ela me encarava esperando que eu levantasse. Ela sorriu mostrando seus dentes perfeitamente alinhados e estendeu sua mão em minha direção, levantei e parei a sua frente, bem próxima a seu corpo.

-- Você está linda! – dei-lhe um selinho.

-- Você é que está linda Marina. – disse arranhando suavemente a minha nuca – Aliás, você é linda!

Sorrimos e nos beijamos. Dessa vez foi um beijo e não um selinho.

-- Borrei seu batom! – disse ao nos separamos.

-- Pode borrar sempre que quiser.

A beijei outra vez. Era incansável, meu coração não se acostumava, era sempre como se fosse o nosso primeiro beijo, ele sempre ficava descontrolado dentro do meu peito, assim como minhas mãos que sempre soavam.

Descemos até o estacionamento de mãos dadas. Quando nossas mãos tocavam-se uma energia boa percorria todo o meu corpo. Será que essas sensações seriam sempre assim?

Entramos em meu carro e logo partimos para o shopping, nem mesmo sabíamos a qual filme assistiríamos, mas isso já nem importava, bastava a presença dela. Ok, eu estava mais doce do que chocolate.

Sai do estacionamento de meu condomínio com uma sensação esquisita, um incômodo que eu não sabia explicar. Mas eu olhava para o lado, para Giulia e meu coração acalentava-se, ficava tranqüilo mesmo ainda dividindo espaço com essa sensação indefinida.

A mão de Giulia, pousou em minha perna desde o momento que saíamos de meu condomínio, e lá permaneceu, fazendo carinho até chegarmos ao shopping. Todos os horários dos filmes eram bem próximos. Chegamos ao acordo de que seria melhor escolher o primeiro horário. Optamos por um filme de comédia romântica, compramos pipoca com refrigerante e entramos na sala. Até assisti o início do filme, mas depois a única coisa que detinha a minha atenção eram os lábios de Giulia. Nem mesmo o refrigerante era mais doce do que os lábios dela.

Novamente senti meu celular vibrar em meu bolso, fiquei com medo de que Giulia percebesse e pedisse para que eu atendesse ou que visse de quem se tratava. Eu não sabia quem era, mas meu sexto sentido dizia que não podia ser outra pessoa a não ser Verônica. Fiquei martelando, remoendo em minha cabeça para que assim que saíssemos da sala contar a ela que Verônica estava me ligando, mandando mensagens.

Quando calculei estar bem próximo do final do filme, segurei a mão de Giulia e puxei delicadamente, ela entendeu o que eu queria, ela aproximou-se lentamente e roçou seus lábios no meu, me fazendo arrepiar. Ela me beijou com doçura, deixando-me completamente entregue, mole. Sua mão direita, como sempre arranhava minha nuca. Nós separamos, mas ela manteve a mão em minha nuca, o que não me deixava sair do lugar. Ela ainda permanecia bem perto de mim, eu conseguia sentir sua respiração tocar meu rosto.

-- Marina acho que não vou me cansar de dizer que estou apaixonada por você. E o incrível de tudo isso é que esse sentimento é novo pra mim, eu nunca senti nada do que estou sentindo por você, nunca cheguei nem perto. Você está me fazendo descobrir um mundo novo, completamente novo. Estar com você é tão bom, e eu sinto tanta falta quando estou longe. Nunca imaginei ou cogitei que algo tão bom assim pudesse acontecer na minha vida.

Sorri! Meu coração transbordava de alegria. Vê-la daquela maneira, falando baixinho o que sentia por mim era indescritível e imensurável. Eu tinha que fazê-la minha de verdade, eu queria ter um lugar fixo em sua vida, eu tinha certeza disso, talvez até ela já tivesse essa certeza, mas tudo ao seu tempo, queria ir com calma para não assustar e dar mais certezas ainda. Eu já sabia o momento certo!

-- Eu não imaginei que fosse me apaixonar primeiramente por um olhar, não imaginei que fosse tudo tão rápido assim, que certezas viessem e vontades aumentassem. Mas tudo aconteceu, e eu estou perdidamente apaixonada por você Giulia. Meu coração lhe escolheu e não existe mais volta.

Disse isso e voltamos a nos beijar. Os corações batiam em compasso, em perfeita harmonia. Estavam igualmente felizes. As luzes ascenderam-se quando estávamos nos separando. Nem mesmo vi o final do filme, não me interessava. Olhei no fundo de seus olhos, e nesse momento eu consegui definir o que eles me transmitiam: felicidade!

Decidimos comer por alí mesmo. Escolhemos a mesa mais reservada na medida do possível. Eu queria conversar com ela, contar sobre as ligações e mensagens insistentes de Verônica. Fizemos nossos pedidos, e enquanto aguardávamos aproveitei para começar.

-- Preciso lhe contar uma coisa.

Iniciei e ela mexeu-se incomodada em sua cadeira, parecia adivinhar o que eu iria falar.

-- Pode falar. – disse suave.

-- Bom, eu queria lhe falar algo sobre a Verônica.

Ela voltou a se remexer na cadeira, descruzando e cruzando as pernas novamente. Inquieta!

-- Aconteceu algo? – perguntou após um suspiro.

-- Aconteceu sim, mas não foi nada demais, ou de muita importância, quero apenas que você tenha conhecimento do que vem acontecendo, pra que lá na frente não sejamos pegas de surpresa por algum detalhe esquecido.

-- Tudo bem. – ela pareceu ficar mais aliviada, até deu um sorrisinho - E o que foi?

-- A Verônica tem na cabeça de que eu ainda devo satisfações a ela, que ela pode controlar meus horários e minhas saídas, então ela me liga insistentemente o tempo todo. Até parece que eu tenho algum GPS, porque é só sair de casa que ela me liga perguntando onde eu estou. Ela sempre sabe quando estou em casa ou quando estou na JUMP.

-- Já tentou trocar o número do seu celular?

-- Já fiz isso inúmeras vezes, ela sempre consegue o número novo. E diante do trabalho, dela ser a minha coordenadora não posso ficar 100% incomunicável.

-- Ela fez isso hoje, te ligou?

-- Ligou sim. Ela tem ligado e mandado mensagens, inclusive mandou uma agora a pouco. Mas nunca atendo ou respondo.

-- Me sinto incomodada com essa mulher, assim como ela também se sente comigo.

-- Como assim?

Eu sabia que Verônica havia aprontado algo, tinha quase certeza disso. Giulia não queria me contar, mas desde o dia lá no Parque Ibirapuera que fiquei com isso na minha cabeça, não havia sido apenas o que ela contou. Era o momento certo para perguntar.

-- Ela praticamente declarou guerra contra minha pessoa desde o dia da minha entrevista. Ela não gosta de mim, isso é fato.

-- Ela já fez algo contra você não é?

-- Digamos que sim.

-- Quer me contar?

-- Promete que não vai ficar brava, e que não vai tentar tirar satisfações depois que eu lhe contar?

-- Não vou poder falar nada? Nada mesmo?

-- Não há necessidade, já passou, não foi nada demais.

-- Tudo bem. Sendo assim eu prometo. O que aconteceu?

-- Lembra que uma vez eu lhe perguntei se era vetado o uso do celular dentro da JUMP?

-- Lembro sim. – disse com os olhos semicerrados ao lembrar do dia em questão.

-- O motivo de eu ter lhe perguntado isso foi Verônica, ela confiscou meu celular ao me ver usando. Disse que alí dentro era proibido o uso de celular, e pediu que eu o entregasse, eu achei estranho porque quando olhei para os lados vi que tinha gente além de mim usando, acho que até tentei contestar, mas acabei entregando meu celular. Mas o pior não foi ela ter confiscado meu celular... – fez uma pausa e eu a olhei ansiosa para que ela continuasse. Ele entendeu – Nesse dia eu acabei saindo da agência sem meu celular, eu o esqueci com ela, foi por isso que você me pegou quase desesperada no estacionamento no dia que...no dia...é, no dia que ficamos, que nos beijamos a primeira vez. – suas bochechas ficaram lindamente rosadas – Nesse dia fiquei sem celular e sem ter como pedir ajuda para alguém. No final do dia deu tudo certo, você apareceu e me salvou, – disse sorrindo e eu sorri junto – o problema foi no outro dia quando fui até a sala da Verônica para pegar meu celular.

-- Ela lhe devolveu?

-- Sim e não.

-- Não entendi.

-- Ela me entregou dentro de uma sacola o que restou do meu celular, não sei como, mas ele estava aos pedaços, pequenos pedaços. Ela havia despedaçado o coitadinho.

-- Ela quebrou seu celular?

-- Na verdade eu acho que ela passou com um trator por cima dele. – sorriu.

Qual o real motivo para Verônica ter feito isso? Tenho certeza de que Giulia não havia feito nada contra ela. Verônica só podia estar possessa de ciúmes.

Olhei para Giulia séria, pronta para argumentar e tentar retirar a parte em que eu prometia que não iria ficar brava e nem tentaria falar com Verônica sobre o ocorrido. Isso não podia ficar assim.

-- Giulia...

-- Você prometeu. – disse me interrompendo.

Amoleci.

-- Tudo bem. Mas posso lhe fazer um pedido?

Giulia prendia um sorriso, e isso fez aparecer suas lindas covinhas. Paralisei, esqueci momentaneamente o que queria pedir a ela. Como ela era linda! Quase balancei a cabeça para colocar os pensamentos e as idéias em ordem.

-- Fica longe dela. O máximo que você puder. Ela já tem me atormentado o bastante, não quero que ela faça nada parecido com você. Não quero ela perto de você. – disse recuperando-me

-- Tudo bem, não precisa nem pedir, vou ficar longe dela. – sorriu.

Lembrei-me das “ameaças” que Verônica tinha feito no dia em que foi até o meu apartamento. Não sei se poderia considerar dessa maneira, ou mesmo se devia considerar. Ela havia bebido, estava alterada, talvez todas as palavras ditas naquela noite tenham sido motivadas pela bebida. Dor e arrependimento, foi o que ela disse que eu sentiria caso esquecesse que eu era dela. Mas quando será que ela ia compreender que eu não era mais dela? Aliás, eu nunca fui! Gelei quando lembrei das ameaças contidas de Verônica, se ela já havia feito aquilo com Giulia antes mesmo de saber que eu estava apaixonada por ela, imagina o quão possessa ela deveria estar depois de eu ter admitido o que sentia.

Nossos pedidos chegaram, comemos conversando sobre tudo e sobre nada, ríamos de bobagem, nos perdíamos em olhares. Nossas mãos tocavam-se vez ou outra em cima da mesa, nossas pernas encostavam-se sem intenção, ou quase embaixo da mesa.

A cada vez que eu a via sorrir abertamente, que eu via suas covinhas ou que mergulhava em seu olhar eu me perguntava como isso havia acontecido. Como depois de tanto tempo me escondendo atrás de um enorme muro pude me apaixonar assim? Essa pergunta provavelmente eu jamais poderia responder, porque eu não entendia, e nem procurava compreender, eu queria apenas viver tudo aquilo com ela, com aquela bela mulher que me sorria não só com os lábios.

Passeamos mais um tempo pelo shopping, nossas mãos insistiam-se em encontrarem-se enquanto andávamos, às vezes até entrelaçando nossos dedos por alguns segundos. Aquele toque era perfeito. Em alguns momentos quando olhava para o lado acabava surpreendendo alguns bocejos de Giulia. Ela devia estar morrendo de sono. Instantaneamente lembrei da noite passada, sorri, e dessa vez quem acabou me flagrando foi ela.

-- Porque está rindo? - sua expressão era divertida.

-- Algumas lembranças me acometeram.

-- Não pode dividi-las comigo? – perguntou soltando minha mão e parando a minha frente.

-- Você já dividiu.

Ela me encarou, me avaliou, ficou séria e colocou as mãos em sua cintura. A coisa mais linda do mundo estava parada a minha frente. Giulia, mantinha os olhos semicerrados. A baixinha só faltava bater o pé e cruzar os braços. Não deu pra evitar, gargalhei. E foi o que precisava para que ela fizesse o que eu imaginava, cruzou os braços, olhou-me com os olhos semicerrados e bateu o pé.

-- O que foi?

-- Você fica a coisa mais linda com as mãos na cintura.

As pessoas a nossa volta passavam por nós nos olhando de forma esquisita, com certeza estranhando a cena. Duas mulheres paradas praticamente no meio do shopping, uma gargalhando e a outra parecendo estar com raiva.

Sorri novamente e ela fez um biquinho de raiva. Me aproximei, parei bem a sua frente, olhando em seus olhos, descruzei seus braços e falei baixinho.

-- Se esse biquinho continuar em seus lábios eu sinto dizer que não vou conseguir resistir, vou acabar lhe beijando sem me importar com todas essas pessoas que nesse momento nos olham com atenção.

Ela voltou a sorrir.

-- É mesmo?

-- Com certeza.

-- Isso vai funcionar mesmo? – balancei a cabeça em afirmativa – Então vou continuar. – disse e voltou a exibir o biquinho.

Sorri de lado e me aproximei dela, queria beijá-la. Mas para minha surpresa, o lado moleca de Giulia aflorou, ela simplesmente deu um saltinho e saiu correndo. Balancei a cabeça em negativa e sai correndo atrás dela. É, pelo visto até o meu lado moleca havia aflorado. Se meus pais me vissem...

Ela saiu na direção do elevador que ia para o subsolo, para o estacionamento.

Não consegui alcança-la. Quando cheguei até meu carro ela estava encostada na porta do passageiro, sorrindo pra mim, nem parecia que tinha corrido.

-- Ganhei! – comemorou.

-- Ah sim, você ganhou. – admiti esbaforida.

-- Quero o meu prêmio. – sorriu marota.

-- E qual seria o seu prêmio?

-- Eu espero, pode se recuperar...

-- Ok. – coloquei a mão sobre o peito e respirei fundo algumas vezes - Pronto! Qual o seu prêmio senhorita?

-- Quero o beijo que você disse que me daria lá dentro.

Por instinto olhei para os lados, não havia ninguém por perto, o estacionamento parecia estar deserto.

-- Huuum – coloquei as mãos em volta de sua cintura – Só isso? – perguntei beijando seu pescoço.

-- Hum... – suspirou – Por enquanto.

Não me demorei, capturei seus lábios. Beijamos-nos com paixão, com carinho e uma enorme vontade de não parar mais. As mãos ganharam vida, o desejo começou a surgir, de repente o beijo ficou exigente, o estacionamento ficou quente, e as coisas foram ficando mais audaciosas. Eu a queria. E queria naquele momento, meu desejo estava falando mais alto do que a minha razão. Bem mais alto!

Minhas mãos agarraram suas coxas, subindo aos poucos, entrando vagarosamente por baixo de seu vestido. Ela gemia e suspirava. Ouvi ao longe o alarme de um carro. Ela sorriu contra meus lábios.

-- Estamos em um estacionamento. – ela disse com a sua testa encostada na minha.

Sorri junto. Eu estava a beira de sucumbir ao desejo. Ela tirava todo o meu juízo, isso não me era comum. Eu sabia que há qualquer momento alguém poderia nos ver, que alguém nos dissesse que aquilo era pouca vergonha, que nos julgasse ou coisa parecida. Mas eu não estava nem ai, não conseguia me controlar. A beijei novamente. Novamente ouvi um carro alarmar, dessa vez mais perto de onde estávamos. E a seguir um flash em nossa direção. Giulia e eu nos separamos assustadas. Vi um homem sumir por entre os carros.

-- Acho melhor sairmos daqui. - disse olhando na direção em que o tal homem tinha sumido.

-- Está bem.

Abri a porta do carro para ela entrar, antes de entrar ela me agradeceu sorrindo. Dei a volta e antes de dar partida no carro olhei a hora, passava-se das 22hs.

-- Quer ir para casa? – perguntei quando saímos do estacionamento.

-- Não! Eu não quero ir, mas preciso. Amanhã minha chefe me mata se eu não estiver lá na hora.

-- Sua chefe é má assim?

-- Na verdade não, ela é maravilhosa!

Sorri me sentindo envergonhada. Isso era outra coisa que não me era comum, não mais.

-- Não quer dormir comigo?

-- Quero, mas acho melhor não. Quer dizer, eu queria muito dormir com você, mas acho melhor irmos com um pouco mais de calma.

Ela tinha toda razão!

-- Você está certa. Teremos bastante tempo.

-- Não vai ficar chateada?

-- Claro que não Giulia, não vejo motivos pra isso. E como eu disse, eu quero lhe conquistar aos poucos, quero que se sinta bem.

-- A cada minuto me conquista um pouco mais.

Sorri.

-- Então vamos fazer assim, vou lhe deixar em casa e na terça eu levo as suas roupas lavadinhas. Tudo bem?

-- Está bem.

Quanto mais me aproximava do condomínio que ela morava mais eu me sentia triste, com saudade, mesmo ela ainda estando do meu lado. Conversávamos e sorríamos, mas havia uma sensação estranha em mim. Olhei para o retrovisor e tive a impressão de ver o mesmo carro prata atrás de nós desde o momento que deixei o shopping. Era como um reflexo de meu carro, sempre atrás. Devia ser impressão, não havia motivos para estar sendo seguida, tentei focar minha mente em outra coisa.

Chegamos ao condomínio de Giulia, olhei mais uma vez pelo retrovisor, o carro prata estacionava um pouco distante de nós, os faróis apagaram-se, mas ninguém desceu do carro. Isso era muito estranho!

Giulia e eu permanecemos no carro por algum tempo, não conseguíamos nos despedir, dizíamos tchau e nos beijávamos, mas o beijo não parava, dizíamos tchau novamente, e mais uma vez vinha um outro beijo.

-- Ta! Eu vou parar. – disse colocando as mãos no volante.

-- Também vou parar, ou não vou mais sair desse carro!

Ela sorriu, surpreendeu-me com um selinho, abriu a porta do carro e saiu rapidamente. Fiquei apenas olhando. Depois que abriu o portão, ela olhou para trás e acenou pra mim. Sorri e acenei de volta. Fiquei olhando até que a sua imagem sumisse do meu campo de visão, só ai dei partida no carro, mas antes de sair resolvi checar mais uma vez, olhei pelo retrovisor e o carro não estava mais lá. Ok, foi tudo paranóia minha, eu estava imaginando coisas. Sorri comigo mesma e sai com o carro.

Apesar de sorrir, de me sentir alegre e feliz, aquela sensação esquisita não me abandonava. Não sabia o motivo para tal, não conseguia encontrar um motivo ou uma razão. Tentei enumerar problemas ou preocupações mentalmente. Meus tormentos resumiam-se apenas a Verônica, que não me deixava em paz por nada.

Cheguei a casa sentindo meu corpo pedindo por um descanso, mas a minha mente e minha alma estavam em paz. Tomei um banho e deitei. Assim que encostei meu corpo no colchão o cheiro de Giulia me invadiu. Agarrei o travesseiro e constatei o que eu suspeitava: tinha o cheiro dela! Não lavaria aquele travesseiro tão cedo.

Meus olhos pesavam, Morfeu me chamava, mas meu celular tocando impediu que eu me entregasse aquele chamado.

“Obrigada! Obrigada por me receber em sua casa ontem, obrigada pelo dia maravilhoso de hoje, obrigada por ser você Marina. Jamais vou conseguir medir ou compreender tudo o que você me faz sentir. Obrigada por nos dar tempo, tempo pra deixar que as coisas aconteçam, e obrigada por me conquistar a cada minuto. Tenha uma ótima noite Marina, durma bem. Até amanhã. Um beijo.”

Era uma mensagem de Giulia. Tudo que a envolvia mexia completamente com todos os meus sentimentos, com todas as minhas certezas e com todas minhas concepções. Meu coração se alegrou com suas palavras, eu daria o tempo que fosse preciso para que ela confiasse em nós. Respondi a sua mensagem.

“Você não precisa me agradecer, eu é que agradeço por ter permitido que eu provasse de companhia como a sua. Assim como agradeço pelo novo sentido que tem dado a minha vida, pelas novas sensações, prazeres e sentimentos. E quanto ao tempo não se preocupe, se eu tiver sua presença em meus dias estarei satisfeita e completamente contente. Esperarei o tempo que for. Boa noite Giulia. Durma bem, porque eu dormirei divinamente. Até amanhã. Beijos. P.S.: Seu cheiro está aqui!”

Praticamente apaguei depois dessa mensagem. Feliz, contente, com o coração preenchido e aquecido. Como era bom!

========================

Uma semana e meia havia se passado rapidamente. Giulia e eu íamos bem, não conseguíamos nos desgrudar, e eu estava cada vez mais apaixonada por ela. Dentro da agência assumíamos apenas o nosso lado profissional, mas isso não nos impedia de nos olhar de forma apaixonada de vez em quando. Giulia havia me pedido para mantermos nosso relacionamento em “segredo” dentro da agência. Ela dizia que não nos olhariam com bons olhos se soubessem que estávamos evolvidas, diriam que ela havia sido escolhida para viajar comigo para a produção da nova companha justamente por estarmos envolvidas. Ela teria sido favorecida. Ela tinha razão! Não escaparíamos de comentários e julgamentos desse tipo. Então o melhor a se fazer nesse momento era manter em segredo mesmo, pelo menos até o final da nova campanha.

Sendo assim, resolvi manter somente entre a gente. Só quem sabia era Pablo, Juliano e Fernanda. Eles também sabiam que nada deveria ser dito dentro da agência, mas mesmo assim, mesmo com recomendações, e silêncio, tanto Giulia como eu tínhamos consciência de que às vezes não conseguíamos disfarçar os olhares, a forma como falávamos uma com a outra e às vezes os toques inocentes, então uma hora ou outra acabariam percebendo.

Sempre almoçávamos juntas, nem sempre sozinhas, às vezes meus amigos iam com a gente, às vezes Natália e Alice também iam. Como almoçávamos no Veneza, evitávamos almoçar sem a companhia de alguém, e além disse era sempre muito divertido o almoço com eles.

Quase sempre nos víamos após o expediente, aproveitávamos e apreciávamos a companhia uma da outra, assistindo um filme na minha casa, na dela, andando no shopping, indo até um restaurante ou íamos ao Ibirapuera para olhar a lua. Qualquer lugar com ela era bom, era perfeito, e eu amava a companhia dela até mesmo pra fazer nada. Já conseguíamos compartilhar de certa intimidade, e isso era bom!

Com a proximidade da viagem eu estava cada vez mais ansiosa e nervosa. Tudo que eu precisava para a surpresa que havia resolvido fazer para ela durante essa viagem estava pronto, já tinha tudo em mãos, e eu me sentia pronta, porque cada vez mais eu sentia que Giulia queria o mesmo que eu, então o que nos faltava era apenas o momento certo. Duas semanas com ela foi o suficiente para que eu tivesse ainda mais certeza. Também a senti diferente durante esses dias, mas firme e com o olhar ainda mais cheio de brilho. Olhar esse que ela só direcionava pra mim.

Faltavam apenas dois dias para darmos início a nossa jornada de viagens e mais viagens por estados diferentes. Estava nas nuvens por saber que Giulia estaria comigo durante esse tempo. Sem ela seria um verdadeiro tédio, sem graça nenhuma. Os planos estavam traçados, tudo planejado, reservas em hotéis já estavam feitas, passagens compras. Eu já havia feito um roteiro completo, um verdadeiro tur, tudo foi pensando, cogitado para no final vir a grande surpresa.

Tudo pronto, só não meu coração que ainda saltitava feito louco no meu peito toda vida que lembrava.

Estava em minha sala com alguns papéis em minha mesa, papéis que eu precisava avaliar e assinar, mas o que detinha a minha atenção era uma foto minha e de Giulia na tela de meu computador. Vick que havia tirado. Na foto Giulia sorria lindamente, suas covinhas estavam evidentes, e eu a olhava encantada também com um sorriso no rosto. Havíamos marcado um almoço com todo mundo reunido, Vick contava suas piadas nesse dia, eu não conseguia parar de rir, mas me encantava e dava total atenção para os sorrisos e gargalhadas de Giulia. Como ela era linda! Suspirava sempre mais.

Toda vida que olhava aquela foto tinha a impressão de que Giulia e eu nos conhecíamos há muito mais tempo que realmente era. Às vezes parecia que tínhamos intimidade de velhas conhecidas, namoradas de longa data, e isso não me incomodava, pelo contrário. A cada dia eu descobria novas coisas dela, novas qualidades e defeitos, novas manias e gostos. A admirava cada vez mais.

Ouvi algumas batidinhas em minha porta, suspirei tentando me preparar para receber quem estava do outro lado da porta. Rezava para que não fosse nada nem ninguém que pudesse destruir o meu humor. Recentemente havia adquirido o hábito de trancar a minha porta, não queria mais visitar inesperadas de Verônica. Havia adquirido esse hábito principalmente por que às vezes recebia a visita de Giulia e nem sempre conseguíamos nos controlar, não queria ser pega de surpresa por ninguém.

Levantei e andei lentamente, meu coração disparou só de pensar na possibilidade de ser Giulia. Abri a porta sorridente, mas meu sorriso morreu quando dei de cara com minha mãe. Fiquei gélida e totalmente sem ação.

-- Não vai deixar sua mãe plantada aqui no meio deste corredor, vai?

-- O que está fazendo aqui mãe?

-- Posso entrar primeiro?

Abri passagem para ela. Respirei profundamente tentando controlar meu emocional. Um encontro entre minha mãe e eu, sempre mexia comigo, ela nunca aparecia por estar com saudades da filha, ela sempre vinha fazer alguma cobrança ou alguma ameaça. Uma visita de Miriam Amorim nunca era de graça.

Ela entrou em minha sala olhando em volta, olhando cada detalhe, como se buscasse algo. Na verdade ela avaliava, adorava dizer que eu tinha mau gosto para decoração, que eu era muito simples e adorava mostrar um lado caipira, envergonhando-a.

Fiquei parada olhando-a, e gelei quando a vi ir à direção de minha mesa e sentar-se em minha cadeira. Sua postura ereta me dava medo, suas feições gélidas me causavam pavor.

-- Quem é está moça? – perguntou olhando atentamente para a tela de meu computador.

-- Mãe o que a senhora veio fazer aqui? – tentei mudar de assunto.

-- Vim visitar minha única filha, não posso?

Sua expressão era a mesma, gélida, dura, parecia cheia de rancor. Seu olhar também era o mesmo, não tinha brilho, era opaco e não transmitia nenhuma emoção.

Não respondi a sua pergunta, ela me parecia retórica, não precisava de respostas. Sentei-me na cadeira a frente de minha mesa, cruzei as pernas e a olhei esperando que ela falasse de uma vez por todas, que viesse com todo o seu discurso articulado. Algo ela tinha a dizer!

-- E então? – perguntei.

-- Como disse vim apenas visitar minha filha.

-- E desde quando você vem me visitar sem nenhum aviso prévio e sem nenhum motivo aparente?

-- Ora, não preciso de motivos!

-- Tudo bem. – ela ia falar – E o papai, como está?

-- Não me faça perguntas sobre aquele velho! Se quiser saber de seu desprezível pai o procure pessoalmente. – disse assumindo uma postura altiva, superior.

Minha mãe sempre tivera o nariz empinado, sempre quis ser mais do que qualquer pessoa a sua volta. Ela tinha o orgulho ferido depois de uma traição de meu pai. Acho que ele fora a única pessoa a quem ele realmente amou.

-- Então quer dizer que a situação entre vocês é sério mesmo? Vocês estão separados?

-- Sim, estamos! E não vim aqui falar de seu pai. – seu orgulho falou mais alto.

-- Mas a senhora não havia dito que tinha vindo apenas me fazer uma visita?

-- Ora Marina, não seja petulante! Tenho o direito de ir e vir, não preciso de motivos. Apesar de tudo você é a minha filha, minha única filha!

Lá vinha ela falar “apesar de tudo”. Isso queria dizer: “Marina apesar de sua orientação sexual, apesar de decepcionar a mim e seu pai com essa loucura de querer ficar com mulheres, você continua sendo nossa filha, e apesar de querer muito que você coloque a sua cabeça no lugar e case-se com um rapaz de posses eu preciso fazer o papel de mãe às vezes!”.

-- Ok mãe. – preferi não argumentar, para não causar desconfortos e discussões.

-- Você não respondeu a minha pergunta. Quem é está moça que sorri feliz ao seu lado?

-- Você não vai querer saber mãe.

-- É mais uma dessas mulherezinhas com quem você anda?

-- Ela não é uma mulherzinha qualquer! Você não tem o mínimo de direito de falar dela. – eu começava a sair do sério - E se veio até aqui para me fazer qualquer tipo de julgamento ou crítica obrigada, mas não preciso, pode ir embora.

-- Está me expulsando Marina? – perguntou se fazendo de ofendida.

Foi outra pergunta que não precisei responder.

-- O que me trouxe aqui é muito sério Marina! Que você se envolva com mulheres já é inaceitável, mas que você se envolva com uma mulherzinha qualquer é inaceitável! – me apontou o dedo.

-- Do que você está falando?

-- Eu já estou sabendo de tudo! Não vou aceitar que se envolva com uma mulher pobre! Já é humilhante ter uma filha doente e anormal como você, não vou permitir que notícias falando sobre uma sanguessuga estampem capas de revistas jogando o nome de nossa família na lama.

-- Não estou acreditando que veio até aqui para me falar disso.

-- Marina é a sua imagem, é a nossa família, nosso dinheiro!

-- Nosso? Que dinheiro que é nosso? – quase gargalhei.

-- Marina...

-- Isso aqui, tudo o que eu tenho eu construí com o meu esforço, nunca dependi do seu dinheiro ou do meu pai. Me desculpe falar assim, mas vocês não tem direito a nada disso aqui. Nada! E você não tem direito nenhum pra falar de minha vida! Você me abandonou! Lembra disso? – meus olhos ardiam.

Ela me olhava com os olhos levemente esbugalhados.

-- Essa mulherzinha está fazendo uma lavagem cerebral em você Marina, será que você não vê?

-- O que eu estou vendo é apenas interesse, e não é da parte dela, é da sua! – quase gritei a última parte.

-- Como ousa?

-- Não sabia que a verdade lhe feria assim.

-- Marina não seja ingrata, o que é seu é meu! Ao me separar de seu pai sofri uma grande desestruturação em minhas finanças.

-- Mãe eu não tenho nada haver com isso.

Levantei-me. Andei de um lado para outro sem conseguir deixar de encarar aquela mulher que era a minha mãe. Não entendia como ela podia ser assim, tão ambiciosa, tão dura e tão gélida. Não havia amor naquele coração?

-- Por favor, saia de minha sala! – falei tentando manter os brios.

Ela levantou tentando não perder a postura e saiu de minha sala até com certa elegância, sem olhara para trás e sem perder a pose.

Joguei-me em minha cadeira assim que ela saiu. Lembrar o que havia passado ainda me magoava, ainda me feria saber que minha mãe me deu as costas e me jogou no mundo somente com a sorte.

De repente ouvi a porta sendo aberta. Olhei instantaneamente, e vi Giulia entrar em minha. Ela tinha a preocupação estampada em seu rosto. Talvez tivesse me exaltado a ponto de levantar a voz de uma maneira que ela pudesse me ouvir.

Não precisei dizer nada, ela me olhou como se compreendesse tudo. Apenas senti seu abraço acolhedor e me permiti chorar. Permaneci sentada enquanto ela fazia carinho em meus cabelos, distribuindo beijos. Nenhuma palavra precisava ser dita. Ela me compreendia!

 

Fim do capítulo


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