Capítulo 1.

 

Rebecca observava as pessoas, que caminhavam despreocupadas. Ninguém que olhasse para ela conseguiria imaginar, o quanto aquela menina estava sofrendo. Seu cabelo ruivo era levemente acariciado pelo vento frio de Nova York. Seus olhos de um mel muitas vezes inocentes e puros,  agora estavam repletos de tristezas,  mágoas,  saudade e raiva. A menina não chorava mais, apesar de seu coração estar partido em várias pedacinhos. Rebecca estava sentada em um dos bancos no central park. Algumas pessoas passavam sorrindo, outras encolhidas tentando conter o frio. A ruiva havia ido ali para relaxar, tentar colocar os sentimentos em ordem. Amava aquele lugar. Era como voltar a ser criança. Passou horas ali. 

 

Rebecca olhava para sua bota e se perdia em pensamentos. Não queria lembrar, evitava de qualquer jeito, mas era impossível controlar os pensamentos. A ruiva se odiava por isso.  Não queria lembrar dela,  não mais. 

 

" Maldita hora que minha vida esbarrou na sua,  você não merece meu amor.  Como eu te odeio! Um dia você vai se arrepender! Eu não queria ter conhecido você...  Eu preciso ter esquecer! "

 

A ruiva fechou os olhos lembrando do passado não tão distante. 

 

 

****************

 

Rebecca era uma menina doce e ingênua. Aos treze anos não tinha vivido tantas experiências em sua vida. Não teve uma vida normal, como de qualquer criança,  seus pais viviam se mudando, apesar de sua casa ser oficialmente em Nova York,  Rebecca não passou muito tempo da sua curta vida na cidade. Conheceu tantos países nos últimos anos que não conseguia lembrar de todos. A ruiva não tinha amigos,  uma parte porque vivia se mudando e outra pelo fato de ser muito tímida e de poucas palavras, às vezes não sabia nem falar o idioma daquele país, mas isso nunca foi um impasse para ela, que tinha uma facilidade enorme em aprender e em pouco tempo já falava quase perfeitamente o idioma antes desconhecido. As poucas pessoas que conheceu, só se aproximavam da menina por curiosidade ou por sua beleza. Rebecca se incomodava com certos tipos de pessoas e por isso preferia ficar afastada, não suportava gente interesseira.  Seus pais talvez não soubessem, mas haviam afetado profundamente a vida pessoal de sua única filha. 

 

A ruiva nunca contrariou os pais, tudo que eles falavam e ordenavam eram leis. Se eles dissessem que estavam outra vez de mudança, ela simplesmente ia para o quarto arrumar as malas. Seu pai sempre estava disposto a expandir os negócios da família, que tinha empresas espalhadas por todo o mundo. Clark era um homem brilhante para os negócios e ensinava muitas coisas para sua única herdeira. Rebecca apesar de ser nova já entendia bastante sobre os negócios do pai. O motivo para tantas mudanças era porque Clark Thompson, sempre participava pessoalmente de todos os seus novos investimentos, principalmente em outros países,  queria ter a certeza que tudo daria certo e para isso,  ele mesmo fazia questão de estar presente. Quando tinha certeza que a nova empresa estava estabilizada em tudo, era hora de voltar para casa, isso às vezes demorava alguns anos. Quando voltavam para casa ficavam pouco tempo, pois Clark sempre estava a procura de novos países para levar o nome de sua empresa. E o país da vez era o Brasil. 

 

Uma pequena cidade no interior do Brasil, era onde Rebecca moraria nos próximos anos. O pai conheceu alguns empresários brasileiros que lhe deram a ideia de implantar a empresa numa pequena cidade,  pois nos grandes centros iria sair muito caro e não havia necessidade para isso.  Rebecca estava a caminho da cidade,  seus olhos observavam a tudo de forma curiosa. A ruiva olhava encantada as enormes árvores e plantações que tinham pelo caminho.  Ficou curiosa com as pequenas casas e seus habitantes, tudo era tão diferente do mundo que estava acostumada. Sorriu, tudo era tão simples naquele lugar. Rebecca se sentiu acolhida. 

 

A casa dos Thompson na verdade era uma mansão. Portões enormes com muros gigantes. Rebecca bufou, não havia necessidade para tudo aquilo, afinal não ficariam por muito tempo,  seu pai era cheio de frescuras. 

 

A menina apesar de ser herdeira de um grande império nunca gostou do mundo luxuoso. Na verdade, seu sonho era morar numa casa simples, com pais simples e viver  como uma simples garota. Queria uma vida normal. Nunca havia contrariado os pais, mas não suporta todas aquelas mudanças. Queria uma casa simples para chamar de lar. Queria acima de tudo viver sua vida. Seus pais não percebiam o quanto a menina era triste. Para eles a filha era uma adolescente feliz, pois tinha de tudo.  Talvez se prestassem mais atenção na filha perceberiam o quanto os olhos de mel eram vazios e sem brilho. 

 

Rosemary sempre procurou ser uma mãe presente para Rebecca, mas a mulher também era bastante ocupada com os assuntos da empresa. Muitas vezes percebeu os olhos tristes da filha, mas nada fez para mudar a situação. Sempre pensou que isso era fase e que logo a ruiva estaria feliz,  aproveitando a riqueza e a adolescência. Se conhecesse a filha melhor,  talvez soubesse que Rebecca não se importava com essas coisas,  mas achou melhor fingir que nada acontecia com sua única filha. Simplesmente ignorou aquele fato. 

 

Rebecca se sentiu grata por estarem no período de férias escolares, pois não suportava o primeiro dia de aula. As pessoas ficam a olhando e ela não se sentia bem. Seu pai ficou amigo de um rico fazendeiro e o convidou para jantar em sua casa. A ruiva não gostava desses jantares de negócios que o  pai sempre arranjava, mas tinha que fazer o papel da filha perfeita. 

 

Henrique era um homem muito bonito e sua esposa também. Eles tinham um filho e Rebecca só ficou sabendo desse detalhe quando seus olhos encontraram os dele. Marcelo era um menino muito atraente, cabelos pretos, olhos azuis, tinha a pele levemente bronzeada. Qualquer menina ficaria encantada por ele, mas não era o caso da ruiva. Durante o jantar o menino não tirou os olhos dela e Rebecca ficou muito incomodada. Marcelo tinha dezesseis anos e durante esse tempo nunca viu uma menina tão linda quanto a ruiva,  estava encantado. Sabia que Rebecca estava incomodada com seus olhares, mas ele não conseguia desviar seus olhos dela, era como ímã. 

 

Marcelo tentou puxar assunto com a ruiva,  mas percebeu que a menina era muito tímida e retraída. Decidiu não demonstrar suas intenções de primeira,  para não assusta-la. Primeiro seria seu amigo, conquistaria a confiança da menina e depois tentaria conquistá-la. Rebecca acabou gostando de conversar com Marcelo,  ele não parecia como os outros meninos que só queriam paquera-lá e ela nunca gostou. Se sentiu bem ao lado do menino. Depois desse dia os dois começaram uma amizade. Rebecca só queria a amizade e não suspeitava das intenções do menino. Marcelo queria muito mais que a amizade da ruiva. Estava apaixonado e ficava cada vez mais difícil disfarçar seus verdadeiros sentimentos. 

 

Um certo dia o menino a convidou para conhecer sua fazenda . No início Rebecca ficou retraída,  mas acabou sendo convencida. Ficou encantada com tudo que viu naquele lugar, era lindo demais. Marcelo apresentou cada cantinho da fazendo para ela. Sempre gostou de montar, mas fazia algum tempo que não fazia isso,  matou a saudade. Passou a manhã toda cavalgando ao lado de Marcelo. Rebecca estava na cozinha e bebia água, estava corada devido ao sol, Marcelo estava ao seu lado e ria de alguma coisa que conversava com Sandra,  a cozinheira. Rebecca a achou bem simpática, gostou daquela mulher. Sandra contava algumas coisas que costumavam acontecer na fazenda e Rebecca ria. Estavam todos descontraídos. 

 

-- Mãezinha, amada! - gritou uma menina que havia entrado na cozinha. 

 

Rebecca levou um susto tão grande que quase se engasgou com a água. A menina percebeu que a mãe não estava sozinha. 

 

-- Oi Marcelo - disse sorrindo simpática. 

 

-- Oi Dani - falou também simpático. 

 

Os olhos de Daniela pousaram em Rebecca a analisando. A ruiva agradeceu por estar corada do sol, pois sentia seu rosto queimar de vergonha. Daniela a olhava de uma forma tão diferente que Rebecca não soube decifrar sua expressão.  

 

Daniela nunca a viu pessoalmente, mas sabia muito bem quem era aquela ruivinha.  Quantas vezes durante essas semanas escutou o nome de Rebecca da boca de Marcelo. Passou a nutrir uma raiva tão grande da garota. Marcelo era seu melhor amigo, foram criados juntos e Daniela sempre nutriu um amor platônico pelo menino, que apenas a enxergava como amiga. Daniela não se conformava com isso,  queria Marcelo e não seria a estrangeira sem graça que ia atrapalhar seus planos. Sorriu de uma maneira falsa. 

 

-- Olá... Sou a Daniela - disse estendendo a mão. 

 

"mantenha seus inimigos por perto "

 

Rebecca sorriu timidamente e apertou a mão da menina. 

 

-- Prazer...  Sou a Rebecca. 

 

Rebecca estava tímida e nervosa. Achou Daniela linda,  a menina mais linda que tinha visto. Era morena,  cabelos castanhos e enormes, lisos.  Seu corpo era de dar inveja em qualquer mulher. Corpão. Parecia ter uns vinte anos, mas Rebecca ficou sabendo que ela só tinha quinze. Não conseguia parar de encarar a morena, estava hipnotizada com a beleza dela. 

 

Daniela não desgrudou mais deles e Rebecca adorou a presença dela. A morena até simpatizou com a ruiva. Em sua cabeça imaginava que a menina fosse uma garota metida e arrogante, mas estava completamente enganada, a ruiva era uma menina tão simples. Se Daniela não a adiasse até poderia gostar de ter uma amizade com ela. 

 

Daniela e Rebecca ficaram bem próximas. Conversavam e brincavam. A ruiva havia perdido um pouco de sua timidez e estava adorando a companhia da morena. Daniela manteve sua inimiga por perto, mas não era nenhum sacrifício,  Rebecca era uma excelente companhia. As duas foram se tornando amigas,  ao menos era isso que pensava a ruiva. 

 

Só havia um problema com Rebecca. A menina não sabia o que sentia pela morena. Ficava fascinada quando a via, não conseguia parar de admirá-la. Muitas vezes ficava nervosa, principalmente quando Daniela a tocava, era como chamas em sua pele. Nunca havia sentido isso, era diferente não sabia explicar. Talvez tivesse medo da resposta. Rebecca não era tão ingênua, mas ignorou todos esses novos sentimentos.  Queria aproveita a amizade que nunca teve. 

 

Rebecca ficou feliz quando soube que Daniela estudaria no mesmo colégio que o seu. Primeiro dia de aula e a ruiva olhava atentamente para todos aqueles alunos procurando apenas uma pessoa. Todos a encaravam curiosos, mas Rebecca ignorava esses olhares. Estava nervosa imaginando que Daniela não viria. Finalmente a enxergou e caminhou ansiosa em sua direção. Seus olhos estavam tão fixos na morena que não percebeu que a mesma estava acompanhada. 

 

-- Dani! - a abraçou carinhosa,  estava com saudade da morena. 

 

-- Rebecca! - Daniela correspondeu ao abraço e depois se afastaram. 

 

Somente nesse momento Rebecca percebeu que a morena estava acompanhada. Havia uma menina ali, que tinha um sorriso misterioso nos lábios.  Rebecca não deixou de reparar o quanto a garota era bonita. Loira, olhos verdes e cabelos com raiz lisa,  mas com cachos nas pontas, linda. Parecia uma líder de torcida, mas Rebecca preferia milhões de vezes Daniela. A garota percebeu que estava sendo analisada,  pois arqueou uma sobrancelha e sorriu ainda mais. Rebecca corou na hora. 

 

-- Rebecca essa é minha amiga Érika...  Érika essa aqui é  a Rebecca. 

 

-- Muito prazer -  Érika disse estendendo a mão. 

 

-- É  todo meu - apertou a mão da garota. 

 

Érika logo se despediu, pois precisava ir para seu colégio. Rebecca ficou aliviada por saber que a garota não estudava no mesmo colégio que elas. Não conseguia entender, mas não havia simpatizado com a menina. Percebeu que o sorriso dela era quase um deboche e não gostou nada  disso. 

 

Os meses foram passando e a amizade das duas cada vez mais firme. Rebecca estava começando a ficar preocupada com seus sentimentos em relação a morena, isso a deixava angustiada. Nunca parou para pensar em ter alguma relação com alguém. Ainda não pensava nessas coisas,  gostava mesmo de ficar estudando ou de tocar seu amado violino. Mas agora as coisas estavam diferentes e era a primeira vez que estava sentindo isso. Não queria estragar a amizade com Daniela, mas estava ficando difícil disfarçar seus olhares para ela. A ruiva tentava ser forte. 

 

Daniela simpatizava com Rebecca. Gostava de conversar com ela e ficar ao seu lado, era muito bom. Se ela não fosse a paixãozinha de Marcelo, iria gostar de tê-la como uma amiga de verdade. A morena percebia que Rebecca sempre ficava nervosa perto dela, pensou que isso fosse mudar com o tempo, mas parece que só havia piorado e tinha o jeito como ela a olhava, era diferente. Às vezes Daniela a flagrava a observando e no mesmo momento Rebecca abaixava a cabeça e corava. Daniela ficava intrigada. Contou tudo para Érika,  que também passou a observar o jeito da ruiva e chegou a uma conclusão que assustou Daniela. 

 

-- Acho que ela gosta de você - disse enquanto comia um pedaço de salgado. 

 

-- Ah, isso eu também sei né , Érika. Não precisa me dizer o óbvio. Até eu iria gostar dela se ela não fosse a menina que Marcelo gosta - disse irônica. 

 

-- Estou dizendo no sentido de estar apaixonada por você - falou tranquilamente. 

 

Daniela quase morreu engasgado com o suco que tomava. Encarou a amiga com uma cara horrorizada. 

 

-- Tá doida, Érika! Isso é imaginação sua. 

 

-- Tudo bem,  pense do jeito que quiser, mas acredite, o que eu estou te dizendo é  a mais pura verdade. Talvez um dia você possa usar isso ao seu favor - sorriu. 

 

-- Você tá é muito doida. 

 

Érika apenas sorriu ironicamente. 

 

 

Daniela ficou intrigada com o que a amiga havia dito e passou a observa melhor a ruiva.  Chegou a conclusão que Érika talvez estivesse realmente certa e isso a deixou preocupada. 

 

Mais alguns meses se passaram.  Rebecca ainda tentava controlar os sentimentos que nutria pela morena, não queria perder a amizade dela. Marcelo foi visitá-la e declarou nesse dia todo o amor que nutria por ela. Rebecca não sabia o que dizer e deixou o menino decepcionado. A ruiva só disse que estava confusa e precisava pensar. Marcelo não tentou forçar nada,  apenas se foi, queria muito que Rebecca ficasse com ele.  A ruiva pensou que talvez não fosse uma má ideia dar uma chance para o garoto, talvez ela esquecesse esses sentimentos malucos pela amiga e tudo ficasse bem no final. Os dois eram amigos e isso já era um começo. Decidiu que daria uma chance a Marcelo. 

 

Era quarta-feira,  Daniela estava no quarto da ruiva e as duas conversam qualquer coisa. Rebecca estava nervosa decidiu contar tudo sobre Marcelo a Daniela, afinal todos eram amigos. Não foi fácil iniciar a conversar,  mas pelo nervosismo de Rebecca, a morena percebeu que era sério. Gaguejando muito Rebecca conseguiu contar a Daniela sobre querer ficar com Marcelo. 

 

Daniela ficou em choque,  nada falou. Rebecca ficou preocupada e tentou tocá-la, mas Daniela a empurrou com força e a ruiva foi parar no chão. A morena saiu correndo daquela casa. Rebecca tentou correr atrás, mas nada adiantou. A ruiva estava confusa e com medo da reação que a morena teve.  Ficou preocupada, pois chovia muito. Começou a chorar, estava com medo, não sabia o que iria acontecer. Só podia esperar e foi o que fez. 

 

Daniela sentia a chuva em seu corpo. Às lágrimas se misturavam com a água da chuva. Aquela maldita ruiva queria ficar com o Marcelo. A menina não estava acreditando nisso. Deixou-se enganar por  aquela carinha de anjo, mas a verdade era que Rebecca era uma vadia, filha da mãe. Estava com ódio da menina. Isso não iria ficar assim.  Não mesmo,  precisava acabar com toda aquela palhaçada e não iria medir esforços para isso. 

 

Daniela não apareceu no colégio na quinta e na sexta. Ignorava todas as ligações da ruiva. Rebecca se sentia triste, não imaginou que Daniela fosse se afastar. Não sabia o que tinha feito, mas sabia que era algo relacionado ao que disse a morena, só não conseguia saber ao certo. Estava decidida a procurá-la no outro dia. Precisava de explicações, não suportava mais aquela situação. 

 

Daniela havia inventado uma desculpa para não ir ao colégio e pediu que mãe não passasse nenhum ligação para ela. A verdade é que só queria ficar sozinha e chorar ainda mais. Estava com raiva daquela ruiva, que apareceu para perturbar sua paz. Érika foi Visitá-la na sexta. Viu que a morena não estava bem. Daniela chorou no colo da amiga contando tudo que havia acontecido.  Érika a consolou por muito tempo, até Daniela ficar mais calma. 

 

-- Acho que podemos resolver isso. Tem jeito, só não sei se você estará disposta a pagar o preço - disse pensativa. 

 

-- Eu pago qualquer preço pelo Marcelo. 

 

Érika sorriu e contou o que estava planejando. Daniela no início se recusou a aceitar, ficou espantada e tentou argumentar , mas no final foi convencida que seria tudo por Marcelo. 

 

Rebecca foi visitar a morena no sábado, estava nervosa,  não sabia se seria bem recebida. Dona Sandra foi simpática com a menina e foi chamar a filha e depois foi para o trabalho na fazenda. Daniela demorou alguns minutos a aparecer, a morena estava tentando criar coragem.  Observou a ruiva que estava sentada no sofá e balançava as pernas continuamente.  Era muito bonita, seu cabelo ruivo estava partido para o lado, usava um vestido azul bebê,  Rebecca amava vestidos. Respirou fundo e aproximou-se da ruiva. Rebecca se levantou assim que a viu e sorriu nervosa. 

 

Daniela a levou para seu quarto e começou a pôr em prática o plano. Rebecca perguntou o que estava acontecendo e Daniela respirou fundo algumas vezes. Teria que mentir e não foi tão difícil assim,  já era uma menina acostumada com a mentira. Contou a Rebecca que gostava dela e que se sentiu mal em saber que a menina queria ficar com Marcelo, se sentiu  destruída, pois era apaixonada por ela. Daniela foi brilhante em sua mentira. 

 

Rebecca estava muito surpresa. Nunca em sua vida imaginou que seria correspondida pela morena. Estava tremendo e tentava se controlar. Não sabia o que dizer. Seu coração estava acelerado e sua respiração alterada. 

 

Daniela percebeu o silêncio e  disse que a ruiva não precisava ficar com medo e que iria se afastar dela e deixá-la ser feliz ao lado de Marcelo, riu por dentro, era uma grande mentirosa. Rebecca acordou nesse momento e  olhando nos olhos da morena declarou tudo o que sentia por ela a abraçando apertado.  Daniela nunca imaginou na sua vida que um dia beijaria uma menina, mas foi o que aconteceu e mesmo não querendo achou o beijo da ruiva perfeito.  Rebecca nunca havia beijado e a verdade é que se sentia nas nuvens, era incrível beijar a morena,  se sentia a menina mais feliz do mundo. Daniela era dona dos seus mais belos sorrisos. 

 

O teatro estava armado e Daniela seria obrigada a atuar por um tempo. 

 

Mais alguns meses foram se passando. Rebecca estava com 14 anos. As duas não se desgrudaram mais, estava gostando cada vez mais da morena. Eram namoradas,  Daniela havia feito o pedido no mesmo dia que se declarou e a ruiva não pensou duas vezes em aceitar. Rebecca não gostava muito dos amigos de Daniela,  mas sempre a acompanhava quando a morena queria sair com eles,  mas de quem ela menos gostava era Érika, que sempre jogava charme para ela e fazia alguma piadinha e claro não tirava aquele sorriso sinico do rosto. Rebecca não suportava esse sorriso. 

 

Daniela não conseguia negar que estava gostando de ficar com a ruiva. Era bom, e começava a se preocupar com isso, pois deveria detestar. Ela estava percebendo algumas coisas,  ciúme por exemplo. Sentia um ciúme doido da ruiva e isso a deixava com medo. Precisava se afastar um pouco da garota,  pois viviam grudadas e a morena queria tempo para pensar. Por sorte as férias escolares estavam próximas e era a hora perfeita para Daniela ficar longe. 

 

Rebecca fez bico quando a morena disse que iria passar as férias na casa dos avós. A ruiva ficaria ali morrendo de saudades da namorada, não reclamou. Apenas disse para a morena ligar para ela todos os dias e que ia morrer de saudade. 

 

Daniela viajou nos primeiros dias das férias, deixando uma ruivinha cheia de saudades. A morena não ligou para a namorada em nenhum dia, e isso já fazia uma semana. Rebecca se sentia triste e abandonada. Passava o dia trancada no quarto tocando seu violono e remoendo a saudade enorme que sentia de Daniela.  Rosemary percebendo o estado da filha resolveu intervir,  entrou no quarto da menina e observou a filha que estava na cama toda encolhida. 

 

-- Rebecca levanta-se agora mesmo, não quero mais saber de você trancada nesse quarto. Vá passear um pouco, conhecer alguns lugares da cidade,  tem alguns tão belos. 

 

-- Estou sem vontade mamãe... 

 

-- Isso não foi um pedido filha,  foi uma ordem! levanta já dessa cama que o motorista está esperando.  Entendeu? 

 

Rebecca se sentou na cama e encarou a mãe.

 

-- Sim senhora - disse sem animo. 

 

-- Assim é bem melhor - sorriu - Você é linda demais pra ficar trancada nesse quarto - falou saindo - E não demora! 

 

Rebecca ficou sozinha no quarto e bufou.  Se levantou e foi tomar banho, escolheu um  vestidinho leve para vestir e uma sandália baixa. Foi tomar seu café e depois seguiu para o carro. Não estava com animo para nada, mas não queria contrariar a mãe. Ficou um tempo observando as pessoas e toda aquela cidade, até que avistou uma praça que a deixou encantada. 

 

-- Roberto, para aqui, por favor - disse ao motorista,  que parou no mesmo momento, Rebecca saiu do carro - Me espere aqui. 

 

A ruiva andou em direção a praça, sendo observada pelo motorista, que estava concentrado em tudo. 

 

Rebecca caminhava tranquilamente e pensava em Daniela. Talvez a menina não acreditasse em destino, mas foi ali, por um acaso, que Rebecca conheceu a menina que seria capaz de mudar toda a sua existência e essa jamais se compararia a Daniela. 

 

 

 

 

Fim do capítulo