- Calma amiga, vai descansar amor – Samuel falou assim que entraram em casa.

- Descansar nada, só vou tomar banho e voltar ao hospital – Falou com uma tristeza quase palpável.

 - Você vai ficar de cara pra cima, porque ela não vai acordar agora.

- Mas eu quero estar quando ela acordar – Disse não aguentando e desabando no choro.

- Alex para, vem aqui – Samuel falou puxando ela pra se sentar no sofá, ficaram ali abraçados, e o amigo fazendo carinho em sua cabeça.

***

   Tereza estava completamente perdida desde antes do acontecido, sentia que algo poderia lhe acontecer, amava tanto a Alexia, tanto e mal conseguia dizer. Quando se viu apanhando feito saco de pancada só pensava em Alexia e em seus amigos, queria proteger eles. Quando descobriu quem tava por trás de tudo, não pode evitar, sua ira era grande, quase selvagem. Se viu baleada e sabia o que aquilo significava, só queria Alexia, mas não podia. Perdeu os sentidos.

***

   Depois de algumas horas, Alexia chegou no hospital, estava muito abalada, mas queria estar bem quando Tereza acordasse. Samuel foi para DP deixar os relatórios e arrumar a bagunça agora que fortal estava sem delegado e a DP do rio também, ele e a amiga teriam que voltar em breve. Gabriel também foi em casa apenas para um banho pois queria estar perto de sua Terezinha.

- Doutor como ela está? – Gabriel perguntou, segurava na mão de Alexia, estavam diante do medico.

- Ela acordou, irei agora fazer alguns exames, ela ainda está meio sonolenta – Sorriu – Daqui a alguns minutos libero a entrada de vocês, porém pode entrar um por vez – Os amigos confirmaram com a cabeça e aguardaram.

   Tereza estava de olhos abertos, encarava o teto, e pensava em tudo que sentia em tudo que tinha acontecido. Não sentia suas pernas e quando percebeu, um choro silencioso se soltou de seu ser.

- Então a mocinha acordou – O medico falou assim que entrou no quarto. – Porque está chorando – Se aproximou e alisou seus cabelos com cuidado – Hein?

- Não... não consigo... minhas pernas doutor – Tereza tentava falar, respirava fundo e ainda chorava.

- Calma Tereza – Falou tentando fazer a paciente ficar calma – Vou fazer alguns testes, fica quietinha certo? – Tereza confirmou e tentou conter o choro. – Seus amigos estão ai – O medico tentava distrair a paciente enquanto fazia os testes – Eles gostam muito de você – Enquanto ele falava, passava uma agulha lentamente pelo pé de Tereza que nada falava.

- Doutor não quero saber de ninguém, dá pra começar logo com os testes? – Tereza já estava impaciente.

- Calma Tereza. – Foi aí que percebeu o quanto estava sendo grossa.

- Desculpe – Falou sem jeito.

- Tudo bem, mocinha brava – Falou rindo. Examinou a visão de Tereza, abriu sua boca para examinar, tudo estava ótimo a não ser as pernas que ela não havia sentido nada.

- Doutor? – Falou triste.

- Sim

- Eu não vou voltar a andar né – Disse mais triste ainda.

- Calma Tereza – Respirou, pegou em sua mão – Suas pernas não estão respondendo agora, pode ser algo temporário – O medico falou e Tereza só sabia chorar. – Me escuta, vou pedir alguns exames e a tarde volto a falar com você, combinado? – Falou tentando animar a paciente. Tereza apenas confirmou com a cabeça – Tenho uma surpresa pra você mocinha – Falou já na porta – Volto daqui a pouco – Sorriu e saiu.

Alguns minutos depois.

- Pode entrar – Tereza falou quando escutou batidas na porta, seu coração simplesmente disparou quando viu a figura mais linda.

- Meu amor – Alexia falou e foi rápida em direção a cama, beijou sua testa, lhe deu um selinho demorado, foi ai que Tereza começou a chorar novamente – Maloqueira não chora amor – Disse carinhosa, porém não conseguiu evitar e já chorava também.

(Seja forte, faça o que tem que fazer – Tereza pensava firme)

- Se afasta um pouco – Tereza pediu, limpou os olhos e tentava fingir firmeza. Alexia nada entendeu, queria ficar eternamente junto a Tereza.

- O que houve amor? – Disse carinhosa.

- Não sou seu amor, vai embora – Tereza falou fingindo frieza.

- Tá doida Tereza? Eu te amo – Alexia falava já entrando em desespero.

(Eu também te amo, mas não vou conseguir andar e não serei um estorvo – Tereza pensava).

- Vai embora, nunca mais quero te ver – Respirou fundo – Nunca mais – Fechou os olhos, Alexia chorava feito criança quando se machuca.

- Diz que não me ama, mas diz olhando aqui – Disse e apontou para seus olhos.

- Não tenho obrigação de dizer, vai embora, foi por sua culpa que nunca mais irei andar – Tereza tinha que dar um jeito de Alexia sumir de sua vida, não queria ser uma pedra no sapato da mulher que amava. – Vai embora agora - Gritou e um enfermeiro surgiu pedindo para Alexia se retirar. Quando Alex passou a porta, Tereza desabou no choro, teve que tomar remédio para se acalmar, acabou dormindo novamente.

   Alexia saiu chorando muito, não imaginava que isso poderia acontecer, passou por Gabriel feito furacão, esse por sua vez não entendeu nada. Alexia foi em direção ao carro. Gabriel foi procurou o medico e teria que esperar alguns minutos para Tereza acordar novamente. Iria conversar com a amiga.

- Burra, burra – Alexia gritava dentro do carro, segurava o volante com força – Você tinha que ter feito alguma coisa com aquela delegada nojenta – Alexia se lamentava e não conseguia parar de chorar – Agora ela nunca mais vai me querer – Disse, ligou o carro e deu partida.

***

- Como está minha pegadora favorita? – Gabriel entrou no quarto, depois de algum tempo de espera, o medico liberou sua entrada.

- Você só conhece uma – Tentou se animar – Me dá abraço – Pediu e rapidamente Gabriel se aproximou e lhe deu um abraço desajeitado, pois ela estava deitada. Beijou seu rosto todo – Para de me babar bichona – Tereza disse enquanto ria.

- Palhaça – Disse e alisava seus cabelos – Amor, o que você fez com a Alexia? – Gabriel disse tentando entender – Ela saiu parecendo uma cachoeira de tanto chorar.

- Senta aí, preciso desabafar – Tereza disse e apontou para uma poltrona que tinha no quarto. – Biel eu não consigo mover minhas pernas – Dizia triste – E não quero que Alexia fique presa ou com pena de mim, mandei ela ir embora – Recomeçou o choro.

- Ei, calminha amiga, estou sempre com você, isso com certeza vai ser temporário – Disse e se aproximou da cama novamente – Terezinha você tem que conversar com ela, essa mulher sofreu horrores vendo seu estado. – Disse já imaginando o estado de Alexia.

- Não – Disse seca. – Quero que ela fique longe e encontre uma pessoa completa – Respirou fundo, nesse momento olharam para a porta onde o médico pedia licença para entrar.

***

   Alexia chegou em casa, entrou no chuveiro com roupa e tudo. Queria esfriar a cabeça, esquecer tudo, mas era impossível, pois amava Tereza, porém não iria se arrastar, iria embora.

- O que significa isso? – Samuel falou pasmo quando viu a amiga saindo do banheiro com roupa e toda molhada.

- Quando vamos voltar para o Rio? – Perguntou fria.

- E a Tereza? – Estava preocupado.

- A Tereza não me quer por perto – Disse triste, se sentou na ponta da cama e não aguentou, o choro saia silencioso.

- Baby porque está assim? – Biel perguntou, Alexia após se acalmar, contou tudo para o amigo. Em poucos dias tudo estaria resolvido e voltariam para casa.

Fim do capítulo