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Amor acima de tudo por Little dream

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Palavras: 9892
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Capítulo 14 - Marina -

- Marina –

 

Cheguei a minha casa com um sorriso que mal cabia em meu rosto. Acho que nunca em toda a minha vida havia me sentido daquela maneira. O coração estava alegre, extremamente alegre, me sentia nas nuvens, com um sentimento bom, de paz e plenitude me invadindo de uma maneira sublime. Estava parecendo mais uma maluca, daquele tipo que sorri até quando o vento passa.

 Giulia era uma mulher incrível, e era impossível não me sentir daquela maneira ao lado dela. Não foi a toa que acabei me apaixonando por ela de maneira repentina, e quando eu digo que ela é uma mulher incrível eu não falo apenas de sua beleza, mesmo que tenha sido ela a responsável por minha total atenção concedida a ela, só que com esse pouco tempo que estive com ela eu pude perceber o quanto ela é especial, o quanto ela é uma mulher de caráter, ingênua, simples, de um jeito que mais parece uma menina.

 Passei pela sala e avistei o meu aparelho de som, o coitado estava a tanto tempo alí naquele canto, parado. Fazia muito tempo que eu não tinha vontade de ouvir músicas, pelo menos não em casa, colocava alguma música no carro mas nem mesmo prestava atenção, não sabia nem o que a letra dizia. Mas naquele momento senti uma vontade enorme de cantar, de dançar...então antes de subir para meu quarto o liguei em um volume que eu pudesse ouvir do andar de cima.

 Liguei o som e uma música alegre invadiu o ambiente, Ed Sheeran enchia meus ouvidos, aquele CD devia estar no som há muito tempo, nem me lembrava dele. Subi as escadas praticamente saltitando, estava parecendo uma adolescente boba com a sua primeira paixão. Cheguei ao meu quarto e a primeira coisa de que me livrei foi minha calça, fui até o banheiro e liguei a banheira, a deixei enchendo e voltei ao meu quarto. Tentei me livrar de minha blusa, mas assim que fiz um pequeno movimento para retirá-la um cheiro bom invadiu minhas narinas. Era o cheiro dela! Sorri ao lembrar de nossa noite, quase me desmanchei em alegria ao recordar o beijo dela e ao repassar em minha mente o momento em que ela disse que também estava apaixonada por mim. Retirei a minha blusa, a aproximei de meu nariz e aspirei o mais fundo que pude. Suspirei e senti vontade de contar mais coisas que não contei no primeiro momento, queria o máximo de sinceridade com ela.

 Peguei meu celular, aspirei mais uma vez minha blusa. Eu sentia meu peito saltitar, ficar descompassado somente de imaginá-la, por sentir seu cheiro, ouvir a sua voz. Pensar nela já me desestruturava. Sorri e passei a digitar um e-mail pra ela.

 

 

 De: Marina

Para: Giulia

 “Acabei de chegar Giulia. Mas confesso que estou com uma vontadezinha de ainda estar ai parada na calçada do seu prédio, dentro do meu carro com você. Olha só, acabei de cheirar a minha blusa, e adivinha, ela cheira a você. Tem seu perfume nela. Nunca mais vou lavá-la!...”

 No meio do e-mail uma música conseguiu a minha total atenção, eu nunca tinha realmente notado, entendido o que ela dizia, mas ela cabia perfeitamente naquele momento, ela era perfeita para descrever o que eu sentia.

 Ed Sheeran – Kiss Me

 

 Settle down with me

Cover me up

Cuddle me in

Acalme-se comigo

Me cubra

Me abrace

 

Lie down with me

And hold me in your arms

Deite-se comigo

E me segure em seus braços

 

And your heart's against my chest

Your lips pressed in my neck

I'm falling for your eyes

But they don't know me yet

And with a feeling I'll forget

I'm in love now

O seu coração contra meu peito

Seus lábios pressionados em meu pescoço

Eu estou me apaixonando por seus olhos

Mas eles ainda não me conhecem

Com um sentimento que vou esquecer

Estou apaixonado agora

 

Sorri e continuei a digitar o e-mail.

 

“Tenho que te confessar mais coisas, então vou aproveitar que já comecei a falar. Lá vai:

- Nunca me senti da maneira como eu me sinto com você;

- Nunca achei que meus pulmões pudessem parar de funcionar ao beijar alguém, mas eles param quando nossos lábios se encontram;

- Nunca levei ninguém no meu lugar favorito;

- Não consigo me controlar quando estou perto de você, o desejo me consome;

- Eu queria estar nesse momento com você;

- Acho que me aproveitei um pouquinho, talvez só um pouquinho dessa nova campanha pra ficar mais perto de você;

- Já sinto a sua falta;

- Seu cheiro é maravilhoso;

- Eu estou completamente apaixonada por você!

Chega de confissões por hoje! Uma boa noite para a garota mais linda desse mundo. Posso apostar que vou sonhar com você.

 

 Beijos,

A sua Marina Amorim.”

 

Terminei de digitar o e-mail sorrindo mais amplamente, no momento exato em que a música terminou. Uma sincronia perfeita! Talvez fosse um sinal.

 

 We're falling in love

Nós estamos nos apaixonando

 Era maravilhoso dizer isso pra ela, dizer que eu estava apaixonada, mais que isso, era maravilhoso estar apaixonada novamente, ainda mais por uma mulher como ela. Ok, eu estava terrivelmente apaixonada, e irremediavelmente boba.

 Fiquei alguns segundos com o celular na mão, esperando alguma resposta, e a cada segundo que se passava sem uma resposta mais nervosa e receosa eu ficava. Será que eu tinha feito algo de errado? A assustei de alguma maneira? Será que ela havia recebido o e-mail que eu mandara? Eram muitas perguntas. Olhei o relógio, já era tarde, talvez ela apenas tivesse dormido, talvez fosse isso. Levantei-me e deixei o celular na cama.

 Entrei em minha banheira e relaxei, mergulhei o corpo inteiro debaixo da água morna, quase que submergindo completamente. Ainda ouvia a música que vinha da sala. Respirei fundo e fechei os olhos. Minha mente voou de encontro a Giulia, era incontrolável aquilo. Entreguei-me aquele momento relaxante somado a alegria e a paz que estava sentindo. Meus olhos começaram a pesar, o sono chegava sorrateiramente e de maneira “perigosa”, estava quase me entregando ao sono quando assustei-me com o som da campainha. Abri os olhos e sai da banheira quase num pulo. Peguei o roupão enquanto a campainha tocava lá embaixo de maneira insistente. Intriguei-me quando olhei o relógio, aquilo não era hora de bater à porta de ninguém, passava-se de meia noite, e intriguei-me ainda mais quando me dei conta de que o “intruso” não havia sido anunciado pelo porteiro. Eu não havia dado total acesso a ninguém que não fosse meus amigos mais íntimos – Pablo, Juliano e Nanda -, sempre pedi que qualquer visita fosse anunciada. O soar agora era mais insistente, quase desesperado. Desliguei o som e fui até a porta, a abri um pouco irritada, e fiquei mais irritada ainda quando vi quem era a pessoa que estava plantada em minha porta.

 -- O que você esta fazendo aqui?

-- Não me convida mais para entrar? - ela perguntou e de longe pude sentir o cheiro de álcool.

-- O que você quer aqui uma hora dessas? - perguntei fechando mais a porta para que ela não entrasse.

-- No momento eu quero entrar... - disse com um sorriso cínico.

-- Olha só Verônica, eu não sei o que veio fazer aqui, mas está tarde, eu estava me preparando para dormir, e percebe-se que você está alterada. Então eu acho melhor você ir embora.

-- Andei bebendo um pouquinho.

-- Eu chamo um táxi pra você. - me prontifiquei.

-- Eu não quero, quero outra coisa – falou me dirigindo um olhar malicioso.

 Acompanhei o seu olhar e notei que ela me olhava daquela maneira por eu estar vestida apenas de roupão. Desci da maneira que havia saído da banheira, não me atentei a vestir algo por baixo. Fiquei constrangida ao perceber isso, eu estava completamente nua! Fechei mais o roupão, como se aquilo inibisse seu olhar malicioso.

-- Verônica está tarde, eu acho melhor você ir embora.

-- Eu não vou embora sem antes fazer o que eu vim fazer aqui...

Verônica deu dois passos em minha direção e eu os dei para trás, deixando sem querer a porta livre para a entrada dela. Ela entrou, fechou a porta atrás de si e sorriu.

-- Quero você Marina! Preciso do seu corpo.

-- Por favor, saia daqui Verônica, você não está no seu estado normal. Por favor!

Eu estava me sentindo um bichinho acuado, sem ação e atitude para impedir de vez o que Verônica tramava. Eu sabia muito bem o que ela queria. Verônica sorria, um sorriso cínico e seguro de si enquanto andava em minha direção, e eu, eu apenas dava passos para trás na tentativa de fugir das garras dela.

-- Para! - falei estendendo a mão para que ela detivesse os passos.

-- Por quê? Eu sei que você me quer tanto quanto eu te quero Marina, sempre quis e nunca deixou de desejar meu corpo, meus beijos. Eu sei como lhe agradar na cama, sei do que você gosta, sei como lhe deixar louca...

Verônica aproximou-se de mim, pôs as mãos em minha cintura apertando-a e passou a língua por minha orelha. Perdi o controle de meu corpo, ele estremeceu por completo, o desejo, naquele momento estava falando mais alto do que a minha razão e meu coração. Aquela mulher conhecia todos os meus pontos fracos, e sabia usar as suas artimanhas para me dominar.

-- Eu disse que você me queria...

Nesse momento o sorriso de Giulia me veio à mente como se ela estivesse parada, sorrindo bem alí na minha frente, isso me deu coragem para fazer o que eu quase nunca tinha pulso para fazer: deter os desejos de Verônica. Senti repulsa nesse momento. A segurei firme pelos pulsos e a afastei de mim.

-- Chega Verônica! Saia da minha casa!

Ela me pareceu assustada, o sorriso que antes estampava seu rosto morreu, ficou séria de repente, transparecendo estar dividida entre a frustração e a surpresa.

-- Saia Verônica! - falei mais alto.

-- Você não...

-- Saia! - tornei a falar.

-- Tudo bem.

-- Ótimo! - disse me sentindo aliviada e finalmente a soltando.

-- O que está acontecendo com você Marina? Você nunca negou um bom sex*, e eu sei que ainda tem tesão por mim. O que está acontecendo?

-- Não está acontecendo nada! - falei dando as costas, meus olhos me entregavam quando eu mentia, e quem me conhecia conseguia lê-los.

-- Olha pra mim e diz isso na minha cara Marina! Me diz que não está acontecendo nada!

-- Não está Verônica! Não tem nada acontecendo, agora, por favor, saia da minha casa.

-- É ela não é? É aquela pirralha que está mexendo com você!

-- Do que você está falando? Não há ninguém.

-- Eu sei que sim, não adianta mentir, você sabe que não consegue, eu sei que é aquela pirralha pela qual você estava babando no dia em que eu entrei na sua sala.

-- Não há ninguém, eu não sei do que você está falando. - tentei enrolar e voltei a dar as costas a ela.

Senti um puxão em meu braço, um movimento brusco que me fez virar na direção de Verônica.

-- Olha aqui Marina, isso não fica assim, e se você pensa que...

-- O quê Verônica? - a interrompi quase gritando, e tentando soltar meu braço.

-- Se você pensa que está livre pra ficar com essa pirralha você está enganada. Você é minha e de mais ninguém, nem uma outra pessoa no mundo poderá lhe beijar e lhe tocar se não for eu. Entendeu bem?

Verônica perguntou me olhando desafiadoramente e falando bem próximo ao meu rosto, de um jeito que pude sentir bem mais de perto o cheiro de álcool. Seus olhos estavam vermelhos, e eu não soube dizer se o motivo era o álcool ou talvez a raiva que ela estava sentindo naquele momento. Ela permaneceu me olhando daquela maneira, e bem no fundo de seu olhar eu podia sentir uma ponta de ódio misturado a insanidade. Meu braço agora doía, e ela não afastava-se nem um centímetro sequer.

-- Você está me machucando. - disse quase num sussurro.

-- A dor que você sente no momento pode piorar se você insistir em mentir pra mim. Vai me contar o que está acontecendo? Ou vai continuar dizendo que não está toda derretida por aquela criança?

-- Quer saber? - perguntei com a raiva tomando a minha razão - Eu estou sim derretida pela Giulia, e mais, eu estou apaixonada por ela, completamente encantada e boba por ela. E você – pausei para puxar meu braço bruscamente – você, não tem direito nenhum sobre mim, não lhe devo nenhuma satisfação, então, por favor, saia do meu apartamento e da minha vida de uma vez por todas!!! - gritei a última parte.

-- Pois muito bem Marina, eu vou embora, mas você pagará muito caro por isso. - disse indo em direção a porta.

Acompanhei os passos de Verônica até a porta, mas no meio do curto trajeto ela parou repentinamente.

-- Só um aviso: você irá se arrepender se esquecer em algum momento de que você é minha, apenas minha e de mais ninguém. Deu pra entender?

A olhei tentando engolir aquelas palavras, fiquei meio aturdida e sem reação diante das palavras pronunciadas por aquela mulher. E como sempre, ela saiu batendo fortemente a porta.

Fui até uma poltrona no canto da sala, pertinho de uma janela e deixei meu corpo cair bruscamente sobre o estofado macio. De repente meu corpo começou a pesar, me sentia cansada, com o corpo doído e a mente exausta. Era sempre assim que eu me sentia quando tinha um “encontro” com Verônica, sentia como se o peso do mundo estivesse sobre meus ombros, um sentimento de fracasso, uma coisa ruim que eu não sabia explicar com propriedade. Como nunca percebi que ela não me fazia bem? Como pude ser tão cega mesmo quando muitas pessoas ao meu redor me diziam, tentavam me mostrar Verônica sem a sua máscara perfeita? Como eu odiava o meu lado ingênuo, que acreditava em tudo e todos.

Levantei-me da poltrona e subi as escadas como se carregasse em meus pés pedras de concreto, quando cheguei em meu quarto joguei-me em minha cama, puxei as cobertas e fechei os olhos. Meu celular vibrou em algum lugar da cama, e eu me desesperei buscando-o debaixo das cobertas, poderia ser Giulia. Finalmente o encontrei, e senti meu coração comprimir ao ler na tela do celular o nome dela, mas travei ao lembrar do que havia acabado de acontecer: Verônica! Giulia havia me pedido sinceridade, e eu queria ser sincera com ela, eu tinha que ser, mas ao mesmo tempo senti minhas bases tremerem ao imaginar que o que estávamos construindo pudesse desmoronar assim do nada. A questão era que se contasse ou não eu estaria correndo perigo, então que o perigo viesse com atitudes corretas. Eu iria contar, não fugiria disso, porém não contaria sem olhar em seus olhos.

Abri o e-mail sentindo minhas mãos soarem e um frio insistente tomar conta de minha barriga. Sorri e finalmente o abri.

 

De: Giulia

Para: Marina

“Será que podemos deixar a formalidade de lado um pouquinho e nos comunicarmos de uma outra forma?”

Sorri e respondi o e-mail na mesma hora, sem pestanejar.

 

De: Marina

Para: Giulia

“E que forma a senhorita sugere?”

 

De: Giulia

Para: Marina

“Que tal começarmos por whatsapp?”

 

De: Marina

Para: Giulia

“Por mim tudo bem, vou adorar!”

O sorriso invadiu meu rosto, esperei por alguns segundos e logo meu celular anunciou a chegada de uma nova mensagem no aplicativo.

 

==============

 

-- Oi Marina.

-- Oi Giulia.

Esperei que ela digitasse algo, mas como demorou alguns segundos eu não consegui segurar a minha ansiedade e tornei a falar.

-- Pensei que estivesse dormindo.

-- Eu dormi, na verdade eu acho que desmaiei assim que encostei na cama. Desculpa por não ter respondido o seu e-mail. Não lhe acordei não é?

-- Não! Na verdade eu ainda não dormi, sai a pouco do banho – soei frio ao omitir que Verônica esteve a poucos minutos em minha sala. - Mas o que faz acordada?

-- Acordei com uma sensação ruim, não sei explicar. E aí você invadiu meus pensamentos no outro instante, e não consegui mais dormir, precisava falar com você.

--Certo, ler isso que acabou de escrever fez com que meu coração duplicasse de tamanho.

-- Posso dizer que o meu triplicou desde o momento que lhe vi a primeira vez.

-- Nossa! Assim o coitadinho não aguenta. Isso por um acaso é uma declaração?

-- Ainda não...

-- E o que precisa para que seja?

-- Um pouco mais de tempo e segurança.

-- Pra você eu dedico todo o tempo do mundo, e prometo que vou me empenhar ao máximo para que meus braços sejam seu lugar preferido no mundo, e que seja o primeiro lugar que busque proteção e segurança.

-- Onde esteve esse tempo todo?

-- Lhe esperando!

-- E agora que nos encontramos, o que faremos?

-- Me deixa te conquistar aos poucos.

-- Você está fazendo isso neste exato momento!

-- Estou?

-- Sim!

-- Como?

-- Depois eu lhe conto, por enquanto é segredo, não posso contar.

-- E quando vou merecer saber deste segredo?

-- Isso é outro segredo.

-- Assim é um pouco injusto não acha?

-- Talvez um pouquinho.

-- Um pouquinho não!

-- Marina?

-- Oi?

-- Por quê?

-- O quê?

-- Porque justo eu? Você pode ter qualquer mulher aos seus pés, qualquer uma. Muitas desejam estar ao seu lado, você pode ter a mulher que quiser, pode até escolher dentre todas que lhe rodeiam, então porque justo eu?

-- Olha, eu vou ser bem sincera com você...

-- Por favor.

-- Eu não sei! Não sei te responder, mas o que eu sei é que foi espontâneo, posso dizer que quase instantâneo, foi como num estalar de dedos, eu olhei para sua foto e me encantei no mesmo instante, senti algo diferente. No momento foi totalmente inexplicável, mas agora eu sei bem o que houve naquele momento... Não tem como explicar algo tão rápido assim, até parece coisa de cinema, mas não é! Meu coração escolheu você Giulia! Simples assim, não tem como conter, medir, ou explicar, simplesmente sentir e se entregar a isso.

-- Assim você vai fazer com que eu me apaixone ainda mais por você!

-- Essa é a intenção...

 

==============

 

Passamos a madrugada conversando, não desgrudei do celular nem por um segundo, o sono evaporou e não voltou de maneira alguma, pra falar a verdade eu não sabia o que era sono, sentia-me empolgada, feliz, elétrica. Conversamos sobre tudo, e mais um pouco, o assunto parecia não acabar para nós duas, a conversa fluía facilmente, de uma maneira tão assustadora que não percebi as horas passarem, quando dei por mim a luz do sol invadia aos poucos o meu quarto. Nos despedimos já pela manhã, e eu deitei na cama com uma felicidade enorme tomando conta de todo o meu ser. Além da felicidade que me dominava por completo, havia uma certeza também, a certeza de que eu conquistaria Giulia, me empenharia todos os dias até o momento em que ela fosse verdadeiramente minha. Eu não queria e nem desejava outra coisa que não fosse ela.

Nessa noite dormi tranquila, nem lembrava mais da visita desagradável que estava há pouco tempo no meio de minha sala, só o que estava em minha cabeça era ela, era Giulia. Eu estava perdida mesmo. Foi o sono mais tranquilo e gostoso que já tive em toda minha vida.

Acordei com meu celular tocando insistentemente no criado mudo ao lado de minha cama. Cobri a cabeça com o travesseiro na tentativa de abafar aquele barulho chato e voltar a dormir. Só que descobri que a pessoa era realmente insistente, porque o celular não parava de tocar. Sentei-me na cama ainda de olhos fechados e tateei o criado mudo em busca do pequeno aparelho barulhento. O encontrei e o atendi ainda de olhos fechados.

-- Marina eu não acredito que você ainda está dormindo! - a voz de Fernanda invadiu meus ouvidos.

-- Nanda hoje é sábado, ainda é cedo, me deixa dormir mais um pouco vai... – falei com a voz dengosa

-- Bom, eu não sei no seu relógio, mas o meu está marcando quase 10hs da manhã, e a Marina que eu conheço não dorme até uma hora dessas. Aconteceu algo? - notei um tom de preocupação em sua voz.

-- Não Nanda, está tudo bem, só dormi um pouco tarde na noite passada, o sono ainda não me deixa levantar na cama.

-- Insônia?

-- Posso explicar isso depois?

-- Pra você não querer me contar por telefone, com certeza aconteceu algo, mas tudo bem, deixemos para um outro momento. Agora, levanta dessa cama, veste uma roupa bem confortável e me espera sentadinha na sua sala que daqui há uns 30 minutinhos eu estou passando ai.

-- Pra quê?

-- Vamos sair oras!

-- Para onde vamos?

-- Vai ser surpresa.

-- Não gosto de surpresas!

-- Garanto que essa você vai adorar! - ouvi uma risadinha do outro lado da linha, sabia que Nanda estava aprontando.

-- Meu afilhado vai nos acompanhar também?

-- Não, dessa vez não, será um programa só nosso. Ele vai ficar sob os cuidados de um tio muito babão.

-- Quem é a bola da vez, Pietro ou Juliano?

-- Pietro!

-- Nanda o que você está aprontando?

-- Ai Marina, nada, deixa de perguntas. Levanta logo dessa cama, toma um banho, se arruma, fica bem gata que eu estou quase chegando ai. Vai!

-- Tá bom, tá bom, eu estou indo. Até daqui a pouco.

-- Até. Beijos!

 

Nanda estava aprontando algo! Eu a conhecia muito bem, aquele tom de voz, esse programa que surgiu do nada, os meninos de fora e João Pedro também era muito estranho. Muito estranho mesmo. Levantei-me da cama com certo custo, ainda estava com bastante sono, mas confesso que não me arrependo por ter passado a noite inteira conversando com Giulia, de maneira nenhuma. Foi ótimo!

Tomei um banho que espantou no mesmo instante o meu sono, agora estava esperta e pronta, ou pelo menos quase pronta para o que Fernanda estava aprontando. Aos finais de semana ou fora da rotina estressante de presidente da JUMP, vestia-me com roupas confortáveis, bem confortáveis mesmo, eu não me importava com os olhares tortos e recriminadores, aqueles que me julgavam pela forma que estava vestida julgando que não condizia com as vestes de uma presidente. Eu não estava nem aí. Nanda me apoiava nisso, ela costumava dizer que eu era um ser humano normal, e que não era obrigada a ter sempre a aparência de uma mulher de negócios.

Vesti-me com um pouco de pressa por achar que Nanda poderia chegar e eu ainda não estar pronta, mas até parece que eu não conheço a minha amiga, meia hora quer dizer na verdade uma hora.

Sentei-me na poltrona perto da janela com o celular nas mãos à espera dela. Olhei para o celular e me bateu a maior vontade de falar com Giulia. Será que ela já havia acordado? Tentei resistir, mas não consegui, acabei cedendo a vontade e mandei um “Bom dia”. Fiquei estática encarando o celular, aguardando uma resposta, mas nada. O display apagava e eu imediatamente tocava a tela. Meus pés dançavam impacientes e ansiosos. Cruzei as pernas na tentativa de pará-las. Não adiantou. Se minha mãe ou meu pai me vissem nesse momento me chamariam de tola, diriam que eu estava agindo como uma adolescentezinha na sua fase de rebeldia e descoberta, diriam que nem de longe eu era a jovem empreendedora de sucesso, que não seriam capazes de me reconhecer ou compreender. Nem eu estava me reconhecendo naquele momento, mas pra falar a verdade, naquele momento eu estava me conhecendo, sendo eu mesma, sem ter que vestir a camuflagem de empresária de sucesso – aquela que age mecanicamente, que não comete erros, que não é sentimental, que não se permite um final de semana largada em casa calçando chinelos, que não come doces enquanto assiste filmes de animação, que fala sempre de maneira formal e coloquial. A verdade é que cresci a força, amadureci precocemente e quase não me sobrou tempo para ser uma adolescente inconsequente.

O celular apitou me fazendo dar um pequeno salto com o susto. Olhei para tela e nasceu um enorme sorriso em meu rosto ao ver nome de Giulia estampado nele. Aquela sensação era instantânea.

 

===========

 

-- Bom dia Marina!

-- Desculpa, acho que acabei lhe acordando. Eu tentei, mas acabei não resistindo. Me desculpe.

-- Já estava acordada, não se preocupe. Vick que me acordou com um barulho ensurdecedor de panelas vindo da cozinha. Acho que ela está tentando preparar algo. Parece que ela vai receber alguém aqui em casa hoje. Está em casa?

-- Estou, mas vou sair daqui a pouco. Estou esperando a Fernanda vir me buscar para sairmos para algum lugar que incrivelmente eu ainda não sei qual é.

-- Programa surpresa?

-- Acho que sim. Não está com sono?

-- Um pouco.

-- Desculpe por isso.

-- Por qual motivo está me pedindo desculpa?

-- Bom, você não dormiu durante a noite por culpa minha.

-- Se estiver realmente me pedindo desculpa por isso nem ouse! Eu amei passar a noite conversando com você. Por mim faria mais vezes.

-- Faria?

-- Sem sombra de dúvidas!

-- Assim eu não vou resistir e vou lhe incomodar todas as noites.

-- Me incomodaria se não o fizesse.

 

Estava sorrindo, feito uma boba com o celular na mão quando o nome de Fernanda estampou a tela do celular. Era ela avisando que estava a minha espera lá embaixo. Peguei as chaves de casa, passei na frente do espelho no canto da sala em cima do bar e dei mais uma conferida nas prováveis olheiras – estavam sob controle ainda. Peguei a bolsa e sai na direção do elevador. Dentro do pequeno espaço mandei uma outra mensagem para Giulia.

 

===========

 

-- A Fernanda chegou! Agora vou descobrir que lugar misterioso é esse.

-- Tudo bem. Eu vou dar uma forcinha aqui pra Vick antes que ela atei fogo no prédio. Ela tá nervosa, até parece que vai receber o Obama aqui.

-- Podemos nos falar mais tarde?

-- Claro que sim!

-- Então até mais tarde.

-- Até mais. Um beijo Marina.

-- Beijo Giulia.

 

===========

 

Cheguei à portaria do prédio e logo vi o carro de Fernanda, mas ao passar pelo porteiro, lembrei-me da noite passada. Como Verônica havia conseguido subir se eu havia proibido a sua entrada? Teria que tirar isso a limpo, mas por enquanto resolvi me concentrar na minha amiga que sorria para mim. Era o melhor a se fazer, ou Verônica conseguiria estragar o meu dia que mal havia começado.

-- Bom dia Nanda. - disse ao me aproximar.

-- Bom dia Marina! - ela respondeu empolgada assim que entrei no carro, mas não me olhou diretamente.

-- Nanda me conta logo o que foi que você aprontou.

-- Não posso, é meio que uma surpresa. - deu partida no carro. - Mas digamos que uma coisa muito boa, que eu sei que você vai gostar. E eu posso dizer que eu também vou gostar.

-- Conta logo vai.

-- Não posso!

-- Conta!

-- Tá! Vou contar só algumas coisas. Tudo bem?

-- Tudo bem. Conta!

-- Bom, você lembra daquela menina do estacionamento, a amiga da Giulia? - fez uma pausa para que eu me lembrasse.

-- Lembro, sim. O que tem ela?

-- Eu não consegui tirar ela da minha cabeça, não sei o que aconteceu comigo. Faz tanto tempo que não me interesso por nenhuma mulher que até achei que como minha família me dizia, era uma fase. Mas ela tem algo diferente que chamou a minha atenção verdadeiramente, ela tem um brilho, uma coisa especial que eu não sei nem dizer o que é exatamente. E ontem...ontem eu a convidei para sair comigo. - eu sabia muito bem disso, mas a deixei falar – A convidei dizendo que precisava pedir desculpa pelo que aconteceu e pelo modo como agi com ela. A busquei em casa e a levei para um restaurante, eu não consegui nem por um segundo não reparar na beleza dela, eu a admirava sem pudor nenhum, ela até percebeu, tentou disfarçar, mas não havia como não ter percebido. Depois do jantar eu simplesmente não queria que ela fosse embora – disse me olhando quando paramos em um sinal.

-- Estou quase tendo um deja vú Nanda.

-- Como assim?

-- Foi dessa mesma maneira, quando eu disse que estava encantada por Giulia, que você disse que não acreditava e julgou que eu estava apaixonada por ela, mesmo quando nem eu sabia ao certo, ou não admitia. Não sei bem.

-- Eu não consigo dar nome, classificar ou qualquer coisa do tipo, mas eu admito que ela mexeu mesmo comigo.

-- Isso está estampado na sua cara. Mas conta, o que fizeram depois que saíram do restaurante?

-- A chamei para ir a um bar. Foi divertido, me senti completamente diferente, alegre e feliz na companhia dela. Mas se você conhece bem a sua amiga aqui sabe bem que ela tem o dom de estragar as coisas.

-- Como assim?

-- Eu não bebi nenhuma bebida alcoólica, mas teve um momento que me senti como se tivesse bebido todas, eu estava solta, e completamente desinibida, comecei a mostrar a ela o meu interesse nela. Comecei a flertar sabe?

-- Fernanda Neves! Você estava flertando com uma garota que quase nem conhece? - perguntei sorrindo em tom de brincadeira.

-- Olha só, nem me venha com essa a Giulia também é uma garota e você também não a conhece e mesmo assim já ficou com ela.

-- São coisas diferentes. - falei tentando desconversar.

-- Sei, agora são diferentes né?

-- Tá! São situações iguais, mas enfim. Continua!

-- Ela começou a corresponder ao meu flerte, e eu me senti como uma adolescente. Foi uma sensação boa, mas eu não consegui parar com o flerte, eu acabei beijando ela. E nossa, que beijo! Fiquei sem ar, me senti flutuando...

Sorri! Fiquei feliz por Nanda compartilhar de sentimento tao parecido com o meu. Aquilo era bom demais, a sensação era indescritível. Eu conseguia ver nos olhos e no semblante dela o quanto ela estava feliz, e isso me deixava feliz também. Fernanda merecia toda a felicidade do mundo, ela passou por coisas que com certeza ela não merecia. Se Victória for a pessoa capaz de devolver o sorriso ao rosto dela eu apoiarei.

-- Você está com a cara igual a minha Nanda. - brinquei e ela me olhou com os olhos semicerrados – Você sempre disse que eu deveria me dar um nova chance e nunca deu uma a você, e agora que eu me permiti a felicidade está batendo novamente em sua porta.

-- Não sei se posso dizer que é felicidade Marina.

-- Como eu disse eu estraguei tudo.

-- Porque diz isso?

-- A noite com ela foi maravilhosa sabe? Passamos quase a noite inteira aos beijos, ela é tão carinhosa, tão atenciosa e ao mesmo tempo tão nova!

-- Não vai me dizer que você vei com o papo de idade com ela!

Fernanda suspirou pesadamente e balançou a cabeça de um lado para o outro em sinal de afirmativa. Ela sempre foi paranoica com diferença de idade, e passou a se achar ainda mais velha depois do nascimento de João Pedro, ela dizia que ter um filho a deixava uns 10 anos mais velha, que ninguém iria querer ter um relacionamento com uma mulher que tivesse uma bagagem como essa. Tolice! Fernanda é linda tanto por fora quando por dentro, é inteligente, é jovem, é divertida, é romântica, carinhosa...não é porque ela é minha amiga, mas a Fernanda é a pessoa ideal pra se namorar.

-- Saiu sem querer! Estávamos conversando sobre responsabilidades e eu acabei falando que ela nem devia conhecer o que era isso, que ela era muito nova pra saber. Ai ela me perguntou se eu me importava com diferenças de idade, e eu disse que sim, que eu era uma mulher adulta, madura e que sabia muito bem o que queria pra mim, disse que tinha muitas responsabilidades e que não era de viver momentos impensados ...

-- E com isso você chamou ela de jovem inconsequente, que não sabe o que quer da vida e ainda a chamou de imatura.

-- Basicamente. Com isso ela ficou quieta, quase não falava mais nada e se distanciou um pouco de mim, então, pra fechar com chave de ouro eu pedi para que ela deixasse de bico e deixasse de ser criança.

-- Realmente você tem o dom Nanda.

-- Sei disso! Depois disso a deixei em casa, ainda nos beijamos antes de ela entrar no condomínio, mas eu sei que ela ficou magoada com as coisas que eu disse.

-- Fernanda você tem que tirar essa ideia da sua cabeça, idade é só um número, isso não importa!

-- Você diz isso porque está com ama garota também, que aposto que tem a mesma idade da Vick.

-- Tá vendo? Com essa mentalidade ela nunca mais vai querer olhar na sua cara, e com toda razão. E pra sua informação Giulia não é uma garota, é uma mulher, uma linda mulher!

-- Você tem razão! Vou dar um jeito nessa situação.

-- E quando você pretende fazer isso?

-- Agora.

-- Agora?

-- Sim. Estou indo na casa dela, nós vamos almoçar lá. Eu pedi uma nova chance de me desculpar, e ela me convidou pra almoçar com ela.

-- E eu vou fazer o quê lá? Segurar vela?

-- Marina se você não lembra, a Giulia e Victória dividem apartamento, ou seja, a sua Giulia vai estar lá, você não vai precisar segurar vela.

-- Mas...mas eu...porque não me disse que viríamos até a casa delas?

-- Qual o problema? E se eu dissesse não seria surpresa. Vai ser legal Marina.

-- Estou nervosa... - suspirei.

-- Por qual motivo?

-- Não sei, ela tem o dom de me deixar assim, eu fico nervosa só de pensar nela...

-- Quem diria que isso um dia aconteceria não é Marina? Você saindo de seu casulo, e eu me encantando por uma mulher.

-- Encantando...sei, você quer dizer se apaixonando...

-- Ainda não! - sorriu.

Conversamos, ou melhor implicamos um pouco mais uma com a outra e logo Nanda estacionou o carro na frente do prédio. Meu coração saltitava no peito só de pensar que logo mais a veria. Era inevitável, sempre me sentia dessa maneira na presença dela.

Nanda discou o número de Vick e avisou que estávamos lá embaixo, descemos do carro e esperamos recostadas a lateral. Logo a figura de Vick apareceu, ela tinha um sorriso contido no rosto, e hoje parecia ainda mais jovem do que eu conseguia me lembrar. Pedi internamente para que Nanda não estragasse as coisas novamente. Diferença de idade era puro preconceito!

Quando Victória abriu o portão e Nanda a abraçou, o sorriso que antes ela segurava de repente iluminou-se, ela a abraçava com tamanha emoção que foi necessário fechar os olhos para sentir o momento. Será que eu agia da mesma maneira? Será que eu sorria ao tê-la em meus braços? Sorri com as perguntas que surgiram em minha cabeça. Por alguns minutos elas parecem esquecer de minha presença ali, o abraço durou, elas pareciam não querer se separar. Era estranho! Elas pareciam apegadas, pareciam ter uma afinidade que não era de duas pessoas que se conheciam há tão pouco tempo. Olha só quem estava falando!

Elas finalmente se separaram e notaram que eu estava ali meio sem jeito e sem graça com a intimidade delas duas. Victória me cumprimentou com um sorriso gentil e um “Como vai?” e logo depois nos convidou para subirmos. Nanda me parecia tensa, mas mesmo assim não conseguia disfarçar o olhar bobo que ela tinha desde o momento que Victória apareceu na portaria. Quando entramos no elevador quem ficou tensa fui eu, agora sim faltava muito pouco para encontrar Giulia. Era um misto de tensão e felicidade.

Quando chegamos ao apartamento, ele estava completamente silencioso, e nem sinal de Giulia. Ainda da porta olhei discretamente pela sala do apartamento em busca de um sinal que dissesse que ela estava ali. Bom, eu tentei ser discreta, mas me parece que eu não consegui.

-- Ela está no sofá Marina. – me falou Victória com um sorriso que a fazia fechar os olhos.

A olhei com a dúvida estampada em meu rosto.

-- Ela está naquele sofá ali, pode ir lá. – ela me disse apontando o sofá que ficava virado para a porta.

Sorri em agradecimento e a passos curtos me direcionei até lá. Andei com cuidado para não chamar a atenção dela, me aproximei por trás e a vi deitada. Os olhos estavam fechados e ela tinha um celular sobre a barriga.

-- Giulia? – a chamei quase num sussurro, e foi só ai que percebi que ela estava com fones de ouvido.

Foram segundos, mas me pareceram eternos, eu jamais me cansaria de admirá-la, de olhá-la. Ela era tão linda! Ela ainda não havia percebido a minha presença, e aproveitei os segundos olhando cada detalhe de seu rosto sereno. Uma mão pousou sob o meu ombro me fazendo olhar para trás.

-- Pode chamá-la. – Victória me disse piscando um olho e depois se retirando para onde eu julguei ser a cozinha.

Olhei em volta e vi que estava sozinha na sala, me senti mais a vontade. Dei a volta no sofá andando quase que na ponta dos pés e parei a frente de Giulia, que por nada abria os olhos. Se não fosse os pequenos sorrisos que ela dava poderia jurar que ela estava dormindo. Inclinei-me um pouco, e aquilo foi o suficiente para o perfume dela me inebriar. Sorri e depositei um beijo suave em sua testa. Ela abriu os olhos e pareceu se assustar. Me olhou com os olhos arregalados e a boca levemente aberta, enquanto eu só conseguia sorrir da carinha que ela fazia.

-- Como... o que...o que ta fazendo aqui Marina? – me perguntou sentando no sofá e retirando os fones do ouvido.

-- Pela sua cara posso imaginar que não foi nada agradável abrir os olhos e dar de cara comigo bem aqui no meio da sua sala não é mesmo? – ainda mantinha o sorriso.

-- Claro! Quer dizer, claro que não, é...não é isso. – ela desviou o olhar por um instante e continuou – É que por um instante eu achei que tinha poderes sobrenaturais. – a olhei sem entender bem o que ela queria dizer – Em um segundo eu estava pensando em você, e no outro, quando abro os olhos você pareceu se materializar bem aqui na minha frente. – confessou com as bochechas levemente rosadas.

-- Quer dizer que estava pensando em mim?

Esperei a resposta que não veio, tudo o que senti foi um abraço apertado dela. Sentí-la ali em meus braços me desmontou inteira, fui pega de surpresa. A abracei de volta, sentindo o cheiro gostoso que seus cabelos exalavam.

-- Eu senti a sua falta. – sussurrei em seu ouvido e pude ver os pelinhos de seu sua nuca erriçarem-se.

-- Eu também senti. – disse me apertando mais.

Ouvimos um pigarro atrás de nós e nos separamos, mas mantivemos o contato com os olhos, isso não se quebrou, sem falar do sorriso teimoso em nossos rostos. Nunca me senti dessa maneira!

-- Desculpe, não queria atrapalhar vocês. – disse Victória sem jeito.

-- Não foi nada. Quer dizer, alguém pode me explicar como Marina e  Fernanda acabaram parando bem aqui no meio da minha sala? – Giulia perguntou colocando as mãos na cintura e dividindo o olhar entre Victória, Fernanda e eu.

-- Eu não estava sabendo de nada. – falei levantando as mãos para o alto em sinal de inocência.

-- Bom, eu acho que não preciso explicar muita coisa depois do que você viu ontem não é mesmo pequena? Então, o que eu posso dizer, é que convidei as duas para almoçar conosco.

-- E como não fiquei sabendo disso? – ela perguntou encarando Victória mantendo os olhos semicerrados.

-- Surpresa! – disseram quase cantando Fernanda e Victória em uníssono.

Gargalhei com cena das duas! Me aproximei um pouco mais de Giulia e passei o braço direito por sua cintura, de repente senti seu corpo tenso.

-- Eu posso ir embora se quiser.

-- Não quero que vá embora. – disse olhando em meus olhos e foi o suficiente para haver uma conexão só nossa.

-- Ninguém vai embora aqui! – Victória falou quebrando o nosso contato -  O almoço já está pronto. Eu só preciso ir logo alí na esquina, acabei esquecendo de comprar a Coca Cola. Quer dizer alguém quer algum outro sabor? – perguntou coçando a nuca.

-- Por mim tudo bem. – falou Fernanda.

-- Coca está perfeito. – respondi.

Victória anunciou que logo voltaria e Fernanda se ofereceu para ir junto. As duas saíram deixando-nos sozinhas.

-- Quer uma água? – ofereceu-me.

-- Por favor.

-- Pode ficar a vontade. – ela disse indo na direção da cozinha.

Olhei em volta da sala, o apartamento era extremamente organizado, e parecia ser dividido milimetricamente entre os dois gostos, o de Giulia e de Victória. O apartamento, os móveis, tudo ali tinha a cara das duas, lembravam as duas, tinha o toque de cada uma. No canto direito da sala havia uma estante com muitos livros, revistas e Cd’s, notei que grande parte dos livros pertenciam a Giulia por tratarem-se de designer gráfico e publicidade. Nas paredes da sala havia algumas montagens de fotos e recortes emoldurados, todos bem criativos, com certeza eram dela.

Sentei-me no sofá. Ao lado, em uma pequena mesinha, havia um porta retrato, era uma foto de família. Giulia parecia bem mais nova naquela foto, ela estava abraçada ao casal de senhores. A senhora lembrava muito Giulia, elas tinham o mesmo olhar, a mesma cor dos olhos. Do senhor ela tinha o sorriso, sempre gentil e sincero. Victória também estava na foto, e assim como Giulia, parecia ser bem mais nova. As duas sorriam na foto, pareciam bem felizes.

-- São meus pais. – ela disse me surpreendendo.

-- Você se parece muito com ela, – apontei a senhora - vocês tem os mesmos olhos, o olhar é igual..

-- Costumam dizer isso, mas não concordo muito com isso, minha mãe é muito mais bonita do que eu. – disse e me entregou o copo com água – Essa foto tem uns três anos, foi em um dos meus aniversários que passei com eles.

-- Não costuma ir muito lá?

-- A questão não é bem o tempo... – disse sem jeito – Quem sabe eu lhe mostre mais algumas fotos depois do almoço?

-- Vou adorar vê-las!

Sorri imaginando as fotos que ela teria guardadas, talvez algumas de quando ela ainda era criança exibindo o primeiro dentinho de leite que caia, ou alguma foto que foi tirada enquanto ela aprontava feito uma criança arteira. Adoraria ver essas fotos.

Olhei para Giulia e ela me olhava como se me avaliasse. Seu olhar sempre era intenso, de tal maneira que era capaz de me dar um frio na barriga. Ele era misterioso, era instigante, era doce e meigo. Tinha um brilho incrível, era como se transmitisse algo que eu ainda não sabia identificar.

-- Eu adorei a surpresa!

Não me restou mais tempo pra falar, logo senti seus lábios cobrirem os meus com uma delicadeza absurda, tirando toda a minha capacidade de raciocinar. Como eles eram suaves e doces, eram capazes de me fazer enlouquecer. A distância de repente ficou enorme, e eu precisava diminuí-la, a puxei pela cintura e a mantive bem perto de mim. Sentia-me em outro mundo, o frio na barriga já estava ali. Minhas mãos soavam e meu coração batia descompassado de um modo que era quase audível. As mãos delicadas de Giulia se posicionaram em minha nuca, suas unhas faziam movimentos suaves ali, me fazendo um carinho que me deixou completamente arrepiada. Minhas mãos apertaram um pouco mais a sua cintura, tornaram-se possessivas.

O beijo que começou delicado de repente passou a ser um pouco mais exigente, nossas línguas agora se tocavam durante a exploração de nossas bocas. Sentia pequenos espasmos em meu corpo. Nossos pulmões deram sinal de sua existência exigindo um pouco de ar que agora nos faltava. Separamos-nos e notei que Giulia mantinha os olhos fechados. Ela encostou a cabeça em meu ombro, aspirou meu pescoço e se aninhou em meus braços. Não tinha palavras para descrever aquele momento. Ficamos naquela posição por um tempo que eu não sei determinar, palavras não foram ditas, naquela sala só se podiam ouvir dois sons: de nossas respirações e as batidas de nossos corações. O dela batia acelerado, mas acalmou-se no momento que se aninhou a mim, assim como eu meu, que ficou extasiado e completamente tranqüilo quando sentiu o corpo dela buscar o calor do meu em um abraço.

Ouvimos a porta ser aberta, mas isso não nos incomodou e nem fez com que nos separássemos, na verdade Giulia nem se moveu, permanecia com a cabeça em meu obro e fazendo carinho em minha mão que passava por sua cintura.

-- Meninas o almoço está pronto! – ouvimos Victória falar da cozinha.

Só então ela levantou. Giulia parou bem a minha frente e estendeu a mão em minha direção. Não pensei duas vezes antes de aceitar.

-- Vamos? – chamou.

-- Vamos!

Chegamos à cozinha de mãos dadas, não ligamos quando Victória olhou para nossas mãos e sorriu de lado balançando a cabeça de um lado para o outro em sinal de negativa. Não estava nem me importando, o contato estava me fazendo bem. Sentei ao lado de Giulia, a frente de Fernanda. Victória serviu Fernanda e só depois sentou-se ao seu lado. Com certeza Nanda estava adorando ser mimada daquela maneira, podia notar o brilho diferente nos olhos dela, e já podia apostar que dali nasceria algo mais sério e mais concreto. Acho que no fundo passei a torcer para que isso acontecesse.

O almoço estava divino. e transcorreu de maneira divertida, não faltou assunto na mesa, e sempre riamos de algo que Victória falava, ela era engraçada e divertida de forma natural, sem forçar. Minha barriga já doía de tanto rir, foi até por esse motivo que o almoço foi demorado, não conseguíamos parar de rir. Fernanda parecia à vontade com Vick, – como ela havia pedido para que eu a chamasse – ela a olhava e sorria instantaneamente, um sorriso doce e cheio de carinho.

Olhei em volta da mesa e cheguei a conclusão de que fazia muito tempo que eu não me sentia tão bem assim em um almoço de final de semana. Sentia-me bem sentada ali, e mais ainda, desejei que aquele momento se repetisse muitas e muitas vezes.

O almoço terminou e logo veio a sobremesa, uma torta de prestígio divina. Um verdadeiro pecado! Acho que nunca comi uma tão gostosa assim. Fomos para a sala, sentamos no carpete felpudo, conversa vai e conversa vem acabei descobrindo quem havia feito almoço tão gostoso e torta tão divina.

-- Ah não, você disse que não ia me entregar! – disse Victória com um biquinho ao Giulia contar que ela havia ajudado nos preparos.

-- É melhor elas saberem de uma vez por todas que você na cozinha é sinal de perigo Vick, que você e os bombeiros são verdadeiros inimigos. – disse gargalhando.

-- Olha só Giulia, eu vou querer a receita dessa torta, pode apostar. Ela é tão deliciosa. – Nanda quase lambeu os lábios ao lembrar do sabor da torta.

-- Vou te dar um aviso Marina, prepare-se, você vai engordar quilos e mais quilos nas mãos dessa cozinheira aqui viu? Tudo que ela faz é delicioso! – Vick falou apontando para Giulia que estava sem graça.

-- Vou começar a me preparar.

Tudo bem, tive um pensamento nada “comportado” com o que Vick disse: “Tudo o que ela faz é delicioso!”. Foi inevitável não imaginar como Giulia era na...é...digamos que, intimidade. Podia apostar que seria uma loucura. Cruzei as pernas a minha frente na tentativa de dissipar meus pensamentos, e de inibir o desejo crescente que já dava sinais no meio de minhas pernas. Mas segundos depois fui atingida pelo ciúmes. Será que elas já haviam tido algum tipo de envolvimento mais íntimo, digamos assim? Balancei a cabeça levemente na tentativa de expulsar esses pensamentos.

Entre conversa e risadas, senti o meu celular vibrar no bolso de minha calça, mas nem mesmo me importei de olhar o nome na tela, o deixei vibrar, vibrar, até que ele parasse. Minha barriga já doía de tanto rir com as piadas de Vick, então era melhor ir ao banheiro antes que algo trágico acontecesse no meio daquela sala. Seria vergonhoso. Aproximei-me de Giulia e sussurrei.

-- Será que eu posso ir ao banheiro?

-- Claro! – prontamente ela levantou-se e como de costume estendeu-me a mão – Licença, já voltamos.

Giulia saiu me puxando pela mão por corredor que assim como a sala era decorado por fotos e quadros. Paramos a frete de uma porta.

-- Olha, não repara muito não ta? É um quarto bem simples e um pouco desarrumado, então desculpa pela bagunça!

-- Não vou reparar. – disse sorrindo.

Foi impossível não olhar. Assim que entrei no quarto automaticamente consegue identificar um pouquinho dela em cada lugar. O quarto tinha o cheiro dela, e eu me segurei para não aspirar bem fundo, ela perceberia. Ele não estava nem um pouco desarrumado, pelo contrário, estava completamente organizado. Suas paredes tinham um tom amarelo bem clarinho, a maioria dos móveis eram brancos, assim como as portas e janelas.

-- O banheiro é ali. – apontou-me a porta.

Encaminhei-me para a porta, mas voltei na direção da cama onde Giulia estava sentada me olhando.

-- Posso colocar em algum lugar? – perguntei me referindo ao celular e as chaves que havia tirado do bolso.

-- Eu seguro.

Entrei no banheiro, e a primeira coisa que eu fiz foi me olhar no espelho, dar uma checada na aparência. Eu não ligava muito para aparências, o que importava mesmo era o que ninguém podia ver nem tocar, era o que vinha do coração, isso sim é que era importante, era lindo. Porém, eu tinha que fazer por onde merecer uma mulher tão linda quanto a Giulia.

Quando sai do banheiro, deparei-me com Giulia ainda sentada na cama, porém de cabeça baixa. Consegui ouvir um fungado também. Ela parecia...parecia estar chorando. Me aproximei um tanto quanto preocupada.

-- Giulia? – a chamei.

-- Podemos voltar para a sala? – perguntou sem me olhar.

-- Giulia o que houve? – agachei-me a sua frente e ergui seu rosto.

Me surpreendi quando finalmente ela levantou o rosto e me olhou. Sua aparência a entregava, era indício de que ela havia chorado recentemente. Fiquei um tanto quanto desorientada tentando encontrar motivos que explicassem mudança tão repentina, só foi o tempo de entrar no banheiro e voltar para encontrá-la daquele jeito.

-- Aconteceu algo? – tornei a perguntar.

-- Você é mesmo sincera comigo? Em tudo? – tentava segurar algumas lágrimas.

-- Do que você está falando?

-- Você é sincera comigo? Está me escondendo algo?

A noite passada veio a minha cabeça, uma memória viva, como se tudo estivesse se passando bem a minha frente naquele momento. Aquele era o momento de contar tudo pra ela, era a deixa. Levantei-me e sentei ao seu lado.

-- Eu preciso te contar uma coisa. – respirei fundo e comecei – É que ontem aconteceu algo que...

Batidas na porta interromperam o que eu tentava falar superando o receio que me acometia.

-- Entra! – Giulia falou.

-- Desculpa atrapalhar vocês meninas. Eu preciso ir. – disse Nanda olhando em minha direção.

-- Já? – perguntei.

-- Sim. O Pietro acabou de me ligar, João Pedro está meio choroso, com um pouquinho de febre...preciso ir vê-lo.

-- Eu vou com você! – levantei-me prontamente.

-- Tudo bem. Lhe espero na sala.

Dito isso ela retirou-se trancando a porta novamente. Meu coração pareceu-se dividir, de uma maneira brusca e um pouco dolorosa. Estava entre o bem estar de meu afilhado e do que eu precisava contar imediatamente para Giulia. Ela ainda me olhava com algumas lágrimas nos olhos, e eu não conseguia por mais que tentasse compreender o que havia acontecido naquele pequeno espaço de tempo.

-- Giulia...me desculpe é que...

-- Não tem problema, pode ir. Depois nós conversamos. – sorriu fraco.

-- Tem certeza?

-- Tenho sim.

-- Tudo bem.

Recolhi meus pertences que estavam em cima da cama ao lado dela, ainda com o coração dividido. Deveria ir ou ficar? Ela percebeu meu dilema interno.

-- Pode ir, não vou ficar chateada. Conversamos mais tarde.

-- Prometo lhe recompensar. – disse me aproximando dela, me abaixando e depositando um beijo em sua testa, um em sua bochecha direita e outra na esquerda. Por último em seus lábios. Um beijo suave, um selinho demorado.

Senti a sua mão esquerda pousar em meu rosto, isso foi o suficiente para que virasse um beijo de verdade, profundo, cheio de desejo, carinho, tesão e paixão.

Ouvimos mais três batidinhas na porta.

-- Desculpa meninas, sou eu de novo. – disse Nanda ainda do outro lado da porta.

Sorri com meus lábios ainda colados aos lábios de Giulia.

-- Desculpa! – sussurrei em seu ouvido e dei-lhe mais um selinho.

-- Te deixo na porta.

Saímos do quarto de mãos dadas, e nos surpreendemos quando chegamos na sala e nos deparamos com Vick e Nanda abraçadas e aos beijos no pé da porta.

-- Podemos ir!

Assim que falei e elas notaram minha presença, separam-se apressadas. Vick tinhas as bochechas rosadas, eu não conseguia dizer com precisão se era por estar envergonhada ou se aquilo devia-se ao beijo. As duas estavam sem graça, e eu, admito que estava achando tudo muito divertido.

Despedi-me de Giulia com mais um selinho, porém dessa vez a senti um pouco diferente, um tanto quando distante, como se seu corpo estivesse ali, mas a sua mente não. Isso me intrigou, e aumentou ainda mais a minha necessidade de me abrir com ela, de contar o que aconteceu na noite passada, esconder aquilo não era nada bom, e não era a minha intenção. Eu também precisava saber o que tinha acontecido no quarto dela para que ela chorasse sem nenhum motivo aparente.

No caminho até a casa de Pietro o assunto dividiu-se entre o almoço e João Pedro. Falávamos do almoço e companhias tão maravilhosas quanto. Fernanda dizia estar apenas vivendo o momento com Victória, mas quem estava de fora podia perceber que na verdade ela estava tão apaixonada quanto eu estava. Falando nisso, a verdade é que eu estou cada vez mais apaixonada por Giulia. Parece que a cada segundo, o que carrego em meu peito aumenta gradativamente e incontrolavelmente. Descubro sempre algo admirável. E os segundos que passo ao lado dela me deixam cada vez mais feliz.

Pietro ligou mais uma vez para Fernanda, avisou que a febre de João Pedro havia diminuído e agora ele dormia tranqüilo depois do banho. Isso nos tranqüilizou.

Quando chegamos a casa de Pietro meu afilhado ainda dormia, ele já não tinha mais febre, mas nós tivemos pena de acorda-lo, ele dormia tão tranqüilo que preferimos esperar ele acordar naturalmente, o que só aconteceu por volta das nove da noite. Fernanda me deixou em casa e foi para a sua apesar de minha insistência para que ela dormisse em minha casa.

O cansaço já começava a dominar meu corpo, minha juventude já não era mais a mesma para conseguir dormir tão poucas horas de sono e passar quase o dia inteiro fora de casa. Tomei um banho rápido, comi uma comidinha leve, e depois me joguei na cama na companhia de meu celular. Assim que o desbloqueei a primeira coisa que vi foi algo que fez o meu corpo inteiro tremer, mas foi por um sentimento ruim. Era uma mensagem, uma mensagem de Verônica.

 

De: Verônica

Para: Marina

 

“Amor tenho que lhe agradecer pela noite de ontem! Desculpe-me por sair tão tarde de sua casa ontem, provavelmente não dormiu tão bem não é? Eu dormi como um anjo, seu cheiro ainda está no meu corpo, ainda consigo sentir suas mãos passeando por minha pele, seus gemidos ecoam na minha cabeça. Você estava tão entregue! Eu sabia que você não resistiria a mim, fomos feitas uma para a outra, e na cama somos insuperáveis meu amor. Obrigada pela noite maravilhosa de amor!”

 

Terminei de ler a mensagem completamente surpresa, e incapaz de processar muita coisa. As palavras que eu lia naquela tela não eram verdadeiras, era tudo mentira, eu não estive com ela, não daquela maneira. Como ela conseguia fazer com que palavras tão falsas parecessem tão verdadeiras? Outra pessoa que lesse aquilo poderia acreditar facilmente. Suspirei pesadamente. Até quando teria que agüentar isso?

 

Fechei os olhos por um instante e de repente um estalo me ocorreu. Abri a mensagem novamente, o horário coincidia. Nesse horário eu estava na casa de Giulia. Então foi isso! Esse foi o motivo pelo qual ela chorou, ela leu essa maldita mensagem. Era o preço a se pagar por não colocar senha em meu celular, ela acabou lendo algo infundado. Agora talvez ela estivesse certa de que eu havia passado a noite com Verônica, ou no mínimo estivesse dividida, sem saber no que exatamente acreditar. Foi por isso que ela me perguntou se eu estava escondendo algo, e eu ajudei a piorar a situação, afinal disse um pouco antes de ser interrompida e ir embora da casa dela, que havia acontecido algo na noite passada que eu precisava contar. Droga!

 

As coisas precisavam ficar esclarecidas! Mandei uma mensagem pra ela e não obtive nenhuma resposta. Isso começou a me preocupar, mas resolvi dar mais um tempo, talvez ela respondesse. Quase meia hora depois e ela ainda não havia respondido. Olhei o relógio e marcava 22:30hs, ainda era consideravelmente cedo. Não! Não era cedo, mas não me importei. Liguei pra ela. Chamou até cair na caixa postal por diversas vezes. Desisti! Resolvi esperar alguma resposta, e quando eu estava quase entrando em desespero recebi uma mensagem.

 

===========

 

-- Será que você pode liberar a minha entrada? Acho que precisamos conversar, e aqui está muito frio.

 

===========

 

 

Era ela! Terminei de ler a mensagem e já descia as escadas do prédio correndo. O coração estava feito louco!

Fim do capítulo


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