POV Jodie

Demorou um ano e meio até que eu descobrisse alguma pista. Passando por uma cidade relativamente grande mais ao leste eu perguntei a quem podia sobre Charlote Hamss, uma mulher de 173cm, forte e que lutava muito bem, com cabelos castanhos, olhos da mesma cor e pele bronzeada. Eram as mesmas perguntas que eu fazia a mais de um ano e sempre ouvia as mesmas respostas. Naquele dia me surpreendi ao ouvir uma resposta diferente.

Quando perguntei à primeira pessoa, um homem já mais velho que estava numa pequena barraca de trocas, fui surpreendida por ouvir uma resposta diferente.

– Então esse era o nome dela – ele falou surpreso me deixando mais surpresa ainda.

– Você a conhece???? – perguntei animada me apoiando sobre a pequena mesa onde ele fazia suas trocas.

– Sim e não – ele me respondeu rindo um pouco e me contou o que houve ali.

Dois anos atrás Charlie tinha chegado naquela pequena cidade junto de um cachorro preto com patas e orelhas brancas que era enorme. Naquela época a cidade estava sob o controle de um homem chamado Simon e seus capangas. Eles faziam o que queriam por que eram os únicos armados; vez ou outra alguém da cidade entrava para a turma deles para ganhar privilégios e poder cuidar da família, mas eram sempre os homens mais fortes e mesmo assim eles nunca conseguiam ficar tão bem armados quanto os “amigos” de Simon. A única alternativa que as pessoas da cidade tinham de conseguir algo eram as lutas contra os homens do tal Simon. Eram organizadas uma vez por semana e qualquer um poderia lutar e escolher quem queria enfrentar. Quem vencesse ganhava privilégios e as tais moedas que Simon fazia circular como se fosse o dinheiro de antigamente.

Segundo aquele senhor que me contou isso, um dia, durante as lutas, uma forasteira entrou na praça seguida de um cachorro de pelo meio longo e que quase chegava à cintura dela. Ela conversou com Simon e do nada decidiu que queria lutar; fez uma aposta alta e Simon colocou seu melhor e mais forte lutador contra ela. Charlie pelo que entendi brincou um pouco com o cara até que, num golpe de sorte, ele acertou a camisa dela com um soco forte o que fez o tecido, já um pouco velho, rasgar. Ela simplesmente tirou a camisa deixando a mostra um físico invejável e depois disso venceu o cara fazendo-o cair como uma pedra no chão ao nocauteá-lo.

Depois disso ela ameaçou Simon quando ele tentou algo e depois quis manipular a entrega do prêmio dela. Surpreendendo a todos ela disse que ficaria dois dias e que não queria ser incomodada, só que Charlie não ficou o tempo inteiro longe de todos, ela saia sem ninguém ver e quando a notavam ela já estava circulando pela cidade com o cachorro que se chamava Sam. Ela parecia analisar tudo e acabou conversando com alguns dos homens de Simon, mas eles eram os que não apoiavam de verdade o que acontecia ali. Com dois dias ela conseguiu conversar com todos, eram apenas algumas trocas de palavras, mas no fim ela acabou descobrindo que havia um número significativo de homens que não apoiavam Simon.

Então no dia em que ela foi embora Simon e todos os seus capangas estavam presentes; os que não apoiavam as coisas ficaram estrategicamente atrás dos outros. Quando Simon parou em frente à ela Charlie estava séria e pronta para ir embora. Só que do nada ela puxou uma pistola e acertou um tido na cabeça de Simon. Antes que os outros pudessem reagir e pegar as armas contra ela os que sabiam que ela faria aquilo avançaram pegando-os por trás. Dois dos rapazes que eram da vila morreram, um ficou gravemente ferido, mas foi salvo pela Charlie, e os homens que eram de Simon morreram junto com ele.

Ela foi embora no dia seguinte depois de conversar com todos e aconselhar sobre como eles deveriam agir para evitar que um novo ‘Simon’ surgisse. Isso foi há dois anos e desde então a vila ficou cada vez mais forte e unida tendo algo que poderia ser chamado de polícia cuidando de arruaceiros e viajantes que pareciam hostis. Segundo ele todos na vila eram incrivelmente gratos a ela, mas que, infelizmente, nunca puderam encontra-la de novo para agradecer.

Ele me disse que tudo o que sabia era que depois disso ela tinha seguido para sudeste, na direção do que era a Florida. Eu agradeci as informações e então comecei a tentar seguir as pistas que ela havia deixado. Eu fui na mesma direção que ela deveria ter seguido; parava em todas as vilas perguntando sobre, acabei achando mais pistas dela em algumas, sempre que conseguia uma nova eles me davam uma direção e assim eu fui seguindo o caminho que ela deveria ter seguido.

Por tudo o que eu entendi ela sempre passava por todas as vilas, mas apenas em algumas se fazia ser notada, eram nas que possuíam os piores tipos de trogloditas mandando nas coisas. Nesses lugares ela puxava a briga e só saia de lá depois de acabar com os caras maus e deixar alguém melhor cuidando das coisas. Com o tempo eu comecei a sentir que a estava alcançando, eu nunca ficava mais de meio dia numa vila, sempre o tempo necessário para fazer as trocas que precisava e buscar as respostas que procurava. Um ano depois daquilo eu consegui uma informação que me deixou esperançosa.

Passei por uma vila maior. Ela era bem organizada e parecia não ter grandes problemas. Perguntando as coisas por ali eu acabei por descobrir que ela tinha passado por lá uns três meses antes e seguido na direção da antiga Nova York. Não preciso dizer que isso me encheu de esperanças e que eu caminhei na maior velocidade possível até a próxima cidade seguindo o caminho que eles me indicaram. Eu estava perto, muito perto; mais perto do que já estive desde que comecei essa busca louca e isso só me deixava mais empolgada.

Eu iria achar Charlie. Eu ia vê-la de novo e mal podia esperar por isso.

Fim do capítulo