Bianca

 

Saí do quarto ainda perturbada. Apesar de saber que o que sentia era uma coisa natural aquela avalanche de sensações ainda me deixava muito confusa, tudo estava acontecendo rápido demais. Pensar que eu nunca havia sentido desejo por ninguém antes, que meu corpo não tinha determinadas reações e hoje praticamente implorava por um toque dela. Como aquilo podia acontecer assim tão de repente? Já havia lido uma vez, que existem certos sentimentos que ficam latentes só a espera de algo que os acorde, então a minha libido tinha ficado esse tempo todo a espera de Marcella, e acendeu-se automaticamente e com tanto fervor que me assustava às vezes.

Depois de colocar os biquínis nas crianças e deixa-las com a avó, foi a minha vez de me trocar. Havia comprado dois maiôs exatamente iguais. Um azul marinho e outro preto, mas não havia experimentado nenhum deles na loja por falta de tempo. Agora encontrava-me parada em frente ao espelho do quarto olhando minha imagem apavorada. A peça tinha um detalhe nos seios que os destacava e deixava a curva deles completamente exposta, além disso era bem cavado e grudado ao corpo. Aquilo era indecente. Nunca usara algo assim, estava me sentindo nua. Não conseguiria sair assim. Estava desesperada. A roupa de banho que usava quando ia à praia com meus antigos patrões estava na casa de Cella e era completamente fechada e bem recatada, nada mostrava. Mas não havia encontrado algo parecido. O que eu ia fazer? Alguém bateu a porta.

- Bianca está tudo bem aí? – Era Marcella

- Sim.  – Respondi ainda olhando a imagem no espelho.

- Estamos te esperando. Já está tarde e as crianças estão impacientes. – Continuou a falar.

- Estou saindo. Me dê só mais cinco minutos – Eu estava muito nervosa.

- Ok. Precisa de ajuda? Tem certeza que está tudo bem? – Sua voz soou preocupada.

- Sim. Só estou terminando de me arrumar. – Respondi.

Respirei fundo tentando me acalmar. Não havia nada que eu pudesse fazer já que não tinha peça de troca. Me xinguei mentalmente por não ter experimentado a roupa antes. Sem outra opção, vesti a saída de banho, coloquei os óculos de sol, peguei a bolsa de palha que Cella havia me emprestado, tomei coragem e abri a porta.

Ela estava parada no corredor em frente. Assim que me viu abriu um sorriso e me olhando de cima a baixo disse:

- Você está linda sabia? – Se aproximou e me deu um pequeno beijo nos lábios.

- Você também está – Respondi encabulada.

- Vamos? Porque se demorarmos mais Milli vai ter um infarto. – Brincou.

- Vamos. Imagino como ela deve estar ansiosa. Você leva Eduarda? - Perguntei

- Claro. Ela está na sala com Emília. As duas se deram muito bem. – Disse sorrindo.

- E a dona Maria Thereza? – Questionei

- Acabou de sair com a enfermeira. – Ela falou colocando o braço nos meus ombros e me levando até as meninas.

Milli pulava feliz, nem o braço engessado todo embrulhado em um saco plástico desanimava a garota que falava sem parar toda empolgada. Descemos do apartamento, passamos pela piscina, e saímos por um pequeno portão que levava a um gramado coletivo dos condomínios e ficava em frente à praia. O local era lindo demais, e parecíamos uma verdadeira família, já que Cella segurava Duda nos braços, e com a mão livre envolvia a minha cintura, enquanto eu segurava a mão de uma Maria Emília extasiada. O pessoal do prédio já havia montado uma pequena tenda, com cadeiras e uma mesa baixinha de plástico. A vó já estava lá junto com Lucia, que era uma pessoa muito prestativa, já que tinha se prontificado a nos ajudar a cuidar das crianças. Gostava muito dela, tinha uma energia boa e cuidava com muito zelo de dona Maria Thereza.

Assim que chegamos tomei o cuidado de passar o protetor solar nas crianças, e depois me sentei na areia para brincar com elas. A alegria de Milli era tão grande que até seus olhos sem vida pareciam brilhar. Não demorou muito e Cella se juntou a nós, ajudando as crianças a fazer um castelo de areia. A todo instante nossos olhos se cruzavam e faziam promessas que não podiam ser ditas em voz alta.

De repente Marcella se levantou e perguntou quem queria ir para o mar, sem dizer mais nada tirou a saída de banho e eu fiquei estática olhando para ela. Seu maio era de um cinza azulado e deixava seu corpo esguio bem definido. Aquele calor que eu sentia desde que a conheci voltou a me incendiar imediatamente. Desviei o olhar rapidamente, pra tentar esconder o efeito que aquela visão havia me causado, mas quando olhei de novo para seu rosto o sorriso em seus lábios que me mostrou que não havia adiantado.

- Vamos Bi. Quero ir pra água. Estou ouvindo o som. Anda. – Milli me puxava.

- Tá bom calma. Nós já vamos. Você traz a Duda? – Indaguei ainda envergonhada.

Me levantei e já estava saindo da tenda quando uma voz atrás de mim falou:

- Bianca você não está esquecendo nada? Não se entra no mar de saída de praia, e para isso que usamos as roupas de banho. – Sua voz estava divertida e ao mesmo tempo provocante.

- Ah. Eu nem me lembrei que estava usando. – Pronto o momento que eu temia havia chegado.

Desajeitadamente eu desamarei a lateral da roupa e a tirei pela cabeça. Assim que terminei, involuntariamente levantei o rosto e dei de cara com o dela. Seus olhos me percorreram de cima a baixo sem pudor, era como se estivesse me despindo aos poucos, a excitação dela era visível. Quando chegou ao meu colo seus olhos se demoraram ainda mais, como se o estivesse apreciando, imediatamente o bico dos meus seios endureceram sem que eu pudesse fazer nada para que aquilo não acontecesse. Um sorriso sacana enfeitou a sua face um pouco antes dos seus olhos encontrarem meu rosto em chamas.

Rapidamente peguei o protetor e comecei a passar em meus braços tentando esconder a protuberância destacada no maiô pelos mamilos intumescidos. Não sei como aconteceu, pois estava concentrada no que fazia, mas de repente ela estava ao meu lado. E falou baixinho na minha orelha:

- Quer ajuda?

- Na na não. – Gaguejei.

- Mas precisa passar nas costas também, e sozinha não vai conseguir. Vire-se. Deixe-me fazer isso pra você – Aquela voz em ouvido fez os pelos dos meus braços se eriçarem.

- Marcella por favor não... – Tentei argumentar.

Mas ela simplesmente me ignorou, tirou o frasco das minhas mãos e colocando-se atrás de mim começou a espalhar o produto. A cada toque dela nas minhas costas eu sentia um misto de prazer e agonia. Estremecia incontidamente como se correntes elétricas me percorressem. Aquele tormento pareceu durar horas, já que ela movia as mãos bem devagar. Sabia que aquilo era proposital, mas não podia fazer nada. Não sei como consegui me manter em pé, as minhas pernas pareciam feitas de gelatina, minha mente estava obscurecida pelo desejo e minha boca ficou seca. Quando aquele martírio chegou ao fim, ela parou na minha frente estendeu o produto em minha direção e piscando daquele jeito que simplesmente me derretia disse:

- É sua vez de me ajudar. Pode passar em minhas costas por favor? – Pediu com um sorriso malvado.

Eu queria morrer. Estava rezando para que um buraco se abrisse sob os meus pés e me engolisse. Como faria aquilo? Minhas mãos tremiam tanto que quase deixei o frasco cair. Tomando folego, coloquei um pouco do protetor na palma tentando ganhar tempo e coragem. Assim que encostei a ponta dos dedos em suas costas o calor daquele corpo se espalhou por meus braços e aos poucos foi descendo me invadindo por inteiro, eu estava literalmente queimando e senti que meu sex* se inundou. Não sei como consegui terminar a tarefa que Cella havia me dado sem desmaiar. Rapidamente joguei o frasco no chão, agarrei o braço bom de Milli e corri em direção ao mar. Precisava desesperadamente apagar aquele fogo.

A menina estava tão excitada de alegria que nem percebeu minha urgência de sair dali. Saiu correndo junto comigo, rindo e pulando. Entrei na água até os joelhos e me abaixei para ver se a água fria conseguia levar para longe aquela sensação que me consumia. A garota ao meu lado estava se deliciando com as ondas sem nada notar. Lucia veio para água junto com Duda e Cella e juntas começamos a brincar com as crianças. Em determinado momento, Marcella perguntou se a enfermeira podia ficar um pouco com as meninas ali na beira do mar para que que pudéssemos dar um mergulho. E após a afirmativa dela pegou minha mão e me levou para uma parte mais funda. A água batia em meus ombros, o mar estava manso e tépido, ela enlaçou minha cintura e me beijou. A água acariciando nossos corpos colados, nos levando para um paraíso particular me fez esquecer que outras pessoas podiam nos ver. As mãos de Cella me apertando, enquanto seus lábios desciam pelo meu pescoço, me deixavam lânguida, ali, naquele momento, eu tive a certeza que estava perdida. Faria tudo o que ela quisesse, seria dela por completo sem restrições.

 - Você não tem ideia do que está causando em meu corpo. Se pudesse faria amor com você aqui e agora. – Murmurou na minha orelha.

Sua respiração estava pesada, como se estivesse fazendo um esforço tremendo para se conter. Mal sabia ela que se começasse eu não a deteria. Senti suas mãos subirem até encontrar meus seios onde começou a brincar com os bicos, um gemido escapou involuntariamente da minha boca.

- Estou enlouquecendo de tesão. Não sei mais quanto tempo aguento sem ter você. – Continuou enquanto mordia o lóbulo da minha orelha.

Minhas mãos apertaram seu corpo e eu falei baixinho:

- Eu sinto a mesma coisa. Nunca imaginei sentir uma coisa assim.

Ela então me beijou ainda mais apaixonadamente, e depois se afastou.

- Melhor voltarmos para a beira, pois não garanto minha lucidez se permanecer aqui com você mais cinco segundos. – Disse me olhando profundamente.

Voltamos para junto das crianças, meu coração aos pulos por conta daquela experiência. Depois de quase duas horas de folia na praia, fomos a um restaurante almoçar, não conseguia olhar para Cella com medo de que os outros percebessem quanto eu estava perturbada, mas sentia seus olhares sobre mim.

Roxanne que havia ido para a praia primeiro que todos, estava toda bronzeada e mantinha-se emburrada. As meninas estavam pingando de sono após tanta estripulia, e assim que chegamos no apartamento dei um banho nas duas e as coloquei para dormir. Zanne já havia se trocado e estava em frente ao note falando com suas amigas com certeza. A vó também tinha ido descansar e Lucia foi com ela.

Tomei um banho e coloquei um vestido solto. Todos os quartos tinham uma porta de correr que dava para a sacada que percorria toda a lateral do prédio. Por conta de Eduarda, com certeza, ela era toda fechada com vidro. Decidi ler um livro em uma das espreguiçadeiras que ficavam ali. Estava tão absorta na leitura que só notei a presença Cella quando ela colocou a mão no meu ombro.

-Que susto! – Falei colocando a mão no peito.

- O livro deve ser muito bom. Você estava entretida. – Respondeu sentando-se ao meu lado.

- É maravilhoso. Do Harlan Coben. Conhece?

- Sim. Já li alguns dele. E aí está gostando daqui? – Perguntou

- Amando. Esse lugar é maravilhoso, e o barulho das ondas acalma. – Disse encantada.

- E do que mais você está gostando? – Continuou a questionar

- Tenho que confessar que de mais algumas coisas. Marcella eu posso te fazer uma pergunta? – Estava envergonhada.

- Claro que sim. Eu te disse que responderia a tudo. – Falou olhando em meus olhos e segurando minha mão.

- Como foi a sua primeira vez? Você ficou nervosa? – Perguntei de um só fôlego.

Ela deu uma pequena risada e calmamente começou a contar.

- Foi há um bom tempo atrás. Sendo mais precisa há dezenove anos. Eu tinha dezesseis.

- Nossa! Você era uma criança. – Me espantei.

- Adolescente. E nessa fase começamos a descobrir nosso corpo.

- Então eu pulei essa etapa da minha vida. – Falei encabulada.

- Ei. Não é igual para todo mundo. Existem muitas pessoas que começam a vida sexual na fase adulta. Não fique assim. – Passou a mão no meu rosto.

- Ok. Mas me conte você teve medo? Como se sentiu? Foi fácil? – Precisava saber.

- Na verdade estava bem mais excitada que com medo, mas não vou mentir, senti um pouco de receio sim. A pessoa em questão era mais velha e experiente o que facilitou as coisas pra mim. – Tornou olhando em meus olhos.

-Mas velha quanto?

- Dez anos. Ela era filha de uma amiga da minha mãe. Assim que eu a vi fiquei louca por ela. Era uma mulher muito sensual, e sabia disso. Logo percebeu meus olhares e começou a me incentivar naquele jogo.

- Ninguém percebeu nada?

- Fomos bem discretas quanto a isso. Trocamos telefone depois do primeiro encontro, e passamos a nos falar diariamente. Em pouco tempo o clima já era outro e começamos a trans*r.

- Pelo telefone?

- Sim. Porque?

- Eu não consigo imaginar isso. Vocês não podiam se tocar, então...

- Bi o sex* começa aqui. – Disse apontando a cabeça. – Depois mesmo que outra pessoa não nos toque, nós mesmos podemos fazer isso.

- Eu nunca toquei meu corpo.

- Imaginei que não mesmo. Mas é uma coisa bem natural, assim conhecemos como gostamos de ser tocados, qual a intensidade e força. A masturbação é uma pratica comum, saudável e muito prazerosa diga-se de passagem.

- E como pularam para o próximo passo?

- Um belo dia a família foi viajar e Débora resolveu ficar. Quando eu saí do colégio ela estava na porta à minha espera. Fomos para a sua casa e acabou acontecendo.

- Simples assim? Sem nenhuma preparação nem nada?

- Foi sex* Bianca, apenas isso.

- E como você sabia o que tinha que fazer?

- Eu não sabia, apenas imaginava. Diferente de você eu fui uma adolescente curiosa. Procurava coisas, filmes, literatura, etc. E na hora deixei meu corpo e me desejo falarem. Ela também foi incrível, me mostrando do que gostava.

- E foi bom?

- Foi sim, mas acabou melhorando com o passar do tempo.

- Como assim? Vocês fizeram mais vezes?

- Fomos amantes por seis meses até que ela arrumou uma namorada.

- Sinto muito. Deve ter doído bastante.

- Não. Eu não a amava. Era só diversão.

- Marcella que coisa horrível de se dizer. Se ela pudesse ouvir isso ficaria muito chateada.

- Claro que não ficaria, era diversão pra ela também. Imagino que deve ser difícil pra você entender isso, mas nem sempre se faz amor. Na verdade, quase nunca. O sex* é a satisfação do corpo. O amor a satisfação da alma.

- Pra mim tudo é muito complicado.

Me levantei e caminhei até a vidraça que envolvia a sacada e fiquei observando o mar, as árvores. Coloquei as mãos na balaustrada. Estava completamente confusa com o que tinha escutado. Para mim o sex* só tinha sentido de ser como complemento do amor. E se eu não conseguisse? Percebi um movimento

Marcella se aproximou e colocou suas mãos sobre as minhas e seu corpo se colou às minhas costas. O ar ficou preso em meus pulmões, seus lábios depositaram um beijo suave entre a curva do meu pescoço e a clavícula. Meus olhos se fecharam e precisei me apoiar em seu corpo. O toque dela me incendiava.

- Cella eu estou apavorada. Tenho medo de não saber fazer, não conseguir te satisfazer. E se você não gostar por eu ser inexperiente?

Encostando bem a boca em meu ouvido ela sussurrou:

- Isso não vai acontecer. Eu prometo que terei paciência.

Então colocando as mãos na minha cintura, delicadamente me virou para que ficasse de frente pra ela. Sua boca cobriu a minha e mais uma vez o mundo se tornou aquele instante. Agarrei seus ombros e me deixei ser beijada. Quando o beijo terminou ela continuou:

- E quanto a eu não gostar isso seria impossível. Só de olhar pra você meu corpo dá sinal. Sabe como eu me senti lá na praia, enquanto te tocava?

- Não. – Respondi mal movendo os lábios.

- Se minha avó não estivesse ali, nem as crianças, teria te deitado na areia, e te amado desesperadamente. – Sua voz mudou ficando mais lenta.

Ela ia me beijar de novo, mas um barulho vindo do quarto de Roxanne me fez empurra-la gentilmente.

- Não Marcella. Qualquer um pode aparecer.

- Me deixa namorar você um pouquinho.

- Aqui não. É perigoso. E se Zanne sair do quarto? Ou Milli?

- Então vem comigo para o meu quarto, eu quero te beijar.

- Não. Então é melhor irmos para o meu. Se Duda acordar nós escutamos.

Ela pegou minha mão e me levou para dentro do aposento, fechou a porta de correr deixando o quarto na penumbra. Eu me encostei na parede pois minhas pernas estavam moles. Cella nem me moveu, apenas me enlaçou e começou a me torturar com pequenos beijos, que espalhava por meus lábios, sua língua passeando por eles, mas sem invadi-los. E já estava louca de desejo, só queria sentir o calor e o gosto daquela boca, então coloquei minhas mãos envolta do seu pescoço e com a minha língua busquei a sua, no mesmo instante o corpo de Marcella pressionou o meu com força, me imprensando, sua boca me devorando em um beijo ardente.

Os beijos foram ficando mais intensos e selvagens e com um movimento ela entreabriu minhas pernas com a sua, e começou a pressionar meu sex* com sua coxa. Nossas línguas, se enroscavam duelando, suas mãos desceram até meus quadris e ela me puxou ainda mais de encontro a sí, meu corpo involuntariamente começou a se mover de encontro a sua perna, que ela apertava contra mim. Sua boca escapou da minha, e passou a depositar beijos por minha mandíbula, e pescoço. Tudo parecia ter parado, só existíamos nós. Meu sex* lateja cada vez mais, alguma coisa parecia que ia explodir dentro de mim. Ouvia suspiros sem notar que era eu quem estava emitindo aquele som.

- Eu te quero tanto! – Ela murmurou em meu ouvido.

Então abaixou a alça do vestido, sua mão desceu de encontro ao meu seio, e delicadamente beliscou cume teso, depois passou a ponta do dedo delicadamente pelo mamilo antes de toma-lo inteiro na palma da mão e apertar suavemente. Àquela altura os suspiros já haviam se tornado gemidos que eu tentava conter apertando minha boca de encontro a seus ombros. Ondas percorriam meu corpo de cima a baixo, não conseguia entender aquilo tudo, e nem queria, apenas precisava continuar ali, presa a ela. Cella me beijava com paixão mordendo meus lábios com volúpia, e eu correspondia, já não sabia quem eu era, só que era dela. Senti que ela estava levantando minha saia, e sua mão procurou pela borda da minha calcinha, e passeou com o dedo por toda a sua lateral, antes de deixa-lo escorregar para dentro dela e sentir o quanto eu estava molhada. Um gemido que mais parecia um grunhido escapou de seus lábios, então sem que eu esperasse ela se afastou de mim. E encostou - se na parede ao meu lado. Sua respiração estava entrecortada, as mãos crispadas ao lado do corpo.

- Eu não posso fazer isso. Não aqui, nem desse jeito. – Falou com dificuldade mais para sí mesma do que para mim.

- Fiz alguma coisa errada? – Olhei para ela atordoada.

- Não. Eu que fiz. – Continuava de olhos fechados

- Como assim? - Questionei

- Eu só queria namorar você e acabei indo longe demais. – Ela virou-se e me olhou.

- Mas eu não me ...

Ela parou na minha frente, e suavemente tocou meu rosto.

- Não é assim que deve acontecer. É sua primeira vez. Eu te quero com todas as forças do meu ser, nunca em toda a minha vida senti isso por nenhuma outra mulher. Teria perdido a minha cabeça e te possuído se não tivesse parado. – A maneira com que me olhava demonstrava exatamente isso.

- E  teria sido ruim? – Ainda não conseguia raciocinar

- Sim, pois você merece mais que uma trans* rápida e brusca de encontro a uma parede. Eu quero te amar como você merece ser amada.

Ela tornou a me beijar, dessa vez com carinho e doçura.

- Bianca. Não sei mais quanto tempo vou suportar essa vontade de você. Sentiu medo?

- Não. O que eu senti foi uma vontade imensa de que isso não acabasse nunca mais.

Ela arrumou a alça do vestido cobrindo o meu seio que ainda estava exposto.

- Você é linda demais. Eu também não queria parar, poderia ficar horas te amando, descobrindo seus segredos. Sabe do que eu preciso agora?

- Não. O que?

- Um banho gelado. Se eu continuar aqui, nesse quarto com você, e tendo o seu cheiro em minhas mãos não vou me responsabilizar pelos meus atos.

- Marcella.

- Oi.

- É sempre assim?

- Não Bianca. É muito melhor do que isso. Eu te garanto.

Então me deu um último beijo e saiu. E eu fiquei pensando como algo poderia ser melhor do que tudo aquilo que eu havia sentindo.

Depois daquilo a tarde passou sem maiores contratempos. As crianças e dona Maria Thereza acordaram perto das cinco horas e Marcella que realmente tinha tomado um banho, assim como eu, propôs que fossemos passear. Roxanne não queria ir, mas depois do olhar que sua tia lhe lançou aceitou. Pegamos o carro e nos dirigimos até o centrinho como era chamado pelo pessoal dos condomínios. Ele consistia em um supermercado, e dois minis shoppings, além um Mc Donalds. Jogamos boliche, tomamos sorvete, olhamos vitrines e depois comemos uma pizza. Estávamos alegres, todos se divertindo, até Milli que mesmo sem poder participar ativamente de algumas coisas estava de deliciando. Na verdade, havia uma pessoa que não estava contente Zanne  parecia entediada, e seu mau humor continuava, as respostas eram ácidas e nada a satisfazia. Em um determinado momento o celular de Cella tocou, ela atendeu e percebi que não gostou da ligação que recebeu. Afastou-se um pouco do grupo e depois de algumas poucas palavras desligou.

- Quem era? – Perguntei curiosa.

- Amanda. – A resposta foi seca.

Gelei. Aquele nome me dava arrepios. Só de imaginar do que ela seria capaz quando descobrisse o que estava acontecendo os pelos da minha nuca eriçavam. Teria que ter muito cuidado com ela. Esse era um dos motivos para que eu quisesse manter minha relação em segredo. Lembrei-me daquele dia que ela me deu um safanão, e isso era por que só desconfiava, imagine quando tivesse a certeza. Eu sempre senti uma coisa ruim quando estava ao lado dela, e por isso tinha muito medo mesmo, pois sentia que as ameaças ela eram verdadeiras.

- O que ela queria? – Estava preocupada

- Saber se estava tudo bem. Na verdade, ficou puta da vida quando soube que não viria conosco. Quando viu que estávamos de saída para viajar se espantou. Não informei nenhum funcionário da casa sobre a viagem, só dispensei a babá pagando pelos dias que ela teria que trabalhar e eu cancelei. Estou cansada de algumas atitudes dela. Ela age como dona da casa, quer mandar em minha vida! – Ela estava realmente brava.

-  Acho que ela tem um sentimento diferente por você. Não te vê apenas como patroa. Vocês tiveram algum tipo de conversa que pudesse tê-la feito pensar algo desse tipo. - Questionei

- Não. A verdade é que eu cometi um erro, bem grande por sinal, em um momento de bebedeira, que você já sabe como é, e ela colocou na cabeça que me ama.

- Marcella não me diga que você levou a Amanda pra cama?- Perguntei horrorizada

 - Calma Bianca. A minha loucura não chegou a tanto. Eu estava bêbada, não drogada. Eu sei o que faço não me esqueço de nada. Mas ela me pegou em um momento carente, me abraçou, me beijou e eu deixei, só que quando percebi onde queria chegar eu me afastei. – Ela me explicou.

- Entendo. Então ela se apaixonou por seu beijo. – Concluí.

- Ninguém se apaixona por conta de um beijo. Ela é maluca isso sim. – Replicou sem paciência.

- Como não? Eu me apaixonei. – Fiz gracinha.

- Só pelo meu beijo? Poxa vida, agora fiquei triste. Estava achando que tinha outras qualidades. – Brincou.

- Me recuso a responder essa pergunta. Você pode ficar muito convencida. – Continuei.

- Eu posso conseguir um meio de te fazer falar. E costumo ser muito persuasiva quando quero algo. – Piscou.

- Eu sei muito bem disso viu dona Marcella. – Respondi.

Ela riu e eu acabei rindo com ela. Estava nas nuvens. Era tão bom aquilo que eu sentia.

Quando retornamos ao apartamento, assistimos a um filme, jogamos um pouco o de dominó, já que Milli conseguia brincar com aquilo, e depois fui colocar as crianças para dormir. Eram quase dez horas da noite quando conseguir ir pegar minhas coisas para tomar banho. Fiquei um bom tempo no chuveiro, lavei meus cabelos, esfoliei a pele com um sabonete que comprei e por fim passei um creme. Fui para o meu quarto e comecei a me arrumar. No fim olhei para o espelho e sinceramente não reconheci aquela mulher. Estava muito diferente, pois nunca havia usado nada parecido. Os movimentos da residência foram cessando aos poucos até que só sobrou o sussurro suave do mar. Verifiquei se Eduarda estava dormindo, respirei fundo uma três vezes e então resoluta eu sai para a varanda e fui em direção ao quarto de Marcella, a porta de correr estava aberta, parei ali  na soleira e esperei que ela se voltasse em minha direção. Cella estava terminando de secar o cabelo e quando me viu seus olhos escureceram imediatamente e a expressão do seu rosto se alterou, ficando entre surpresa e deliciada. Largou o secador na cômoda e veio em minha direção sem tirar os olhos de mim. Seu olhar me percorreu de cima abaixo como se não acreditasse no que estava vendo. Tinha escolhido uma camisola de seda, com o corpete em renda, e duas fendas laterais enormes nas pernas, uma pequena calcinha de renda completava o conjunto que era branco.

- Bianca! Você está... eu... Meu Deus. Linda demais. Você fez tudo isso para mim? – Perguntou tocando a alça macia.

- Sim. Gostou? – Questionei sem graça mordendo os lábios.                                      

-Eu vou te mostrar o quanto. – Disse me envolvendo pela cintura.

Seu beijo veio suave, numa procura da minha boca de maneira calma e delicada, depois beijou meu pescoço e foi dando a volta até ficar às minhas costas, colocou meu cabelo de lado e começou a beijar minha nuca, descendo os lábios pelas minhas costas, pra voltar e morder de leve na junção do pescoço e ombros. Seu braço me enlaçava prendendo meu corpo de encontro ao seu e foi apenas por esse motivo que eu me mantinha em pé, pois as pernas pareciam uma geleia. Sua mão livre subiu para os meus seios e começou a massagear, apertando levemente, eu estava absolutamente entregue.

- Você é uma tentação Bianca, e eu quero me perder nela. – Sussurrou em meu ouvido.

E sem dizer mais nada caminhou uns passos e me  depositou suavemente em sua cama. Deitando-se ao meu lado.

Seus olhos se fixaram nos meus, e pude ler tudo o que ela estava sentindo. Ela começou a tocar meus cabelos e depois meu rosto como se quisesse decorar cada traço. Quando por fim me beijou, foi com ternura. Sua língua me acariciava, se enroscando na minha, depois mordia devagar, e voltava a enroscar. Meu coração pulsava descompassado.

Senti suas mãos passeando pelo meu corpo afetuosamente para depois começar a abaixar as alças da camisola, enquanto fazia isso ia espalhando beijos pelas partes descobertas. Eu mergulhei em um mar de sensações, que me envolviam como uma névoa. Sua boca e língua já traçavam trilhas de fogo pelo meu colo, até que encontraram meus seios. Meu corpo se arqueou de forma involuntária, e quando ela começou a sorver deixando os mamilos presos em sua boca enquanto passava a língua pelo bico os gemidos escaparam pela minha garganta e minhas mãos prenderam sua cabeça de encontro a eles. Foi indescritível. Nada na vida poderia ter me preparado para aquilo. Depois de brincar por muito tempo com os bicos intumescidos, ora lambendo, ora dando pequenas mordidas, ela continuou o seu caminho de torturas. Sua língua desceu pelo meu ventre e afundou em meu umbigo e foi nesse momento que ela me tocou por cima da calcinha e achou aquele ponto desconhecido por mim, e o que era umidade se transformou em um rio. Sua mão passeou por ali, friccionando, apertando, e quando meus gemidos ficaram mais altos, ela deixou os dedos entrarem pala lateral da pequena peça e tocarem meu clit*ris diretamente, começou a fazer movimentos circulares, que foram se tornando mais urgentes e rápidos a medida que meu corpo respondia a seus toques, movendo-se de encontro a seus dedos, então quando sentiu que eu estava prestes a goz*r deu um pequeno beliscão naquele ponto inchado. Meu corpo estremeceu absurdamente, e um rio de lavas inundou meu ventre espalhando chamas por mim. Eu tive um orgasmo, sem nem saber como aquilo tinha acontecido.

Marcella retirou sua mão de dentro da calcinha e olhando bem para mim, colocou os dedos na boca, lambendo. Aquele gesto me deixou ainda mais excitada. Então foi para a ponta da cama e pegando meu pé começou a beija-lo, e foi subindo por minhas pernas, beijando e dando pequenas mordidas por onde passava, até chegar a minhas coxas, ai se colocou entre elas e começou a beijar e lamber. Ia até bem perto da virilha e voltava, pra baixo. Eu estava louca de tesão, já dizia palavras desconexas, gemidos entrecortados escapavam sem controle por minha boca completamente ressequida, quando eu achei que não aguentaria mais aquelas caricias, ela colocou a boca sobre o meu sex* ainda com a calcinha, o calor da sua boca ali, me fez derreter, minhas mãos crisparam-se agarrando o lençol, e só então ela tirou a peça que cobria aquele pedaço do meu corpo. E  pela primeira vez na vida eu conheci o paraíso.

Sua boca percorreu toda a extensão do meu sex*, lambendo cada dobra, sugando todo o mel derramado anteriormente, e quando sua língua entrou em mim, eu arfei e meu corpo se contorceu de desejo, Cella começou um movimento suave de vai e vem, e cada vez que ela se movia para dentro e para fora sentia meu sangue ficar incandescente, espalhando brasas por mim. Suas mãos apertavam minha bunda me puxando ainda mais de encontro aquela boca e eu me mexia como louca. De repente ela saiu de dentro de mim, e subiu mais um pouco engolindo o meu clit*ris, e sugando, mamando, lambendo. Aquele ponto inchou tanto que parecia que eu ia estourar em sua boca, ela ch*pava com volupia e passava a língua em torno dele tudo ao mesmo tempo, então o tirava da boca e dava uma pequena mordidinha, pra voltar a sugar, colocando e tirando da boca em um ritmo cada vez mais forte e rápido. Eu gemia e pedia, queria mais, minhas mãos que estavam agarradas ao lençol voaram para a sua cabeça e em desespero puxei seus cabelos enquanto gritava em deleite, mas mesmo depois disso, ela não parou, quanto mais eu me desmanchava mais ela ch*pava, e os espasmos massacravam meu corpo um atrás do outro, a sensação que eu tinha é que ia morrer, mas depois ressuscitava, e a onda vinha de novo.  Senti que a cama embaixo de mim estava ensopada, eu já não gritava, pois não tinha mais voz. Até que não aguentando mais, implorei para que parasse com lágrimas rolando em meu rosto.

Ela deitou sobre mim e me beijou com lascívia, seus lábios estavam inchados e seu queixo melado, minha boca se encheu com meu próprio gosto. Quando ela descolou sua boca da minha e eu consegui voltar a respirar falei com a voz ainda rouca:

- Meu Deus o que você fez comigo? Eu achei que ia me matar. Você não parava nunca. – Mal conseguia murmurar

- Foram orgasmos múltiplos, só isso. E quanto a matar você só se for assim, de desejo.

- E quanto a você? Teve orgasmos? - Perguntei

- Ainda não. Eu quero goz*r em você, enquanto beijo a sua boca. – Respondeu no pé do meu ouvido.

Dizendo isso ela terminou de tirar a minha camisola que estava enrolada aos meus quadris, e tirou seu pijama, se posicionou entre as minhas pernas, separou os lábios do meu sex* e delicadamente encaixou o seu nele. Senti seu nervo duro de encontro a mim, e notei o quanto estava encharcada, então começou a se mover, roçando e friccionando nossos clit*ris um de encontro ao outro, com uma das mãos ela mantinha uma das minhas pernas presas em suas costas,  nossos seios resvalam um no outro, os bicos proeminentes raspando e causando uma sensação incrível, ela me beijava , as vezes mordendo, as vezes sorvendo meus lábios, depois os dentes rilhavam pela minha mandíbula e mordiscavam meu pescoço, então sussurrou em meu ouvido:

- Rebola pra mim Bianca.

E eu obedeci, seus gemidos baixos se misturaram aos meus, minhas mãos pressionavam seus quadris, arranhavam suas costas, apertavam sua nuca. Seu suor se misturou ao meu, e nossos corpos deslizavam. Eu ia explodir a qualquer momento e senti que ela também, então ela levantou o rosto e ordenou:

- Goz* comigo,agora. Veja o poder que tem sobre mim, o que faz comigo.

Eu mal conseguia levantar minhas pálpebras, mas me esforcei e olhei pra ela. Seu semblante sob a luz da lua que entrava no quarto era lindo demais então seus olhos escureceram, seu rosto se crispou, o corpo estremeceu e em um último suspiro antes do êxtase ela disse:

- Eu te amo Bianca! Te amo.

Seu corpo se soltou sobre o meu, eu ainda sentia espasmos me percorrem, e nossos corações batendo aceleradamente. Então aquilo era fazer amor. Era lindo e mágico. Acariciei seus cabelos, ela levantou o rosto que estava apoiado em meu ombro e me beijou. Eu não queria sair daquela cama nunca mais.

- Eu te amo tanto Marcella. Nunca me deixe.

- Jamais. Você é a mulher da minha vida.

Saiu de cima de mim e me abarcou bem forte, beijando meus cabelos.

- Eu serei sempre tua Bianca.

- Eu também.

 

E a lua, o mar e a brisa da noite nos fizeram companhia naquele momento tão especial onde descobri como o amor se faz. 

Fim do capítulo