Capítulo 4
Naquela manhã, quando acordei na cama de Mariana, me dei conta do que tinha feito, havia dormido com a minha patroa, a mãe da Alice. E o pior: eu a desejava, só então me dei conta disso. Ela foi maravilhosa durante toda a noite, arrisco dizer que foi carinhosa, se eu a desejava, tinha certeza: havia reciprocidade. Explorei cada canto daquele quarto com ela, me enrosquei nela o quanto pude, naquele momento eu queria me fundir nela de uma maneira que não consigo medir. Senti sua respiração se confundir com a minha, e fiquei analisando suas expressões faciais, tudo nela era perfeito, o tom de loiro do seu cabelo, a pele ainda clara, mesmo que tivesse um bronze adquirido no verão, as unhas perfeitas, sobrancelha alinhada perfeitamente, cílios no lugar certo, e os lábios.. convidativos sempre. Eu tinha marcas dela no meu corpo, e só então acordei para a realidade. Eu não a queria para mim, jamais, nossos mundos totalmente diferentes em dado momento iriam se chocar de forma abrupta. Levantei rapidamente e, troquei os lençóis da cama, sabia que ela era muito exigente com organização, e deixei tudo perfeito, não queria dar trabalho e fazendo isso saberia que pouparia ela de lembrar da noite que teve, noite esta que provavelmente ela esqueceria, já eu, saberia que iria marcar como um caco de vidro adentrando meu corpo. E foi isso que aconteceu antes dela sair para o trabalho, ignorou.
Já estávamos em julho, e hoje particularmente estava um frio de congelar. Santa Catarina é assim, os verões são intensos, bem como os invernos. Eu e Mariana nunca tocamos no assunto do acontecido, eu prefiro assim. Fazia três dias que ela não aparecia em casa, pois estava numa investigação muito importante e participaria da operação de invasão, soube por ela dias antes, que estava nervosa e espectante. Passei a praticamente morar lá, já que ultimamente ela tinha trabalhos muito intensos e observei que ela era muito boa no que fazia, seja como delegada, ou como mãe. Vi seu olhar de aflição e saudade antecipada ao se despedir da Alice, desta última vez, foi diferente, e me deu um nó na gargante de imaginar qualquer coisa. Ela me abraçou e ficamos largos minutos fundidas num abraço a três e então ela foi, linda como uma rainha.
Meus dias com Alice eram recheados de aventuras, mas hoje, nesta sexta feira, ela estava amuada, saudade da mãe, entediada de ficar em casa, dos brinquedos, de tudo.. Decidi levar ela passear na casa dos meus pais, eu precisava pegar algumas roupas, e estava com saudade deles. Liguei pro meu pai nos buscar, já que fui recomendada não usar nenhum tipo de transporte público com ela, por medida de segurança. Ajudei Alice se vestir, ela queria estar bonita, palavras dela, pra conhecê-los. Coloquei uma bota de pelinhos branca nela, um legging peludinho preto, a blusa do pijama, um suéter de lã e um casaco branco de lã batida, que ia até os joelhos. Ela tinha roupas lindas, dignas de uma princesa. O dia foi rentável, ela brincou com o Bob, um schih tzu da família, comeu canjica e minha mãe fez pães caseiros para ela comer com geleia. Ela brincou com meu pai e conversou por horas com minha mãe, parecia uma adulta, linda. No final da tarde, quase anoitecendo, pedi para que meu pai nos levasse, e ela fez minha mãe prometer que iria na sua casa passar uma tarde com ela, uma graça. Quando chegamos, vi que ela estava quase cochilando, e peguei ela no colo para subir pelo elevador, foi quando ouvi ela falar baixinho:
-Lê… Você é a minha mãezinha, vai me cuidar sempre né?_Meu coração apertou, senti meus olhos úmidos.
-Ali, você já tem uma mamãe meu amor, mas sim, eu vou cuidar sempre de você, até que você seja uma moça grande e bonita. _Acariciei seus cabelos e a apertei em mim.
-Não Lê, você não entendeu, eu tenho uma mãe, uma mãezona, mas você é a 2ª, por isso a mãezinha, entendeu?_Eu ri, não pude deixar de ficar admirada com esta observação de uma criança de quatro anos. Linda minha Picorruxa.
Entramos em casa e coloquei um DVD da Tinker Bel pra Alice assistir no quarto dela, ela estava cansada, essas pequenas aventuras a deixam eufórica. Fui para a cozinha aquecer um leite com achocolatado para ela, e enquanto preparava me assustei ao sentir um beijo estalado na bochecha e um abraço carinhoso por trás, me virei e Mariana estava ali, com pijamas e pantufas, e a maior cara de cansaço do mundo.
-Mariana, que susto! Tudo bem?_Ela pegou a xícara de leite da minha mão e tomou, bem a cara dela essas coisas..
-Oi Lelê, tudo ótimo e contigo? Como passaram o dia? A propósito, minha filha tá dormindo um sono lindo, acho que o leite… _Sorriu travessa, e tomou mais um gole. Deus, que saudade dos seus lanches, achei que ia morrer de saudade..
-Achou que ia morrer de saudade dos meus sanduíches? Sua sem vergonha!_Dei uma risada e fiz cara de má para ela, me surpreendi quando ela me abraçou de novo, se encostando em mim.
-De vocês também, de vocês também… Ela falou perto do meu ouvido e deu um beijo ali, me fazendo arrepiar.
O final da tarde e inicio da noite passou voando, Mariana inventou de fazer uma super cama no chão da sala, não sei por que se ela tem uma de verdade no quarto, e ficamos horas conversando, ela quis saber de tudo que fizemos em casa e na casa dos meus pais, falou que gostaria de conhecê-los. Depois me contou como foi a operação, não contou detalhes, percebi que algo não tinha ido bem, já que ela tinha um semblante triste e falou pouco, o que não era comum para Mariana.
O frio intensificou e, ela pegou mais cobertores e ligou a lareira na nossa frente, desligou a TV e as luzes e deitamos, ela se enroscou em mim e aproximou o nariz do meu pescoço, se aconchegando em mim.
-Lê, estarei de folga alguns dias, então, você sabe, se quiser tirar uns dias para você.._Ela falou baixinho e eu virei para olhar pra ela, nossos olhares se encontraram. Ela acariciava meu braço lentamente.
-Hum, que interessante.. _Na verdade fui pega desprevenida, e não sabia o que falar, nem o que eu senti ou pensei com isto.
-É, uma mulher linda como você não faz bem viver trancada num apartamento a vida inteira.._ Olhei pra ela e ri.
-Não fico trancada, e se quer saber, as vezes esqueço que estou trabalhando, eu gosto daqui, gosto ainda mais da Ali.
-Hum.. Quer passar esse final de semana conosco? Fiz uma reserva num Hotel Fazenda em Lages, para fugir um pouco dessa loucura, quero sossego.. Alias, a reserva é par três pessoas! _Ela riu, descarada pensei, e ri.
-Seria um prazer, madame. _Senti minha face beijada com fervor e ela me apertando, tentando me esmagar, quase matar, na verdade. Coisas de Mariana…
Fim do capítulo
Oi pessoal,
a história está seguindo os planos que eu tinha feito, mas percebi que tem muito mais detalhes que qualuer outra coisa, e que sem eles, não dá certo, rsrs. Tem muita coisa para acontecer ainda, e espero que vocÊs gostem.
Comentem o que estão achando, gosto de saber para ampliar minha visão sobre as personagens, rs.
Beijos,
Sara S
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priscilapiteptk
Em: 27/01/2016
Maravilhosa sua história estou adorando!!! Ja está entre minhas preferidas!!! Meus Parabéns!!!
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