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Amor acima de tudo por Little dream

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Palavras: 9613
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Capítulo 11 - Giulia -

- Giulia –

 

 Eu não sabia dizer se era a minha ansiedade, ou naquele dia, naquele dia particularmente o mundo resolveu girar em câmera lenta. Nada estava cooperando, Vick era obrigada a parar o carro quase de minuto em minuto porque os semáforos fechavam quando nos aproximávamos. Os carros a nossa frente quase nem andavam, e isso porque havíamos saído de casa bem antes do horário rotineiro. E pra completar, Vick dirigia tranquilamente, os carros, os semáforos, os motociclistas inconseqüentes, as buzinas, nada parecia lhe incomodar. Aquilo estava parecendo um complô!

 

 -- Será que não tem um caminho que nos faça chegar mais rápido não Vick? – perguntei em tom quase desesperado. 

 

-- Giulia não precisamos ter pressa, não vamos nos atrasar. Vai ter tempo de sobra pra chegarmos lá, dar uma olhada no seu carro e eu ir pro trabalho.

 

 -- Mas será que não da pra ir com um pouquinho mais de pressa?

 

 -- Porque tanta pressa?

 

 -- Por nada. Só queria saber o que houve com o meu carro. – desconversei.

 

 -- É só isso mesmo? – ela perguntou me olhando desconfiada.

 

 -- É sim Vick.

 

 -- Eu te conheço, sei que tem algo a mais por ai. Mas não vou insistir pra que me conte, sei que na hora certa você vai me contar.

 

 Sorri em agradecimento e não disse mais nada.

 

 -- Gih aquela sua amiga, a Alice, ela é uma pessoa bem bacana.

 

 -- A Alice? Como você a conhece?

 

 Surpreende-me quando ela pronunciou aquele nome, elas não se conheciam. A ideia das duas juntas me veio de novo a cabeça de modo instantâneo.

 

 -- Ontem no meio do desespero eu acabei ligando pra ela pra saber se ela tinha alguma idéia do seu paradeiro. E assim como eu, ela também ficou preocupada, pediu pra que eu avisasse assim que eu a encontrasse ou mandasse notícias.

 

 -- Não precisava ter ligado pra ela Vick. Mas enfim, ela é mesmo uma pessoa bacana, eu gosto dela, gosto mesmo. Ela se parece um pouquinho com você Vick. – soltei pra ver o interesse dela.

 

 -- Comigo? Como assim? – perguntou virando-se um pouco em minha direção.

 

 -- Ah, ela tem o mesmo jeito divertido, o sorriso fácil, ta sempre sorrindo, é capaz de fazer brincadeiras até de tragédias. Ela tem o mesmo lado criança que você tem.

 

 -- Você e essa sua mania de dizer que eu sou criança! – disse emburrada.

 

 -- Mas você é Vick, e eu amo isso! – disse sorrindo e ela sorriu de lado.

 

 -- Eu liguei ontem pra ela depois que você chegou. Nós conversamos um pouquinho. Também gostei dela.

 

 -- E o que vocês conversaram?

 

 -- Ah! Nada demais.

 

 

“Nada demais é?” Eu tinha que juntar essas duas e ver no que daria. O primeiro contato já foi, agora elas só precisavam de um empurrãozinho.

 

 -- Podíamos marcar de sair as três um dia desses, o que você acha? 

 

-- Claro! É só marcar. Ela até comentou sobre isso, de marcarmos de sair qualquer dia desses. 

 

“Melhor do que eu imaginava!” 

 

-- Pois então irei marcar. E não vale furar com a gente ta? 

 

-- Sim senhora! Pode deixar que eu lhes darei a honra de minha presença.

 -- Convencida! 

 

Aproveitei que Vick havia tocado no nome de Alice sem que eu esperasse, e me agarrei aquele assunto para me distrair. E seria ótimo, aproveitaria o assunto pra instigar uma curiosidade em Vick para conhecer a mulher da que eu estava falando. Fomos o resto do trajeto falando sobre ela. Comentei que ela me chamava de “maluquinha” graças ao primeiro dia que ela me viu parada, em frente a porta da sua sala por longos minutos. Encarando uma porta!

 

 Quando dei por mim já estávamos a uma quadra da agência. Só ai deixei a ansiedade e o nervosismo tomar conta de mim. Mil coisas se passavam em minha cabeça, mas não conseguia chegar a uma conclusão. Não sabia o que esperar daquela conversa. Em meu íntimo eu desejava que fossem coisas boas. Em minha cabeça fértil Marina havia me chamado até a sua sala aquela hora da manhã para que eu me jogasse novamente em seus braços e aproveitasse de lábios tão gostosos. Ela havia me chamado porque naquele momento ela me queria da mesma maneira que eu a queria. Necessitava de mais beijos como aqueles que trocamos em sua sala na noite anterior. Precisava daquela sensação novamente. 

 

-- Posso estacionar aqui? – Vick tirou-me de meus devaneios. 

 

-- Pode entrar, tem uma vaga livre ao lado do meu carro. E acho que ninguém se importara com vaga a essa hora da manhã. 

 

Vick entrou e logo fez uma careta.

 

-- E você ai querendo chegar cedo, não tem ninguém aqui. – Vick disse ao entrar no estacionamento subterrâneo da JUMP.

 

 Realmente não tinha chegado quase ninguém, mas quem me interessava já estava ali. O carro de Marina já estava em sua vaga, e ao olha-lo  meu coração sobressaltou-se em meu peito. Assisti de fora toda uma cena, os beijos de Marina, o modo como ela me tratava, a sua gentileza, seus toques. Um arrepio espontâneo percorreu meu corpo. 

 

-- Vamos ver o que esse carango aqui tem! – disse Vick já descendo de seu carro. 

 

--Ei! Mais respeito com o meu carro! 

 

“Tomara que seja algo fácil de resolver, e que não demore muito!” – eu pensava. 

 

Vick foi até o meu carro, desligou o alarme, entrou e tentou ligar o carro.

 

 -- E ai, ele ainda tem jeito? – perguntei me aproximando dela. – ela saiu do carro sorrindo. 

 

-- Tem sim. Foi só a bateria que descarregou. – disse indo até o cape. 

 

-- E agora? 

 

-- Abri lá o capô do meu carro e pega no porta malas uma caixa azul. 

 

Fiz como ela pediu, fui até o seu carro, abri o capô e peguei a tal caixa – pesadíssima - e a entreguei. Fiquei apenas assistindo o jeito e o conhecimento que Vick tinha com carros. Uma verdadeira “mecânica”! Ela retirou de dentro da caixa uns cabos com uma espécie de pregador nas pontas. Conectou uma ponta na bateria de seu carro e a outra no meu carro. Nossa eu era uma leiga, perfeita ignorante quando o assunto era carros, ela bem que tentou me passar o “conhecimento básico” de um carro mas eu nunca dei muita importância. 

 

-- Só estou carregando a sua bateria com a minha ta? E isso aqui são cabos elétricos. – explicou diante da minha cara de quem não estava entendendo nada -  Vai levar algum tempinho, você vai aguardar? 

 

-- Aguardo. Vou esperar aqui com você. 

 

Encostei-me em seu carro e cruzei os braços aguardando os minutos passarem. Foram longos minutos. Eu estava impaciente, batia o pé no chão cada vez mais rápido. 

 

-- Você vai acabar furando o chão. – Vick disse sorrindo. 

 

-- Ai Vick! – disse fechando a cara. 

 

-- Quanto mau humor! 

 

Ela retirou os cabos, guardou tudo em seu carro em uma calma terrivelmente irritante. Não dava pra ser mais depressa? Voltou ao meu carro, e deu partida no carro. Deu sinal de “vida”!  

 

-- Prontinho! Seu carro está novo em folha. Quer dizer, quase isso. – ela disse gargalhando. 

 

-- Sua chata para de implicar com o meu carro.

 

 -- Desculpa. – disse tentando segurar o riso. 

 

-- Tudo bem. Obrigada pela carona Vick, e por ter me ajudado com o carro.

 

 -- Não foi nada pequena. Você sabe que você é a única mulher pela qual eu faço de tudo na vida, até virar mecânica por um dia.

 

 -- Boba!

 

 -- Bom, agora vou indo lá senão pego trânsito e chego atrasada. E ai já viu, meu chefe come o meu fígado.

 

 -- Ta certo. Dirigi com cuidado. – beijei sua bochecha. – Tchau.

 

 -- Tchau pequena.

 

 Quase corri para o elevador. Vick ainda ficou no estacionamento. Ainda consegui vê-la atender o celular antes de as portas do elevador fecharem-se. Agora sim meu coração tinha ficado louco. Faltavam poucos passos, a distância era mínima, faltava muito pouco para “A Conversa”. Eu precisava me acalmar ou meu coração me trairia. Esse seria o momento menos oportuno para se ter uma taquicardia. Pensamento bobo! Com saúde nunca se brinca.

 

 As portas do elevador abriram-se e fechei a boca instintivamente para que meu coração não saísse por ela. Podia senti-lo batendo em minha garganta. Parei por uns segundos, inspirei profundamente e soltei o ar devagar. “Calma Giulia, calma!”. Fui até a sala de Marina a pequenos passos, receosos. Poderia acontecer tudo e poderia acontecer nada dentro daquela sala. Ela poderia dizer que foi tudo um erro, que não iria mais acontecer, e me pedir desculpas da mesma maneira que me pediu na noite anterior.

 

Parei a frente de sua sala e mais uma vez inspirei profundamente soltando o ar devagar. Parei com a mão a alguns centímetros da porta, incerta. Bati na porta e congelei no lugar esperando a sua autorização para entrar. O que logo veio.

 

 -- Pode entrar!

 

 Tentei sorrir e entrei em sua sala quase cambaleante. Fechei a porta atrás de mim e voltei-me em sua direção.

 

 -- Bom dia Marina!

 

 -- Bom dia Giulia! Me acompanha no café da manhã? – perguntou-me sorrindo.

 

 Só ai me dei conta de que a mesa que ficava em sua sala estava repleta de bolos, pães, sucos, café, tudo para um perfeito café da manhã. Se soubesse teria saído de casa sem comer, mesmo satisfeita eu não queria negar o seu convite.

 

 -- É...Claro! – não podia me negar a isso.

 

 Ela pegou minha bolsa e colocou na cadeira a frente de sua mesa de trabalho. Aquela mulher era perfeita demais. Onde hoje em dia encontra-se alguém que ainda puxa a cadeira pra você sentar ou abre a porta pra você? Ela era gentil demais, educada demais, cheirosa demais, linda demais, sexy demais...enfim.

 

 -- Obrigada.

 

 -- Por nada. - sorrindo ela sentou-se a minha frente – Eu sei que deve ser meio estranho, tanto o e-mail de que lhe mandei ontem, quer dizer...que você leu hoje, como esse café da manhã dentro da minha sala. Mas eu quero e vou te explicar tudo, só que antes queria aproveitar tudo isso aqui com você. Tudo bem?

 

 “Claaaaaaaaaaaaro que sim!” – pensei.

 

 -- Sim! Vou ficar ansiosa mas posso esperar. – incrivelmente eu estava me sentindo mais solta e mais leve na companhia dela.

 

 O café estava divino, e não poderia ser diferente. Não era todo dia que se tomava café com a espetacular Marina Amorim, e muito menos depois de beijar a boca dela no dia anterior. Estava me sentindo no céu. Por alguns momentos fiquei sem jeito, completamente envergonhada ao notar que ela me observava embevecida. Queria ir direto ao ponto.

 

 -- Obrigada pelo café. Estava maravilhoso.

-- Não foi nada. Obriga você pela companhia, tornou o café melhor ainda. – inevitável não ficar envergonhada com o comentário.

 

-- Estou lhe matando de ansiedade não é mesmo. – Ela tinha mesmo que sorrir maravilhosamente assim?

 

-- Confesso que sim!

 

-- Tudo bem. Podemos ir até o sofá? – convidou-me

 

-- Claro.

 

Fomos até um enorme sofá. Sentei em uma ponta e a vi sentar do outro lado, também na ponta. Ela me olhou nos olhos e aquilo me fez arrepiar. Suspirou e começou a falar.

 

-- Não queria que você tivesse uma impressão errônea de mim Giulia. Fiz isso pra te pedir desculpas.

 

Como previ! Ela se arrependeu, iria me pedir desculpas novamente e dizer que aquilo não aconteceria novamente. Porém, eu não me arrependi, repetiria e faria tudo aquilo de novo, sem mudar nada. Eu queria mais. Não iria permitir que ela pedisse desculpas, isso me incomodaria ainda mais. Eu já sabia onde

era o meu lugar! Ela era a chefe e eu apenas uma funcionária.

 

-- Marina... – tentei interrompê-la. Meu coração batia acelerado.

 

-- Não é o que está pensando, me deixa continuar – a olhei pedindo desculpas e permitindo que ela continuasse. - Quero te pedir desculpas pelo modo como agi com você. Não por ter lhe beijado, mas da maneira como o beijo aconteceu. Acho que atropelei as coisas. Ter te beijado não foi um erro e nem precipitado. Mas eu me deixei levar pelo momento, fui um tanto quanto fugaz. O que eu quero te dizer é que eu quero, quero muito te conhecer, dividir momentos com você por que eu não sei mais o que fazer com esse sentimento que tá surgindo aqui dentro – apontei para meu peito – não quero te assustar, mas eu acho que estou me apaixonando por você. Pode ser que ache isso uma tremenda loucura e diga até que isso é impossível, eu também pensei o mesmo, achei que fosse impossível. Mas não é! - baixou a cabeça - É verdadeiro, estou me apaixonando e...

 

Quando ela começou a falar tudo isso eu senti uma emoção enorme tomar conta de mim. Era incrível e indescritível o que eu estava sentindo ali diante dela e das suas palavras. Parecia que eu tinha ganho algum prêmio muito importante, era uma emoção tão grande que eu não estava conseguindo nem segurar. Ela falava tudo o que eu queria ouvir, tudo que no meu íntimo eu desejei ouvir de sua boca. Aquilo era demais pra mim. Como eu, uma recém chegada na agência estava ouvindo tudo aquilo de Marina Amorim, antes tão inalcançável e agora tão disponível ali na minha frente?

 

Ela começou a falar e eu já não ouvia mais nada depois que ela disse que queria me conhecer, e que não se arrependia do beijo, pelo contrário. Não a deixei terminar, ouvir até onde eu ouvi já me bastava. No momento que ela baixou a cabeça me aproveitei disso, dessa distração e venci a distância entre nós a calando com um beijo. Eu não precisava de mais nada, apenas senti-la ali, sentir os seus lábios.

 

-- Não fala mais nada agora. – eu a pedi sussurrando e logo a beijei de novo.

 

Eu estava no paraíso. Nunca imaginei que isso um dia poderia acontecer, e de repente lá estava eu, Giulia Monteiro, beijando Marina Amorim após um café da manhã maravilhoso e uma singela declaração dela. Era algo surreal, mas que eu não fazia questão nenhuma de que acabasse. É claro que eu também queria conhecê-la, queria sair com ela, assistir um filme juntas, ir ao cinema ou simplesmente não fazer nada. Como ela disse foi rápido, mas era verdadeiro, era latente, e eu também já não me controlava perto dela. Não sabia definir ainda o que eu sentia, mas tinha certeza de que eu queria viver aquelas sensações.

 

–- Mas eu preciso. - sussurrou em meus lábios – Preciso saber se algo nos impede.

 

“Como assim algo nos impede? Nada nos impede, eu sou livre, totalmente livre pra você Marina!”

 

–- Nada nos impede Marina. - disse olhando em seus olhos para que ela visse verdade no que eu dizia.

 

–- Mas a Vick, ela...

 

Já podia imaginar o que ela iria dizer. Assim como muitas outras pessoas ela deve ter achado que eu ela namorávamos. Eu não prestava muita atenção nisso e nem me policiava para corrigir os pensamentos errôneos e nem evitar falar dessa maneira, mas eu tinha consciência de que as vezes eu coloca muito sentimento ao falar de Victória. Só que os sentimentos se confundia, pessoas enxergavam nas palavras de carinho, admiração e amor, uma paixão, um amor além do fraternal. Vick era apenas a minha família, era uma irmã pra mim que eu amava de todo o coração, apenas isso. Marina provavelmente também entendeu dessa maneira, como um amor que não tinha nada de puro e inocente. Sorri ao imaginar que ela talvez sentisse ciúmes de mim. Será?

 

–- Vick é apenas uma amiga, quase uma irmã que divide apartamento comigo. Não somos nada mais do que isso Marina. Ela cuida de mim e eu cuido dela, como irmãs.

 

–- Ainda não estou acreditando nisso. Mas e você...

A interrompi novamente imaginando qual seria a próxima pergunta.

 

–- O que eu sinto por você? - ela afirmou com um manear de cabeça e eu tentei explicar o que se passava em meu coração da melhor forma que eu sabia – Bom, eu não sei explicar ainda o que sinto. Mas eu perco a cabeça perto de você. Eu sinto um friozinho na barriga sabe? Sinto as pernas ficarem bambas, penso em você quase o dia todo, fico sem ar e sem voz. O seu beijo é incrível, e me faz querer muitos outros... - disse mordendo o cantinho da boca em sinal de nervosismo por ter assumido meu desejo.

 

Como forma de “presente” pela pequena declaração e ter assumido meu louco desejo por seus beijos Marina tornou a me beijar. A cada novo beijo eu me sinto nas nuvens, não penso em mais nada ao nosso redor, como se existisse apenas nós duas naquele momento. E eu estava assim, voando por entre as nuvens, sentindo o incrível gosto dos lábios de Marina quando me assustei ao ouvir a porta ser aberta bruscamente.

 

–- Marina, eu preciso...opa! Desculpa eu não sabia...eu, me desculpa por entrar assim. - era Pablo que entrava na sala entretido em papéis que estavam em suas mãos.

 

Senti minhas bochechas corarem e esquentarem. Um dos donos da agência para qual eu havia acabado de ser contratada me pegou aos beijos com outra sócia e presidente da mesma diga-se de passagem. Até Pablo que sempre me pareceu mais extrovertido e de “bem com a vida” me pareceu constrangido. Marina estava sorridente e me parecia calma, bem calma para o meu gosto. Porque ela não estava com vergonha? Eu estava, e se ela não estava eu ficaria por mim e por ela. Ela apenas sorria.

 

–- Como sabia que eu já estava na agência Pablo? - ela perguntou ainda sentada.

 

–- Eu vi o seu carro lá embaixo. Precisava resolver logo isso com você. - ele disse ainda de cabeça baixa talvez com vergonha de nos encarar.

 

–- Ok, pode sentar-se.

–- Eu posso voltar depois.

 

–- Não precisa Pablo, podemos resolver agora. Sente-se. - disse sorrindo.

Pablo sentou no sofá a nossa frente, abrindo alguns botões de seu paletó cruzando as pernas, só então ele levantou o rosto e nos olhou dando um pequeno sorriso, aquele que era a sua marca. Sorriso cafageste e galanteador.

 

–- Bom já que invadi a sala e peguei vocês em uma situação inusitada vou resolver logo isso. E bom dia e nem vou dar porque pelo que vejo a manhã de vocês está sendo ótima. - nesse momento eu quis desaparecer, mas Marina entrelaçou seus dedos nos meus e me deu um pequeno sorriso.

 

–- Deixa de enrolar Pablo.

Pablo me olhou, olhou para Marina e em seguida sorrindo balançou a cabeça levemente de um lado para o outro em sinal de negativa.

 

–- Tá certo, vou direto ao assunto. Uma das empresas que estamos representando quebrou o contrato conosco. E sabe-se lá por qual motivo eles nos processaram por danos morais. Vi toda uma defesa com o advogado da agência, e ele me sugeriu que conversasse com os outros sócios. Já falei com Juliano e já tenho uma resposta por parte dele. Então, a pergunta é: caso precise, entraremos em acordo?

 

–- Pablo eu não sei bem o que está acontecendo e por qual motivo eles estão nos processando ou até mesmo o que gerou a quebra de contrato. Sou a favor que tudo se resolva da melhor maneira. E como você é o que está mais a par da situação, eu te dou o livre arbítrio pra resolver isso, sei que você saberá discernir o que for melhor para as duas partes.

Vi Marina assumir a postura de uma verdadeira executiva, o olhar especulador, o semblante sério, e as palavras firmes e decisivas. A admirava cada vez mais. Além de ser a mulher que sempre admirei no ramo profissional ela era a mesma mulher que mexia com todas as estruturas do meu coração.

 

–- Obrigada pela confiança!

 

–- Eu conheço os meus sócios e ainda mais os meus amigos. - ela disse sorrindo.

 

–- Sendo assim se for preciso entrarei em acordo com eles, mas apenas se as duas partes sairem ilesas e sem serem prejudicadas. Mas não tomarei nenhuma decisão sem o seu conhecimento.

 

–- Tudo bem.

 

–- Primeiro assunto resolvido! Agora...será que eu posso saber o que estava acontecendo dentro dessa sala? - ele perguntou com a sobrancelha direita arqueada.

 

Senti vontade de me esconder atrás daquele sofá, nos braços de Marina, em qualquer lugar que fosse que evitasse um contato direto com Pablo. Fiquei morta de vergonha. Marina apenas apertou levemente minha mão, me olhou de lado e sorriu. Entendi que aquilo era um pedido de “permissão” pra falar. De minha boca nada sairia, então apertei sua mão de volta permitindo que ela falasse.

 

–- Um beijo oras. - ela disse de maneira marota.

 

–- Isso eu vi! O que eu quero saber é como isso aconteceu espertinha.

 

–- Estamos nos conhecendo Pablo. - disse me puxando para mais perto dela.

 

–- Isso é maravilhoso! Que bom Marina. Meus parabéns as duas. E Giulia – disse olhando pra mim – muito obrigada por tirar esse mulher de seu casulo de proteção. Eu desejo tudo de bom pre vocês duas.

 

–- Muito obrigada Pablo.- eu disse totalmente sem jeito e ele apenas sorriu.

 

–- Mas Marina acho que você tem que resolver um probleminha antes não? - disse fazendo aspas no ar.

 

Pablo fez a pergunta sério, olhando diretamente para Marina e ignorando a minha presença naquela sala.

 

–- Depois falos disso Pablo, em outro momento.

 

Senti o corpo dela ficar tenso ao meu lado, e no mesmo instante senti algo me incomodar, um certo desconforto que eu não sabia explicar o motivo para senti-lo. Havia algo de errado, eu podia sentir isso, eu não sabia o que era e tinha medo de perguntar.

 

–- Bom, pois eu vou indo porque daqui a pouquinho tenho mais uma chata e tediosa reunião com o nosso querido advogado. - disse levantando-se e encaminhando-se a porta – Ah meninas! Uma dica: tranquem a porta antes tá? Tenham um ótimo dia.

 

Dito isso Pablo saiu trancando a porta atrás de si e nos deixando em um silêncio terrível. Marina permanecia a meu lado segurando minha mão, mas parecia distante, parecia pensar em algo bem longe daquela sala. Eu tinha que perguntar se havia algo de errado, minha intuição dizia que eu deveria, porém meu medo não me permitia. E se houvesse realmente algo de errado capaz de derrubar o meu castelo de cartas? O que será que Marina tinha pra resolver “antes de nós”? Eu não queria correr o risco de tudo desmoronar. Sabia que seria bem melhor se caísse na desilusão e decepção agora do que mais na frente. Seria perigoso demais! Mas a saída que recorri naquele momento foi fugir.

 

–- Acho que já vou indo para minha sala. - disse levantando-me.

 

–- Não precisa, fica mais um pouquinho, por favor. - disse ficando de pé à minha frente.

 

–- O expediente daqui a pouco começa. - a vi me olhar com tristeza – E além do mais, eu tenho que resolver um probleminha. - falei me lembrando do meu celular – Por falar nisso, é vetado o uso de aparelhos celulares dentro da agência?

 

–- Não. Até porque muita gente precisa deles pra manter contato com clientes, receber e-mails, e usam no dia a dia do trabalho mesmo. Mas porque a pergunta?

 

–- Por nada. Então...eu vou indo. - disse a olhando e não acreditando no que estava acontecendo entre a gente. Estávamos nos “conhecendo”.

 

–- Espera.

 

A olhei se distanciar e ir até a sua mesa, ela voltou segurando minha bolsa com uma mão e a outra mão escondida em suas costas. No rosto um sorriso estonteante que me fez sorrir na mesma hora. Como ela era linda! Ela entregou-me a bolsa e permaneceu com uma das mãos escondidas.

 

–- Eu queria te presentear com algo singelo, que representasse um pouquinho do que sinto. Que quando você olhasse lembrasse que estou me apaixonando por você. Não sei vou conseguir alcançar o meu objetivo, mas, o que eu quero te dizer é isso Giulia: “Estou me apaixonando por você!”. - ela disse tudo me olhando nos olhos.

 

Não pude deixar de sorrir, me emocionar, sentir meu coração quase parar e não pude evitar a formação de pequenas lágrimas que queria rolar por meu rosto.

 

–- Pra você! - ela disse me estendendo um buquê de cravos brancos.

 

Foi impossível segurar as lágrimas, elas rolaram suaves por meu rosto. Nunca havia ganho flores ou rosas de ninguém, e nunca imaginei que ganhá-las fosse algo tão emocionante assim. Tinha um encanto e uma magia envolvendo tal gesto. Ganhá-las de Marina então teve um peso maior ainda. Eu não era de chorar, mas naquele momento não me segurei.

 

Recebi o buquê que ela me estendia com as mãos tremendo. Ela se aproximou de mim e me abraçou apertado. Senti-me derreter em seus braços. A abracei de volta e não queria mais sair dali, daquele calor. Era o único lugar que eu queria estar naquele momento.

 

–- Obrigada! - sussurrei em seu ouvido e vi os pelinhos aloirados arrepiarem-se.

 

–- Não precisa agradecer.

 

–- Você é incrível Marina. - eu disse ao me separar dela.

Era uma constatação.

 

Sorrindo ela me deu um selinho demorado e um beijo em meu pescoço, o que ocasionou o mesmo que havia ocorrido com ela segundos antes. Arrepiei-me dos pés a cabeça.

 

–- Ainda nos vemos hoje? - ela perguntou.

 

–- Claro! Se você quiser nos veremos sim. - sorri.

 

–- Eu quero, quero muito...

 

Não deu pra responder, ela não deixou. Me olhou de uma maneira diferente que eu não soube decifrar e beijou-me me deixando completamente sem ar. Não foi um beijo sôfrego ou guloso, mas quando se tratava de Marina Amorim eu ficava em dúvida do que fazia primeiro, se respirava ou a beijava. Eu sempre escolhia o beijo, então acabava sem ar pela própria sensação de ser beijada por ela e por esquecer-me de fazer os pulmões assumirem o seu papel biológico.

 

 

–- Eu preciso ir. - disse contra seus lábios.

 

–- Eu sei.. - selou nossos lábios em um beijo delicado. - Tenho uma reunião daqui a pouco, ainda tenho que me preparar.

 

–- Sendo assim vamos assumir nossos lados profissionais e nos vemos mais tarde. - disse a abraçando e repousando minha cabeça em seu ombro – Tudo bem assim?

 

–- Tudo bem. - ela disse depositando um beijo em meus cabelos.

 

Separamo-nos a contra gosto. Podia ver em seus olhos tudo o que ela dizia sentir por mim, assim como via tristeza por eu termos que nos separar naquele instante. Tenho certeza que ela também via isso nos meus, eu não queria deixá-la, queria continuar aos beijos com ela, queria seus carinhos. Queria mais um pouco de Marina Amorim.

 

Peguei minha bolsa que ela ainda segurava e me dirigi até a porta. Antes de abri-la voltei-me para Marina sorrindo.

 

–- Obrigada pelos cravos, eles são lindos! - logo após fechei a porta.

Fique parada ainda na porta por alguns instantes, estava tentando processar as ideias, tudo o que havia acontecido desde o dia anterior, o caminho que estava tomando. Algumas pessoas passavam por mim e me olhavam de maneira estranha, com certeza elas tentavam entender o que eu fazia parada quase encostada na porta da presidente da agência com um olhar perdido e segurando um buquê de cravos brancos na mão. Sai de meu transe quando Fernanda falou comigo.

 

–- Está tudo bem Giulia? Deseja falar com a Marina?

 

–- Ah..não. Quer dizer, estou saindo da sala dela agora, eu já...é. Obrigada! - me enrolei toda.

 

–- Tem certeza?

 

–- Ah sim, sim. Fernanda você sabe dizer onde a Verônica está?

 

–- Ela acabou de entrar na sala dela. É a última porta do lado esquerdo deste corredor. - disse me indicando a direção.

 

–- Preciso falar com ela. Obrigada.

 

–- Por nada.

 

Sorri e sai na direção indicada.

 

–- Giulia?

 

Não era muito agradável pensar em um encontro com a loira aguada justo nas primeiras horas de trabalho. Ela tinha o dom de estragar o meu humor, me deixar nervosa e irritada. Mas eu precisava falar com ela, eu precisava do meu celular, não podia passar muito tempo sem ele por causa de maus pais corujas que sempre me ligavam pra saber como eu estava. E ai de mim se eu não atendesse o celular no máximo no terceiro toque e extrapolando limites não retornasse para eles na terceira tentativa vã deles. Além disso pelo que Marina falou o uso de celular não era proibido coisa nenhuma. A regra era uma exceção para que apenas eu a seguisse.

 

Puxei todo o ar que eu pude e bati na porta.

 

–- Tá aberta! - a ouvi dizer.

 

–- Com licença. - disse colocando apenas a cabeça para dentro de sua sala.

 

Verônica estava com a cabeça baixa, provavelmente lendo algo em sua mesa quando me olhou. Ela me recebeu com um sorriso indecifrável. Ficava entre o irônico, o esnobe, e o “diabólico”. Senti algo ruim percorrer meu corpo me causando um certo calafrio.

 

–- Sente-se. - ela disse indicando uma cadeira a frente de sua mesa para que eu sentasse.

 

–- Ah não precisa. Obrigada, mas o que... - fui interrompida.

 

–- Por favor sente-se! - sua voz quase elevou-se.

 

Fiz como ela pediu sentei-me. Fiquei completamente incomodada, estava me sentindo com um ratinho de laboratório que estava sendo observado e a ponto de servir de cobaia. Ela me olhava de uma maneira esquisita, me olhava de cima a baixo com um olhar duro. O sorriso ainda estava lá, mais contido mas ainda permanecia em seu rosto. Foi ai que lembrei dos episódios que ocorreram no estacionamento: o dia em que Marina e ela discutiram, tapa, beijo, uma Marina visivelmente irritada; e ontem, quando Verônica flagrou-me em uma cena um tanto quanto incomum com Marina, beijo, carinho. Uma hora elas pareciam namoradas, e em outra uma profunda aversão. Muito estranho as partes das conversar das duas que acabei ouvindo quando estava no corredor, mais estranho ainda o modo como Marina ficou quando nos demos contas de que o “motorista abusado” era na verdade a loira aguada.

 

–- Em que posso ajudar a nossa mais nova funcionária? - tinha ironia em sua voz. Ela simplesmente não conseguia olhar diretamente em meus olhos, seu olhar descia até a mão em que eu segurava o buquê de cravos.

 

–- É que ontem antes de ir embora eu acabei esquecendo de pegar o meu celular, e eu queria saber se tem como pegá-lo hoje, estou precisando muito dele. Ontem passei por um aperto porque eu não estava com ele.

 

–- Então você quer saber se eu poderei lhe devolver o seu aparelho agora? No início do expediente quando temos ordem e regras de que os funcionários não podem utiliza-los no horário de trabalho, é isso?

 

–- Na verdade eu preciso muito dele, porém não deixarei ele diminuir o meu rendimento aqui dentro, quanto a isso não se preocupe.

 

–- Acredito na palavra da novatinha, mas não poderei fazer isso. Normas são normas e não é aberto para discussões.

 

Eu simplesmente odiava isso, odiava quando ela me chamava assim e odiava ainda mais o que eu estava pra fazer. Iria perguntar a ela porque a regra se aplicava apenas para mim. Não queria enfrentá-la e nem passar por cima de sua autoridade dentro da agência, mas era injustiça demais eu ser a única exceção. Seria inútil medir forças, mas não ficaria calada diante disso.

 

–- Desculpa Verônica, mas porque essa norma se aplica somente a minha pessoa?

 

–- Aplica-se a todos os funcionários desta agência. A ordem veio da presidência.

 

–- Marina me disse justamente o contrário.

 

–- Marina?! - ela quase gritou - Ora não seja insolente sua pirralha! Quem você pensa que é pra falar de Marina ou com Marina como se ela fosse uma de suas amiguinhas da pré escola? Trate-a com respeito, ela é sua superior!

 

–- Não foi desrespeito, apenas a tratei como ela pediu para ser tratada.

 

Em nenhum momento tive intenção de faltar com o respeito com Marina ou com Verônica. Vi seu rosto ficar levemente rosado, quase um vermelho, sua boca pareceu ficar em linha reta, suas mãos ficaram amarelas tamanha a força com que ela as fechava. De repente ela levantou-se foi até sua porta e a trancou com a chave. Não conseguia compreender nenhuma de suas atitudes. Porta fechada, ela voltou para a sua mesa, abriu uma de suas gavetas retirou algo de dentro dela e foi até uma porta que acredito eu tratava-se de um banheiro. Seus gestos não precisavam ser explicados, ela fazia tudo em silêncio sem me dirigir uma única palavra. Ouvi barulhos fortes vindo da porta que ela havia entrado e alguns segundos depois a vi sair com uma saquinho de pano preto. Sentou-se à sua mesa em uma postura ereta como se quisesse me oprimir com a sua posição. Me olhou de forma gélida e sem nenhuma expressão em seu rosto.

 

–- Só quero te dar um aviso, e é para o seu bem. - ela jogou o saco em cima da mesa bem a minha frente e continuou – Fique longe de Marina!

Estranhei o fato de ela ter me dado aquele “aviso”, parecia-se mais com uma ameaça do que aviso. Olhei para o saco a minha frente sem entender do que se tratava e ela completou.

 

–- Você veio buscar o seu celular, aí está!

Abri o saco e não acreditei! Meu celular estava aos pedaços, não havia uma única parte dele que pudesse ser reconhecida, não havia nada dentro daquele saco a não ser pequenos pedaços.

 

–- Mas o que...

 

–- Já entreguei o que você queria. Isso é só uma amostra do que pode vir a acontecer caso se meta com pessoas que não deve. Agora saia da minha sala!

Fiquei sem reação, abria e fechava a boca várias vezes sem saber ao certo o que falar. Eu queria protestar, falar que ela não podia ter feito isso, gritar...

 

–- Você não podia ter feito isso.

 

–- Eu posso tudo queridinha, e será bem pior se esse acontecido sair desta sala.

 

–- Eu não vou ficar sem meu celular!

 

–- Compre outro! Fácil de resolver. Agora saia!

 

Abri minha boca na tentativa de proferir algo ma não tive chance.

 

–- Saia!

 

Levantei quase derrubando aquela cadeira. Sai da sala daquela mulher horrenda com o saquinho do que restava de meu celular nas mãos. Fiquei inerte do outro lado da porta assim que a fechei. Como assim? Qual o direito que ela tinha pra ter feito aquilo com meu celular? E o que queria dizer: “Isso é só uma amostra do que pode vir a acontecer caso se meta com pessoas que não deve.”?Era fato que ela estava falando de Marina, eu só não conseguia entender o que uma tinha haver com a outra. Porque Marina me perguntaria se algo nos impedia se o que na verdade nos impedia vinha por parte dela? Não tinha cabimento, eu não sabia mais o que pensar. Tinha que conversar seriamente e abertamente. Argh! Que ódio dessa mulher! O que eu fiz pra ela afinal? “Compre outro!” era só o que me faltava.

 

Sai em direção a minha sala à passos largos e firmes, meu salto fazendo um pequeno barulho pela força que eu aplicava em cada passo. Uma raiva me consumia naquele momento, eu não podia me abater e nem deixar esse sentimento me acometer ou com certeza meu coração ma daria uma resposta um tanto quanto agressiva e dolorosa.

 

Cheguei à minha sala e havia poucas pessoas trabalhando. Vi Natália em sua mesa, totalmente imersa em algo que fazia no computador a sua frente e com um sorriso enorme. Depositei meus pertences em minha mesa e ao olhar para frente me deparo com o olhar nada discreto de Ramon. Ele me olhava com um sorriso no canto da boca, sem fazer questão nenhuma de desviar o olhar. Eu havia percebido, cadê a sua descrição? Porque ele não olhava para o outro lado? Sentei, liguei meu computador e tentei esquecer de que aquele homem estranho me olhava de forma insistente. Tentei me concentrar.

 

–- Bom dia! - alguém falou isso ao meu ouvido me assustando.

 

Olhei para o lado e era Natália, que ainda sorria, não sabia se era de minha cara ou ainda era o mesmo motivo que a fazia sorrir no momento em que cheguei.

 

–- Que susto Natália!

 

–- Desculpa, foi sem intenção. - a olhei séria – Quer dizer, tive um pouquinho de intenção.

 

–- Engraçadinha. Bom dia pra você também!

 

–- Ihh você não está com uma cara muito boa. Aconteceu algo?

 

–- Aconteceu. - lembrei-me do que Verônica me disse “ Eu posso tudo queridinha, e será bem pior se esse acontecido sair desta sala” - Mas não foi nada de importante não.

 

–- Tá certo. - disse sorrindo.

 

–- E você hein, porque não para de sorrir bobamente assim?

 

–- É que eu acho que consegui uma chance com uma pessoa que há tempos eu estou apaixonada.

 

–- Nossa, está com cara de apaixonada mesmo!

 

–- Eu esperei tanto pela minha chance Giulia, acho que finalmente ela chegou. Mas só que...

 

–- Só que o que?

 

–- Eu não sei como agir sabe? É que a pessoa em questão não sabe dessa paixão que eu tenho por ela. Sempre mantive segredo, procurei nunca demonstrar. É um sentimento novo, eu nunca me vi envolvida em algo do tipo. A pessoa nunca me deu nem uma brecha pra que eu entrasse em sua vida, sempre saia pela tangente, negava até convites inocentes pra ir tomar um café comigo.

 

–- Então quer dizer que a pessoa sempre fugiu de você é isso?

 

–- Sim. Existia um relacionamento sabe? Agora acabou tudo, e acho que foi por isso que ela permitiu que eu me aproximasse.

 

–- Mas se a pessoa nunca soube do que você sentia por ela, porque ela fugia?

 

–- Não sei, acho que o relacionamento anterior tinha dedicação total, por isso não tinha tempo pra mais ninguém. E isso me inclui. Nós conversamos muito sabe? Mas eu noto, eu sei que existe uma proteção ali, algum tipo de blindagem que mesmo estando perto me impede de me aproximar verdadeiramente.

 

–- Vocês sempre conversam?

 

–- Quase sempre. E as conversas são longas, nos empolgamos, falamos um monte de coisas sem nexo, damos risada. As vezes eu até me esqueço de que tenho algo à esconder, e é ai que um abismo se abre entre a gente. Mas eu me sinto tão bem que até me contento dessa maneira. Ver, mas nunca tocar.

 

–- Ai que lindo, você está muito apaixonada, dá pra ver no seu olhar. - eu disse e ela baixou a cabeça envergonhada - Tá, mas agora me diz, quem é essa mulher?

 

Natália arregalou os olhos.

 

–- Co..como..como você sabe que é uma mulher?

 

–- Simples “É um sentimento novo” “A pessoa”. Se fosse um homem você provavelmente teria dito que era um cara, ou no mínimo teria dito o nome dele. Sempre que alguém fala “uma pessoa” - disse fazendo aspas no ar – Quer dizer que se trata de um relacionamento entre pessoas do mesmo sex*.

 

–- Nossa! Dei bobeira assim?

 

–- Não não. É que sou experiente no assunto.

 

–- Como assim? Você...

 

–- Isso mesmo. Sou lésbica. - sussurrei a última parte a fazendo rir.

 

–- Jamais imaginaria. Você é tão feminina, tão..ah, não parece nem um pouquinho.

 

–- Você também não parece Natália. Mas deixa de me enrolar, será que eu posso saber que é a sortuda por quem você está apaixonada?

 

–- Jura que não vai rir, que será um segredo nosso e que você vai me ajudar, me dar umas dicas e tal?

 

–- Juro!

 

–- É a Alice.

 

Praticamente não ouvi a voz dela, mas consegui entender muito bem. Era por Alice que ela estava apaixonada. Minha cabeça deu um estalo. Lembrei-me dos meus planos de Alice e Victória. Agora eu já não poderia fazer mais nada, eu não faria nada que prejudicasse Natália. Ela estava ali, sendo sincera comigo, me contando um pouco de sua vida, o que lhe afligia. Se fosse para acontecer aconteceria.

 

–- Giulia?

 

–- Oi.

 

–- Você ficou calada.

 

–- Tava pensando. Bom Natália, a Alice é super gente boa, ela é uma pessoa bacana, além de muito bonita. Me dei super bem com ela, mesmo ela me achando uma maluca. E isso de cara. Ela me lembra muito no jeito de ser uma pessoa muito importante pra mim. E vocês formariam um casal super fofinho – fui sincera.

 

–- Um casal já? Não é pra tanto. Já estou bem feliz dela me dar esse espaço. Eu a convidei pra sair comigo hoje a noite, um luau de um amigo meu.

 

–- Olha pra quem sempre evitou um contato maior ou sair com você, aceitar te acompanhar em um luau logo de cara é demais.

 

–- Eu já estou soando frio. Tô muito nervosa.

 

–- Calma Natália, vai dar tudo certo.

 

–- Tá certo.

 

De repente Natália assumiu uma postura ereta em sua cadeira, calou-se e nem mesmo olhou para o lado.

 

–- O que foi?

 

–- Disfarça, a Verônica acabou de entrar na sala. Vou pra minha mesa, depois você vai lá pra gente continuar com o projeto. - ela sussurrou quase sem mover os lábios.

 

Olhei para o resto do pessoal na sala e todos estavam eretos, quase petrificados olhando para as telas de seus respectivos computadores. Quase nem respiravam. Não ousei me mexer na cadeira. Fiquei do mesmo jeito que todos estavam, uma estátua. Pude sentir Verônica parar bem atrás de mim.

 

–- Não esqueça do meu aviso. - ela falou por cima do meu ombro.

 

Senti um arrepio percorrer meu corpo, o fazendo tremer levemente. Não falei nada, apenas processei o que ela falou. Recado dado e ele logo se retirou sem falar nada com nenhum outro funcionário a não ser eu. Simplesmente não conseguia entender aquela mulher, desde o primeiro momento em que nos vimos ela me tratou de uma maneira rude, me olhava de cima, era grosseira e gélida. Queria esquecer pelo menos momentaneamente esquecer o ocorrido naquela sala, e tudo o que aquele mulher me fazia cogitar. O principal que eu queria tirar de minha cabeça era a suspeita de que ela e Marina tinham algo além do que qualquer pessoa poderia ver.

 

Concentrei-me em meu trabalho. Fui até a mesa de Natália e nos desligamos do mundo a nossa volta mergulhando em “nosso” projeto. Não pensei em mais nada além do que estava a minha frente na tela do computador. As horas passaram-se rapidamente, logo veio a hora do almoço. Fiquei alguns segundos sentada pensando se o momento em que veria Marina seria agora no horário de almoço ou mais tarde. Ela não havia me falado nada.

 

–- Vai almoçar no Veneza Giulia?

 

–- Vou sim Natália. - disse me decidindo pegando minha bolsa e ficando de pé.

 

–- Você pode me dar uma carona?

 

–- Claro! Vamos lá.

 

Notei que enquanto descíamos até o estacionamento Natália estava nervosa, com certeza ansiando pela presença de Alice. Quando cheguei ao estacionamento, cheguei a ponto de ver Marina abrir a porta de seu carro e entrar. Senti pedras de gelo em meu estômago, as pernas ficarem fracas e um sorriso bobo querer brotar em meus lábios. O contive, mas foi impossível controlar meu coração que começou a bater descontrolado. Seria assim toda vez que a visse? Marina saiu em seu carro e só assim eu pude voltar a me concentrar.

 

Chegamos ao restaurante e ele estava lotado como sempre. Conseguimos uma mesa bem próxima a do dia anterior, próximo a escada. Eu gostei daquele lugarzinho ali, sempre que olhava para o alto da escada via Marina sorridente. Eu sorria só de olhar para uma escada que não havia ninguém descendo, ou pelo menos ninguém conhecido. Na mesa ficamos apenas eu e Natália, fizemos os nossos pedidos e almoçamos enquanto conversávamos sobre a paixão dela por Alice

 

–- Você já se apaixonou por alguém Giulia?

 

–- Não. Nunca me apaixonei, me envolvi muitas vezes, me sentia bem com meus relacionamentos mas acho que nunca me apaixonei não. Não saberia nem reconhecer tal sentimento em mim.

 

–- E como comentou sobre meu olhar apaixonado se você não conhece o sentimento?

 

–- Eu nunca senti, mas já cansei de ler pessoas o descrevendo. Descrevendo as sensações, os olhares, esse tipo de coisa.

 

–- Acho que você vai ser a mais boba do mundo quando se apaixonar de verdade.

 

–- Porque diz isso?

 

–- É um pressentimento. - ela disse sorrindo.

 

Um pouco antes de irmos embora Alice juntou-se a nós duas na mesa. As duas as vezes pareciam soltar indiretas uma pra outra, por momentos me senti excluída, parecia que só havia elas duas conversando e sorrindo naquela mesa. O que Natália sentia por Alice era nítido, dava pra perceber só de olhar. Ela não olhava, ela contemplava, admirava, ouvia tudo o que Alice dizia com a maior atenção, sempre sorrindo. O sorriso era largo, era verdadeiro e totalmente espontâneo. Fiquei olhando elas duas e me imaginei no lugar delas. Será que eu teria essa devoção por alguém em minha vida? Iria sorrir a qualquer bobagem que ela falasse? Ficaria nervosa somente de imaginar um encontro? Eu queria muito isso pra mim, mas sei que seria inútil esperar ansiosamente. Aconteceria no momento certo, e eu queria muito saber reconhecer no momento pra não deixar passar a oportunidade de me entregar a paixão.

 

Na volta pra agência eu fiz o caminho sozinha. Meio receosa Alice convidou Natália pra voltar em seu carro. Eu claro, dei a maior força. Mesmo um lado meu torcendo por Alice e Vick o outro lado torcia pra que desse tudo certo pra Natália. Quase tinha certeza de que mais cedo ou mais tarde elas se entenderiam.

 

Antes de voltar para a agência e dei uma rápida passada em uma loja de celulares e comprei um parecido com o anterior que eu tinha. Que a loira aguada destruiu! Isso não estava no meu orçamento, mas eu precisava de um celular ou meus pais me matariam.

 

Cheguei a agência, estacionei. Peguei minha bolsa no banco detrás, peguei o saquinho preto de dentro dela e passei a procurar meus chips dentro daqueles pequenos pedaços do que sobrou do meu antigo celular. Desci do carro ouvindo alguns recados na minha caixa postal. A maioria de meus pais, desesperados por notícias minhas. Tranquei o carro e disquei o número de minha mãe. Ninguém atendeu então lhe mandei uma mensagem tentando explicar em poucas palavras o que tinha acontecido. Terminei de digitar a mensagem sorrindo. Para depois quase gritar tamanho o susto que tomei.

 

–- Shiiii! Sou eu! - Marina sorria a minha frente.

 

Ela havia me puxado para trás de uma das largas colunas de sustentação do estacionamento.

 

–- Que susto Marina. - disse tentando acalmar meu coração.

 

–- Desculpa. Eu não tinha a intenção, é que eu não resisti. Eu estava ali no carro e lhe vi aqui, ai eu queria muito falar com você e eu...eu...

 

–- Eu?

 

–- Eu queria um beijo seu.

 

–- Só um?

 

–- Posso ganhar mais?

 

–- Claro que sim. - eu disse sorrindo e ela me puxou pela nuca.

 

O beijo foi suave. Uma de suas mãos estava em minha nuca e a outra em minha cintura, me puxando para mais perto dela. Seu hálito estava fresco. A mistura de seu perfume e o cheiro de seu cabelo estavam me deixando maluca. Marina estava me deixando completamente maluca. Coloquei minhas mãos em seu pescoço. Meus dedos brincavam em seus cabelos. Fazendo carinho, arranhando, a deixando arrepiada.

 

–- Agora sim eu posso trabalhar. - ela disse sorrindo ainda abraçada a mim.

 

–- Eu também. - disse sorrindo. - Alguém vai acabar nos vendo aqui Marina. - disse olhando por cima de seu ombro.

 

Ela me deu mais um selinho demorado, e um beijo em meu pescoço. Nos separamos e eu quase não consegui me manter de pé. Era inevitável ficar toda mole nos braços dela.

 

–- Vai subir agora? - ela me perguntou.

 

–- Vou sim.

 

–- Mas antes...

 

–- Antes?

 

Não foi preciso nenhuma palavra, ela me respondeu com um beijo calmo e suave. Era isso que ela queria, um beijo. No meu íntimo era a mesma coisa que eu queria. Era o que eu sempre queria quando a via. Ainda não conseguia me entender e nem entender tudo aquilo que estava acontecendo em tão pouco tempo e de forma tão avassaladora, de um jeito que não me deixava opções para escolha ou decisões, simplesmente ia acontecendo. Nem em meus sonhos imaginei um dia beijar a boca da inalcançável Marina Amorim. Tinha muita coisa pra ser processada em minha cabeça, muitas dúvidas a tirar e uma conversa muito séria a ter. Porém eu não conseguia não me derreter nos braços dela, ali seria uma oportunidade para quem sabe dizer a ela que precisávamos conversar, mas não, tudo o que eu conseguia era beijar a boca maravilhosa dela.

 

–- Eu precisava de mais um beijo pra conseguir ficar o resto do dia sem cogitar a ideia de fugir até o seu setor e lhe roubar um beijo na frente de todo mundo. - ela disse sorrindo lindamente. - Vamos subir?

 

–- Vamos! - concordei.

 

Saímos na direção do elevador, caminhávamos lado a lado e eu não conseguia deixar de olhá-la de soslaio. Era incrivelmente linda, de um jeito que chegava a ser um enorme absurdo. Sua pele alva, seus olhos da cor do céu que me olham querendo enxergar minha alma, seus cabelos cor de cobre, o sorriso encantador que me deixa fascinada e abobada, pequeninas sardas em seu colo que me deixam curiosa pra saber onde elas começam e onde elas terminam. Marina era uma obra de arte esculpida no metal mais precioso do mundo e com o maior empenho e esmero, e eu era a obra de um aspirante à escultor feita em material reciclado e com o prazo estourado. Não precisava parar e pensar por muito tempo pra chegar a conclusão de que Marina era mulher demais pra mim, era isso, ela era uma mulher e eu, uma pirralha como Verônica gostava de falar.

 

Entramos no elevador e eu ainda estava perdida em meus devaneios, totalmente desconectada da matéria, de meu corpo, minha mente vagava sem destino, pensando e remoendo ideias. Senti algo quente envolver minha mão esquerda, e foi isso que me trouxe de volta ao corpo. Olhei para minha mão e Marina a envolvia com a sua. Nossos dedos entrelaçados. Senti meu ar faltar e tudo o que ocupava minha cabeça desapareceu como em um passe de mágica, era apenas ela que agora ocupava todo o espaço dentro de minha cabeça. Não havia mais nada. Era só nós duas. Ela me sorria. Senti uma coisa gostosa, uma sensação que eu não soube explicar de onde vinha e o que a causou me invadir. Nunca senti sensação parecida, mas eu sabia que queria senti-la muitas outras vezes. Era como se fosse..como se fosse...paz, alegria, aquela sensação de que algo que algo bom vai acontecer e você não sabe ainda o que é exatamente. Não! Era mais que isso, era uma mistura de muitos sentimentos. Era bom, muito bom.

 

As portas do elevador abriram-se no andar de meu setor. Marina ainda segurava minha mão, e permaneceu assim, soltando dedo por dedo até que eu saísse completamente daquele pequeno cubículo de metal. Parei a frente do elevador e a encarei, ainda com aquela coisa gostosa fazendo reboliço em meu peito e eu meu estômago. Fiquei ali até seu rosto desaparecer por completo atrás das portas. Não foi preciso palavras. Apenas nos olhávamos.

 

Voltei ao meu trabalho, mais necessariamente voltei para a mesa de Natália para terminarmos o “nosso” projeto, que estava a um pequeno “passo” da finalização. Mesmo concentradas no trabalho era quase impossível vez ou outra uma de nós nos dispersarmos. Eu pensava em Marina, ela provavelmente pensava em Natália. Quando nos dávamos conta disso sorríamos uma pra outra. Eu sabia o motivo dela, somente ela que desconhecia do meu motivo, aquele que estava me tirando a concentração. Caso ela perguntasse eu não sei se teria coragem de dizer a verdade, e mentir eu não gostava, então rezava pra que ela nada perguntasse. Assim seria melhor.

 

O final do expediente veio fácil, nem percebemos a hora passar, quando nos demos conta algumas pessoas já desligavam seus computadores e saiam alvoroçadas.

 

–- Nunca percebemos a hora de ir embora não é mesmo? - ela perguntou sorrindo enquanto desligava seu computador e guardava seus pertences.

 

–- Assim é que é bom, as horas passam voando e a gente nem percebe. Não tem espaço pra tédio. - falei indo até minha mesa para guardar minhas coisas.

 

–- Giulia eu já vou indo. Tenho um “encontro” - disse fazendo aspas no ar com os dedos – mais tarde sabe?

 

–- Aham, sei sim. Pois vai lá. E boa sorte nesse encontro, que dê tudo certo. Estou torcendo por você! - disse a abraçando.

 

–- Ai Giulia, torce mesmo, porque eu acho que vou precisar.

 

–- Pode deixar.

 

–- Beijo Giulia. Até amanhã.

 

–- Beijo. Até amanhã Natália. E boa sorte. - sussurrei a última parte.

 

Depois só vi apenas uma sombra sumir no corredor. Natália saiu correndo e eu fiquei ali de pé me perguntando se deveria ir embora ou se Marina me procuraria. Ela disse que ainda queria me ver hoje, o que eu não sabia era se aquele momento em que nos vimos naquele estacionamento era a última vez. Era válido. Ouvi meu celular tocar avisando-me da chegada de um novo e-mail. Esqueci de colocá-lo no silencioso. Verônica faria desse celular o mesmo que fez com o outro se o pegasse tocando.

 

Precisei sentar quando peguei o celular e na pre visualização vi que era um e-mail dela. Ridículo ficar desse modo toda vida que o assunto era Marina, mas era mais forte do que eu, meu corpo não aguentava e cedia aos sentimentos. Meu coração pulou dentro do peito quando abri o e-mail.

 

De: Marina Amorim

Para: Giulia Monteiro

 

“Bom, queria começar dizendo que isso é apenas um convite, mas ao contrário do que sempre dizem nos filmes eu também posso aceitar um “Não” como resposta. Como eu lhe disse hoje mais cedo em nosso café da manhã, eu quero muito lhe conhecer, dividir momentos com você, e eles nem precisam ser bons, afinal a vida não é feita apenas de bons momentos. Então que venham os ruins também se isso contribuir pra te conhecer um pouquinho melhor. Hoje podemos fazer algo que eu escolher, amanhã algo que você escolher, pode ser vice-versa também, tenho certeza de que qualquer lugar em que você estiver presente será o melhor lugar do mundo. Podemos conversar, ou apenas jantar, podemos dançar ou apenas passear, podemos assistir a um filme ou apenas não fazer nada. Então, o contive é esse: Aceita sair comigo essa noite? Se a resposta for sim, basta responder este e-mail e me passar seu endereço. Lhe buscarei às 19hs. Lembrando que posso me contentar com um “não”, embora não seja a resposta que eu esperava, irei entender sem perguntar motivos.

Um beijo Giulia

Espero sua resposta.”

 

Era isso mesmo que eu estava lendo? Era a segunda vez que Marina e eu nos beijávamos e ela já estava me convidando pra sair. Eu não precisava nem pensar, já tinha a minha resposta. Digitei e enviei. Peguei a minha bolsa e desci correndo até o meu carro.

Fim do capítulo


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