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  • A culpa é do destino
  • Capítulo 2 - Doce surpresa

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A culpa é do destino por Chris V

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Palavras: 7989
Acessos: 5233   |  Postado em: 00/00/0000

Notas iniciais:

Meninas queria agradecer pela receptividade de vocês. Fiquei muito contente. 

Uma ótima leitura a todas!

Capítulo 2 - Doce surpresa

-- Amor, eu prometo voltar cedo hoje, não prolongarei meu horário e não atenderei nenhum paciente que não esteja previamente marcado. – Dizia Giovanna, enquanto vestia-se ao pé da cama e eu admirava ainda deitada em nossa cama.

-- Não se preocupe, eu sei como é a sua agenda Giovanna. Respeito a sua profissão e a sua dedicação.

-- Eu sei que sim amor, e não esperava nenhuma outra atitude vinda de você, mas acontece que trabalhar nas duas clínicas e no centro tem tomado muito o meu tempo, e eu preciso, eu quero me dedicar um pouco mais a você, a nossa vida.

-- Pensando por esse lado...acho que o melhor seria deixar uma das clínicas amor, você realmente tem trabalhado muito.

-- Eu estou pensando em fazer isso, mas o momento não é o adequado, ainda não é esse amor. Não posso desfazer a minha sociedade com a Débora e o Leandro, e jamais deixaria de atender no hospital público, eles precisam muito de mim. Estava pensando em deixar o Centro de Reabilitação.

Olhei para a minha esposa completamente encantada, quer dizer, mais encantada ainda. Giovanna tinha um coração enorme, tinha um coração bom e puro. Ela atendia na clínica em que tinha sociedade com os amigos e colegas da faculdade, atendia no Centro de Reabilitação – um dos lugares que lhe garantia uma boa renda -, e também atendia em um hospital público, do qual não recebia nenhum centavo há alguns meses, trabalhava por amor a profissão e por vontade de ajudar pessoas carentes, que realmente precisavam de bondade e solidariedade. Em nenhum momento ela cogitou deixar seus pacientes de lado, o dinheiro para ela não valia mais do que sorrisos sinceros.

-- Olha, eu não me lembro de ter apostado, mas eu sei que ganhei na loteria quando te conheci. – levantei da cama sorrindo e a abracei.

-- Ah é? Então acho que dividimos o mesmo prêmio meu amor. E é por isso que quero um pouco mais de tempo para nós, preciso dar valor a mulher que eu tenho, não posso me permitir, e nem cogitar um dia te perder. – disse me apertando em seus braços.

-- Isso jamais acontecerá meu amor.

Como resposta, ganhei um beijo daqueles, capaz de tirar completamente o meu fôlego.

-- Você precisa ir amor, irá se atrasar. – disse cheirando seus cabelos.

-- Que vontade de ficar nessa cama com você amor.

-- Acho bom você não dar idéia, ou você realmente não vai sair dessa cama! – falei deslizando minhas mãos para o seu bumbum.

-- Se comporte Maria Luíza! – sorriu – Guarde esse fogo para quando eu chegar.

-- Ok, o deixarei guardadinho.

-- Irá para a escola hoje?

-- Tenho de ir, já me ausentei por quase uma semana.

-- Nada de exageros na quadra! Ouviu bem? – a carinha de brava que ela fazia quando tentava me recriminar era a coisa mais linda do mundo.

-- Não se preocupe amor, eu fui cuidada pela fisioterapeuta mais linda e competente desse país.

Ela sorriu diante de meu elogio.

-- Não exagere. Tenho que ir amor.

Ela pegou a sua bolsa e eu a acompanhei até a porta. Despedimo-nos com um beijo.

Voltei ao nosso quarto, separei uma roupa para mim e fui para o banho. Havia adquirido o hábito de cantar dentro do banheiro, mesmo sem música para acompanhar. Minha vida realmente tinha mudado desde o dia em que conheci Giovanna, desde o nosso primeiro beijo mantive-me em felicidade constante, pura e doce felicidade.

Claro que a minha vida com ela tinha seus momentos tristes, de dor, de brigas e desentendimentos, mas nunca houve nenhum momento desses em que nosso amor não fosse capaz de se sobrepor, e fazer desse momento algo insignificante diante de tudo o que vivemos e ainda pretendemos viver.

Giovanna era a minha luz, era tudo na minha vida. E apesar de ainda não ser minha esposa legalmente falando, ela assumiu esse papel desde o dia em que propus que morássemos juntas. Vivíamos como tal desde então. Já morávamos juntas há mais de 4 anos e meio. Foi necessário apenas 6 meses para que percebêssemos que o nosso lugar era ao lado uma da outra. Quanto ao fato de ainda não sermos legalmente casadas devia-se a uma baixa e cruel chantagem de minha querida sogra, o que acabou adiantando as coisas, e fomos morar juntas rapidamente. Porém, a pessoa que cedeu a tal chantagem, fui eu, e não Giovanna.

 

**********

Ano de 2010...

 

-- Não tenho coragem amor!

-- Então é isso, você vai desistir de mim dessa maneira? Não vai ao menos tentar?

-- Amor, você lembra bem da cara da sua mãe quando resolvemos assumir o nosso namoro em um almoço de domingo na sua casa?

-- Claro que me lembro!

-- Lembra de todas as palavras dela? Lembra de ela quase ter chamado os armários que atendem por segurança para me tirarem da casa dela quando ela te ouviu dizer “Essa é Maria Luíza, minha namorada”?  Você lembra bem de tudo isso?

-- Ai Luíza, é claro que eu me lembro. – falou assumindo uma carinha triste.

-- E mesmo lembrando-se de tudo isso você quer me convencer a voltar na casa dela para anunciar que vamos noivar?

-- É claro que eu quero! Já está na hora de ela perceber que você não é apenas uma fase na minha vida, ela vai ter que entender de uma vez por todas que você, Maria Luíza de Andrade Lemos será minha esposa, e eu, em breve serei Giovanna de Andrade Klein.

Sorri bobamente ao constatar que ela pensara até no nosso nome de casadas.

Celina Klein, a mãe de Giovanna, era uma mulher gélida, que não demonstrava sentimentos e não sorria em vão. Celina me metia medo, mas o meu maior medo e do que ela podia causar a filha, das palavras duras que ela poderia dizer, de fazer um estrago emocional. Minha namorada era muito sensível.

Quando assumimos o nosso namoro Celina não aceitou bem, a sua carranca de costume piorou, e jurou jamais nos aceitar. Mas, ao me dar conta dos planos que Giovanna já tinha feito para nós, eu assumi uma coragem que não me era costumeira quando o assunto era a mulher gélida. Enfrentaria o mundo se preciso fosse!

-- Que horas sairemos? – perguntei enfim.

-- Sério? Você vai mesmo? – perguntou-me com os olhos brilhando.

-- Eu já posso imaginar a reação da sua mãe, mas já não me importo tanto, tenho você do meu lado, e é isso que importa. Então vamos lá, vamos anunciar o nosso noivado.

Senti o peso do corpo de Giovanna se chocando contra o meu. Ela jogou-se em meus braços, entrelaçando os braços em volta de meu pescoço enquanto enchia meu rosto de pequenos e estalados beijinhos. Não tinha como conter o meu riso diante de tamanha efusividade.

-- Se quiser desistir do casamento agora é a hora, depois de falar com a sua mãe eu não aceito mais desistências.

-- E quem disse que eu quero desistir? – perguntou segurando meu rosto entre suas delicadas mãos.

-- Eu te amo Giovanna! – falei olhando em seus olhos.

-- Eu também te amo Maria Luíza! Te amo, te amo, te amo... – falava entre beijos.

 

            Saímos de casa por volta da 7hs da noite, anunciaríamos nosso noivado durante o jantar. Eu dirigia o carro de Giovanna na direção da imponente casa dos Klein com um pequeno aperto no peito. Apesar da minha improvável coragem, eu não consegui controlar o tremor que tomava conta de minhas mãos, era impossível não ceder ao nervosismo. Em primeiro lugar, era um enorme passo que eu daria com a mulher que eu amava, e em segundo lugar, eu sei que enfrentaria um leão, ou melhor, uma leoa.

            Nervosamente, pousei minha mão gélida, sobre a perna de Giovanna enquanto aguardávamos o portão abrir. Tudo em mim naquele momento denunciava o pavor que estava sentindo: as mãos geladas, leves tremores, olhos levemente arregalados, longos e pesados suspiros.

-- Não fica assim amor, vai dar tudo certo.

-- Estou tentando não deixar a coragem ir embora, mas confesso que está um pouquinho difícil.

-- Qual o seu maior medo? – perguntou me olhando nos olhos.

            Ela me pegou totalmente desprevenida, não esperava por uma pergunta com esse teor. Tirei as mãos do volante e as coloquei sobre minhas pernas, olhei para frente e me perguntei “Qual o seu maior medo?”. Poucos segundos foram necessários para obter a resposta.

-- Meu maior medo é de que algum modo eu te perca. – baixei a cabeça tentando controlar a respiração descontrolada, causada apenas por tal pensamento.

-- Amor? – chamou-me – Aconteça o que acontecer, você sairá noiva daqui. Minha mãe pode não aceitar, usar de qualquer subterfúgio, mas a partir de hoje, você será minha noiva.

            Sorri largamente, sentindo meu coração dar pulos de alegria. Inclinei-me na direção do banco do passageiro, e colei meus lábios nos dela. Eles nunca perderiam aquele sabor e nem mesmo o efeito mágico que tinham sobre mim.

-- Nada me deixa mais feliz!

-- Então vamos enfrentar essa leoa de uma vez por todas! – falou divertida.

            Dirigi até a entrada da casa e desci do carro completamente confiante. Se as coisas não saíssem como o planejado eu estaria ao lado dela. Sempre! Ainda não havia conseguido deixar de usar de vez a maldita muleta, Giovanna protestou, e ordenou como médica que eu voltasse a usá-la, depois, como namorada, me pediu enquanto fazia carinho. Difícil resistir, então, dessa maneira, a detestável muleta ainda era minha companheira.

            Adentramos a casa de mãos dadas, e eu vacilei, senti medo ao me deparar com a tia de Giovanna, a irmã mais velha de Celina sentada no enorme sofá, completamente distraída em uma conversa sem nenhuma amostra de sentimentos. Já tinha visto Carmem por foto, mas pessoalmente ela aparentava ter menos sentimentos do que a própria Celina.

            Como sempre, Celina me cumprimentou com desdém, e posso até dizer que nojo. Carmem nem mesmo se levantou, olhava-me de cima abaixo, provavelmente se perguntando quem era a mulher ao lado de sua adorável sobrinha.

            Perguntei-me mentalmente se ainda sim Giovanna teria coragem de cumprir o seu propósito. Será que ela teria coragem o suficiente para falar em noivado diante daquela pessoa?

-- Sua tia veio passar uns dias conosco Giovanna, chegou há pouco.

-- Como vai tia? – Giovanna perguntou em um tom falso, indo contra tudo o que eu conhecia dela.

-- Vou bem. – respondeu apenas.

-- Tia Carmem, acho que a senhora ainda não conhece, essa é Maria Luíza, minha namorada. – Giovanna pronunciou tudo olhando bem para a tia em uma estranha postura de enfrentamento.

A mulher permaneceu calada, não moveu nem mesmo uma unha. Ao seu lado sua irmã mexia-se no sofá, visivelmente incomodada e desconcertada. Carmem então fechou os olhos por um segundo e quando os abriu falou.

-- Como permite coisa tão horrenda como está dentro de sua casa? – perguntou olhando para Celina – Pensei que já tivesse dado um basta nisso, não foi isso o que me disse? Não foi você que disse que não permitiria que sua filha criada com tanto esmero se deixasse levar por algo tão pecaminoso e...nojento como este? – pronunciou a última parte olhando para Giovanna e eu que ainda mantínhamos os dedos entrelaçados.

            Senti Giovanna apertar minha mão, olhei brevemente para o seu rosto e vi que ele estava começando a assumir um tom avermelhado, era indício de sua irritação. Apertei a mão dela de volta, rezando para que ela nada respondesse. Se ela dissesse algo seria pior.

            As duas ficaram encarando-se por alguns segundos, até que a mulher tentou dar o golpe de misericórdia.

-- Já que insiste nesse absurdo, por que não procura uma mulher inteira ao invés dessa aleijada?

            O golpe não foi sentido apenas por Giovanna, eu sei que ela o sentiu, mas eu o senti de uma maneira imensurável. Carmem tocou em meu ponto fraco. Não me orgulhava e nem me sentia bem com o fato de ainda não andar com perfeição, de sentir dores ao andar demais, ou até mesmo por dirigir por um tempo a mais, porém, Giovanna me aceitou daquela maneira, daquele jeitinho, e mancar já não era tão vergonhoso como fora no início. Só que eu não consegui evitar a tristeza que às vezes me acometia por não poder mais fazer o que eu tanto gostava. Ainda me era incômodo quando olhavam-me com estranheza pelo meu andado.

-- Vamos embora daqui! – disse Giovanna, enfurecida.

            Estávamos quase alcançando a porta quando Carmem a fez parar no meio do caminho.

-- A verdade dói não é mesmo, minha querida?

            Giovanna a olhou com os olhos vermelhos, eu a conhecia o suficiente para saber que ela estava tentando segurar as lágrimas, e mais do que isso, estava lutando com o seu interior para não cometer o erro de responder aquela senhora como ela merecia.

-- Não ouvi nenhuma verdade no que você disse, estou indo embora apenas por respeito à senhora e pela mulher que eu amo.

-- Como ousa pronunciar um impropério como este dentro desta casa? – Carmem levantou-se raivosa.

-- Quer saber? Eu vim até aqui fazer isso da maneira correta, mas já que é assim, é melhor que as duas – apontou para a mãe e para a tia – saibam de uma vez. Essa mulher aqui, a partir de hoje é a minha noiva! – quase gritou a última parte.

            O silêncio tomou conta do ambiente por alguns instantes. Meu coração batia acelerado, temendo o que viria a seguir. As senhoras provavelmente tentavam digerir a nova informação, e Giovanna, acalmava-se lentamente, parecia ter tirado o peso do mundo de seus ombros.

-- Giovanna eu acho que não ouvi bem. – depois de muito tempo Celina se pronunciava. – Você vai casar? Vai casar com uma mulher? Foi isso o que escutei?

-- Foi isso mesmo mãe, pedi que organizasse esse jantar porque queria anunciar o meu noivado com Luiza, nos casaremos sim, e é pra logo!

-- Jamais permitirei isso! – bradou Celina com os olhos levemente esbugalhados.

-- Não há o que permitir, eu a amo e ela tenho o mesmo amor por mim, é apenas isso que me basta, não preciso de sua bênção!

-- Você aceitará uma afronta dessas, minha irmã?

Celina dividiu o olhar entre a irmã e a filha, respirou profundamente parecendo atordoada. Eu via a dúvida estampada em seu olhar, ela parecia pesar uma decisão entre a vontade de sua única filha e a opinião de sua irmã mais velha.

-- Se você continuar com essa idéia absurda...ponha-se para fora desta casa!

-- O quê?

-- Se quiser continuar isso que chama de relacionamento com essa mulher, saia da minha casa imediatamente. Não aceito vê-la por mais nenhum segundo debaixo de meu teto. Chega dessas suas loucuras! E mais, assim que pôr os pés para fora desta casa significa que decidiu não ser mais a minha filha, e assim será! Você não terá mais mãe. Esqueça-me!

Carmem exibia um sorriso mesquinho e um olhar vitorioso direcionado para a sobrinha.

Meu coração apertou dolorosamente, quando vi as lágrimas que Giovanna tanto tentou segurar, agora rolarem por seu lindo e delicado rosto. Eu sabia que a mãe dela seria capaz disso, sabia que Celina iria feri-la. Não agüentei assistir a tudo aquilo sem exprimir uma única palavra, eu sabia que estava me metendo em um assunto onde não me cabia, mas eu não podia permitir que ferissem Giovanna.

-- Você não pode fazer isso com a sua filha Celina! – falei mais alto do que o normal - O que há de errado com o nosso amor? Nós amamos da mesma maneira que você, não é um amor diferente por ser amor entre pessoas do mesmo sex*. Eu amo a sua filha como nunca amei ninguém, ela me salvou da escuridão, me salvou do abismo para o qual eu caminhava lentamente. Aceite-nos, aceite o nosso amor, não abra mão da filha maravilhosa que tens, não a deixe sair da sua vida por puro preconceito. Ela só quer que você participe da vida que decidimos compartilhar, apenas isso.

            Celina me pareceu confusa, dividida entre o olhar de recriminação da irmã, o olhar choroso da filha e as minhas palavras. Foram os segundos mais longos da minha vida, capazes de me deixar com a boca seca, ansiando por uma resposta positiva.

            A irmã venceu!

-- Minha decisão está tomada, ela terá de escolher.

            Aflita, busquei o olhar de Giovanna.

-- Já fiz a minha escolha, mamãe. – Giovanna me puxou escada acima, na direção de seu quarto.

-- A partir de agora você não pisa mais nessa casa, e se ousar colocar o nome desta mulher junto ao seu casando-se com ela você está deserdada! – ouvimos a mulher gélida gritar.

            O medo de Celina era esse, era ter provas do que Giovanna e eu éramos uma para a outra perante a alta sociedade que ela tanto idolatrava. Se fosse escondido era bem menos inaceitável do que esfregar na cara dos seus amigos granfinos o fato de sua filha ser lésbica.

            Assim que ela fechou a porta de seu quarto, ela agarrou-me e deixou finalmente as lágrimas caírem. Seu soluço dolorido, o choro sofrido me cortava o coração. Vê-la tão frágil daquela maneira acabava comigo.

-- Eu estou aqui com você meu amor. - a abracei, e deixei que ela chorasse.

Quando enfim se acalmou, ajudei Giovanna a arrumar algumas coisas dentro de poucas malas. Algumas roupas, alguns livros e objetos pessoais. Olhei em volta e notei que cada canto daquele quarto tinha um pouquinho dela. Estava ocupada, fechando sua última mala quando ela calmamente fala.

-- Ah, tem algo que preciso fazer antes de sair desta casa. – disse tirando uma pequena caixinha dentro da bolsa.

            Sorri ao perceber do que se tratava. Giovanna se aproximou, abriu a caixinha, e delicadas alianças apareceram lá dentro.

-- Prometi que independente do que acontecesse, eu te faria minha noiva hoje. Mesmo com essa noite desastrosa, você me faria a mulher mais feliz do mundo se aceitasse casar comigo. – fez uma breve pausa - Então, Maria Luíza de Andrade Lemos, você me daria a honra de ser a minha esposa? – perguntou com os olhos cheios d’água.

-- Não há nada que eu queira mais neste mundo do que casar com você. É claro que eu aceito!

            Giovanna me abraçou apertado, percebi que ela ainda chorava baixinho. Provavelmente, a minha noiva – como era bom falar isso – estava dividida entre o que nos acontecia naquele instante e o que ocorreu minutos atrás na sala de Celina. Eu sempre soube que ela seria capaz disso e muito mais.

-- Desculpa por não ter sido romântico como imaginei. – ela falou baixinho contra meu pescoço.

-- Não importa o que aconteceu lá embaixo amor.

-- Obrigada por tudo o que você falou para a minha mãe. Por alguns instantes eu até cogitei que suas palavras seriam capazes de realizar um milagre, e ela realmente fosse capaz de nos aceitar.

-- O que falei lá embaixo não foi nada, sei que deveria ter falado mais, ter tido um pouco mais de coragem e evitado o que ele te causou.

            Giovanna fungou, soltou-se de meus braços e distanciou-se um pouco de mim, deixando certo espaço entre nós.

-- Minha noiva. – falou a palavra saboreando o verdadeiro significado da palavra.

            Sorri diante do sorriso bobo que timidamente desenhava-se em seus lábios.

-- Inteiramente sua. – a puxei para mim e colei os nossos lábios em um beijo apaixonado. Intenso!

            Separamo-nos em busca de ar, e aquele pequeno sorriso que estava ali antes agora havia dado lugar a um sorriso estonteante e contagiante. Seus olhos brilhavam, mas não era pelas lágrimas, era por algo a mais. Sorrimos uma para outra como duas bobas. Giovanna me deixou assim desde o início de nossas sessões.

-- Vamos embora amor? Preciso procurar um hotel para ficar essa noite, amanhã, com a cabeça mais fria eu penso em algo melhor.

-- Não precisa nem pensar! – falei quando uma idéia maravilhosa e ao mesmo tempo ousada estalou em minha cabeça.

-- Por quê?

-- Tenho uma proposta para lhe fazer.

-- Qual?

-- Vem pra casa comigo.

-- Obrigada amor, prometo que amanhã eu procuro algo.

-- Não, não é bem assim.

-- Não entendi.

-- Eu estou pedindo para que você venha morar comigo, a minha casa não chega aos pés da casa da sua mãe, não tem todo esse conforto e esse luxo, eu sei, mas nós podemos dividi-la. Será só nossa... – falei observando atentamente sua expressão.

-- Você está falando sério?

-- Nunca falei tão sério em toda a minha vida. Então, o que me diz?

-- Tem certeza de que é isso mesmo que você quer?

-- É claro que sim! Olha só, pensa comigo, já estamos noivas – falei erguendo a mão direita exibindo minha aliança - não é mesmo? Vamos nos casar um dia, dividir uma cama, uma casa, uma vida, então eu só estou adiantando as coisas e lhe pedindo para morar comigo antes de nos casarmos.

            Giovanna sentou na ponta da cama e passou a encarar os próprios pés. Sua cabeça baixa não me permitia ver sua expressão, e não poder ver o que seus olhos diziam estava me deixando angustiada. Eu podia ter me precipitado com tal pedido, afinal, noivar não era o mesmo que dizer quando juntaríamos as escovas de dente, um noivado podia durar anos. Sendo assim, podíamos até ser noiva, mas a idéia de morar junto agora podia ser assustadora.

-- Gio amor, diz algo, você está me deixando aflita.

-- Já estava mesmo na hora de sair da casa da minha mãe para ter a minha própria casa. Tenho que dizer que eu estou amando essa possibilidade, já tenho até algumas idéias.

-- E isso quer dizer que...

            Giovanna levantou o rosto, sua expressão era indecifrável, eu simplesmente não conseguia ler, e aquilo me fez engolir as palavras.

-- Que sim! Eu quero morar com você!

            Sorri animada, feliz e empolgada.

-- Mesmo?

-- Claro que sim amor, isso se você não tiver mudado de idéia.

-- Jamais. – parei um pouco para sorrir – Então vamos, vamos para a nossa casa, no caminho passamos naquele seu restaurante favorito e compramos o que você quiser. Um jantarzinho especial, em comemoração a nós.   

            Apressadas, pegamos todos os pertences que ela queria levar e descemos as escadas em uma animação sem igual. Pensei que encontraríamos Celina e Carmem a nossa espera, mas me enganei, a sala estava completamente vazia, nem sinal delas naquele ambiente.

Assim que entramos no carro, antes de eu dar partida, Giovanna olhou para cima, mais exatamente para a janela do quarto de sua mãe, e ela estava lá. Olhava-nos sem demonstrar nenhuma emoção, na verdade mais parecia uma estátua, um boneco de cera. Inquietei-me, por alguns segundos pensei que ela voltaria a chorar, mas ao contrário do que imaginei, ela suspirou, colocou a mão e minha coxa e falou firmemente.

-- Vamos para a nossa casa amor!

 

**********

Atualmente...

 

            Sai do banho com a lembrança do dia do nosso noivado. Noite confusa, com uma pitada de desastre, mas nem por isso com menos amor. Aquele foi um dos dias mais felizes e importantes da minha vida. E foi por amar tanto Giovanna, que pedi, quase implorei para adiarmos o nosso casamento, não conseguia aceitar que ela fosse deserdada, que perdesse tudo que lhe é de direito por intolerância da mãe. Ela custou a aceitar, mas consegui convencê-la, seria uma situação passageira, logo ela seria Giovanna de Andrade Klein.

           O fato é que acabamos deixando os planos de casamento de lado, ela estava envolvida com os três consultórios, e eu com a escola. Condicionamo-nos a felicidade que tínhamos, sem nos preocupar com o papel que nos dava o título legal de “esposa”.

            Vesti-me com um pouco de pressa, queria chegar à escola antes do início das aulas. A escola em questão era a Escola de Esporte Andrade Lemos, da qual eu era dona e diretora. Sempre fui muito ligada aos esportes, e como o acidente acabou me afastando dos campos e das quadras, eu já não me sentia inteira, era como se faltasse algo em minha vida, e com o apoio de Giovanna, abri uma pequena escola para crianças e adolescentes, que com o tempo tornou-se uma renomada escola, visitada e indicada por grandes nomes do esporte.

            A recomendação de Giovanna era motivada por meus arroubos, às vezes eu não conseguia apenas assistir os alunos nas quadras, teimava em entrar e eu mesma dar algumas dicas e aulas, e por mais que os anos tenham passado, meu joelho ainda não me deixava esquecer o acidente de 5 anos atrás.

            Assim que cheguei a minha sala, fui informada pela coodiretora, que duas mães aguardavam para falar comigo. Senti-me tensa na mesma hora, dentre algumas mães de alunos, havia uma que praticamente me perseguia, a Marcela. Uma mãe divorciada, que agora teimava em conhecer o mundo lésbico comigo. Não desistia nem mesmo quando eu dizia ser casada. Giovanna tinha ímpetos de agarrá-la pelos cabelos por tamanha cara de pau da outra.

            Adiantei-me em perguntar.

-- Thaís, por acaso, alguma dessas mães que me aguarda, não é a Marcela, é?

-- É sim, ela afirma que precisa conversar com a senhora sobre uns problemas com o filho.

-- Ela só adiantou isso?

-- Sim.

            Suspirei tentando controlar a irritação que já tomava conta de mim, não agüentava mais me esgueirar, tentar fugir das investidas daquela mulher. Chegava a ser inconveniente, mas mesmo assim, eu não podia deixar de recebê-la, porque por mais que ela me procurasse com outras intenções, às vezes - pouquíssimas vezes – o assunto era mesmo o seu filho.

-- Tudo bem Thaís, me dê só um minuto.

-- Licença.

            Assim que Thaís fechou a porta atrás de si, olhei para o celular em cima de minha mesa, tive uma enorme vontade de ligar para Giovanna e contar-lhe da inconveniente visita de Marcela logo pela manhã. Pensei melhor e vi que não valia apena aborrecê-la mais com as atitudes daquela mulher, pelo menos não agora, em casa eu contaria.

            Logo a primeira mãe entrou. Queria matricular mais um filho que havia se interessado pelas aulas ao assistir a irmã participar de uma partida de handebol. Sempre me empolgava com a influência positiva que o esporte tinha. Acabei concedendo a ela um bom desconto pela matrícula do garoto.

            Quando a primeira mãe saiu, Marcela não tardou em entrar em minha sala. Estava de cabeça baixa, olhando uma mensagem de Giovanna em meu celular quando ouvi aquela voz melosa preencher minha sala.

-- Oi minha linda.

            Levantei o olhar e me surpreendi com a figura que andava em minha direção. Marcela usava um vestido curto e com um grande decote revelando parte de seus seios.  Sem falar que a tal peça era extremamente justa, marcando cada curva que o corpo dela tinha. Ela só podia estar querendo provocar com uma roupa daquelas.

-- Pois não Marcela, o que a traz aqui?

-- Na verdade passei apenas para matar a saudade de você, passei a noite inteira pensando em ti. – falou sentando na cadeira a frente de minha mesa, cruzando displicentemente as pernas.

-- Marcela, por favor, se o assunto não for o seu filho ou algo relacionado à escola, não temos nada para falar.

-- Não faz assim comigo.

-- Marcela...

-- Tudo bem. – me interrompeu – Na verdade o que me trouxe mesmo aqui foi o Gustavo. É aniversário dele daqui a dois dias, e ele insiste em ter a professora querida dele no aniversário.

            Fiquei muda, e diante da ausência de palavras ela continuou.

-- Vim lhe convidar pessoalmente, pena que acabei esquecendo o convite com o endereço, mas se não se importa, eu posso anotar o endereço do Buffet pra você.

-- Tudo bem. – disse apenas.

            Marcela curvou-se em minha mesa para alcançar a caneta em cima do teclado de meu computador. A posição em que ela ficou deixou o grande decote e os seus seios, bem a minha frente. Desviei o olhar e levantei-me mais que depressa. Ela sorriu de lado, um sorriso convencido e malicioso.

-- Aqui está o endereço. – disse entregando-me um pequeno pedaço de papel – Gustavo e eu te esperaremos ansiosos.

            Dito isso Marcela saiu, deixando um rastro de perfume doce. Fiz uma careta e joguei o papel em um canto qualquer. Jamais iria aquele aniversário, compraria um presente e depois me desculparia com Gustavo pela minha ausência.

           A minha manhã passou rapidamente, surpreendi-me quando olhei o celular e vi que já se passavam de meio dia. Estranhei não ter recebido a ligação costumeira de Giovanna me lembrando de almoçar. Liguei para ela a caminho do restaurante que normalmente eu almoçava. Mais uma vez estranhei por ela não ter atendido, ela tinha dado um jeito de almoçar na mesma hora que eu, para quem sabe, se fosse possível almoçássemos juntas.

            Liguei mais algumas vezes, agora, a ligação estava caindo direto na caixa postal. Deixei o celular de lado e resolvi almoçar.

            Estava no carro voltando para a escola quando meu celular tocou. Olhei rapidamente no celular e vi que era Alice. Sorri. Fazia um bom tempo que não via a minha amiga. Encostei o carro e atendi.

-- Diz sumida!

-- Malu meu amor, que saudade de você! – praticamente gritava.

-- Também estou com saudades de você. – falei sorrindo, imaginando a cara de felicidade dela.

-- Ai eu preciso te ver, preciso mesmo, tenho muita coisa para te contar. Muitas coisas interessantes, e, além disso, eu preciso muito da sua opinião em uma coisa que me aconteceu.

-- E você já está de volta ao Brasil?

-- Estou sim, estou aqui no saguão do aeroporto esperando a minha melhor amiga desnaturada vir me buscar. – falou manhosamente.

-- E por acaso, essa melhor amiga a quem você se refere, sou eu?

-- É claro que sim! Sabes que é a minha melhor amiga, então trate de vir logo aqui porque eu estou ansiosa pra te ver.

-- Eu já estou indo meu amor, me espere só um pouquinho, vou só fazer um retorno e já te encontro.

-- Se a Giovanna te ouve me chamar assim, ela vai acabar cometendo dois homicídios, você sabe não é? – Sorri.

-- Sei sim. Me espere, já te encontro.

-- Vem logo, eu não vou sair do lugar não.

            Desliguei o celular e peguei o primeiro retorno em direção ao aeroporto. No caminho tentei repassar mentalmente algum a fazer na escola, percebi que nada de importante estava marcado para aquela tarde, porém, para desencargo de consciência, aproveitei um sinal vermelho e liguei para Thais. Estava certa, nada de tão importante que exigisse a minha presença.

            Cheguei ao aeroporto cerca de meia hora depois da ligação de Alice, ela provavelmente já devia estar bem irritada e sem sombra de dúvidas cansada. Andei apressadamente na direção do saguão, olhava atentamente para os lados a procura daquele rosto tão conhecido. Cansada de procurar, peguei o celular e disquei o número dela.

            Por duas vezes a ligação acabou caindo na caixa postal. Olhei novamente em volta e assustei-me quando senti braços envolverem a minha cintura por trás. Sorri reconhecendo aquele abraço.

-- Você disse que não sairia de onde estava. – falei ainda de costas para ela.

-- E eu não saí, ainda estou aqui no saguão. Vê? – perguntou abrindo os braços bem a minha frente.

            Sorri contente por enfim poder matar a saudade de minha amiga. Sem esperar mais nenhuma palavra, a puxei para um abraço apertado.

-- Como você pode simplesmente me abandonar aqui para se aventurar fora do país hein? – perguntei no abraço.

-- Eu só passei um pouco mais de um ano fora Malu, e, além disso, foi preciso. Eu estava morrendo de saudades de tudo, mas principalmente de você, das nossas conversas, nossas saídas.

-- Nunca mais invente de estudar fora, ok? Já estamos velhas para isso. – brinquei.

-- Prometo que não estudo mais fora. Mas só pra constar, a velha aqui é você, eu não sou velha!

            O riso sempre era fácil quando eu estava com a minha amiga. Nunca, passe o tempo que for eu serei capaz de compensar ou agradecer por tudo o que ela fez por mim, nunca, por hipótese alguma ter me abandonado, mesmo sendo isso o que eu merecia na época. Ela nunca desistiu de mim, nunca deixou de insistir no meu tratamento e na minha recuperação após o acidente, foi um verdadeiro anjo em minha vida. Além de tudo, graças a ela, acabei conhecendo Giovanna. Nunca seria capaz de agradecer adequadamente!

            Saímos do aeroporto e fomos direto para uma cafeteria próxima dali. Alice era fissurada em capuccino, e apesar de não ser muito fã de café, fui para agradá-la. Conversávamos enquanto esperávamos nossos pedidos, claro, pedi apenas um suco de abacaxi.

            Alice tinha um brilho diferente no olhar, e não era apenas isso, tinha algo a mais, eu só não sabia o que era, mas tinha certeza de que a Alice sentada a minha frente não era a mesma que eu vira partir cerca de um ano atrás.

-- Você tem um ar diferente! – comentei depois de muito observá-la.

-- Impressão sua. – falou baixando os olhos, sinal de que estava escondendo algo.

-- Devo mesmo acreditar nisso?

-- Sim! Quer dizer...não. Mas depois falamos disso, primeiro quero saber como está a sua vida. E a Giovanna, como está?

-- Minha vida não podia estar melhor, nunca imaginei que tomaria esses rumos. Algum dia me imaginou casada?

-- Nunca consegui te imaginar casada, você curtia demais a sua solteirice, sem falar que  você vivia para o handebol.

-- Ai amiga, a minha felicidade não tem tamanho. Queria ter conhecido Giovanna há muito mais tempo, assim nossa estória seria maior do que ela já é. Queria até ter sido a sua primeira paixão, a primeira de sua vida.

-- Não seja egoísta.

-- Não é egoísmo, é apenas...amor!

-- O amor de vocês é tão lindo Malu! A parceria, a cumplicidade, a paixão latente, esse olhar bobo ao falar uma da outra...vocês foram feitas uma para a outra. Eu espero que você nunca deixe nada e nem ninguém dizer o contrário.

            Sorri com aquelas palavras. Eu me sentia de Giovanna, tinha certeza de que nunca conseguiria ser de outra pessoa que não fosse ela. Sem ela tudo perdia a graça, sem ela me restava apenas um vazio.

            Quando ela tinha que viajar para congressos, cursos ou coisas do tipo, eu não conseguia parar de contar os minutos para que ela voltasse, eu sempre ficava aqui, mas a minha mente e o meu coração iam com ela.

-- Nunca deixarei. Sempre lutarei por nós, sem medir esforços.

-- Assim que se fala. Mas você ainda não falou sobre a minha cunhadinha. Como ela está?

-- Ela está ótima, envolvida em uma completa correria, mas ótima. Sabe como ela é, não para de trabalhar um instante sequer. Ela tem andado muito cansada, mas mesmo assim não consegue parar, ela ama o que faz. Giovanna, não seria Giovanna se não trabalhasse até a exaustão.

-- Estou com saudades dela também.

-- Vamos marcar de sair nós três? Podemos ver algo bacana e matar as saudades.

-- Será que eu posso levar alguém?

            Surpreendi-me, não pela pergunta em si, mas sim pelo olhar de quem estava aprontando que ela me lançou. Isso tinha cara de ser mais uma das paixões dela.

-- Claro! Mas antes, eu posso saber quem é esta pessoa?

-- Então, era sobre isso que eu queria falar, o que me aconteceu lá em Portugal.

-- Deixe-me adivinhar: você conheceu um belo e encantador lusitano, por quem você caiu de amores, e agora ele está lá e você aqui, e você já está morrendo de saudades dos tórridos dias de paixão que viveu com ele. Acertei?

-- Quase isso.

-- Então me diga.

-- É que não é bem um belo e encantador lusitano.

-- Está fazendo caridade? – brinquei.

-- Para Malu, não sei como te dizer isso. – falou baixando a cabeça em seguida.

            Parei de sorrir no mesmo instante, percebi que ela estava um pouco confusa e aflita. Talvez fosse sério o que ela queria me falar e não sabia como. Logo Alice, a que sempre foi aberta e espontânea para falar de qualquer assunto, pelo menos comigo.

-- Ei, o que houve?

-- Você sempre disse isso, mas eu nunca pensei que isso um dia fosse acontecer comigo, me parecia algo tão distante da minha realidade. Nunca cogitei ou sonhei com essa possibilidade, e agora... – suspirou.

-- Está me deixando preocupada.

-- O nome dela é Elisa.

            Quase cuspi o suco que no momento eu bebericava. Será que eu havia entendido errado?

-- O nome de quem é Elisa?

-- O nome dela, da lusitana, a mulher por quem eu acabei me apaixonando. – falou sem jeito.

            Por uns instantes fiquei observando minha amiga sem nada falar, apenas a olhava com uma cara séria sem nem mesmo abrir a boca. A ficha estava começando a cair. Eu sempre estive certa! Por muitas vezes Alice veio chorar em meu ombro por causa de alguma de suas paixões – homens altos, musculosos e completamente metrossexuais – e eu costumava dizer que o seu amor não estava entre a ala masculina. Claro, ela sempre descartou essa idéia.

-- Está ai! – disse com o intuito de assustá-la.

            Obtive êxito.

-- Está ai o quê sua maluca?

-- A razão pela qual você sempre se interessou por homens afeminados!  

-- Eles não eram afeminados Malu, apenas metrossexuais.

-- O que dá no mesmo.

-- Você não tem nada de sério e importante para me dizer? Nada sobre isso?

-- Claro! Seja bem vinda ao mundo das sapatilhas!

-- Estou falando sério sua chata.

-- Tudo bem. Vou falar sério agora. – respirei fundo assumindo uma postura séria – Amiga, eu sempre disse isso pra você, e quando eu dizia isso não era pra tirar uma com a sua cara. Eu sempre notei uma curiosidade, um certo encantamento da sua parte.

-- Mas eu nunca senti nada demais por nenhuma mulher.

-- Talvez porque ainda não tinha conhecido a mulher certa, ou até tenha tentado negar o que realmente sentia de maneira subconsciente.

-- Ai eu não sei Malu! Mas ela é tão linda, tão carinhosa, tão romântica. – suspirou.

-- Olha, depois desse suspiro ai, sinto dizer, mas você está completamente apaixonada e ferrada.

            Ela gargalhou e eu a acompanhei.

-- Há quanto tempo vocês estão juntas?

-- Uns 6 meses mais ou menos.

-- E você só me conta isso agora Alice?!

-- Ai Malu, não era algo que eu podia simplesmente contar pelo whatsapp ou por telefone. Eu tinha que ver a sua reação quando soubesse que você sempre esteve certa. – revirou os olhos.

-- Eu sabia! Agora mais do que nunca temos que marcar algo, quero conhecer essa Elisa aí, sem falar que ela vai ter que passar no meu teste do polígrafo.

-- Sua besta!

            Passamos mais um tempo jogando conversa fora, falando sobre Elisa, sobre Giovanna, sobre Elisa, Giovanna, o curso dela, sobre a escola, ai sobre Elisa, e depois sobre Giovanna até que meu celular tocou. Não me dei conta de que o tempo tinha passado voando, mas já era fim de tarde e minha esposa me ligava avisando que já estava indo para casa.

            Deixei Alice em seu apartamento com a promessa de marcamos algo assim que Elisa pudesse vir ao Brasil, e fui para casa. No caminho parei em uma padaria e comprei algo que minha esposa adorava: sonho.

           Cheguei a casa, joguei as chaves no aparador e estranhei o fato da casa estar toda escura. Chamei por Giovanna, mas não obtive resposta. Fui até a cozinha deixar o pacote com os sonhos e vi que na minha adega faltava uma garrafa de champagne.

            Caminhei lentamente pela casa, subi as escadas e me esgueirei até me aproximar do quarto. Podia ouvir uma música suave que vinha lá de dentro. Bati na porta e ouvi a voz da mulher da minha vida pedindo para entrar.    

            O quarto estava somente à luz de velas, pétalas vermelhas estavam espalhadas por todo o quarto, em cima da cama dezenas de fotos nossas – todas em preto e branco -, o balde com champagne e duas taças jaziam na cômoda ao lado da cama. Porém, nada de Giovanna.

-- Amor? – chamei.

-- Senta nessa cadeira do lado da cama, amor. – respondeu do banheiro.

            Assim o fiz.

-- Pronto!

-- Agora fecha os olhos. – gritou ainda do banheiro.

            Essa mulher estava aprontando!

            Fechei os olhos e mantive o sorriso nos lábios, me corroendo de curiosidade e ansiedade. Senti suas pequenas e delicadas mãos passearem por meu rosto, seus lábios roçarem nos meus.

-- Tenho uma surpresa pra você amor. – sussurrou em meu ouvido me fazendo arrepiar dos pés a cabeça. – Abra os olhos.

            Morri de tesão no instante que abri os olhos. Giovanna estava vestida com um corpete e cinta liga na cor preta. Nos pés um salto agulha, a maquiagem destacando aqueles olhos azuis. Salivei e tive ímpetos de ir até ela, porém, ela ergueu apenas um dedo e fez sinal de negativa. Fiquei quietinha em meu lugar, apenas admirando.

            Giovanna andou sensualmente até o aparelho de som, e trocou a música por outra, uma mais sensual, bem mais sensual. Parou a minha frente e começou a dançar no ritmo da música, provocante, sexy, me inebriando de tesão. Ela descia, subia e me deixava com água na boca. Minha calcinha estava completamente encharcada, e eu não conseguia nem mesmo piscar. Lentamente ela retirou o corpete, deixando seus seios expostos e eu morrendo de vontade de agarrá-los. Umedeci a boca com a pontinha da língua.

            A música acabou, e outra começou. Igualmente sexy. Giovanna se aproximou de mim e pegou um pano vermelho na mesinha atrás de mim. Ela me vendou e pediu para que eu levantasse e começou a me despir, deixando suas mãos deslizarem “acidentalmente” em meus pontos fracos, me fazendo suspirar e gem*r ao mesmo tempo. Depois me empurrou de volta para a cadeira e pediu para que eu colocasse as mãos para trás. Ouvi o barulho metálico e constatei que estava algemada, com as mãos imóveis.

-- Seja boazinha. – seu hálito quente em meu ouvido me enlouquecia.

            Balancei a cabeça em concordância. Sentia seu corpo próximo de mim, mas ela não me tocava. Senti cheiro de chocolate invadir o quarto. Não tinha como saber o que estava acontecendo.

-- Abre a boquinha amor.

            Fui obediente, e esperei receber o chocolate em minha boca, mas o que senti foi nada mais nada menos do que seu seio. Estremeci! O chocolate estava em seu seio, de onde o retirei completamente com minha língua, ch*pando, lambendo, o devorando por completo. Giovanna suspirava completamente amolecida enquanto empurrava minha cabeça de encontro ao seu seio. Repeti o delicioso e torturante processo no outro seio e novamente ela se afastou.            

            Senti algo morno em meu seio e novamente o cheiro de chocolate.

-- Afasta um pouco as pernas. – sua voz já estava completamente rouca de desejo.

            Quase explodi em um gozo maravilhoso quando Giovanna completamente nua sentou em minha perna esquerda, deixando seu sex* molhado tocar minha pele. Gemi quando ela começou a rebol*r e se esfregar ali. Ela segurou em meu pescoço rebol*ndo de forma cadenciada enquanto tomava meus lábios em um beijo guloso. Sua boca abandonou a minha para se apossar de meu seio, agora ela sugava o chocolate. Joguei minha cabeça para trás sentindo um imenso prazer.

-- Você está molhada amor? – perguntou ainda rebol*ndo.

-- Aham. – foi tudo que eu fui capaz de responder.

-- Posso conferir?

            Balancei a cabeça para logo em seguida sentir seus dedos explorando meu sex*. Aquilo era demais. Eles passeavam lentamente, me fazendo ansiar e quase gritar em desespero. Pedir para que ela terminasse logo com aquela tortura e me tomasse de uma vez por todas.

-- Não agüento mais amor... – sussurrei.

-- Só estou começando.

            Seus dedos me penetraram me fazendo soltar um pequeno grito, de prazer. Ela passou a rebol*r mais rápido, molhando ainda mais a minha perna. Minha respiração já não tinha ritmo, estava descontrolada, e a dela da mesma maneira. Ela passou a estocar mais rápido, mais forte e mais fundo. Seu rebol*do estava completamente ensandecido.

            Seu sex* tocava minha perna de maneira íntima. Eu podia senti-lo completamente. Aberto. Roçando em mim.

-- Goz* pra mim amor...

            Foi o estopim! Chegamos ao ápice juntas. Giovanna relaxou em meu colo, aconchegando seu corpo ao meu e retirando seus dedos de mim suavemente.

-- Você quer me matar mulher! – falei sorrindo.

-- Eu disse que só estamos começando. Deixa-meeu soltar suas mãos. – soltou as algemas e retirou a venda.

            Massageei os pulsos e fiz uma pequena careta.

-- Sinto muito amor, mas não vou poder usar as mãos hoje, se é que me entende. – brinquei balançando as sobrancelhas.

-- Não será preciso.

            Levantou, puxou a colcha da cama, deixando apenas o lençol, – tirando todas as fotos e pétalas – foi até o banheiro e voltou escondendo algo atrás de si.

-- Quero que use isto! – disse estendendo-me a cinta, nosso brinquedinho.

           Sorri maliciosa. A puxei de encontro a mim e deixei minha mão alcançar seu bumbum, apertando-o firmemente. Beijei sua boca com volúpia, sentindo meu corpo ascender novamente. Deitei seu corpo na cama e passei a distribuir beijos por toda parte: ombros, colo, seios, barriga, coxa...até chegar naquela maravilha. Aspirei o cheiro, passei a pontinha da língua, mordisquei e a fiz implorar.

-- Vai amor, por favor.

            Devorei aquele sex* por inteiro. Brincando com clit*ris, com os grandes lábios, enfiando minha língua em sua entradinha. Sentindo aquele gosto maravilhoso. Eu já estava molhada novamente. Giovanna arqueava o corpo sempre que eu a penetrava com a língua. Parei quando percebi que seu gozo se aproximava. Distanciei-me um pouco e vesti a cinta debaixo de olhos atentos e famintos. Lentamente encaixei-me no meio de suas pernas e a penetrei com uma calma surpreendente, até para mim.

            Ela gem*u fechando os olhos e cravando suas unhas em minhas costas. Comecei a me movimentar, fazendo com que a cinta estimulasse também a mim, massageando meu clit*ris. Giovanna jogou sua cabeça para trás, gem*ndo. Suas pernas entrelaçaram-se em minhas costas, me puxando para mais junto e mais para dentro dela.

            Eu delirava ao olhar para o seu rosto tomado pela excitação, pelo prazer. Estoquei-a mais fundo sentindo que o meu próprio gozo já estava próximo.

            Mais uma vez chegamos ao ápice.

 

            Gemidos. Sussurros. Palavras desconexas. Gritos. Amor e prazer, nossa noite foi regada dessa maneira. Em uma maratona onde os corpos e as almas se completavam perfeitamente. Eu tinha certeza de que aquela mulher, era a mulher da minha vida, e eu seria dela para todo o sempre, nessa e em outras vidas.

Fim do capítulo

Notas finais:

As músicas a baixo foram as que ouvi para escrever esse capítulo. Saberão a hora de ouví-las. A ordem vocês escolhem.

Beijos

https://www.youtube.com/watch?v=Jry11x7FV30

https://www.youtube.com/watch?v=6kjaagQcYkc


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Comentários para 2 - Capítulo 2 - Doce surpresa:
rhina
rhina

Em: 28/08/2016

 

Olá. 

Boa noite. 

Giovanna tem um grande desafio a vencer. ...sua mãe. 

Malu Tem que tomar muito cuidado com marcela.

Que noite excitante. 

Elas são lindas.

Beijos. 

Rhina 


Resposta do autor:

Oi minha flor, desculpa pela demora. Boa tarde! Tudo bem com você?

Dona Celina é duresa, vai ter que saber lidar com essa senhora ai. O segundo nome da Marcela é perigo, Malu que se cuide! Eu odorei essa noite delas, tô até pedindo uma igual. 

Beijos Rhina

Responder

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Em: 29/07/2016

Que surpresa foi essa, gentem!

Totalmente maravilhoso!

Bjs

Darque


Resposta do autor:

Surpresa gostosa demais, não é não? Eu já quero!

Beijos

Responder

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 26/02/2016

O amor delas é delicioso! Vivem em perfeita lua de mel por mais de quatro anos. Lindas! d84; d84; d84;  Só acho que essa tal de Marcela ainda vai causar e se juntar com o monstro da mãe da Gio.


Resposta do autor:

Até contagia a gente um amor assim, não é não? Amor puro e sincero. Marcela é alguém que requer muita atenção, senão...puff, ela aprotna alguma.

Beijos

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Thamara_
Thamara_

Em: 22/01/2016

Eita que capítulo... Giovanna e Malu são tão lindas e fofas juntas, pena que tem tanta gente querendo atrapalhar a vida das duas. Que sogra difícil! 

A estória é tão envolvente....estou adorando poder acompanhar!  


Resposta do autor em 25/01/2016:

Giovanna adora surpreender a esposa, e desse vez ela arrasou! Deu até vontade. Elas são fofas mesmo, mas realmente elas tem um time contra elas, dai vem a força do amor delas.

As vezes sogra é difícil mesmo, mas a Celina entrou na fila duas vezes. Sorte de quem tem uma boa sogra aí viu? 

Eu estou adorando poder escrever para pessoas como você, que além de ler apoia!  Continua ta?

beijo na bochecha!

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Shayenne
Shayenne

Em: 21/01/2016

Estou adorando ler.Uuuaauuu que surpresa delíciosa a da Giovana.Até fiquei com água na boca lendo.kkkk                                                                                                                                                         Parabéns                                                                                                                                          bjs


Resposta do autor em 25/01/2016:

Vou te confessar: Eu fiquei com água na boca escrevendo essa surpresinha da Giovanna. Queria uma pra mim :/

obrigada pelo elogio viu? Não sabe como fico ao ler que a estória está agradando. Continua acompanhando, prometo te deixar com água na boca outras vezes kkkkkk

Beijo

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Mille
Mille

Em: 21/01/2016

Adorando não sei qual dessas vilas será a mais cobra, a sogra, a irmã da sogra ou essa perua da Marcela.

Alice voltou com muitas novidades, espero que Elise faça ela feliz.

Giovana arrasou da surpresa.

Bjus e até o próximo


Resposta do autor em 25/01/2016:

Todas são umas cobras, agora o negócio é saber quem é a pior mesmo. No momento estão no mesmo nível de maldade e veneno.

Elisa ainda vai ter um papel muito importante na estória, foca nela daqui pra frente. E tomara mesmo que Alice e Elisa sejam felizes!

Gostou das músicas que embalou a surpresa da Giovanna?

Beijo flor

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