Ótima leitura!
Capítulo 1 - O início da mudança
O relógio, o bendito relógio soava insistentemente e de maneira estridente. O alarme irritante soava enquanto ele praticamente dançava em cima do pequeno criado mudo que havia ao lado da grande cama de casal. Droga! Eu tinha que levantar, a hora tinha chegado. Sempre fui o tipo de pessoa que tem horários pra tudo, meio metódico eu sei, mas eu era assim. Não gostava de atrasos e nem de protelações.
O relógio marcava 6hs da manhã. Puxei o lençol que ainda cobria o meu corpo e espreguicei-me esticando os braços e as pernas, sentindo uma pequena fisgada em meu joelho direito. Sentei-me na borda da cama tentando acumular um pouquinho de coragem, só o que fosse suficiente para que me fizesse levantar daquela cama e ir de uma vez por todas para o mais temido banho gelado. Meu corpo inteiro arrepiou-se só por imaginar a água tocando em minha pele.
Fechei meus olhos por uns segundos, aspirei fundo e um cheiro conhecido invadiu minhas narinas. Eu amava aquele cheiro. O perfume dela me invadiu, era o cheiro mais maravilhoso do mundo. Ah como eu amava aquele cheiro! Estava impregnado nos lençóis, em minhas roupas e em minha pele. Eu amava profundamente a bela ruiva de pele clara que atendia por “Doutora Giovanna”, a minha médica, a mulher da minha vida!
Minha mente voou sem destino, e acabou voltando a alguns anos atrás, até o ano de 2010, quando por obra do destino acabei conhecendo a mulher que mudaria a minha vida.
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Ano de 2010
Meu humor nesse dia em específico era um dos piores. Falava sempre com grosseria e sempre respondia de má vontade. Estupidez era meu segundo nome naquele dia, nada seria capaz de mudar isso.
-- Malu deixa de ser cabeça dura, você já está aqui, já esperou um bom tempo, então não custa esperar mais um pouquinho. A recepcionista disse que a doutora já está chegando, é só mais um pouquinho.
-- Alice eu já esperei muito! Estou farta disso! Eu só vim até aqui por insistência sua, sabe muito bem que eu não queria, eu não preciso disso. – disse ríspida.
-- Deixa de ser turrona! Você precisa sim, você sabe muito bem que o tratamento adequado pode resultar na sua recuperação total. Você precisa de fisioterapia. O que mais você teria pra fazer em casa? Assistir a jogos de handebol na tv?
Suspirei forte, o que eu mais desejava era estar na quadra, e não assistindo jogos na TV. Doía-me te ter de ficar longe das quadras, era um dos lugares que eu mais amava, e, portanto, o lugar em que eu mais queria estar.
-- Seria melhor do que estar aqui, nessa sala esperando uma médica estúpida que não tem a menor consideração por seus pacientes. Além disso, o que importa é que nunca mais poderei ser como eu era. Não poderei mais dar aulas de educação física ou mesmo ser treinadora de handebol. Nada de esportes pelo resto da minha vida. A droga desse joelho dói até quando ando, basta lembrar que tenho um e ele dói. – virei meu rosto irritada.
Ali estava eu, contra a minha vontade, em uma recepção de uma clínica de granfinos – clínica essa que estava sendo custeada por alguns patrocinadores da minha época esportista -, à espera de uma médica que nunca chegava. Concordei em estar naquela maldita clínica apenas para agradar a minha melhor amiga, a Alice. Éramos amigas desde o nosso ensino médio, ela era o que eu tinha como referência de família, somente ela e o meu irmão mais novo. Sem contar, que ela foi a única que aguentou a barra ao meu lado, a única que aguentou a grande montanha russa que havia se tornado o meu humor, minhas crises de depressão, e claro a minha enorme arrogância e ignorância. Sentia-me mal às vezes, porque eu sempre descontava minhas dores, e tudo o que sentia de ruim em cima dela, da única pessoa que sempre esteve do meu lado, me apoiando e cuidando de mim. Sentia-me uma completa idiota por saber onde eu estava errando com ela e mesmo assim não conseguir mudar isso em mim, eu sabia que estava tratando-a de um modo que ela não merecia, eu até me policiava, mas de um jeito ou de outro eu sempre acabava despejando todos os meus males nela.
-- Está sentindo dores? – ela me perguntou preocupada enquanto tocava suavemente meu joelho.
-- Um pouco, mas nada demais. – respondi encarando o meu joelho com uma enorme cicatriz deixada pelas dezenas de cirurgias.
Lembrei do meu mais recente acidente. Desde muito nova sempre nutri uma enorme paixão por motocicletas. E a primeira coisa que fiz quando completei 18 anos de idade foi comprar a minha primeira moto, nem era habilitada ainda, mas comprei, não largava dela por nada, até pra ir à padaria que ficava logo ali na esquina eu ia montada nela. Então por sempre estar montada em uma moto sempre fui mais propensa a sofrer alguns acidentes em cima de uma. Porém nenhum deles foi tão sério quanto o último. Nenhum dos acidentes foi por minha inteira culpa, por imprudência ou por falta de atenção, mas sempre me aparecia algum irresponsável que não prezava pela própria vida, e muito menos para a vida dos outros.
Na época eu era técnica de um time de handebol feminino, estávamos as vésperas do campeonato nacional. Fazia dois anos que eu treinava aquelas meninas, e elas estavam nervosas, ansiosas, e eu não estava diferente delas. Há dois dias tínhamos treinado e havíamos dito que aquele seria o nosso último treino, eu não queria exagerar e acabar exigindo demais do físico delas, porém elas ainda não se sentiam seguras, e insistiam para que tivéssemos mais um treino antes do primeiro jogo.
Depois de muita insistência e muitos pedidos para um novo treino, eu cedi e marquei para um domingo, exatos dois dias antes do jogo. Terminamos o treino por volta das 22hs da noite, as meninas começaram a sair uma a uma da quadra, eu ainda fiquei por ali por algum tempo. Retirei as redes, recolhi as bolas e aproveitei para tomar um banho no vestiário mesmo.
Deixei a quadra o relógio do meu pulso já marcava mais de 23hs. Peguei a minha moto louca pra chegar a casa e me jogar em minha cama, meu corpo pedia por isso. Parei em um sinal, era um cruzamento daqueles que não tem uma boa fama. Meu pensamento estava no jogo que estava próximo, nunca estive tão ansiosa. Ao meu lado havia uma carreta, daquelas enormes que andam por ai com toneladas e mais toneladas. Meus fones impediam que eu ouvisse tudo a minha volta, meus olhos estavam vidrados no semáforo a minha frente, contando os milésimos para que o verde me permitisse seguir.
Tudo aconteceu em questão de segundos, acontecera muito rápido, eu não vi nada, só que em alguns segundos tudo escureceu. Eu não enxergava mais nada, meu corpo doía, eu sentia tudo dolorido, não conseguia me mover e nem conseguia abrir meus olhos, mas ouvia tudo a minha volta, ouvia murmúrios, já não ouvia mais Renato Russo cantar em meus ouvidos. Murmúrios, vozes, gritos, sirenes...
De repente tudo ficou em silêncio.
Acordei 17 dias depois em um quarto de hospital ainda sentido todo o meu corpo dolorido, e com dois pares de olhos atentos e ansiosos em cima de mim: Alice e meu irmão, Murilo.
Os dois escolheram muito bem as palavras, mediram e me contaram cuidadosamente que um carro me atingiu em cheio enquanto eu estava no semáforo. O motorista dirigia alcoolizado, e no cruzamento acabou me atingindo, fiquei presa entre o carro e a carreta. Minha perna direita ficou imprensada, e foi a parte de meu corpo que mais sofreu com o impacto. Por pouco as consequências não foram mais graves.
Soube também que o motorista do carro havia falecido, e isso havia me deixado triste e chocada, pensei na dor que a sua família sentia agora. A imprudência acabou ceifando a sua vida, e eu simplesmente não conseguia entender como alguém podia brincar assim com o bem mais precioso que Deus algum dia já deu a humanidade.
Minha imagem não era a das melhores, passei 17 dias em coma induzido. Diversos hematomas agora faziam parte de meu corpo, estavam por toda parte, espalhados em todo e qualquer cantinho do meu corpo. Algumas costelas fraturadas, alguns pontos no queixo, um braço fraturado e o que mais me preocupava, as diversas fraturas no joelho – fratura do platô tibial, e o rompimento do tendão patelar. Passei por diversas cirurgias, uma atrás da outra. Diversos exames faziam parte de meu dia, quase nunca parava no quarto, estava sempre deitada em cima de uma maca enquanto via as grandes luzes do teto passarem por mim.
Aquela rotina no hospital estava me cansando de uma maneira absurda. Ninguém me falava nada, ninguém tinha a coragem de olhar na minha cara e confirmar o que eu suspeitava, que depois daquele acidente a minha vida jamais seria a mesma, e que eu nunca mais poderia voltar a jogar ou praticar qualquer tipo de esporte. A minha paixão já era.
Eu sempre me emocionava quando as meninas do meu (ex)time vinham me visitar, o que não era muito fácil de acontecer, pois eu quase sempre estava passando por mais uma bateria de exames. Orgulhei-me por saber que elas tinham ganhado o jogo, apesar de tristes deram o máximo em quadra, e dedicaram a vitória a mim.
Quase dois meses depois eu recebia alta daquele bendito hospital, meu corpo e meu humor não eram mais os mesmos, dores constantes me atingiam, principalmente no joelho. Remédios e mais remédios em horários controlados faziam parte da minha rotina. Passei um tempo me locomovendo com uma cadeira de rodas, logo depois vieram as muletas, uma inseparável muleta que por teimosia larguei em um canto qualquer do meu quarto. Sentia-me ridícula e impotente andando com aquilo.
A distância da minha verdadeira rotina me fazia falta, não treinar mais as meninas me deixava desanimada e abatida. Ficar dentro de casa sem poder fazer praticamente nada era um tormento pra mim, e isso só influenciava cada vez mais de uma péssima maneira em meu humor.
-- Malu? Malu?
-- Oi. O que foi? - perguntei saindo do meu transe.
-- Algum problema? – Alice me perguntou tocando meu braço com uma cara de preocupada.
-- Não, está tudo bem. - fiz uma pausa - Estava apenas pensando em algumas coisas. O que foi?
-- A moça quer falar com você. – Ela disse apontando para a moça loira parada a minha frente.
-- Ah sim. Pois não. – Falei assumindo a minha cara mais dura que pudesse para mostrar para aquela moça o tamanho do meu desgosto por ainda estar esperando pela bendita médica.
-- Senhora Maria Luiza eu queria pedir desculpas pelo atraso da Dra. Débora, mas ela acabou de ligar pedindo pra desmarcar as consultas, ela infelizmente não poderá atendê-la hoje.
-- Como é que é? – fiquei de pé assustando a moça e fazendo-a dar alguns passos para trás - Você está de brincadeira comigo não é mesmo? Que tipo de brincadeira é essa? – nesse momento eu estava quase gritando, a irritação tomando conta de todo o meu ser.
-- Peço-lhe desculpas novamente pela doutora Débora, senhora. Sei que a senhora esperou bastante, mas isso não se trata de uma brincadeira, e...
-- Eu vou embora dessa espelunca, não pode se tratar ninguém dessa maneira. Isso é um ultraje!
-- Malu, calma, vamos tentar resolver isso de outra maneira, mas fica calma. Está todo mundo olhado pra gente, vamos pra casa, depois a gente marca uma consulta novamente.
-- Eu vou pra casa sim, mas não vou marcar outra consulta de maneira nenhuma. Eu já disse milhões de vezes que eu não preciso disso, isso é coisa sua Alice. - estava quase gritando nesse momento - Como você é tola, eu não quero mais você se metendo em minha vida! Me deixa em paz! – assim que fechei a minha boca arrependi-me mortalmente, Alice estava com os olhos cheios de água.
-- Olha moça, obrigada pela sua ajuda. – disse Alice pegando sua bolsa, levantando e se colocando ao meu lado. – Mas já vamos embora. Mais uma vez obrigada, e peço-lhe desculpa pelo comportamento de minha amiga.
-- Senhora eu ainda posso marcar a sessão para outro médico, se quiser eu marco agora mesmo, só peço mais um pouquinho de paciência para que eu possa encaixá-la na agenda.
-- Eu, não quero, consulta nenhuma! – falei pausadamente e perto o suficiente da moça de um modo que ela poderia até sentir meu hálito. – Deu pra entender?
-- Eu posso saber o que está acontecendo aqui?
Uma voz calma e suave surgiu atrás de nós. Senti meu corpo vibrar somente ao ouvir aquela voz. Distanciei-me da moça da recepção, lancei um olhar para Alice que já olhava para trás, e virei meu corpo olhando na mesma direção que ela. Uma mulher de cabelos ondulados e vermelhos olhava para nós com a confusão estampada em seu rosto. Ela vestia um vestido preto acima dos joelhos, ele era colado e tinha um decote que deixava a pele alva e com algumas sardas de seu colo aparecerem. Mexendo completamente com a minha imaginação. Ela era linda! Completamente linda. Os olhos de um azul fascinante, o nariz afilado, a boca carnuda e bem desenhada. Tudo se encaixava perfeitamente naquele rosto afilado.
-- O que está acontecendo aqui Amanda? – ela voltou a perguntar.
-- Bom dia doutora Giovanna. Essa moça se chama Maria Luíza, ela tinha uma sessão marcada hoje cedo com a doutora Débora, porém a doutora estava atrasada e ligou agora a pouco avisando que não poderia vir, pediu para que desmarcasse todas as suas consultas.
-- Alguma justificativa? – ela perguntou para a recepcionista, mas era para mim que ela dirigia o olhar.
-- Não doutora Giovanna, ela apenas pediu para que desmarcasse porque não poderia vir hoje.
-- Tudo bem, então transfira a paciente dela para mim. – disse ainda me encarando.
-- Mas hoje a senhora está de folga doutora.
-- Não tem problema, vim até aqui pegar umas coisas, e já que precisam de mim não me importo, já estou aqui mesmo. – sorriu - Estarei de folga novamente depois que atender Luíza.
-- Não precisa, já estamos indo embora. – eu disse a encarando a altura.
-- É a sua primeira sessão com a Débora? – me perguntou.
-- É sim doutora, fui eu quem marcou a consulta para ela. Ela já devia ter vindo há muito tempo, já devia ter procurado um fisioterapeuta há séculos, mas é teimosa e fica adiando sempre que pode. Então se a senhora puder mesmo atendê-la eu agradeceria muito. – Alice respondeu por mim, mas dessa vez eu não a interrompi e nem mesmo me importei, não queria magoá-la novamente, e, além disso, eu estava sem ação diante daquela linda e intrigante mulher.
-- Como é a sua primeira sessão Luíza, eu não vejo problemas, porque não terá que interromper o tratamento mudando de profissional. Começaremos, e então poderá fazer todo o seu tratamento comigo, se preferir. Pode ser assim? – me perguntou com um pequeno sorriso que acabou me desmontando inteira.
-- Tudo bem, pode ser assim.
Não entendi muito bem o que aconteceu comigo, mas não senti vontade de ser rude com ela, e não titubeei em pelo menos sorrir internamente com aquele sorriso que ela me lançou. Os dentes eram branquinhos, e o sorriso era incrível. Não precisei pensar duas vezes pra aceitar o que ela estava propondo, talvez fosse fácil fazer esse bendito tratamento com ela, acho que encararia numa boa. Ela seria o meu estímulo.
-- Então eu lhe peço apenas alguns minutos, só o tempo de ler a sua ficha e me preparar. Ok?
Apenas balancei a cabeça confirmando, nem me importei de ter que esperar mais tempo. Ela foi até o balcão e a moça loira a seguiu. Alice sentou me puxando pelo braço me fazendo sentar novamente.
-- Viu Malu? Tudo foi resolvido, você vai ser atendida. - ela tinha voltado a sorrir.
-- Unhum. – respondi sem tirar os olhos da mulher em pé do lado de cá do balcão.
A doutora Giovanna pegou uma pasta branca que a recepcionista lhe estendia, virou em minha direção, piscou e seguiu por um corredor com um pequeno sorriso em seu rosto. Porque todo mundo estava sempre feliz daquela maneira? - me perguntei. O estranho era que naquele momento, apesar do meu humor e não ter nenhum motivo aparente, eu também tinha um sentimento de felicidade em meu interior.
Esperei menos de 5 minutos, logo a moça, a Amanda veio até mim e disse que a doutora Giovanna já me aguardava. Agradeci, e quando ia levantar Alice me impediu.
-- O que foi?
-- Seja gentil com ela Malu, ela está sendo muito legal em lhe atender. Ela nem deveria estar aqui, e mesmo assim não se opôs em nos ajudar.
-- Eu sei disso, pode deixar que eu não vou morder ela não.
-- Isso eu sei que não. – disse sorrindo.
-- Olha Alice, - olhei em seus olhos e segurei em sua mão – obrigada por tudo o que tem feito por mim, por me aguentar todo esse tempo e ainda não ter desistido de mim. Sei que ultimamente não tenho merecido a sua amizade, mas mesmo assim eu queria te dizer obrigada.
Ela sorriu largamente e pude ver algumas lágrimas se formarem em seus olhos.
-- Você não precisa me agradecer Malu, você é quase uma irmã pra mim, e vai ser preciso mais do que o seu humor pra fazer com que eu saia da sua vida ou deixe de me importar com o seu bem estar. - fungou - Agora vai lá – disse dando batidinhas em minha mão.
-- Tudo bem. Vou lá.
-- Malu? – tornou a me chamar.
-- Oi.
–- Corre que uma doutora muito gostosa está lhe esperando e eu tenho certeza que a partir de hoje a sua vida vai mudar, vai dar uma guinada. – ela sorriu e eu sai sorrindo também.
Mal sabia eu, que aquelas palavras logo fariam todo sentido, minha vida realmente daria uma guinada.
Parei na frente da porta que Amanda me indicou. Respirei fundo, e novamente senti uma pontada em meu joelho, ele sempre me fazia lembrar do quanto ele podia doer as vezes. Fiz uma pequena careta de dor e logo em seguida a porta foi aberta, me fazendo assustar por ter sido pega no flagra.
-- Está sentindo dores Luíza? – ela me perguntou com um semblante preocupado.
-- Um pouco. – respondi tentando me recompor.
-- Vem, entra aqui. – ela me chamou puxando-me pela mão e eu senti um arrepio, uma coisa gostosa.
Sentei e ela me pediu para que a contasse tudo o que tinha acontecido. Fiz como ela me pediu, contei a ela sobre minha rotina antes, sobre meu acidente, meu período de quase recuperação, toda a medicação que eu ainda tomava, e as dores que eu sentia e que me faziam andar mancando.
-- Não se preocupe Luíza, eu vou cuidar de você! - disse docemente.
“Luíza”- sorri – Somente ela me chamava pelo meu segundo nome.
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Atualmente...
-- Não vai levantar da cama hoje Luíza?
Sorri e olhei para o lugar de onde vinha a voz. Ela sorria, estava linda, estava enrolada em uma toalha branca, e na outra mão uma toalha menor que secava seus cabelos. Era incrível que mesmo com o passar dos anos eu a achava linda a cada dia que passava, e a amava cada dia mais. Seus ombros nus ainda tinham algumas gotas de água.
-- O que foi amor? – ela perguntou largando a toalha que antes enxugavam seus cabelos em um canto qualquer e aproximando-se de mim – Está sentindo alguma dor? – perguntou acariciando meus cabelos.
-- Não amor, não estou sentindo dores. – a segurei pela cintura e a fiz sentar em meu colo, bom, em minha perna esquerda – Fui cuidada por uma linda e competente fisioterapeuta, não sinto mais dores, só quando exagero do bom uso.
-- Se sentir algo não minta, me conte, mesmo com o passar do tempo algumas pequenas dores ou fisgadas...
-- Tá tudo bem amor. – a interrompi – Você não vai para a clínica hoje?
-- Hoje é minha folga, tenho o dia inteiro para a minha linda esposa.
-- Nossa! Um dia todo pra mim?
-- Todo pra você meu amor. – ela disse e logo tomou meus lábios em um beijo calmo e suave, mas ainda sim capaz de me desnortear e fazer meu corpo inteiro arrepiar. Estremeci.
A fiz virar de frente para mim e ela passou suas pernas por minha cintura. Levantei a levando comigo. Nossas bocas não se separaram nem por um segundo. A levei de volta para o banheiro, e lá a coloquei no chão.
-- Já tomei banho amor. – ela protestou com uma carinha linda.
-- Não vamos tomar banho. – falei com um sorriso malicioso.
O desejo estava tomando conta de mim e eu já não conseguia mais aguentar. A imagem de sua pele alva com algumas gotas de água rolando por toda extensão acabou mexendo comigo.
Aproximei-me dela e tomei a sua boca novamente, abri a sua toalha e deixei que ela caísse em seus pés, afastei-me um pouco e olhei admirada para aquele corpo que eu conhecia como a palma da minha mão. Giovanna mordia o cantinho dos lábios, e eu sabia muito bem o que aquilo significava: tesão. A puxei pela cintura e deixei um rastro de beijos em seu pescoço, ora mordendo, ora passando a pontinha da língua. Giovanna suspirava em meus braços. Minhas mãos foram até os seus seios e notei que eles já estavam eriçados, dessa vez foi eu que suspirei, senti uma umidade no meio de minhas pernas. Apertei , massageei os seios mais perfeitos que já vi em minha vida, ela suspirava e puxava meus cabelos. Me afastei novamente dessa vez para tirar a minha roupa, tirei peça por peça debaixo de lindos olhos azuis, atentos a cada movimento que eu fazia. Fiquei apenas de calcinha.
-- Vem aqui amor. – ela me chamou com o dedo indicador.
Fui obediente e caminhei até ela, dessa vez levei minha boca até seus seios, senti o corpo dela estremecer. Mordi e suguei enquanto ela bagunçava e puxava meus cabelos. Ergui-me e a virei de costas para mim, peguei suas mãos e levei até a borda da banheira, fazendo-a apoiar-se nela. A borda da banheira era alta, e isso a deixou em uma posição sensacional. Retirei a minha calcinha.
-- Abaixa um pouco mais amor. – sussurrei com a voz rouca em seu ouvido.
Encostei minha pélvis em seu bumbum, dando um empurrãozinho para frente e ela soltou um pequeno gemido. Segurei seus cabelos e os puxei levemente. Voltei a empurrar, dessa vez esfregando meu corpo no dela. Levei a outra mão até o seu seio direito brincando com o biquinho duro.
Passei a ponta da língua por toda a extensão de suas costas, e vi seus pelinhos arrepiarem-se. Mordi o seu bumbum e depois assumi a posição anterior, encostei minha pélvis em seu bumbum e a mão que antes massageava seu seio agora estava no meio de suas pernas.
-- Abre um pouco mais as pernas. – pedi e ela logo fez.
Desci a minha mão e constatei o que eu imaginava, ela estava completamente molhadinha. Giovanna gem*u quando minha mão encontrou seu clit*ris, ele estava intumescido.
–- Isso tudo é pra mim amor? - perguntei em seu ouvido.
–- Sempre! Você... me deixa...maluca! - falou entre gemidos.
Passei a masturbá-la, fazendo movimentos circulares em seu clit*ris. Giovanna já começava a rebol*r em minha mão, o contato de seu bumbum com a minha pélvis estava tirando todo o meu controle. Eu estava completamente excitada, e sedenta pelo corpo dela. Seus suspiros e gemidos eram como música pra mim, eu amava quando eles aumentavam gradativamente.
Quando vi que ela estava bem próxima do clímax, fui parando os movimentos aos poucos, ela suspirou pesadamente com isso, era um protesto!
–- Luíza porque você...
Sua fala foi interrompida por um estalar que ecoou no banheiro. Bati com a palma de minha mão em seu bumbum. O bumbum de pele alva, bem branquinha ficou levemente rosado. Giovanna apenas gem*u e passou a empurrar o bumbum contra meu corpo.
–- Não me tortura amor! - foi quase uma súplica, sorri com isso.
–- Eu te amo. - disse com todo sentimento que existia em mim.
Sussurrei em seu ouvido, pude ver um sorriso brotar em seu rosto enquanto ela permanecia de olhos fechados. Não esperei resposta, e sem que ela imaginasse ou esperasse a penetrei com dois dedos. Giovanna gem*u alto, talvez pelo susto, talvez pelo prazer, ou talvez pelos dois. O que importa é que o seu gemido me excitou ainda mais. Comecei com movimentos de vai e vem, suaves, como se quisesse enlouquecê-la com a minha “demora”. Aos poucos fui aumentando o ritmo, minha mão esquerda agora apertava seu seio esquerdo. Giovanna seguiu o ritmo de meus movimentos com seus gemidos, era enlouquecedor! Continuei com os movimentos até perceber que o corpo dela começava a amolecer, estava bem próximo. Aumentei o ritmo e o que veio a seguir foi como uma explosão. O corpo dela era sacudido por espasmos, o gozo veio acompanhado de um “Malu” que fora gritado. Esse era o único momento que ela me chamava de Malu.
Retirei meus dedos lentamente, e o corpo dela ainda reagiu a isso, um leve tremor acometeu seu corpo por segundos. A levantei e a abracei por trás, evitando que ela caísse. Seu corpo ainda estava mole, e fiquei abraçada a ela até que ela se recuperasse. Pode parecer loucura, mas mesmo que Giovanna não tenha me tocado, eu cheguei ao clímax junto com ela. Vê-la entregue aquele momento daquela maneira tirava toda a minha sanidade, o pouco dela que me restava, porque só de ver seu corpo nu eu enlouquecia. Seu corpo era magnífico, ainda não conseguia entender como podia haver perfeição tão grande quanto aquela mulher que estava em meus braços.
Estava perdida em pensamentos, apenas sentindo o calor que emanava daquele corpo quando senti Giovanna posicionar minhas mãos como bem entendesse. As mãos que antes estavam entrelaçadas em sua cintura agora estavam uma em seu sex* e a outra em seu seio direito. Ela apertou minha mão contra seu seio, me estimulando a massageá-lo.
–- Acho que você não fez direito amor. - ela disse quando abriu mais as pernas e me fez ver o quanto ela já estava molhada.
Sorri com o que ela disse, ela queria me provocar, queria que eu desse o máximo de mim, ela queria sempre mais. Giovanna era insaciável na cama, e eu adorava esse lado dela.
Passamos boa parte da manhã divididas entre a nossa cama e o banheiro, como eu disse Giovanna era insaciável, e eu, não era diferente, era completamente viciada no corpo dela e em todo o prazer que proporcionávamos uma a outra. Só saímos do quarto quando minha barriga, outra insaciável, resolveu falar comigo em alto e bom som. Giovanna vestiu apenas a calcinha e uma de minhas camisas, e desceu sorrindo para preparar algo para comermos. Fiquei no quarto terminando de me arrumar, e desci em seguida.
Quando cheguei à cozinha tive uma de minhas visões favoritas, Giovanna rebol*va ao som de uma música enquanto mexia em algo na panela. Não havia visão mais sexy do que aquela, suas pernas alvas e bem torneadas e seu bumbum perfeito iluminados por fechos de sol que ultrapassavam algumas frestas da janela da cozinha. O tempo passava e eu simplesmente não conseguia amar menos aquela mulher. Parei na soleira da porta, cruzei os braços e fiquei admirando-a, esperando o momento em que ela percebesse a minha presença.
–- Ai Luíza, que susto! - disse levando a mão ao peito quando finalmente me viu.
–- Desculpa meu amor. - disse me aproximando dela – Não foi intencional, é que você fica tão linda vestida desse jeito. - disse a abraçando e dando-lhe um selinho.
–- Já preparei o nosso café. - disse sorrindo.
–- Huuum. Estou morrendo de fome amor.
–- Será que você pode me dizer uma novidade senhorita Maria Luíza? - perguntou sorrindo.
–- Ai amor, eu não tenho culpa de ser grande assim e minha barriga ser um saco sem fundo.
–- Então vem, - disse puxando-me pela mão - senta aqui que eu vou lhe servir.
Fiz como ela me pediu, sentei-me e aguardei enquanto ela trazia as mais diversas frutas, sucos, pães e bolos. Ela tinha essa mania de me mimar, ela cuidava de mim de um jeito que só ela sabia fazer, bem do jeito que ela prometeu cuidar de mim na minha primeira sessão de fisioterapia com ela.
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Ano de 2010...
“Não se preocupe Luíza, eu vou cuidar de você!”
Essa frase me marcou profundamente, eu não sei explicar exatamente o efeito que ela me causou, mas ela nunca me saia da cabeça, era como se ali, nas entrelinhas elas significassem bem mais do que aparentavam.
Desde a minha primeira sessão com Giovanna que eu me sentia diferente, não conseguia agir com ela de uma maneira que não fosse doce e gentil. Prestava atenção em cada palavra que ela pronunciava, acompanhava cada movimento dela. Na verdade eu me sentia mole perto dela. É isso! Ela me amolecia por completo, eu não sentia mais aquela sensação de que a minha vida havia acabado parcialmente e de que eu jamais seria a mesma pessoa, que nunca mais provaria o sentimento de felicidade.
A cada nova sessão com Giovanna, a cada toque dela eu sentia meu corpo inteiro reagir, e cada vez de uma maneira mais forte. Uma sensação nova me invadia de uma maneira entorpecedora, eu ansiava para que as mãos dela entrassem em contato com minha pele novamente, e sempre que isso ocorria um arrepio percorria meu corpo inteiro, e eu tinha consciência de que a minha cara me entregava, com certeza ela dizia que eu gostava daquilo, que eu queria um pouco mais daquele contato. Mas eu nem me importava.
Desde os meus 16 anos sou lésbica assumida, pelo menos para aqueles que me importavam, minha família. Quem estava ao meu redor acabava sabendo, porque nunca me escondi.
Aquela era a minha 13ª sessão. Estava chegando à clínica ansiosa para ver Giovanna novamente, eu sentia falta quando aos fins de semana eu não a via, aquilo me afetava de um jeito que ninguém mais podia entender. Porém eu estava chegando à clínica dividida entre a ansiedade e uma dor, comedida, mas ainda sim uma dor em meu joelho. Assim que coloquei os pés no chão ao sair da cama de manhã, senti uma fisgada forte em meu joelho, o que me fez ficar inerte por alguns minutos. Fechei os olhos e esperei a dor diminuir, tive medo de dar mais algum passo e aquela dor piorar. Com o passar dos minutos a dor diminuiu, eu voltei a andar, porém a dor em meu joelho permanecia comigo até aquele momento. Estava me fazendo mancar, mas fiz questão de não usar aquela muleta velha, não na frente dela, da Giovanna.
–- Bom dia Amanda!
–- Bom dia Maria Luíza!
–- Não precisa me chamar assim, pode me chamar de Malu, já estou praticamente morando aqui nessa clínica, temos intimidade o suficiente pra isso. - disse sorrindo, mas logo depois senti outra fisgada em meu joelho, e a pequena careta de dor foi inevitável.
–- Está sentindo dores Malu? - me perguntou com uma preocupação sincera.
–- Estou sim Amanda, acho que esse joelho não tem mais jeito, ele dói sempre que quer.
–- Senta ali um minutinho, eu vou informar à doutora Giovanna que você já chegou.
–- Tudo bem.
Sentei nas cadeiras que ficavam próximas a uma enorme televisão e aguardei que Amanda voltasse me autorizando a entrar para mais uma sessão com a doutora Giovanna. Sorri ao pronunciar mentalmente o nome dela.
–- Costuma sorrir quando sente dores?
Fui pega de surpresa por ela, Giovanna estava parada a minha frente com as mãos na cintura, por baixo de seu jaleco que estava aberto, como sempre. Ela vestia um vestido em um tom azul clarinho, ele era colado e deixava aparente todas as suas curvas. Seu cabelo estava preso em um rabo de cavalo, o que deixava a pele alva de seu pescoço completamente livre para que eu admirasse.
–- Luíza? Luíza, você ainda está ai? - perguntou abanando as mãos à minha frente.
–- Desculpa Giovanna.
–- Tudo bem. O que você está sentindo? Essa dor equivale a quanto em uma escala de 0 a 10?
–- Acho que uns 5 ou 7. - falei mostrando os dedos.
–- Como essa dor começou?
–- Do nada. Quando levantei da cama e coloquei os pés no chão senti uma fisgada, e desde então a dor não passou.
–- Vem, deixa eu dar uma olhadinha no seu joelho. - ela disse estendo-me a mão enquanto tinha uma expressão de preocupação no rosto.
Aceitei a mão que ela me estendia e novamente senti uma corrente percorrer meu corpo, fazendo com que os pelinhos de meus braços e nuca ficassem arrepiados. Ela não soltou a minha mão, ficou a segurando, e quando notou que eu mancava, andava com certa dificuldade, apertou minha mão, como se aquilo pudesse me passar forças ou evitasse meu esforço. O que ela fez a seguir me deixou um pouco desnorteada, ela entrelaçou nossos dedos e me lançou um pequeno sorriso. Senti-me nas nuvens com aquele contato. O corredor até seu consultório me pareceu enorme durante aqueles curtos minutos em que senti sua mão na minha e ao mesmo tempo senti um frio na barriga.
No momento em que passamos pela porta de seu consultório ela quebrou o contato de nossas mãos, o que me fez sentir uma leve frustração. Em seguida Giovanna higienizou suas mãos – uma mania dela – pediu que eu sentasse na grande maca no canto esquerdo, e pediu pra que eu relaxasse. Fiz como ela pediu, ou pelo menos tentei, porque eu não conseguia relaxar, eu sentia-me quente, sentia um calor que aumentava sempre que ela inclinava-se um pouco para frente para examinar meu joelho e exibia um pouco a mais de seu decote. Eu tinha quase certeza de que ela fazia isso de propósito. Estava quase tirando meu juízo, tanto que não aguentei mais, a chamei, a distrai para que ela saísse daquela posição perturbadora.
–- Doutora?
–- Giovanna, pode me chamar assim Luíza, nada de doutora. - disse erguendo-se e indo até a sua mesa.
–- Tudo bem.
–- Então, queria perguntar algo?
–- Ah sim... - tentei pensar rápido em algo – é que...é que eu queria saber se você é casada ou comprometida.
Arrependi-me, eu devia ter pensado um pouco mais antes de perguntar aquilo. É claro que eu queria saber se ela estava em algum relacionamento amoroso, mas como explicar o meu interesse? De onde eu ia dizer que surgiu aquela pergunta? “Tomara que ela não me pergunte o motivo de minha pergunta.” - pensei. Ela sorriu, me olhou de uma maneira que eu não consegui entender o que significava. Ela sorriu e andou até mim.
–- Não, eu não sou casada Luíza, e também não sou comprometida. - disse sorrindo – Podemos começar com uns exercíciozinhos?
–- Podemos. - assenti sorrindo de volta.
No final foi bom ter perguntado se ela era comprometida, saber que não, me deixou alegre. Talvez eu até tivesse alguma mórbida chance com ela, talvez se eu insistisse ou investisse.
–- Deita aqui um pouquinho, relaxa que eu vou forçar um pouquinho o seu joelho tá? Se doer, se sentir algum incomodo você pode me falar que paramos no mesmo instante. Tudo bem? - apenas balancei a cabeça em afirmativa. - Então vamos começar.
No início, quando ela passou a mover meu joelho, esticando e encolhendo-o, não senti muita coisa, mas quando ela passou a movê-lo no sentido direita e esquerda, movendo também meus quadris, senti uma dor a ponto de gritar. Porém não deixei transparecer, eu queria aguentar, não queria demonstrar a dor que estava sentindo e nem mesmo a fragilidade que agora fazia parte de mim. Fechei os olhos para que ela não visse o que eles deixavam transparecer. Aguentei por mais um tempo, até que ela voltou a flexionar meu joelho com um pouco mais de agilidade. Foi mais forte do que eu, foi mais do que meu corpo podia aguentar. Gritei!
–- Pára!
Eu não queria ter gritado, já bastava-me ter admitido a dor, não precisava expressá-la daquela maneira, mas não deu. Não consegui conter a lágrima que agora queimava meus olhos. Deixei-me ficar de olhos fechados, não vi a expressão de Giovanna, mas senti que ela havia se distanciado. A lágrima agora queimava minha bochecha, e pude sentir um dedo macio impedindo que ela continuasse rolando.
–- Luíza me desculpa, eu não sei o que lhe dizer, eu...por favor me desculpe...eu... - suspirou tristemente.
–- Não precisa pedir desculpa. - falei tentando impulsionar meu corpo para me levantar.
–- Quer levantar-se?
–- Sim.
Ela se aproximou um pouco mais e me ajudou a sentar na maca sem que fosse preciso colocar força em minha perna direita.
–- Luíza desculpa, não quis lhe causar dor. Isso nunca me aconteceu, eu nunca errei tanto assim, e fui errar logo com você. - a olhei e pude ver lágrimas se formarem em seus olhos. - Olha, eu vou lhe indicar uma grande amiga minha, e ela poderá continuar com as sessões. - disse indo até a sua mesa.
–- Como assim me indicar uma amiga? - fiquei tensa quando pensei que não a veria mais todos os dias.
–- Luíza, eu sinto muito, mas eu não posso continuar as sessões com você, o que lhe fiz me desestruturou, eu errei como profissional e errei com você. Não posso mais. Eu não podia...
–- Eu não quero outra pessoa...eu só quero se for você! - a frase ficou meio ambígua, mas era verdade.
–- Mas...
–- A culpa não foi sua Giovanna, foi minha, fui eu que não disse que estava sentindo dor, eu quis me fazer de forte, não queria parecer fraca na sua frente.
–- Mas por que isso Luíza? Isso pode lhe prejudicar.
–- Não quero ser isso aqui para você! – disse apontando para o meu joelho.
–- Luíza... - disse segurando meu rosto – eu nunca conheci alguém como você, forte e determinada assim. E eu nunca conheci alguém que fosse capaz de tudo isso, capaz de me deixar dessa maneira.
–- Do que você está falando? Lhe deixar de que maneira?
–- De deixar ele assim.
Ela levou minha mão até seu peito, onde senti seu coração pulsar freneticamente. A olhei aturdida. Seus olhos ainda molhados pelas lágrimas que se formaram fixaram-se nos meus, ela olhava no fundo de meus olhos, e eu estremeci. Não quebrei o contato, insisti, busquei-o insistentemente. Minha mão ainda permanecia no lugarzinho onde ela havia deixado, eu podia sentir seu coração pulsar, ele batia fortemente, assim como o meu que batia como um louco me dando a impressão de que a qualquer momento eu podia cuspi-lo.
–- Eu preciso que você me desculpe, preciso de verdade disso. - ela fez uma pausa, suspirou e continuo – Ultimamente eu não tenho sido muito ética, tentei várias vezes te falar, mas eu não sabia como fazer, é difícil, mas eu tenho que confessar que... que eu preciso loucamente de você... - ela disse a última parte quase num sussurro.
Senti seu coração dar um salto dentro do peito com as palavras que seus lábios acabara de pronunciar. O meu, ficou completamente ensandecido, uma felicidade enorme me atingiu, fazendo com que meu coração transbordasse em emoções. Minha razão pedia pra que eu ficasse calma, que talvez eu tivesse entendido errado, mas meu coração falou mais alto, eu tinha certeza de que tinha ouvido e entendido certo, ela me queria. E foi ele, meu coração que me fez agir. A mão que antes pousava em seu peito, fez companhia a minha outra mão em torno de sua cintura. A puxei para bem mais perto de mim, ela ficou entre minhas pernas, e sua boca ficou ao alcance e altura da minha. Eu precisava dizer algo antes...
–- Eu também preciso confessar algo, só que dessa vez em voz alta, algo que só o meu íntimo sabia.
–- O que precisa confessar? - perguntou com olhar se dividindo entre meus olhos e minha boca.
–- Eu não sou nada mais do que uma paciente, eu sei o que sou pra você, assim como tenho consciência de que você nunca me deu brecha para outra coisa que não fosse um relacionamento entre médica e paciente. Mas mesmo tendo ciência de tudo isso, meu coração foi fraco, assim como o meu corpo, que a cada toque seu estremece inteiro. Meu coração te quer Giovanna! Eu custei, demorei pra assumir isso, mas eu me apaixonei por você!
Pude perceber um brilho diferente nos olhos de Giovanna, não consegui decifrar, e isso me incomodou um pouco. Não conseguia ler os sinais do corpo dela, a única coisa perceptível foi que ela havia ficado sem ação, ficou imóvel, mas seus olhos me encaravam de uma maneira penetrante e desconcertante.
–- Você não é apenas uma paciente pra mim Luíza, você é muito mais do que isso, muito mais do que eu podia esperar. - ela fez uma pausa e continuou – Luíza eu preciso muito fazer uma coisa, não consigo mais resistir e me segurar. - ela mordia o cantinho da boca e aquilo prendeu meu olhar.
–- O que? - perguntei arqueando a sobrancelha.
Giovanna contornou meus lábios com o dedo indicador, continuava imóvel no mesmo lugar, mas seu rosto era iluminado por um pequeno sorriso em seus lábios. Seus olhos brilhavam mais intensamente, mas dessa vez por lágrimas que acumulavam-se. Não consegui evitar ou disfarçar o tremor que balançou meu corpo quando senti bem de perto o cheiro que exalava de suas mãos. Quase desfaleci quando seu dedo pousou suavemente sobre meus lábios, e ela sorrindo aproximou-se mais de mim.
–- Eu preciso te beijar Luíza. - disse encarando-me bem de perto.
Eu já sentia seu hálito fresco, as palavras sumiram de minha mente e de minha boca. Eu também queria beijá-la, mas não conseguia dar vazão a esse desejo com palavras, então apenas balancei a cabeça em sinal positivo. Fechei meus olhos para logo depois sentir meu peito quase explodir.
Eu parecia estar no céu, não conseguia acreditar que meus lábios estavam tocando os dela. Seu beijo era suave, calmo, parecia explorar, conhecendo cada milímetro de meus lábios. Minhas pernas e mãos tremiam, eu já nem lembrava de meu joelho e da dor que senti a pouco, a única coisa que eu conseguia ter em minha mente naquele momento era a mulher magnífica que estava em meus braços. Seu cheiro era maravilhoso, as suas mãos que agora seguravam meu rosto pareciam ser de veludo de tão macias – e geladas, pelo menos naquele instante.
Aquele foi o nosso primeiro beijo. Consigo me lembrar de cada detalhe e de cada sensação, como se fosse hoje. Essa é uma das lembranças mais vivas que tenho em minha mente. Até parece que acabou de acontecer, e eu jamais poderia imaginar que aquele beijo nos renderia 5 anos de relacionamento, de amor e muitas promessas.
Fim do capítulo
Meninas estou roendo todas as unhas aqui, me matando de curiosidade, doida parassaber o que vocês acharam. E ai? Me sai bem? Posso continuar?
um beijo
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Vih_Benic
Em: 28/04/2016
Estava aqui relendo o capítulo(1) e aproveitei para espiar os comentários. Senhora AUTORA, em sua resposta ao comentário da MAKTUBE, vc citou que o " amor delas é tão lindo, que já desejava um assim pra vc. Pois exatos 7 dias depois, no dia 29/02/2016, as 9:43 de uma manhã quente de Segunda-feira, vc encontrou esse tão sonhado e desejado amor...Nós encontramos!
De certa forma, a cada capítulo do texto, estamos escrevendo á nossa HISTÓRIA REAL. Você foi me buscar nos teus mais secretos sonhos e desejos. Destino??? Esse sim é o grande mistério. Dois meses de namoro e a cada segundo aprendo mais ainda o verdadeiro sentido do AMOR VERDADEIRO!
Obrigada MINHA VIDA, POR SER MINHA!!(momento possessiva melosa).
AMO MUITO VOCÊ, MY WRITER.
Ps: Parabéns por tanto talento. (em todos os sentidos)
TUA Vih!
Resposta do autor em 29/04/2016:
Pois é, eu tive a sorte de encontrar o meu amor, tive a sorte de encontrar você. E o melhor de tudo, é que o meu amor é do jeitinho que eu sempre quis, como sempre sonhei.
Quero escrever com você a estória que contaremos para os nossos filhos. Quero sorrir cada vez que eu lembrar do início de tudo, como começamos e tudo o que passamos. Que bom que consegui te trazer pra mim. Obrigada por tudo que já aguentou ao meu lado durante esse dois meses de namoro. Obrigada por amor tão puro e tão forte como esse.
Eu também AMO MUITO VOCÊ!
Obrigada meu amor.
SUA Chris.
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patty-321
Em: 07/03/2016
Chorei muito nesse capítulo. Q bom w a malu encontrou esse anjo chamado Marcela. Ela merece encontrar o amor verdadeiro. Nao deixe o mal destruir o amirde vcs malu e hGiovanna. E a pequena Anna sophia terá as maezinhas dela juntas. Bjs
Resposta do autor em 29/04/2016:
Não chora Patty, quando o amor é forte, ele resiste, continua firme, e quando a tempestade passa, ele fica ainda mais forte. O amor dessas duas é assim, é resistente, e não vai ser esse calhorda do Henrique que vai conseguir separar elas não. Ai, até imaginei a pequena Anna Sophia de mãos dadas com as mãezinhas dela. Que lindo!
Beijos
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Ana_Clara
Em: 26/02/2016
Eu amei este primeiro capítulo! Do jeitinho que nós leitoras gostamos, grande, bem escrito e com muito romance. E essa doutora é um caso sério, ohhhhhhhh mulher linda!
Resposta do autor em 29/02/2016:
Seja bem vinda Ana Clara, fique por aqui viu?
Ai, essa mulher é linda demais gente! Arrasa até o meu coração. Fiquei muito feliz pelos elogios, e mais feliz ainda por ter gostado.
Beijos
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flawer
Em: 23/02/2016
kkkkkkkkkkkkk... essas dancinhas só faço no oculto, te mostro não Chris!!! Minha sobrinha diz das dancinhas : "ai tia que mico!!" (sim, plural, tenho uma dancinha para cada situação. Rssss)
Divido SIM! RSSS Ai quem dera... loteria, sorte grande: #partiuVeneza!! Pense a gente com nossas respectivas Gio!
Ops! Perai... preciso arranjar a minha antes!! Senão como vamos para Veneza? Kkkkkkkkkkkkkkkk
Beijinhos Chris
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maktube
Em: 22/02/2016
Começando a ler e já adorei, bonito o amor das duas.
Parabens autora.
Resposta do autor em 29/02/2016:
Ai que felicidade ter você aqui! Vai ficar por aqui sempre né?
Obrigada pelos parabéns, fico muito contente quando alguém me dz que está gostando do que escrevo, e não é por questão de ego, apenas de dedicação, por ver que o que faz é reconhecido.
E quanto ao amor delas...é tão lindo que jé estou pedindo um assim pra mim. As duas são fofas e se completam de forma ímpar.
Beijos
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hcleka
Em: 02/02/2016
Olá! Comecei a ler a sua historia e não consegui parar!! Muito boa!! Quando postara o proximo capitulo? Vai demorar? Eu sofro muito de curiosidade provoca por ansiedade em saber logo o proximo capitulo de boas historias.
Bjos
Resposta do autor em 03/02/2016:
Sabe quando você lê algo e fica com cara de boba? Pois é, fiquei com essa cara. Obrigada minha linda, e ainda bem que você não conseguiu para de ler. Oh, hoje tem capítulo, desculpa não ter respondido isso antes.
Obrigada pelo título de "boa história"!
Beijos linda
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Ly
Em: 20/01/2016
Chris, adorei esse primeiro capítulo, muito bem escrito e q dinâmica maravilhosa. Parabéns! bjs.
E por gentileza, continue!
Resposta do autor em 21/01/2016:
Eu já tinha parado de pular enquanto digitava, mas com mais um comentário desse não tve jeito, voltei a pular de felicidade. Obrigada pelo seu elogio e por ter separado uns instantinhos do seu dia pra fazer uma autora feliz. Espero que continue acompanhando a estória até o fim. Ainda quero te ver muito por aqui. Vou continuar com toda certeza! Tem capítulo novo hoje ta?
Beijo
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Mille
Em: 19/01/2016
Belíssima história e início.
Prendeu nossa atenção e esperando novos capítulos.
Bjus
Resposta do autor em 21/01/2016:
Fico até besta com comentários assim! Não metida a besta, só besta. Entendeu né? Brincadeirinha, não sei se engraçada. Mas enfim, muito obrigada pelo comentário, é um motivo. Mais para me dedicar na escrita. O próximo capítulo chega ainda hoje. Promessa!
Beijos
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DuAmaralz
Em: 19/01/2016
O primeiro capítulo foi perfeito... Acho que ainda vai vir muita coisa ruim e você deve continuar logo
Resposta do autor em 21/01/2016:
Tenho que dizer, é bem complicado digitar enquanto pula, mas até que estou me saindo bem, ta dando certo :D
ah, não fiquei louca, fiquei contente por ler mais um comentário positivo a cerca da estória. To tão contente! Obrigada por ler e obrigada pelo comentário. E sim, acontecerão algumas visitas por aí. Vamos ver né?
beijos
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Thamara_
Em: 19/01/2016
Acho que não precisa mais roer as unhas (se sobrou alguma até o momento rs) pq vc se saiu muito bem... Adorei esse primeiro capítulo, adorei as personagens!
Se pode continuar?....por favor sim.
Resposta do autor em 21/01/2016:
Olha, foi por muito pouco, quase não sobrou unha nenhuma kkkk
Queria te agradecer de verdade pelo seu comentário e pelo seu incentivo. Me deixa muito feliz saber que tem alguém querendo ler um pouquinho mais dessa estória. Fiquei contente! Continuarei sim, e espero que você continue comentando e lendo bastante.
beijo flor!
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