Capítulo 23 - Seguindo impulsos... Quero luz…
Annie parecia maravilhada com o que ouvia, provavelmente admirada por não se tratar apenas de um concerto de música clássica mas uma fusão de acordes, duetos improváveis acompanhados por performances irrepreensíveis da grande orquestra constituída pela Sinfónica de San Diego, Jazz de Oregon e filarmónica do Metropolitan.
Eu adoro música, seja ela qual for desde que agrade os meus sentidos, mas há momentos em que uma orquestra parece despertar cada célula do meu corpo, todo o sangue corre numa velocidade alucinante e eu me sinto amplamente viva. Naquele momento eu me sentia viva e mais, com muita vontade de fazer coisas diferentes e ao mesmo tempo me via anestesiada, quase em transe...pelo som magnífico, pela performance perfeita, pelo encanto do violino...tantos violinos, orquestra perfeita. Tantos violinos, os ouvidos ouviam todos, o som entrava em mim e despertava a tal fúria para viver, mas os olhos, esses pararam numa figura e nunca mais conseguiram desviar. Skya...linda, redundância? Sim, mas em termos porque ela conseguia sempre emanar uma beleza única, e eu tinha sempre a sensação que era a primeira vez que a via...em palco então era de tirar o fôlego e eu mais uma vez tive que controlar o meu coração. Os efeitos dessa mulher em mim eram avassaladores, tanto que por momentos a impressão que eu tinha era que a orquestra era constituída por uma violinista e a plateia apenas por uma mulher em absoluto estado de encantamento e longe de estar no controle de sua sanidade. Perfeita, entregue à sua arte, concentrada e absurdamente bela...
--Eu estou cansada Lina, tu estás pesada filha, meus ombros estão acabados.
--Nannie, eu sou pequena e quero ver tudo...Cathe? Posso?
--Claro, vem.
A pequena sorriu e eu agachei-me para que ela pudesse subir. O encantamento dela era emocionante.
--Estou pasma Catherine...nunca pensei gostar tanto de um concerto de música clássica...se bem que isso nem é mais clássico, que mistura interessante, meus ouvidos agradecem.
--Agradeça também à tua pequena que tem bom gosto.
-Eu adoro música clássica e quando crescer quero ser como a Skya.
--Mas afinal quem é Skya no meio de tantas violinistas? Estou curiosa para saber quem é a fonte de inspiração da minha menina.
--A mais bonita de todas. - Gritou a menina. - A melhor.
--Bom, para uma leiga em música fica difícil...mas a mais bonita...são tantas.
--A mais bonita Nannie, ela é primeiro violino.
Annie riu com gosto.
--Mas Selina, eu lá sei o que é primeiro violino...vejo tantos violinos.
A menina imediatamente explicou e mostrou quem era Skya. Eu ouvia e não tirava os olhos de uma violinista, a melhor de todas, a única que me interessava naquele universo de gente talentosa.
--E pensar que estamos a assistir a essa maravilha sem pagar nada, é de agradecer aos céus.
Annie estava realmente muito emocionada.
A música continuou, o encanto propagou-se pela vasta audiência, mas tudo que é bom...
--Cathe, leva-me para ver a Skya, por favor.
Os olhos suplicantes da pequena me convenceriam de qualquer coisa, mas eu não tinha condições de ver Skya...assim? Eu não saberia como agir, não sabia o que esperar dela mas com certeza não podia esperar nada de muito efusivo e mais, minhas pernas não me obedeciam e tinha até uma certa dificuldade em raciocinar...
--Selina, olha quanta gente que está aqui meu bem...outro dia...
--Outro dia? Nannie, a orquestra não toca todos os dias e muito menos a Skya virá à minha cidade todos os dias...Cathe, por favor.
Eu não tenho resistência aos olhos ansiosos de uma criança e sabia o quanto aquela menina gostava de violino, da violinista...que dilema.
-Selina...olha a confusão filha.
Alguém chamou meu nome e mudei o foco por momentos.
--Catherine Lohman? Eu não acredito...que bom ver-te aqui.
Fui abraçada e só depois percebi de quem se tratava.
--Greg? O que fazes aqui? Não me diga que vieste apenas para ver o concerto? - Lembrei-me que nosso último encontro tinha sido num concerto intimista da Skya e da Rebeka e ele dissera que as seguiria sempre que possível. Na altura considerei um exagero...hoje minha opinião é outra.
--Feliz em ver-te Cathe. A minha empresa patrocina a orquestra de Oregon e sempre que possível acompanho as atuações e dessa vez tive mais um motivo...a saxofonista da sinfónica do Metropolitan.
Ri com gosto. Sim, ele tinha-se apaixonado pela Rebeka, ou pela performance dela...
--A Rebeka...
-Sim, lembras que da outra vez não foi possível jantar com ela? Mas agora mesmo que ela não aceite jantar comigo, eu estarei no evento final da produção, patrocinadores, enfim aquela chatice na ótica de alguns músicos. Estás convidada.
Sorri mas sem muito ânimo...
--Posso ir também?
--Selina...-- Annie repreendeu a filha.
--Claro que sim. E quem é essa menina linda?
--Selina, filha das minhas amigas Charlie que não está presente e da Annie, essa moça linda aqui.
--Muito prazer Selina. Annie, tua filha é linda, parabéns.
--Posso ir Greg? Gosto muito de orquestras, estudo violino e gosto muito da Skya.
--Todos nós gostamos, não é mesmo Cathe?
Bati com a cabeça, nervoso sempre coibiu minha fala.
Mais uma vez ouvi meu nome seguido de um forte abraço.
--Cathe minha chefe linda, o que fazes aqui? Não me diga que vieste à costa oeste apenas para ver as meninas lindas do teu coração.
Gargalhadas.
--Coincidência...vim visitar uma amiga e a filhinha dela tem muito bom gosto e nos trouxe para o concerto...foi lindo Kika, lindo.
--Tu também tocas na orquestra? Conheces a Skya? Podes levar-me para vê-la? Aqui ninguém quer me ajudar...
--Selina minha filha, calma.
Risos.
--Toquei sim na orquestra, sou saxofonista e levo-te para ver a Skya, é que ela é muito estrela e todos querem tirar fotos, entrevistar e tem outra estrela maior que não a larga e aí...é uma constelação.
Risos de todos e eu sem entender nada.
--A estrela maior é a Spalla? Ela é linda, quero conhecê-la também...
--Minha filha...
--Tudo bem...como te chamas? A chefe nem nos apresentou.
Risos.
--Annie...muito prazer, saxofonista.
--O nome dela é Rebeka...olá.
Gregory antecipou-se.
--Olá...eu conheço-te de algum lugar...- Rebeka sorriu.
--Sou teu fã e já te convidei para um jantar e recebi um não como resposta. Gregory, amigo da Catherine...nosso primeiro encontro foi num concerto vosso em Filadélfia...
--Sim, claro...não recusei, apenas cumpri o protocolo...
-Mas hoje não vais precisar quebrar o protocolo para jantar comigo...faço parte da organização, melhor, patrocinador de uma das orquestras...
--Mas hoje eu não vou no jantar oficial...concerto beneficente não obriga a tanto...
--E posso convidar a saxofonista para jantar comigo?
--Ela já aceitou.
Gregory sorriu feliz e eu fiquei olhando admirada a desenvoltura dos dois...mas eu sou assim, ou era?
Selina puxava a camisa de Rabeka, ansiosa por Skya...ah menina se soubesses que essa mesma ansiedade ainda consumiria minha alma...
--Sim, a violinista...já volto com ela, prometo.
Rebeka deixou-nos e logo foi abordada por uma repórter.
--Deve demorar um pouco Selina, mas a Rebeka trará a tua violinista favorita. Vamos todos jantar Cathe?
--Ah não Greg, imagina se vou estragar a tua perspetiva de romance.
Risos.
--Só um jantar com uma mulher linda...e eu estou muito feliz que ela tenha aceitado. Adoraria ter a vossa companhia...
Eu me preparava para responder quando meus sentidos foram invadidos pelo perfume...o perfume. Fiquei paralisada, a verdade é essa.
--Skya ...Skya...Skya...Nannie, é a Skya.
Selina gritava emocionada enquanto era erguida nos braços por Skya. O riso feliz da menina contagiou o ambiente.
--Skya...eu adorei o concerto. Convenci a Nannie e a Cathe a me trazerem. Foi lindo.
A pequena abraçou o pescoço de Skya que olhou para mim por escassos segundos e a impressão que tive é que ela não me viu, ou não quis ver...meu nervoso estava patente, minhas mãos tremiam e minha garganta completamente seca.
--E a tua mãe, o Denzel?
--Minha mãe trabalha com filmes e ela está no estrangeiro a trabalho, o Denzel é pequeno e ficou em casa com a babá. Essa é a Nannie, minha outra mãe. Nannie essa é a Skya, a melhor violinista do mundo.
Skya riu e cumprimentou Annie com cordialidade. O sorriso dela roubava meu ar, eu não sabia para onde olhar e minhas pernas tremiam...nem na adolescência eu me senti assim, mas eu não fui uma adolescente de paixões...
--Annie, tua menina é um encanto.
Annie também parecia encantada por Skya, quem não ficaria.
--Obrigada. Ela não sossegou até ter a certeza que viríamos ao concerto...e eu agradeço a insistência da minha menina...simplesmente memorável.
--E ela não gosta de música erudita, só a mãe Charlie...a Nannie gosta de rock.
Risos...até eu ri ainda que disfarçadamente.
--Mas o concerto não foi só de música erudita...
--Por isso eu adorei.
Risos.
--Skya, eu pedi à Cathe para me levar a ti e ela disse que seria difícil porque és uma estrela e as estrelas são muito solicitadas. Ainda bem que apareceu a outra estrela porque senão não estaria contigo e eu vim aqui porque queria ver-te mais uma vez, além de ouvir música.
Skya olhou para mim e não consegui ver o brilho dos olhos dela...o brilho sempre presente quando ela olhava para mim...senti-me sem forças. Mas eu poderia esperar algo além de indiferença?
--Olá Catherine...tudo bem?
--Tudo. - As forças vieram não sei de onde, e minha voz parecia a de um robot.
Alguém chamou por Skya, era Rebeka. Ela fez um sinal para que ela esperasse um pouco. Rebeka conversava com Gregory e mais algumas musicistas.
--Ah, finalmente encontro a musa dos meus olhos...
Uma mulher linda e com uma voz muito sexy abraçou Skya e ela sorriu...aparentemente feliz. A mulher...ah, sim, a mesma do vídeo da Susan...não era fácil esquecer aquela fisionomia.
--Selina, queres conhecer a melhor violinista do mundo? Apresento-te Zianah.
--A spalla...--A menininha estava literalmente de boca aberta.
A tal húngara abaixou-se à altura de Selina e iniciaram um diálogo animado.
Eu não conseguia tirar os olhos de Skya mas aquela indiferença causava um alvoroço no meu peito. Ela? Olhava para a violinista linda, sempre sorrindo.
Rebeka chamou mais uma vez.
--Skya, não queres conhecer a minha casa? A Cathe está lá também, ela veio passar uns dias aqui e eu estou muito feliz.
A inocência das crianças às vezes pode causar grandes constrangimentos aos adultos...
--Adoraria meu bem, mas não posso. Vamos viajar amanhã cedo para o Oregon e ainda temos muitos compromissos profissionais.
--Então só vou ver-te de novo quando fores com a Cathe para a terra da minha mãe?
Ela sorriu apenas e eu não consegui focar meus olhos em nada, minha cabeça dava voltas...
--Vamos Skya? Estou com muita fome...muito prazer em te conhecer Selina.
--Eu também gostei muito... spalla, é a primeira vez que vejo uma de perto.
Skya beijou Selina que teimava em não soltar-lhe a mão, despediu-se de Annie com educação sempre sorrindo e olhou-me com aquele olhar sem brilho e deu um meio sorriso, mera educação... minha garganta ficou presa.
Elas saíram do nosso ambiente. A húngara com o braço à volta do pescoço de Skya, ambas sorrindo.
Eu queria sumir dali...depressa.
********************
--Finalmente a Selina dormiu. Essa menina é muito entusiasmada, mas hoje estava impossível. Tive que contar três histórias e ainda prometer mil coisas para que a minha menina pudesse adormecer.
--E o Denzel?
--Esse dorme há muito tempo e ele não acorda. Vamos beber mais uma taça de vinho? Preciso relaxar...
Concordei, refastelando-me no sofá. Eu precisava relaxar a mente, o corpo...tudo fervia.
Annie serviu nossas taças, entregou-me a minha e sentou-se à minha frente. Seus olhos me analisavam...era essa a sensação mas eu não a conhecia tao bem e meu discernimento andava em ziguezague.
--Cathe, eu posso não ser a pessoa mais perspicaz do mundo e provavelmente vais achar um absurdo a minha observação já que mal nos conhecemos...tu não estás bem...
Suspirei e bebi um gole de vinho.
--Quase não falaste no jantar, é certo que a Selina enche uma sala, mas tu mal interagiste, parecias distante...e acho que isso começou lá no concerto...
Olhei para ela e decidi falar, eu já estava cansada de sentir aquele turbilhão e não despejar tudo para fora, sentia-me sufocar.
--Sabes a violinista, por quem a Selina morre de amores?
--Claro, a Skya. Como esquecer se a Selina falou dela até cair no sono...o que tem a violinista?
--Essa mulher fez da minha vida um turbilhão...eu nem sei mais quem é a Catherine...
--Como assim? Algum problema?
--O problema é que ela me deixa fora de mim, não paro de pensar nela e quando estamos juntas só faço asneiras porque não sei lidar com esse sentimento, eu tenho medo...sinto medo dela, de mim...do que sinto...
Annie me olhava com ares de espanto.
--Tu és gay?
--Sei lá...eu gosto da Skya...
Ela riu tao alto que teve receio que tivesse acordado os filhos embora a casa fosse grande e estivéssemos no térreo e eles no primeiro andar.
--Nunca passou pela minha cabeça...claro, a tensão toda lá no concerto...tua e dela, agora faz sentido.
--Ela estava tensa?
--Muito tensa...mas disfarça bem e estava em situação privilegiada. Ela não conseguia olhar para ti...
--Raiva...
--Não, ela estava perturbada. Não me conheces mas sou muito observadora...meu Deus, jamais passou pela minha cabeça...
Ela riu mais uma vez e eu não entendi o motivo do espanto.
--Contei à Charlie...lá em Lubec.
--A Charlie apenas me disse que tinha reencontrado uma grande amiga de infância e que estava muito feliz. Ela é frenética e às vezes fala muitas coisas sem se ater a detalhes...e também é uma intimidade vossa...temos disso aqui em casa, respeitar a intimidade de cada um...-- Ela sorriu mais uma vez parecendo admirada com o meu relato.
--Mas tu e a estrela...namoraram? Foram amantes? Aquela outra lá...a loira linda, é a namorada dela?
--Não sei Annie...
--Não sabes se ela e a violinista namoram?
--Não sei nada...não sei ao certo o que sinto, não sei quem é aquela mulher para Skya...a única coisa que sei é que essa menina mudou tudo aqui dentro...eu sinto coisas Annie...sinto...
--Fala.
--Eu sinto uma vontade quase descontrolada de estar com ela e quando estamos juntas eu fico tão apavorada que...
--Apavorada?
--Sim...sinto medo da naturalidade, medo de sentir as coisas que sinto, eu morro de medo cada vez que vejo o brilho nos olhos dela e hoje percebi que o medo de não ver brilho algum é maior ainda...a Skya é tão diferente de tudo...
--Já tiveste outras histórias com mulheres?
--Não...eu nunca senti qualquer tipo de interesse...curiosidade, nada. Ela veio e...
Relatei meu encontro inesquecível e Annie quase não piscou.
--Wow...eu adoro essas histórias cheias de emoção. A história mais emocionante que eu tive foi com a Charlie, a emoção da minha vida. Antes dela eu só namorava meninas da minha idade e só namorei duas, as outras não passaram de diversão. A Charlie é uma mulher, linda, adulta, senhora de si...eu morria de medo que ela desistisse de mim pela minha imaturidade...eu sou tao diferente das mulheres do meio dela...
--Imatura? Tu? Eu não vi nada disso...
--Eu só via o obvio, ela é mais velha, eu sou imatura...mas a vida nos mostra tanta coisa, nuances das pessoas...a Charlie às vezes é uma criança grande e logo eu tive a necessidade de crescer, sair um pouco das asas do meu pai...e ela passa tanto tempo fora e cabe a mim cuidar dos nossos filhos e faço tudo com tanto amor...
--A Charlie tem tanta sorte...tu só tens 24 anos e vejo uma mulher sem qualquer resquício de imaturidade.
--Mas tenho meus dias...já tive muito ciúme, insegurança...já cheguei ao cumulo de tentar ser diferente porque achava que ela valorizava aquelas mulheres de cinema, que aquelas a atraiam...mas ela foi tão maravilhosa e eu libertei-me e sou o que sou e sei que ela gosta de mim assim, do meu jeito, meio moleca...
--Ela te ama...
-E eu a amo e quero ficar ao lado dela pelo resto da minha vida.
Ela riu alto...mais uma vez.
--A situação é engraçada...tenho a idade da Skya e na minha história estou no teu lugar.
--Como assim?
--A minha mulher é a estrela...aquela que pode ser imprevisível, volúvel...entendes?
--Umhum... --Sorri, pela primeira vez em algumas horas. - Sendo assim deves estar numa posição privilegiada para entender essa minha cabeça que nem eu entendo.
--Cathe, jamais passou pela minha cabeça que pudesses estar a viver algo tao arrebatador...pensei que fosses essas amigas da Charlie que vivem na superficialidade. Mas percebi que tinha algo diferente quando vi a tua dedicação e paciência com meus filhos, essas loucas amigas da Charlie na maioria das vezes nem olham na cara dos pequenos...
--Ah mas eu era exatamente assim...até ser agraciada com a afilhada mais linda do mundo, aliás ultimamente só acontecem coisas boas na minha vida.
Ela sorriu e olhou-me profundamente.
--Presta atenção às tuas palavras...ultimamente só me acontecem coisas boas...lá no fundo sabes que a Skya é algo bom, estás na vibração das coisas boas...entendes?
--Não...eu tenho medo Annie.
--Eu entendo os teus medos, acredita que sim, mas não permita que eles te ceguem, dominem...o medo faz parte do nosso crescimento, faz parte de nós enquanto seres racionais, mas de vez em quando é bom esquecê-lo...eu sou feliz porque esqueci, permiti que a coragem me dominasse...
Suspirei e bebi mais vinho...garganta seca, mais uma vez.
--Não sei o que fazer...
--Mas vais saber, deixe-se perder nas emoções, permita-se sentir sem culpa, sem medo, é difícil eu sei mas para mim, nos meus tempos de incertezas, era só olhar para Charlie que as duvidas dissipavam-se...conheça-a, e deixe-se conhecer, só assim podes saber se o que sentes é importante e para durar ou apenas uma atração sexual que acaba depois de algum tempo, viva Cathe...eu não sei o que ela sente mas vejo tanta coisa boa nos teus olhos, eu vejo sede, ansia, vontade de descobrir e de se mostrar...
-- Consegues mesmo ver tudo isso? E ainda dizes que não és perspicaz...
Gargalhadas.
--Está claro como água Catherine e eu nem te conheço tanto assim...quando viste aquela moça eu pude ver teu semblante todo alterar-se, teus olhos brilharam tanto e quando ela olhou para ti...aí sim eu percebi que tinha alguma coisa, alguma coisa forte...
--Ela nem sequer olhou para mim e ainda foi embora com aquela loira...
Raiva.
-- É normal Cathe, ela deve estar ressentida e é artista, esse povo é estranho, agem diferente, mas são tão intensos, tao maravilhosamente vivos, deixam-nos no céu... e o nome da moça ainda é Skya...
Gargalhadas altas. Eu ri com gosto...Annie era maravilhosa.
A madrugada veio e ainda conversávamos. Ela era tão adulta, tão mais adulta do que uma mulher de 35 anos. Falei de tudo, da história da minha vida, de todos os meus desafios...e falei muito de Skya, meu assunto favorito.
********************
Depois dos dias em Santa Mónica, voltei para a minha realidade e não posso dizer que as palavras perfeitas de Annie continuaram a surtir o mesmo efeito. Já não sentia tanto medo mas a insegurança persistia e o desconhecimento ou desconforto da Catherine que o espelho às vezes mostrava, continuava.
Trabalhei arduamente como sempre, ainda mais que não pude contar com Rebeka. Não pude contar com a Rebeka, mas Karen ajudou no que foi possível. Quase todos os dias passava em casa dela para pedir suporte em alguma tarefa que ela dominava como ninguém e ainda podia ver a minha Esperanza. Rotina agradável não fosse a falta de Skya que sentia em cada movimento que fazia. Exagero? Não, era assim mesmo que vivia, num permanente estado de saudade, falta de alguma coisa...como pude acostumar-me tanto a alguém e em tão pouco tempo?
A Karen é abençoada em todos os sentidos, mas uma mãe como Pilar é sem dúvida a maior das bênçãos. Minha amiga ainda não sabia das minhas inquietações, eu não tivera coragem de contar, não a ela que sempre me vira como uma mulher que vivia de forma livre, usando e abusando de homens que também não queriam nada além do prazer momentâneo. Mas com a mãe dela sentia-me tão à vontade...ela não julgava, não se escandalizava, ouvia, dizia as palavras certas e o melhor de tudo, acreditava tanto que eu ia resolver aquela questão da melhor forma que eu começava a ter a mesma certeza, ainda que não fizesse a mínima ideia dos passos que deveria dar...
Mais um fim-de-semana chegou e resolvi aceitar o convite de Yourgos para sair. Precisava abstrair, sufocar aquela ansiedade, saudade ou loucura que me consumia...
Segui a vida de Skya, pelo menos a profissional, através da internet...todas as cidades, os concertos, a repercussão...ficava tão feliz quando lia uma crítica positiva, quase todas eram e ela em particular era muito elogiada. Não perdia um detalhe...
Sair com Yourgos era sempre sinónimo de muita risada e era disso que precisava.
A meio da noite...
--Catherine, tu estás bem? Como assim?
O teatro desse homem é digno de todos os palcos. Eu quase morri de tanto rir. Adoro o Yourgos.
--Acontece...
--Acontece? Não contigo...esse homem é tudo o que sempre sonhaste, pelo menos se bem me lembro ele é perfeito para ti, além de lindo...
Olhei para ele com a sobrancelha arqueada. Será que ele já tinha chutado o balde?
-- Eu não estou bem Yourgos, não vejo mais encanto algum na abordagem masculina, esse homem lindo, todo disponível sem ser idiota e nem tao óbvio e tudo o que eu penso é quando ele vai desistir de mim...
-- E eu sem paciência para mulher...
Risos.
--Sem paciência até para fingir interesse...
--Fingir?
-- Ah Cathe está cansada de saber que sou uma figura dúbia...
Risos.
-- Dúbia só se for para ti porque para mim está mais do que claro que o senhor tem os dois pés no "brokeback".
Gargalhadas altas.
--Vou dormir contigo.
--O quê?
--Vou dormir contigo.
-- Ah nem pensar, eu dispensei o Bradley Cooper por não sentir o menor tesão e vou ficar contigo?
-- Mas não dizes que sou um gay mal resolvido, quase uma mulherzinha? Não é disso que gostas?
-- Ah Yorgos vá tomar prozac que não estás bem.
Gargalhadas.
A verdade é que terminamos a noite em minha casa, afinal a dele ficava apenas alguns andares acima.
Eu estava com muita vontade de beber e pelo que percebi Yourgos também. Duas garrafas de vinho a menos na minha adega.
Risos, muitas gargalhadas. Rimos de nós mesmos, das nossas loucuras, das inquietações, das muitas dúvidas quando acreditávamos que depois dos 35 as coisas deveriam estar claras...
--Cathe...
--Sim...uiii minha cabeça está rodando...
--E a minha também, acho que bebemos muito...
--Umhum...
--Cathe...
--Hmmm...fala Yourgos.
--Preciso confessar uma coisa.
--Assim me assustas...será que convivo com um psicopata?
Risos.
--Deixa de ser doida...Cathe...
--Hmmmm...
--Conheci um homem, eu conheço muitos, mas esse...a minha empresa está a negociar com a dele e trabalhamos juntos, ele representa uma multinacional de Chicago...
--Sim e daí? Conheces tanta gente...
--Catherine, esse homem é gay, eu levei um susto tão grande, perdi completamente o savoir-faire...
-- Continuo sem entender...conhecemos tantos gays...tu mesmo...
--Para.
--Ok.
--O susto foi porque ele não aparenta ser gay, pelo menos não no trabalho. Ele é muito sério, compenetrado, excelente profissional...
--E os gays não são?
--Não é isso Cathe, gay sempre tem um jeito de gay...sei lá, na fala, não sei explicar...
--Continua...
--Levei um susto quando saímos para jantar e ele deixou muito claro que queria ficar comigo...
--Wow! Eu não acredito...quero conhecer esse homem amanhã.
Risos.
--Deixa de ser doida.
--Mas foi assim, de repente?
--Não...eu posso não ser gay, mas percebo quando alguém tem interesse.
--Quem não está a entender nada agora sou eu...o que aconteceu?
--Trabalhamos juntos...de repente vi-me interessado pelas histórias dele, ele viaja muito, pela empresa, representando a Andrew´s em outros países e viagens pessoais também, ele conhece lugares que são meu sonho mas que por uma razão ou outra nunca fui...ele é interessante...
Olhei para a cara de Yourgos e tive vontade de rir...minha cabeça rodava mas ouvir aquelas palavras da boca do meu amigo provocou uma súbita sobriedade.
--Será que é ele?
--Ele o quê?
--Ele que vai conseguir a proeza de tirar-te desse biombo escuro.
--Tirar-me de quê?
--Ah Yourgos, quero saber se é ele quem vai mostrar-te o que realmente és.
Gargalhadas.
--Como é o nome do príncipe?
--Sean, e ele não é príncipe...
--Sean, gostei. Quero conhecê-lo e é uma ordem.
--Vais conhecê-lo...ele ainda fica algum tempo aqui.
--Ele é bonito?
--Catherine vá...
--É ou não é?
--Atraente...sexy...muito interessante. Adora dançar, viajar, lê muito, tem muitas amigas que tu haverias de gostar...
--Como assim?
--Ele tem muitas amigas gays, cada uma mais linda do que a outra...
--Eu não gosto de mulher...
--Ah não, e a violinista é homem por acaso?
--Descreveste a tua alma gémea...namore logo com esse Sean...A Skya é mulher, a mais linda que eu já vi na vida...a minha mulher...
--Tua?
Gargalhadas.
--O que o vinho não faz...
--Vinho...gin e vodka.
Risos.
--Vou dormir...fique com o Sean...experimenta...eu vou dormir, vou sonhar com a minha violinista...Yourgos, eu morro de saudades dela, ela não quer mais saber de mim...
--Pudera...e ainda me mandas seguir essa trilha...tem que ter coragem e nós não temos Cathe...
--Vou dormir...
--Eu durmo aqui...não aguento subir andares...
--Elevador? Ai minha cabeça...
--Fico aqui no teu sofá confortável. Durma bem minha louca favorita.
--Fique bem...futuro namorado do Sean...eu quero conhecer o Sean...
Yourgos atirou-me uma almofada e corri para o meu quarto.
Demorei a dormir e a culpa não foi apenas do álcool que corria no meu sangue...
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Tive uma semana cheia de atribulações, no trabalho e na vida. O trabalho às vezes exigia muito de mim. Tive que fazer uma viagem repentina de dois dias completamente fora do plano, insanidades do meu chefe e o pior é que eu tinha a mania de transformar as loucuras dele em casos de sucesso...cansava ou se calhar não estava mais voltada para improvisos.
Pessoalmente eu me sentia vivendo dentro de uma bolha de ar, nada fazia muito sentido e eu buscava ansiosamente sentido para as coisas. A sensação que tinha era que a qualquer momento seria expulsa da bolha de ar e por impulso meu...inquietação na alma, algo tão distante de mim há algum tempo atrás, pelo menos esse tipo de inquietação. Sempre tranquei bem minhas frustrações e vivia mais para ser vista do que para mim mesma...confuso, mais confuso ainda porque agora a protagonista da minha vida era essa Catherine que insistia em comandar...essa que sente, ressente, que tem medo e é tomada por impulsos...essa que aos poucos foi aprendendo que há mais...muito mais e ela quer mais, ainda que não saiba muito bem como adquirir mais, mas a busca segue...
Sexta-feira. Que alegria. Mais alegre fiquei ao receber a notícia que de Karen viria morar perto da empresa e bem mais perto de mim. Notícia dada pela portadora de boas notícias, Pilar, minha mais nova amiga. Tomamos um café juntas, vontade mutua de estarmos juntas...gosto muito dela. De imediato ela percebeu minha aflição e abordou o assunto sem alarde, eu não escondi nada, assumi meu descontrole, meu cansaço e vontade de sair da bolha sem mesmo saber como viver fora dela...
Nossa conversa de meia hora foi mais um alento para a Catherine...aquela que sente...
Ela voltou porque precisava cuidar de Esperanza e deixou-me com um pé fora da bolha...
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--Que honra receber minha amiga mais querida em minha humilde casa.
Susan fez vénia e eu a abracei. Saudades.
--Deixa de drama...
--Drama? Mas tu nunca vens...sempre buscas o Scoutie na clinica. Que milagre é esse?
--Saudades da minha Sue e do meu gato, como liguei para a clinica e disseram que não estavas e eu passava aqui perto, resolvi arriscar.
Susan abraçou-me e senti todo o amor que aquele ser tinha por mim. Precisava tanto daquilo...
Matei minhas saudades do Scoutie que não eram poucas e embrenhei numa conversa com Susan.
--Ele não te larga, assim fica parecendo que não cuidamos bem dele...
--Ah, deixa de loucura...ele adora ficar aqui e tem ficado tanto nas últimas semanas.
--Sem problema algum, ele já é o terceiro filho. Cathe, estás abatida ou é impressão minha?
--Infelizmente não é impressão. O Samson suga todas as minhas forças, preciso recarregar as baterias...mais uma vez.
--A tua viagem a Santa Mónica não te permitiu relaxar? Nunca mais falamos além de segundos por telefone.
--Criatura, tu estás gravida?
Gargalhadas.
--Não...ainda não vai ganhar uma segunda afilhada e deixa de ser chata.
--Estás um passo à frente no drama e isso é coisa de mulher gravida.
Risos.
--E tu entendes muito desse assunto, suponho que sim.
--Ah, claro...falta da mulher...
Risos.
--Para a tua informação ela está aqui comigo e vamos jantar juntas...aniversário de namoro.
--Mas vocês não são casadas?
--Sim insensível, mas vamos comemorar a data em que começamos a namorar, entendeu? Existe romantismo no mundo...casais apaixonados, que celebram datas, que celebram a vida juntos, é muita informação?
Gargalhadas.
--A Ciara está em casa? - Aquela possibilidade não me deixava muito confortável.
--Não...mas se estivesse não haveria problema algum. Além da casa ser minha também, a Ciara não tem nada contra ti e ela respeita muito as minhas amizades.
Suspirei.
--Desculpa Sue, mas é que não me sinto muito à vontade...mas vou superar, até porque ela é a mulher que escolheste e cuida bem do meu Scoutie.
O peludo ronronou nas minhas pernas como se tivesse entendido e concordado com tudo.
--A Karen vem morar perto do escritório. Adorei essa notícia por várias razões.
--Sim, a Rebeka me disse. A Karen está muito feliz com o novo emprego do Juan e todas as possibilidades que ele abre. Ah, conheci a mãe dela e adorei.
--A Pilar é maravilhosa. A Rebeka está em Boston?
--Sim...chegaram na quarta e parece que vão ficar alguns dias, ou pelo menos sei que ela vai ficar e acompanhar alguns artistas em shows aqui. Nem sempre a orquestra precisa de uma saxofonista...
--Hmmm...
--A Skya vai escrever um livro, agora é oficial. Ela mostrou a sinopse de alguns capítulos à Ciara e eu mal consegui controlar a euforia dessa mulher...
--Sobre o quê?
--Segredo até para mim...mas ela já assinou contrato com a editora...estão cada vez mais ligadas, no projeto musical e agora no literário...
--A Skya está aqui?
--Sim...só não sei por quanto tempo.
A bolha de ar começou a sufocar-me.
--Cathe, desculpa a intromissão, mas pediste desculpas à Skya? Ao menos conversaram?
--Como? Vimo-nos de relance em Santa Mónica...
--Sim?
--Fomos a um concerto ao ar livre no Pier...a Selina adora a Skya...
--Quem é Selina?
--A filha da Charlie...
--Ah, claro. Não era o local indicado para um pedido de desculpas...mas vais fazê-lo, certo?
Suspirei profundamente.
--Não sei Susan...
--Catherine, tu não podes simplesmente tratar as pessoas mal e depois agir como se nada tivesse acontecido, um pouco de respeito às vezes cai bem.
Arregalei os olhos, Susan não era assim, pelo menos não comigo...estaria atravessando algum problema?
--Susan...
--Desculpa Cathe...desculpa, eu não tenho esse direito, mas é que custa-me ver-te destruir algo que poderia ser bom...custa-me ver pessoas questionando se não serás louca, demente...és minha amiga, eu conheço-te...
Levantei-me abruptamente a ponto de deixar Scoutie cair. Senti falta de ar...fui à janela e senti minha cabeça rodar.
Minutos depois...Susan estava na mesma posição e com os olhos presos a mim.
--Chamam-me louca?
--A Skya perguntou à Ciara se eras doida? Ela estava muito magoada...Cathe, a tua atitude não foi propriamente equilibrada...
--Susan, essa menina acabou comigo, acabou com tudo que eu construí, acabou com as certezas, as defesas...acabou.
--Não, veja por outro lado, ela está a dar-te a oportunidade de ser melhor, não estavas feliz Catherine, eu sei que não...eu não sou de questionar a vida e as opções de ninguém, mas disse-te varias vezes que a tua vida era vazia, nós temos intimidade para tal...não gosto de me meter, mas eu gosto de ti Cathe...
--Eu não sei o que fazer Sue...eu fico...fico sem saber como agir cada vez que percebo que gosto dela, de uma maneira que nem eu entendo...Susan...lá em Lubec, na minha cabana - Suspirei lembrando de um dos momentos mais felizes da minha vida. - depois de fazermos amor, eu adoro fazer amor com a Skya, eu...depois de ter muito prazer, prazer que muitas vezes me assusta porque é real, não preciso fingir...ela adormeceu sorrindo e enroscada em mim...Sue eu chorei o resto da noite inteira...eu quis eternizar aquele momento, eu quis ficar ali para sempre, eu quis tê-la para mim para sempre...não dormi. Fiquei com medo de acordar e ela não estar mais na minha cama...eu nunca senti isso Susan...
--Eu sei Cathe...eu te conheço há muito tempo...
Ela sorriu e eu continuei a falar...falar...
--Skya acordou e a primeira coisa que ela fez foi beijar a minha boca e dizer que eu era linda...sempre sorrindo, entregue a mim...e o medo que isso dá Susan...medo de não corresponder, medo de não ser o que ela espera...
--E ela disse o que espera?
--Não...a Skya é leve demais para pensar nesse tipo de coisas, ela vive...
--Tu não sabes o que lhe vai na cabeça...
--Não...tens razão...não a conheço tao bem assim e nem ela a mim...
--E porque não investir nisso? Tentar conhecê-la, saber o que é realmente, tu podes Cathe.
--Já sofri tanto Cathe...
--Sim mas não podes fazer de uma experiência isolada o espelho para a vida, existem muitos idiotas mas existe muita gente boa à espera apenas de uma oportunidade para mostrarem quem são.
--A Skya está com raiva de mim...
--E tu terias outro sentimento? Provavelmente sim, pelo que te conheço, tu ignorarias completamente a situação e seguirias em frente...errado, desculpa-me, mas errado. Ela sente, ela tem raiva...ela é humana Cathe, assim como tu também és embora finjas que vives num planeta isolado...tu vais perder uma grande oportunidade na tua vida por inércia...
--É tudo tão diferente que assusta Sue...nunca senti ciúme na minha vida...senti ciúme da violinista que não largava dela...
--A Zianah, ela está interessada, e pelo que entendi não é de perder tempo e convenhamos que poder de sedução é o que mais abunda...elas estão no mesmo mundo, gostam das mesmas coisas...
--Para Susan, eu já estou nervosa...aquela mulher é muito bonita...
--E tu és linda, encantadora...maravilhosa e tens mais um ponto a teu favor, a Skya gosta de ti...eu não sei porquê, mas gosta.
Susan riu muito da minha cara de indignação.
--Cathe, mulher não é um bicho-de-sete-cabeças...é de mil cabeças. - Risos. - Mas é uma delícia incomparável...descubra, ouse minha amiga, tu és tão brava nesse mundo selvagem de negócios...
--Ah, é tão mais fácil lidar com homens de negócio.
--Mas não te dão o prazer, a alegria que essa menina te dá.
Minha cabeça estava em stand-by, não conseguia pensar absolutamente nada e meu coração batia numa velocidade diferente...eu me sentia diferente...
--Cathe, preciso tomar um banho demorado e ficar linda. Vou jantar com o meu amor.
--Claro Sue, já vou. Preciso de um banho também e da companhia do meu gato. Vou fazer alguma coisa Susan...prometo. Não sei o quê mas vou fazer alguma coisa...
--Eu acredito...meu amor, só não te esqueças de uma coisa, o teu tempo não é igual ao da Skya.
Sei que Susan queria ajudar-me mas só conseguiu aumentar a minha angústia.
********************
Saí da casa de Susan e a ideia de ir logo para casa entregar-me à minha solidão deu lugar a uma necessidade de vagar pela cidade. Andei de carro por mais de uma hora sem destino certo. Afastei-me dos arredores da minha casa, fui para longe, queria que o frio da noite e o vento fresco transformassem minhas dúvidas em certezas, queria alguma ajuda quando todos insistiam em dizer que tudo dependia exclusivamente de mim.
Parei o carro, queria pensar sem me preocupar com o trânsito. Scoutie dormia na sua caixa, alheio ao meu desconforto. Liguei o rádio, tive vontade de rir, parecia ironia aquela música exatamente naquele momento...Jungle, Emma Louise...minha cabeça não parava.
Algum tempo depois a sensação era outra, o medo deu lugar a um impulso...precisava fazer alguma coisa...
********************
--Eu sei que estás feliz mas consigo sentir uma gota de inquietação, o que foi meu amor?
--Estou muito feliz Ciara, adoro esses teus rompantes românticos...mas tens razão, estou preocupada...
--Porquê?
--Eu não sei se agi bem com a Cathe, ela é tão imprevisível que estou em dúvida se o tratamento de choque que dei surtirá o efeito desejado.
--A tua amiga é mesmo muito imprevisível...
--Tenho receio que ela se feche mais ainda, que deixe-se dominar por completo por esse medo...
--Se ela seguir o caminho do medo, pronto, é o fim da história que mal começou, mas se decidir fazer alguma coisa...não quero ser pessimista ainda mais porque sei que gostas muito dela e torces pela sua felicidade, mas Skya está muito certa de que quer seguir sem Catherine.
--E não podemos criticá-la por pensar assim...
--Pois, mas do alto da minha experiência, acredito que a raiva toda é porque ela se importa, gosta da Cathe e sabe que a coisa podia tomar outro rumo...
--Eu espero bem que tome...quero ver minha amiga feliz, quero ao menos que ela tente...pode não ser com a Skya, mas quero que ela tente, que perceba que é bom sentir as coisas intensamente, que é bom entregar-se e receber algo bom em troca, sair desse registo frio, dessa impessoalidade...ai Ciara, a Cathe é tão especial, pena que ela tenha uma venda nos olhos e um cadeado de aço no coração.
--Hmmm, Susan a poeta...
Risos.
--Tomara que aconteça alguma coisa, seja o que for, mas precisa acontecer alguma coisa...
--Vamos ver o poder de persuasão da Cathe, ou se preferirmos, vamos ver o nascimento de uma nova Catherine.
--Sim...mas agora quero ver outra coisa...alguém prometeu-me um presente de aniversário de namoro e até agora não vi nada...
--Ah não? E essa deusa à tua frente?
Gargalhadas felizes.
--Hmmmm...minha deusa linda.
--Ainda bem que sabes...mas tem presente sim...
Susan fez cara de mistério e sorriu de forma provocante.
--Hmmm...estou curiosa.
--Vamos para casa que eu te mostro...
--Aiii...agora.
Risos.
--A conta por favor.
********************
Cheguei em casa depois de algum tempo vagando pela cidade, dei comida ao meu gato, tomei um banho quente e encolhi-me no sofá. Eu vivia uma intensidade emocional poucas vezes experimentada, a minha sanidade estava por um fio...
Por um lado o medo paralisante de sair do lugar, de enfrentar o mundo, de me enfrentar...por outro um impulso de sair, me expor, rasgar-me toda e reinventar um novo ser, ou resgatar algo há muito adormecido. A sensação na pele e na alma era de que duas forças gigantes me puxavam em direções opostas...tanta dor...falta de ar...
Música! Claro...sempre.
Liguei o sistema central sem programar nada, queria o desconhecido, ou inesperado...músicas românticas, coisas de Yourgos que ultimamente só ouvia músicas românticas e vivia refastelado no meu sofá remoendo seus medos...
Ouvi I miss you de Adele 10 vezes seguidas. Décima primeira vez! Não aguentei mais...
********************
O impulso ou a coragem ameaçou abandonar-me no momento em que desci do carro à entrada do prédio de Skya. Todas as impossibilidades efervesceram na minha mente...ela não estaria em casa, estaria ocupada, não me atenderia, não teria permissão para subir...mas minhas pernas não deram ouvidos à mente e seguiram.
O primeiro susto foi saber que meu nome ainda constava na lista de pessoas com livre-trânsito...ela tinha esquecido de retirar, claro. Mas naquele momento não queria saber a razão e sim continuar a seguir as minhas pernas.
Elas no entanto travaram à porta do 413. Fiquei estática, suando frio e com as mãos tremendo.
Eu tinha tanto medo de indiferença...frieza, sarcasmo...acariciei a porta, queria que ela intuísse que eu estava do outro lado...as asneiras que passavam pela minha mente...
Skya era doce, mas sabia ser dura, quase cruel...mas eu precisava enfrentar...
Encostei os ouvidos à porta...nada. Ela estava em casa, garantira o porteiro que assistia a uma partida de basketball e mal prestara atenção em mim...
Respirei fundo, esfreguei as mãos nas calças e bati...na realidade acariciei a porta.
O nervoso era tanto que esqueci-me da campainha...toquei uma vez. Meu coração batia dentro dos meus ouvidos. Quando preparava para tocar uma segunda vez, a porta abriu-se.
Skya olhou para mim e não identifiquei nada, nenhum sentimento.
--Oi...-Minha voz saiu fragmentada.
--Boa noite...
--Boa noite...desculpa vir sem avisar...
--Quer entrar?
Passei por ela com as pernas trêmulas mas aparentando firmeza. Sentei-me na ponta do sofá e entrelacei as mãos que tremiam. Ela sentou-se numa cadeira do balcão americano e olhou-me nos olhos.
O ar parecia pesado...tudo o que tinha na cabeça sumiu, varrido com a intensidade de um tufão. Senti-me nua, sem proteção alguma...e o olhar dela...
--Tudo bem?
--Umhum.
A impaciência dela quase levou-me à porta mas precisava dizer algumas coisas...
--Desculpa vir a essa hora...
--Quase não me achavas, acabei de chegar...
--Estavas a ensaiar?
--Não...
--Gosto dessa música...-- Eu não sabia o que dizer, então falava trivialidades...a fisionomia dela me desconcertava...eu não sei lidar com a indiferença dela...não sei...
--Hmmm...é boa mesmo.
Vi o violino e muitas partituras no chão e o computador parecia ligado em algum programa de música.
--Estavas a estudar?
--Eu sempre estou a estudar...de alguma forma...
Minha garganta estava mais seca que o deserto e eu não sabia mais o que dizia...
--Gosto dos The piano Guys, mas não conhecia essa versão...é linda.
--Maravilhosa!
--Ainda mais para ti que adora Coldplay e Paradise em particular...
Ela olhou-me de forma estranha, de repente parecia que a indiferença dera lugar a outra coisa...fração de segundos...
--Catherine, achas que podes vir à minha casa quase de madrugada e agir como se tivesse sido convidada? Falar amenidades? Não podes, eu não te convidei e não estou com a mínima paciência para ouvir redundância.
Ela exasperou-se e andou pelo pequeno espaço com as mãos na cintura.
--Eu...--A garganta seca não me permitia falar.
--Tu o quê Catherine? O quê? Estou cansada...
--Eu...eu queria...eu quero pedir desculpas.
Ela olhou-me com raiva e bateu a cabeça.
--Assim? Desculpas e pronto...tu és doida.
Gritou na minha cara.
Levantei-me do sofá e caminhei até à porta de vidro da varanda. Queria bater a cabeça contra o vidro, queria todas as dores para mim...as dores dela para mim.
Olhei para ela...perdi-me nela...linda, mesmo com raiva ela era perfeita.
Ela pareceu inquietar-se, desviou o olhar e começou a mexer numas partituras que estavam na mesa de computador.
--Onde estás?
--O quê?
--Onde está a Skya?
--Ah não sabes? Ela quase foi morta por ti, estiveste bem perto de matá-la com a tua frieza, loucura, instabilidade...mas ainda bem que tem gente maravilhosa nesse mundo...ainda bem. Eu vou voltar a ser a Skya de sempre para quem merece...quase destruíste, meu brilho, minha essência espontânea, minha sanidade...eu nunca conheci alguém tão instável...quanta loucura...
As palavras podem ser verdadeiras navalhas e as dela cortavam-me em pedaços.
--Eu dei-te o meu melhor e tu fizeste tão pouco de tudo...tu me magoaste sem ao menos ter motivos para tal...Catherine, eu...cansei desta loucura...se não tens nada para me dizer...
--Desculpa a minha imaturidade...a covardia...
Não conseguia falar, as lágrimas desciam cortando minha respiração.
Ela olhou-me e por segundos vi o brilho, aquele só dela...vi doçura nos olhos que eu adoro, vi...não sei o que vi, meus olhos estavam turvos de lágrimas.
--Não tens mais nada para dizer? Preciso estudar...por favor.
Completamente derrotada passei por ela, parei um pouco, quis tocar-lhe o cabelo, mas não tive coragem e com certeza ela me empurraria.
Perto da porta tive mais um dos impulsos, não valeria de mais nada mas olhei para ela e extravasei com a boca e com o coração na mão...
--Eu tenho tanta saudade Skya...saudades que às vezes me sufocam...se puder um dia...desculpa-me...
Chorei, não mais lágrimas silenciosas. Chorei de dor, raiva de mim, de saudade...chorei a perda do melhor de mim que ela conseguia fazer emergir apenas com a leveza de um sorriso, a doçura de um beijo...chorei e não tive vergonha...
Deixei o apartamento de Skya sem saber para onde ir e com a certeza que tudo estava completamente desalinhado.
******************************
Skya trancou a porta, pegou o violino e começou a tocar. As mãos trémulas deixaram o arco cair e ela desistiu. Andou de um lado para o outro tentando convencer-se que agira da melhor forma. Respirava com muita dificuldade a ponto de puxar o ar com força quase sufocando-se nas lágrimas que inundavam-lhe os olhos.
--Ahhhhhhhhhhh...que raiva. Eu também morro de saudades de ti sua insana...insana sou eu por não conseguir arrancar-te daqui. - Ela puxou a blusa como se arrancasse o coração.
--Eu não consigo...não consigo...Catherine...Cathe...CATHERINE.
Saiu voando pelas escadas, deixando a porta do apartamento escancarada.
-- A Catherine?
--Quem?
--A minha amiga que veio aqui...
--Ah, a moça do perfume bom, ela passou aqui e foi embora...
--Para onde?
--Eu não sei dona Skya...embora.
Skya abriu a porta do prédio e saiu à rua. O frio quase insuportável entrou-lhe na pele e deu-se conta que estava sem qualquer agasalho, com as calças e uma blusa leve de algodão. Correu os olhos pela rua numa ansiedade quase desesperadora. Viu Catherine sentada no carro com a cabeça encostada ao vidro fechado.
Correu e bateu no vidro. Catherine olhou-a sem entender, tinha os olhos vermelhos.
Skya pediu que ela descesse o vidro. Ela fê-lo imediatamente.
--Vem. Sobe comigo. - Ela falou correndo com as palavras. - Vem.
Catherine saiu do carro e bateu a porta ainda sem entender. Olhou com mais atenção e levou um susto.
--Skya, estás sem casaco...
--Eu sei e estou tiritando, se não quiseres que eu morra congelada corra até o meu prédio.
Ela correu à frente e Catherine foi logo atrás. Subiram as escadas sem trocar uma única palavra, Skya parecia uma atleta...
No apartamento...
Catherine ficou encostada à porta, não sabia o porquê daquele rompante e Skya não dissera uma única palavra.
--Catherine o que vieste fazer aqui? Seja clara.
--Pedir desculpas pelo meu comportamento instável...desculpas por ser tão imperfeita, desculpas por ser covarde, medrosa...
--Imperfeita...ninguém é perfeito Catherine, eu tenho muitos defeitos...
--Eu machuco as pessoas...defeito grave...
--O que queres de mim?
--Eu não tenho direito de querer mais nada...
--O que queres de mim?
--Eu...eu não sei Skya...A Susan diz que sou melhor quando estou contigo, a Charlie disse...
--Eu não quero saber o que Susan disse e muito menos essa Charlie que nem conheço...o que tu queres de mim? O que tu sentes?
--Tenho medo de sentir as coisas que sinto...tenho medo que percas a paciência, o interesse...eu sempre descartei os homens, nunca me apeguei a nada...Skya...Skya, às vezes eu olho para ti e parece que fico sem ar, isso é completamente perturbador...eu não sei de onde veio esse sentimento, não sei porque sinto essas coisas...o medo, esse que me consome, que me trava...ele às vezes some, torna-se insignificante diante de um sorriso teu, de uma brincadeira, de uma risada escancarada...e logo em seguida ele me assombra, baralha minhas ideias, confunde as certezas...tenho medo de dar nome às coisas, aos sentimentos...tudo parece mais sério e me assusta...
--És tão confusa...
Skya já estava a escassos metros de Catherine.
--E teus olhos às vezes tão claros...ah Catherine, e ainda apareces à minha porta com esse perfume. - Cheirou-lhe o pescoço deixando Catherine toda arrepiada.
Catherine abraçou-lhe com força. O seu coração batia contra o dela e na mesma cadência.
--Perdoa-me...por favor perdoa-me.
Beijaram-se com pressa, beijo com sabor a lágrimas misturadas.
Fim do capítulo
Boa leitura.
Pietra, viste a tua alucinação ganhando asas? rsrsrsrs
Abraço,
NH
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Simone
Em: 27/01/2016
Ei, moça linda!
Para variar, aqui estou, relendo algumas passagens...
No calor da emoção que esse capítulo me proporcionou, esqueci de mencionar no comentário anterior... Eu simplesmente AMEI encontrar The Piano Guys aqui. E no meio do turbilhão de emoções envolvidas na cena, eis que um sorriso se abre em meu rosto... a música!!!
Você sabe que lhe adoro, né?!
Bisous, nha amiga que jam ta gosta txeu!
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vickviegas
Em: 20/01/2016
NH !!!!!! Contando horas.... minutos e segundos.
Abraço.
Ass. Drika.
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Fanatica
Em: 19/01/2016
Dios! Agora me diga, como não se apaixonar por essas duas? Skya correndo atrás de Cathe, cheguei visualizar essa cena na mente... E tá muito interessante essa evolução de Catherine, é aos poucos, como seria na vida de uma pessoa como ela, muitíssimo intenso... Fico imaginando no que essa conversa vai dar. Aguardando ansiosa e tentando deixar as unhas crescer! rsr
Bjs my gift!
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patty-321
Em: 16/01/2016
A skya é muito corajosa. Difícil dar mais uma chance depois de td q a Catherine fez. Mas o sentimento é maior q o ressentimento. E até q enfim a cathe tomou coragem p pelo menos tentar. Bj nh
Resposta do autor em 18/01/2016:
Rsrsrs, pois...vamos ver como segue daqui para a frente.
Bisous linda
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Carmen
Em: 16/01/2016
Tá querendo matar a gente de ansiedade, nao é autora? Essa reta final está deixando a gente de cabelos em pé, principalmente as mais ansiosas!
Sobre o comentário anterior, fiquei feliz em saber que minha leitura estava correta! Sobre mais este capítulo primoroso e repleto de emoçoes: Eu acho que embora ainda tenha medo, a Cathe está pronta para enfrentar esses medos e tentar de uma vez por todas viver essa história por inteiro. Pagar para ver. Acho que ela finalmente se deu conta que esta pode ser sua última chance com Skya. To apostando minhas fichas, que agora vai (no que depender da Cathe). Já Skya, será que vai?! Hummm, que nervoso! Espero que estejas inspirada e também contagiada pelos últimos acontecimentos e volte logo!
Resposta do autor em 18/01/2016:
Rsrsrsrs, vem mais coisa por ai...
Eu nao sei se ela está pronta, mas ao menos está disposta a tentar, o que já é muito bom.
Inspiraçao zero, vontade de escrever idem, vida real tomando todas as minhas forças dessa vida e da outra rsrsrs mas a coisa precisa caminhar e vai caminhar rsrsrs
Bjs linda
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JessNessa
Em: 16/01/2016
Ai meu core! Que capitulo....Caterine kkkk.. Doido.. Insano.. E maravilhoso... Cada vez melhor.. Cathe eh um.poço de problemas e traumas kkkk. Skya Skya...sempre apaixonante..
Resposta do autor em 18/01/2016:
Rsrsrsrs, elas se complementam...uma leve e a outra nem por isso.
Bjs
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maria lucia
Em: 15/01/2016
Como é dificil expressar o que sinto.As minhas colegas de leitura.Escreveram tudo já;surpreendente!!!Parabéns! O bom de ler seus contos.É que o caminho que nós leva e a supresa daquele momento.Fantastica!
Resposta do autor em 18/01/2016:
Rsrsrrs, muito obrigada.
Bjs
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Elaine
Em: 15/01/2016
Voltei!! havia começado a ler, mas por não saber lidar com a ansiedade resolvi esperar a historia ser finalizada ja que seria uma "short story" ;) Hehe
Ainda bem que você resolveu prolonga-la assim conseguirei acompanhar até o fim.
A história ta maravilhosa e emocionante como todas as outras que voce escreveu. Acho que agora vai, depois do tratamento de choque da Susan a Cathe vai largar de insegurança e agarrar a Skya de vez :)
Aguardando ANSIOSAMENTE a continuação haha
Beeijos!!
Resposta do autor em 18/01/2016:
Pois, preciso mudar a sinopse dessa historia que de short nao tem nada rsrsrsrs
Valeu. Bjs
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Tai
Em: 15/01/2016
Nossaaaaaaaaaaa que post emocionante, perdi o folegoo com o final! Ainda bem que a Cathe optou por lutar pela sua felicidade, ja tava quase dando uns tapas nela pra ela acordar pra vida! kkk Quando o bichinho do amor pica, não há coração de gelo que não derreta!
Resposta do autor em 18/01/2016:
Obrigada.
Bjs
:)
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vickviegas
Em: 15/01/2016
Perfeita a imagem da Cathe.... tudo e mais um pouco. Rsrsrsrs.
Skya !!!! sorriso leve...lindo... límpido como aparenta ser o seu espírito.
Resposta do autor em 18/01/2016:
Lindissima a "minha" Cathe...sou apaixonada rsrsrsrs
Bjs
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Simone
Em: 15/01/2016
Nadine,
estou sem palavras para expressar esse turbilhao de emoções que desencadeou em mim.
Esses últimos capítulos foram tão... tão intensos... de uma carga emotiva visceral.
Chego a pensar se ao terminar de escrevê-los você se sente esgotada ou energizada.
Parabéns, linda!!!!
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rsrsrs obrigada...
Mais emoção vindo por aí e eu adorando escrever esses ultimos capitulos...oh vicio bom rsrsrs
Ao terminar? Eu dou risada, agradeço a Deus e esfrego as mãos...fico feliz, energizada e com vontade de escrever mais rsrsrs
Valeu meu bem.
Bjs
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rsrsrs obrigada...
Mais emoção vindo por aí e eu adorando escrever esses ultimos capitulos...oh vicio bom rsrsrs
Ao terminar? Eu dou risada, agradeço a Deus e esfrego as mãos...fico feliz, energizada e com vontade de escrever mais rsrsrs
Valeu meu bem.
Bjs
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rsrsrs obrigada...
Mais emoção vindo por aí e eu adorando escrever esses ultimos capitulos...oh vicio bom rsrsrs
Ao terminar? Eu dou risada, agradeço a Deus e esfrego as mãos...fico feliz, energizada e com vontade de escrever mais rsrsrs
Valeu meu bem.
Bjs
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Lerika
Em: 15/01/2016
Lindo! Lindo, lindo, lindas
Vejo tanto de mim na Cathe, que me apaixono mais pela Skya.
Agora que a Cathe finalmente caminhou a favor do romance, sinto que os medos ficarão menores até serem eliminados.
Obrigada, autora, por não entender nosso sofrimento com a inércia da Cathe.
Viva Skythe!!!!
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rsrsrsrs, Valeu.
Bjs
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vickviegas
Em: 15/01/2016
Sem palavras.
Ass. Drika
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rsrsrs, obrigada.
Bjs
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Ana_Clara
Em: 15/01/2016
Puxa, que capítulo louco! Já estava angustiada com as insanidades da Cathe, mas pelo visto ela agarrou a última chance de ser feliz ao lado da Sky. E pela primeira vez vi a Su sendo uma amiga completa. Finalmente ela disse algumas verdades pra Cathe, tirou ela do conforto tão habitual. Amei! E o final do capítulo foi desesperador. Era uma Skya totalmente machucado, com a alma dilacerada, ela sempre foi tão leve, tão apaixonante. Mas graças a sanidade voltou rápido e a leveza da menina dos sneakers retornou. Feliz com esse iminente acerto.
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rsrsrs, as pessoas nao sao nunca apenas uma coisa...a Skya não é diferente, a essência é livre, doce, mas ela tambem sofre, tem sentimentos iguais a todos os meros mortais, inclusive raiva e descrença :)
Valeu, bjs
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Pryscylla
Em: 15/01/2016
Ai ai ai quem aguenta essas duas,porque a Cathe não fala do seu sofrimento no passado até eu já estou sem paciência kkkkk.
Bjus :)
Resposta do autor em 15/01/2016:
Rrsrss, calma...ela ainda mal começou a sua trajetoria rumo à luz kkkkk
Bjs, valeu.
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Sem cadastro
Em: 14/01/2016
Vi e ri muito aqui. Minha esposa nem pergunta mais por que estou rindo sozinha kkkkk
Até que enfim Cathe se permitiu. Ufa! Pensei que a Zianah fosse atravessar o caminho delas.
O medo realmente atrapalha, mas agora Cathe está conseguindo enfrentá-lo com a ajuda das amigas, que torcem pela felicidade dela.
Quando chegar CAROL aí na sua Terra Linda assista. É encantador, leve, uma fotografia rica e um amor lindo e Cate Blanchett é linda, pois linda é mais que bonita!
Beijos my Gift!
PS: Depois de ver Carol, terminar a noite com The Gift foi perfeito. Para ficar mais perfeito ainda só faltou uma coisa kkkk mas meu amor já apagou
Beijos
Resposta do autor em 15/01/2016:
Kkkkkk, eu dou risada escrevendo imagino que quem lê deva fazer o mesmo.
Ainda tem coisas vindo por aí e em se tratando dessas duas tudo pode acontecer e eu ADORO as possibilidades rsrsrsrs
Carol na minha terra...provavelmente no proximo seculo kkkkkkk, mas eu vou dar o meu jeito e sou completamente doida pela Cate Blanchett e sempre viajei na possibilidade de vê-la morrendo de amores por uma mulher rsrsrsrs, Deus ouviu minhas preces kkkkk
Valeu meu amor. Sean vai aparecer mais vezes rsrsrsrs
Beijo
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