Tudo estava correndo bem na festa, Patrícia dançava com Luiza e Julia dançava com suas amigas.

- Vai lá falar com ela – Luiza sussurrou no ouvi da outra

– Não precisa ficar com medo – Fez carinho em seus cabelos

– Ela vai amar o presente – Luiza tentava dar um empurrãozinho.

- Tudo bem – Respirou fundo.

– Me deseje sorte – Deu um selinho em Lu.

- Você nasceu com sorte – Piscou pra ela, Patrícia foi em direção a Julia.

- Posso falar com você um pouquinho – Patrícia falava desconfiada, Julia parou de dançar pra encarar a outra.

- Sorte sua que é meu aniversário – Julia estava tão feliz que não queria implicar com Patrícia.

- Vamos ali comigo – Patrícia foi levando Julia até um banquinho que tinha atrás da festa. Sentaram e o silêncio reinava.

- Vai falar ou me chamou pra ficar calada – Julia falou de uma vez.

- Calma, deixe de pressa – Olhou pra ela – Julia eu sei que não gosta muito da minha cara, mas eu entendo, você amava sua mãe...

- Amo – Julia interrompeu – Nunca vou deixar de amar – Abaixou a cabeça.

- Desculpe – Pegou em sua mãe – Sei que ama muito – Criava coragem – Eu comprei algo pra você – Julia se espantou – Espero que goste – Patrícia pegou a caixinha e abriu mostrando o colar a garota. Julia ficou sem palavras, sorria encantada.

- Posso? – Patrícia disse pegando o colar, Julia deu permissão afirmando com a cabeça.

- Obrigada – Julia disse feliz – Vou tentar pegar leve com você – Disse levantando e indo encontrar os amigos, não deu chance de Pati responder, essa ficou tão feliz, ficou um bom tempo sentada, até que Luiza foi em sua direção.

- Viu passarinho verde – Disse animada, tinha visto a cena toda de longe.

- Amor, eu não poderia ser mais feliz – Disse pegando em sua mão – Ela aceitou – Disse toda feliz. Levantaram e voltaram pra festa.

A noite transcorria a mil maravilhas, porém Patrícia estava tão feliz que começou a beber e fazia isso com uma rapidez tão grande, bebia e distribuía sorrisos, Luiza já estava ficando agoniada, não gostava quando a outra bebia demais.

***

Na cozinha tudo estava tranquilo, Maria Fernanda terminava seu trabalho com maestria, serviu o último prato da noite. Limpou o suor que estava pingando de sua testa, chamou a atenção dos funcionários que limpavam as última panelas.

- Equipe, hoje vocês arrasaram, nada seria possível sem vocês, muito obrigada – Riu agradecendo o pessoal.

- O mérito é todo seu chefinha, merecemos um brinde – Be saiu correndo, pegou a bebida e já ia distribuindo as taças quando olhou pra Nanda estava com cara de: ‘’Não faça isso’’

– Calma amoreco, merecemos e além de tudo ninguém vai perceber, as donas da festa estão em uma dr – Disse passando uma taça pra ela.

- Um brinde galera, sucesso para todos – Nanda ergueu a taça e todos fizeram o mesmo, estavam felizes por mais um trabalho realizado com sucesso. Maria Fernanda não sabia explicar, sentiu uma leve pontada no peito, não conhecia Luiza, porém estava presa em devaneios.

- Será que vai dar certo? – Um ser de luz estava na cozinha junto de Nanda. - Claro que sim, vamos confiar – Paolla falou serena.

***

No salão de festa tinha poucos adultos e as duas mulheres, Julia tinha saído com os amigos para uma casa de show que era propriedade dos pais de um dos amigos.

- Amor, vamos para casa, já está tarde – Luiza falou com dengo no ouvido de Patrícia.

- Há não Lu, vamos esticar a noite como nos velhos tempos – Disse alterada, pegou uma garrafa de gim e bebeu no gargalo, dançava sensualmente e estava muito sexy, estava com o corpo suado, as madeixas cor de mel estavam livres, colou seu corpo ao de Luiza, cheirava seu pescoço.

- Pati não vai dar, amanhã tenho plantão, vai indo pro carro que eu te alcanço, tenho que acertas tudo com a dona do Buffet – Foi se afastando da mulher menos mas era inútil, Pati apertava sua coxas intensificava os beijos.

- Tá bom amor, então vamos rapidinho ao banheiro. - Patrícia já falei que não, olha seu estado, é isso que dá não ter limites – Disse alterada, poucas vezes ficava daquela forma, só quando o negócio era serio, pegou a garrafa de gim da mão da outra.

- Há amor para com isso, quanto mais velha mais careta fica – Disse meio grogue – Vamos relembrar os velhos tempos, vamos – Se desequilibrou e segurou em uma cadeira que tinha próximo.

- Patrícia pelo amor de Deus, vai lavar esse rosto, nem a Ju dá tanto trabalho como você – Disse e ganhava ar de irritação.

- Quer saber Luiza, se você não me quer, vou procurar quem queira, tchau – Foi em direção a outra mesa, pegou suas coisas e voltou pra mesa que estava com a outra – Ah quase que ia esquecendo de você – Disse e pegou a garrafa de gim, tomou um gole e saiu ligeira.

Luiza ficou ali parada, sem a mínima vontade voltar para casa.

***

Já estava quase tudo pronto na cozinha, Maria Fernanda dispensou os funcionários e o que restou para fazer, podia muito bem fazer sozinha. Em noites de verão, vez ou outra tinha chuvas fortes com relâmpagos e apagões.

- Mais essa agora – Tudo estava escuro, só vinha uma luz fraca de fora da cozinha, estava uma penumbra, Nanda foi em direção ao banheiro para religar a chave, quando esbarrou em alguém. Na hora Nanda não soube explicar, mas seu coração acelerou de uma forma descabida, soube que era um corpo de mulher, pois seus anos de combate lhe serviam para muito. Sentiu o coração da outra no mesmo tom que o seu. Sentiu um calor que a tempo não sentia. Suas mãos ganharam vida própria, começou a desenhar o corpo da mulher, chegou em seu rosto e alisou de leve, foram se aproximando. As bocas se aproximavam, hálito se misturava, respiração começava a ficar pesada dos dois lados.

Luiza sentia as mesma sensações, estava sentindo algo tão forte a ponto de aceitar os carinhos de alguém que nem conhecia, nem tinha visto o rosto. O desejo, a atração tomava conta dos dois corpos. Os lábios se roçavam suavemente quando um clarão tomou conta do local. O desejo era tão imenso, nenhuma das duas sabia explicar, era algo tão forte, os corações batiam no mesmo ritmo. Afastaram a boca uma da outra, ficaram se olhando intensamente, uma luz envolvia as mulheres, o sentimento que emanava delas duas era tão forte que até os espíritos de luz que observavam a cena ficaram surpresos.

***

A muito tempo atrás.  

“ A casa de campo ficava a duas léguas de uma lagoa, daria para ir a pé no lugar que mais gostava. Com um sobrenome que a garantia de um titulo nobre, sempre ao por do sol de cada dia dava pequenas escapulidas de casa, colocava as causa velha e as botas (ficavam grandes e as enchias de algodão) de seu irmão mais velho, pulava a pequena mureta que tinha entre a janela de seu quarto que dava a terra firme do lado de fora, corria o mais rápido possível para ninguém desconfiar. Montava em seu cavalo e percorria aquelas duas léguas.

 Aquele paraíso parecia que pertencia só a ela. Ao acaso do destino aquele dia ficara marcado na sua memória para sempre, chegando perto de seu destino estranhou pois ninguém morava a muito tempo na casa a beira lago, caindo ao pedaços, a curiosidade daquela menina mulher ou poderíamos dizer mulher menina, era tão grande que nem o medo á atingiu. Desmontou de seu cavalo e foi caminhando em passos largos até ver uma linda mulher, parecia que não era muito mais velha do que ela, ao perceber sua presença pode ver a imagem daqueles lindo rosto que a encarava com a mesma intensidade, não sabia…”

Fim do capítulo