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  • Capítulo 9 - Giulia -

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Amor acima de tudo por Little dream

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Palavras: 5020
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Capítulo 9 - Giulia -

- Giulia – 



Eu não sabia como iria me controlar perto daquela mulher, ela era deslumbrante, e estava parada bem ali na minha frente, ao meu alcance. Estava vestida de maneira confortável, sem aquela aparência de mulher executiva, estava vestida com jeans justo, um moletom preto, nos pés um tênis branco, e os cabelos preso em um rabo de cavalo. Era a primeira vez que a via de maneira tão informal e despojada assim, mas nem por isso menos linda. Nem que quisesse essa mulher conseguiria ficar menos linda. Era um absurdo, e ela estava ali na minha frente com uma ruguinha na testa esperando uma resposta minha. Por mais que eu tentasse formar uma frase aproveitável em minha mente, tudo se desmanchava ao olhar para o rosto dela, eu não conseguia formar nenhuma idéia, abria e fechava a boca várias vezes na esperança de que algo saísse. Se eu aceitasse ir com ela seria uma tortura ficar em um carrosozinha com ela sem pensar em beijá-la, poderia acontecer algo parecido com o que ocorreu no elevador, e ficar ali talvez fosse tolice, eu poderia ficar ali tempo demais, já era tarde e eu nem mesmo tinha dinheiro ou celular.

-- Tudo bem! Se não for lhe incomodar de maneira nenhuma eu aceito a sua carona. - por fim eu disse, seria o mais inteligente a se fazer.

-- Não será incomodo nenhum. Mas... – ela hesitou por alguns segundos.

-- Mas? 

-- Você se incomoda de me esperar um pouquinho? Preciso ir até a minha sala pegar uns documentos, ai poderemos ir. – ela perguntou enquanto coçava a nuca displicente, o que eu achei fofo.

-- Claro que não. Eu que já estou abusando da sua boa vontade.

-- Então eu vou lá.

Assim que ela disse isso imediatamente eu olhei para os lados, vi que parte do estacionamento já estava com as luzes desligadas, deixando-o quase um breu aos meus olhos. Eu morria de medo do escuro. Parece coisa de criança, talvez até fosse mesmo, mas era algo mais forte do que eu. Agi impensado diante do meu medo e a chamei.

Espera! Eu posso ir com você? É...é que eu não queria mais ficar aqui sozinha. – tente me explicar sem parecer ridícula.

-- Claro! Pode vir!

Eu quase corri para o lado dela. Imagina se todas aquelas luzes se apagassem, eu entraria em pânico. Fomos até o elevador e ficamos totalmente em silêncio, apenas ecoava o pequeno ruído dos cabos de aço que sustentavam o elevador. Eu não sabia o que falar, nem tinha nada pra falar. A única vontade que eu tinha era de deixá-la calada mesmo, só que de uma maneira diferente. Com meus lábios.

Quando o elevador parou no andar da sala de Marina e ela saiu, me apavorei ainda mais, alguns corredores daquele andar estavam completamente escuros. Passei a andar quase colada às costas dela, como se fosse aparecer algo horrendo mais a frente e ela fosse me proteger. Cada movimento dela eu imitava quase num sincronismo perfeito. Ela andava, eu andava, ela parava, eu parava também. Estava tão próxima a ela que podia sentir o perfume que emanava dos seus cabelos quase cobre.

Quando chegamos a sala de Marina e ela destrancou, e ao tentar ligar a luz de sua sala nada acontecia. Ouvia-se o barulhinho do interruptor, mas nenhuma luz ascendia. Ela entrou na sala assim mesmo, e foi logo me explicando.

-- O vigia deve ter desligado o quadro das luzes de novo. Droga! – ela parecia ter esbarrado em algo.

-- Tudo bem? – surrei.

-- Tudo. – ela parou de repente, me fazendo parar também - Giulia você tem medo do escuro? – ela me perguntou e eu me senti ridícula com essa pergunta.

-- Hunrum. – foi só o que consegui dizer.

Eu não consegui enxergar quase nada dentro daquela sala, mas podia jurar que pelo movimento de seu rosto, e o barulho de uma risadinha fraca me fez perceber que ela ria da minha cara. Ridícula, uma mulher na minha idade, com medo do escuro.

Ela parou próximo ao que parecia ser a sua mesa, e passou a tateá-la. Ouvi um baque no chão, algo tinha caído. Marina abaixou-se e eu, imitei o mesmo movimento. Abaixei-me também, só não contava com o movimento repentino de Marina. Sem que eu esperasse ela levantou-se, não estava preparada para tal movimento, e sou tudo, menos uma pessoa com reflexo. Não consegui sair do lugar, o que resultou em um “encontrão”, me fazendo perder o equilíbrio. Já esperava o contato com o chão quando senti as mãos de Marina me envolverem evitando que eu caísse. Acabei ficando muito próxima a ela, perigosamente muito próxima.

-- Desculpe. Tudo bem?

Ela me perguntou e eu demorei quase dois segundos processando os tremores que vinham de seu corpo. Ela tremia, eu podia sentir isso. 

-- Tudo bem. – respondi finalmente – Você está tremendo!

Não pude deixar de perceber isso e muito menos de comentar sobre isso. Assim como Marina, minhas pernas também tremiam. Eu estava completamente bamba, e tenho certeza de que se ela tirasse as mãos de minha cintura eu cairia.

Marina parecia paralisada, suas mãos permaneciam em minha cintura, me segurando quase que com uma pontinha de posse, estavam firmes me mantendo no mesmo lugar, bem onde eu queria, bem próximo a ela. Porém ela nada falava, me olhava como se estivesse me analisando. Podia sentir seu peito em um frenético movimento, seu coração estava descompassado, parecia querer sair da caixa.

-- Marina? – a chamei diante de seu silêncio.

-- O que você fez comigo? – pude sentir seu hálito bater em meu rosto, era doce, fresco, suas mãos apertaram ainda mais minha cintura.

Senti-me desnorteada, com tudo, por segundos passou por minha cabeça que eu havia feito algo de errado, e estava tirando todo o meu juízo senti-la assim tão próxima a mim, e sem poder fazer absolutamente nada. Por um momento quando ela perguntou o que eu havia feito com ela achei que ela pudesse estar falando do esbarrão.

-- É...é Marina me desculpe, não foi intencional, só estava um pouco assustada e...

-- Não estou falando disso. – ela me interrompeu e puxou meu corpo ao encontro do seu. Agora eu estava realmente perdida, eu não conseguiria me controlar.

Minhas pernas ficaram completamente moles.

-- Do que... – não consegui completar a frase.

Marina roçou seus lábios nos meus, meu coração falhou, minhas mãos estavam exageradamente soadas, senti um friozinho na barriga. Estava perdida.

Ela suspirou profundamente, e ainda sim suave, soltando vagarosamente o ar, sussurrou meu nome próximo a minha boca, entre abri meus lábios, e aguardei milésimos quase que sufocantes o que eu previa que iria acontecer: um beijo lascivo.

O mundo pareceu dar um solavanco, parou de girar, o tempo parou assim como meu coração. Os lábios de Marina me tiraram do chão, ou pelo menos fizeram minhas pernas desaparecerem. Nesse momento eu parecia voar. O beijo era calmo, doce, suave, seus lábios eram macios, e seu hálito me invadia me deixando alucinada. Não demorou, uma de suas mãos saiu de minha cintura e instalou-se em minha nuca, enroscando seus dedos em meus cabelos. Fazendo um contato ainda maior entre nossas bocas. O beijo foi parando quando começamos a perder o fôlego. Ela depositou vários pequenos beijos em meus lábios, pequenos selinhos. Beijou os cantinhos de minha boca, e deu-me um selinho mais demorado, mordiscou meu lábio inferior e isso acabou acarretando em um novo beijo. Porém dessa vez mais audacioso, mais guloso. Em alguns segundos sua língua explorava a minha boca. 


Estávamos apenas nós duas naquele lugar, no mundo, nada mais me importava além de sua boca. Aumentei o ritmo do beijo explorando sua boca com minha língua, levei minhas mãos até o seu pescoço e a puxei ainda mais pra mim, exigindo um contato maior, como se pudéssemos nos fundir. Eu estava sem juízo, aquela boca na minha estava me enlouquecendo. 

Marina começou a dar pequenos passos, me fazendo dá-los para trás, quase tropeçando, pisando em um lugar desconhecido aos meus olhos. As pernas quase enroscando uma na outra. Não sei como, mas ao dá-los pude sentir algo me impedindo de andar. Meu corpo encostou-se em algo que parecia uma mesa. Marina colocou seu corpo contra o meu, me fazendo curvar o corpo para trás. Sua boca abandou a minha para deixar rastros quentes e molhados por toda a extensão de meu pescoço. Onde sua boca tocava parecia queimar. Meu corpo inteiro estava queimando, quase em chamas. Eu estava vergonhosamente e completamente excitada. Marina me agarrou pela cintura, me fazendo sentar em cima da mesa. Encaixou-se entre minhas pernas, o que foi facilitado por eu estar de saia. Voltou a me beijar, enquanto colocava suas mãos pelo lado externo de minhas coxas, as arranhando suavemente e depois as agarrando firmemente. Deixei escapar um gemido, baixinho. Arranhei seu pescoço nesse exato momento. Ela gem*u contra minha boca, talvez por dor, talvez por excitação tamanha ou maior que a minha. Ela me puxou para mais perto dela o que me fez abrir um pouco mais as pernas para que ela pudesse se encaixar. Minhas mãos desceram até seu bumbum e descaradamente o apertei.

Sentia Marina tremer em meus braços, pequenos gemidos e sussurros saiam de sua boca. Eu estava cada vez mais molhada, e os sons de Marina me deixavam ainda mais molhada, ansiando por um contato maior do que aquele. Coloquei minhas mãos em suas costas por baixo de seu moletom, arranhei. 


A sala estava quente demais. Minha respiração estava descontrolada. O beijo estava cada vez mais exigente. Eu estava completamente arrepiada, e sentia como se pequenos choques estivessem atingindo o meu corpo no mesmo lugar onde a pele dela se encostava. Marina passou a levantar minha saia vagarosamente, em uma tortura impiedosa. Simplesmente não conseguia separar minha boca da dela, por menos fôlego que eu tivesse eu não queria parar o beijo, tinha medo de que aquilo, aquela sensação maravilhosa fosse algo irreal fruto de minha imaginação.


De repente ouvimos alguns passos no corredor, bem próximos à sala onde estávamos, e se aproximando rapidamente, cada vez mais. Separamos-nos bruscamente. Praticamente saltei da mesa onde estava sem nada enxergar. Em poucos segundos um homem entrou na sala nos apontando uma lanterna, enquanto sua outra mão estava a postos em cima da pistola presa ao cinto. Ligeiramente puxei minha saia, tentando faze-la voltar ao seu lugar e me recompor. Eu tinha certeza de que meus lábios nesse momento me entregavam, deviam estar vermelhos e inchados.

-- D. Marina? - o homem perguntou surpreso.

-- Oi Marcelo, sou eu.

-- O que a senhora faz aqui uma hora dessas? – perguntou tirando a mão sobre a pistola.

-- Vim buscar uns documentos que esqueci aqui hoje cedo.

-- Desculpe D. Marina, eu não sabia que a senhora viria aqui, então como de costume eu desliguei a geral das luzes.

-- Tudo bem, assim que eu encontrar os documentos eu...eu - ela começou a gaguejar enquanto olhava em minha direção. 

-- Só um instantinho que eu vou lá ligar as luzes pra ajudar a senhora. – ele disse se retirando da sala e nos deixando novamente no escuro.


Ele saiu sem nada perceber. Senti minhas bochechas queimarem. Imagina o que seria de mim ao me flagrarem beijando a dona da JUMP. Não falamos nada, nem mesmo um “a”. Alguns segundos após o homem se retirar as luzes piscaram e por fim acenderam-se, inclusive as do corredor. A claridade a início incomodou meus olhos, depois me trouxe susto. Olhei para Marina e ela estava com a boca vermelha, os cabelos meio bagunçados. Ainda podia ver o seu peito subir e descer em uma respiração acelerada. Eu me sentia tonta, sem saber o que falar ou mesmo se devia falar. Minha cabeça e meu coração estavam em completa desordem. Ainda sentia as mãos e a boca dela sobre meu corpo, e só de reviver os segundos anteriores eu sentia uma pequena umidade entre as minhas pernas. Marina passou a me olhar como se buscasse alguma resposta, algum tipo de sinal.

Ela voltou a se aproximar de mim, parou bem a minha frente e com o olhar baixo, praticamente encarando o chão ou os próprios pés, em um tom baixinho ela começou. 

-- Giulia. É...é, eu queria te pedir desculpa por...

-- Marina? - a chamei. 

Ela me olhou como se estivesse perdida.

-- Se você for pedir desculpa pelo que aconteceu aqui, não o faça. Eu também quis, eu também quero!

-- Mas...

-- Você se arrependeu? – perguntei receosa.

-- Não! Claro que não! – respondeu apressada – É que...

-- Não fala nada. – eu disse colocando o indicador em seus lábios e me aproximei perigosamente dela.

Senti a suavidade de sua pele com o dorso da mão. Com o contato ela fechou os olhos. Contornei seu rosto com o indicador. Seus olhos, sobrancelhas, nariz, boca, e por fim depositei um delicado beijo em seus lábios. Ela ainda permanecia de olhos fechados, e eu me aproveitei disso. Bem próxima a ela, com suas mãos entre as minhas suspirei e me preparei para falar.

-- Você mexe comigo de uma maneira única Marina...

-- Não é diferente comigo Giulia. Você também mexe comigo. - ela disse e tomou a minha boca em um beijo, calmo, suave.

Nunca em toda a minha vida havia beijado lábios tão doces, nunca havia experimentado beijo tão mágico e tão profundo. Eu estava sem defesas, estava entregue aquele beijo, estava entregue aos braços de Marina. 

-- É...rumrum – pigarreou

Marina e eu nos separamos mas continuamos perto uma da outra. Mantive um sorriso travesso nos lábios, nem me importei por ter sido pega aos beijos com minha chefe.

-- Desculpa Dona Marina, vim saber se precisava de algo mais.

-- Não Marcelo, já encontrei o que queria. – disse ela olhando para o chão, lugar onde a pasta de documentos estava. – Obrigada, daqui a pouco estou de saída.

-- Tudo bem. Qualquer coisa é só me chamar. – ele disse se retirando.

Marina recolheu a pasta, parou ao meu lado e segurou minha mão, entrelaçando seus dedos aos meus, e com um sorriso brincando em seus lábios me perguntou:

-- Podemos ir?

-- Claro! – não pude deixar de sorrir.

Fizemos todo o caminho de volta para o estacionamento caladas, e ainda sim de mãos dadas e com sorrisos faceiros. Quando chegamos ao estacionamento, apenas a parte onde o carro de Marina e o meu estavam, tinha as luzes acesas. Fui até o meu carro peguei todas as minhas coisas e o tranquei devidamente. Ao me aproximar do carro de Marina ela gentilmente abriu a porta do passageiro para que eu entrasse. Sorri em agradecimento e antes de entrar Marina segurou-me pela cintura e selou meus lábios em singelo beijo. No mesmo instante ouvimos o barulho de um carro dando partida, não conseguíamos enxergar de onde vinha o barulho. Mas logo soubemos, o motorista atrevido apontou o farol alto em nossa direção, nos tirando a pouca visibilidade. Tentei ao máximo enxergar quem era, mas não consegui na hora, mas reconheci o carro quando ela passou ao nosso lado. Era o carro de Verônica. Senti um arrepio percorrer meu corpo, subindo por minha espinha, e me fazendo sentir um leve tremor nas pernas. Marina estava estática ao meu lado, ainda segurando em minha cintura, mas assim como eu provavelmente estava, ela tinhas as mãos geladas.

Marina saiu de sua inércia, olhou para mim, e sorriu-me, porém dessa vez não se comparava aos outros sorrisos que eu já havia ganhado. Foi fraco, não sabia definir. Entrei no carro e ela deu a volta assumindo o volante. Achei completamente estranha a reação dela, ela havia ficado diferente depois de ter visto o carro de Verônica naquele dia. Foi ai que a minha cabeça começou a martelar, me veio a recente cena de Marina sendo beijada por Verônica no calor de uma discussão, depois o tapa. O que significaria tudo aquilo? E eu? O que eu significava no meio delas? Será que Marina havia ficado daquela maneira por termos sido flagradas pela loira aguada, talvez a sua...sua namorada?

Fui indicando o caminho para uma Marina distante, nem parecia que estava ali do meu lado, quase não falava nada, estava introspectiva. Olhava-me de vez em quando e me dava um pequeno sorriso – sorrir era sua marca, e eu estava amando descobrir essa marca. Nem de longe ela parecia a mesma mulher que sem que eu esperasse me beijou em sua sala. O beijo, como era bom reviver aquele beijo. 

Eu não podia falar muita coisa sobre o fato de Marina estar calada, eu também estava daquele jeito, eu não conseguia parar de pensar nas duas juntas, não conseguia parar de pensar no beijo, sentia um grande incômodo ao pensar nas mãos e boca daquela mulher em cima daquela pele alva e macia, nos lábios desenhados que mais pareciam ser feito de veludo. Que droga! Nem mesmo conseguia dissipar a sensação que percorreu o meu corpo ao sentir Marina.

-- Giulia como vai fazer para ir trabalhar amanhã, se está sem o seu carro?

Me perguntou do nada, tirando-me de meu pequeno devaneio. A primeira coisa que me veio a cabeça foi Vick, ela poderia me levar até a JUMP no outro dia. Foi o que eu pensei e conseqüentemente foi o que eu disse.

-- Vou pedir uma carona à Vick.

Notei ela apertar um pouco mais forte o volante e suspirar pesadamente.

-- Eu posso te dar uma carona se você quiser. – ok, essa me pegou de surpresa.
-- Não precisa Marina, eu peço a Vick, ela me leva sem problemas.

-- Ok. – foi só o que ela disse.

Depois disso o silêncio foi absoluto. Eu tentava imaginar o que se passava na cabeça dela, e entender o que se passava na minha. Em poucos instantes ela estacionava o seu luxuoso carro na frente do condomínio que eu morava. Ela desligou o carro e passou a olhara para frente, eu fiquei da mesma maneira, olhava para frente sem nem mesmo retirar o cinto de segurança. Não sabia se devia falar algo ou simplesmente me despedir e descer do carro rapidamente e sem olhar para trás. Meu coração estava inquieto por vários motivos. Minha boca ansiava por sentir o gosto dos lábios dela novamente, mas estava sendo tudo muito rápido, eu ainda não entendia muito bem os sinais do meu corpo, e não entendia como meu coração podia ficar tão alucinado perto de uma pessoa.

-- Obrigada pela carona, eu não sei como teria feito para voltar pra casa se você não tivesse aparecido. – eu disse a fim de quebrar aquele silêncio insuportável.

-- Não precisa me agradecer, eu faria quantas vezes fosse preciso.

Nossa!

-- Desculpa a indelicadeza de não lhe chamar pra subir, mas acho que já abusei muito de você e você deve estar cansada.

Ela deu um sorrisinho de lado e eu não consegui decifrar o motivo para tal.

-- Não precisa se incomodar, não é indelicadeza de sua parte, está tudo bem. Confesso que estou um pouquinho cansada, mas é antecipadamente. Por amanhã, digamos assim.

-- Então eu vou te deixar ir. Obrigada mais uma vez. – disse desafivelando o cinto e abrindo a porta do carro. Me preparava pra descer.

-- Giulia? Espera! – parei com a porta aberta.

-- Oi.

O que veio a seguir foi mais um beijo que me deixou sem chão, completamente trêmula, e com aquele ridículo friozinho na barriga presente.

-- Boa noite Giulia! – ela sussurrou ainda me segurando no lugar com uma mão em minha nuca.

-- Bo...boa...boa noite Marina. – “Ótima hora pra gaguejar!”.

Desci do carro rapidamente, estava trôpega, minhas penas quase enroscavam uma na outra. Meu coração mais uma vez nesse dia estava feito um louco, batendo descompassadamente. Quando sai do carro praticamente sai do carro correndo, e assim que olhei para as escadas da portaria lá estava Vick, com o celular na mão, o olhar angustiado, olhando de um lado para o outro. Assim que me viu ela correu em minha direção me abraçando apertado. 

-- Posso saber onde você estava até uma hora dessas? Você quer me matar do coração? – ela perguntou me afastando um pouco e me olhando com os olhos chorosos.

-- Calma Vick. – eu disse me afastando dela e olhando para onde o carro de Marina estava. Ela ainda estava lá.

-- Como vou ficar calma? – ela disse voltando a me abraçar e eu me senti como uma criança nesse momento.

-- Vick eu estou bem, está tudo bem. – disse me separando.

-- O que aconteceu? 

-- Eu te explico. – olhei para onde antes estava o carro. – Vamos subir, eu te explico tudo lá em cima.

-- Nossa! – passou as mãos nos olhos – Vamos, quero saber direitinho tudo que aconteceu pra você ter sumido desse jeito.

Saímos na direção da recepção do prédio e mais uma vez tornei a olhar para trás, como se no fundo eu tivesse uma esperança de que Marina ainda estivesse lá. Vick percebeu.

-- Algum problema? 

-- Não, nada. – suspirei.

Subimos e eu pedi a Vick um tempinho para tomar um banho, logo após eu voltaria até a sala e explicaria a ela tudo o que me ocorreu durante o dia, principalmente por ter chegado tão tarde em casa. Porém, eu estava em dúvida se devia contar a ela alguma coisa do que aconteceu entre Marina e eu. Vick era como uma irmã pra mim, eu nunca escondia nada dela, e nem ela de mim. Não tínhamos segredos uma com a outra. Mas eu tinha medo do que ela iria me dizer. Com certeza ela iria me recriminar, iria me avisar sobre o perigo de me envolver com alguém como a Marina. Ao mesmo tempo eu pensava que haviam sido apenas alguns beijos, não fizemos jura de amor e nem prometemos nada para o amanhã. Seria melhor não contar nada mesmo.

Tomei um banho relaxante, mas em nenhum momento Marina me saia da cabeça. Toquei meus lábios pensando no nosso beijo, consequentemente lembrei da parte mais quente de minha noite. Nós quase trans*mos em sua sala, sabe-se lá o que teria acontecido entre a gente se o segurança não tivesse nos interrompido. Suspirei excita com a simples lembrança. Senti uma umidade entre minhas pernas mesmo estando no banho, a água que caia em minhas costas parecia evaporar ao entrar em contrato com a minha pele.Cortei aqueles pensamentos e terminei logo o banho que estava me trazendo lembranças tão vivas e tão excitantes. Vesti uma roupa leve e voltei a sala. Encontrei na mesa de centro na frente do sofá um lanche preparado por Vick: um sanduíche natural com um copo de suco de laranja – meu preferido.

-- Preparei um lanche, achei que você estaria com fome.

-- Obrigada Vick! Estou mesmo com fome.

Vick sentou no sofá a minha frente e esperou que eu terminasse o lanche, ela me olhava com certe impaciência mas em nenhum momento me fez alguma pergunta. Ficou quieta esperando que eu terminasse de comer. Mas assim que terminei...

-- Agora você pode me explicar?

Lembrei do olhar que ela tinha no momento em que a encontrei, ela estava verdadeiramente preocupada. O seu senso de proteção era muito aguçado, as vezes até exagerado. 

-- Me desculpa Vick, nada foi por intenção. Passei por momentos nada bons – E outros mais que maravilhosos – Acho que preciso de um seguro para meu carro.

Ela me olhou como se pedisse silenciosamente para que eu desse continuidade.

-- Bom, como você sabe, eu fiquei sem meu celular no trabalho, aquela loira aguada, digo, a Verônica, a coordenadora do meu setor o recolheu justificando que não era permitido o uso durante o expediente. Ela o recolheu no momento em que eu ia responder a sua mensagem, essa parte você já tem uma idéia. Como você me disse que chegaria mais tarde hoje, eu resolvi ficar um pouco mais no trabalho, não estava nada a fim de ficar sozinha em casa. Acabei ficando por lá mesmo. Sai de lá quando um senhor disse que precisava fechar a sala, então peguei minhas coisas e fui até o meu carro, só que ao tentar liga-lo, ele não deu nem sinal de vida. Fui atrás do celular pra ligar pra algum mecânico, ou pra você mas adivinha. Eu não lembrei de pegar meu celular de volta. E pra piorar tudo eu estava sem nenhum centavo pra pegar um táxi, nem mesmo um ônibus.

-- Já disse pra você andar com mais dinheiro pequena.

-- Eu sei. Bom, ai apareceu um colega de trabalho lá – omiti que o colega na verdade era Marina – ai perguntou se eu queria ajuda, me ofereceu o celular, eu liguei pra você e nada.

-- Acho que eu já estava no banho a essa hora.

-- Ai cheguei aqui de carona. Foi isso. Desculpa por ter te deixado pensar que eu fui raptada por seres extra terrestres. – sorri tentando fazer graça.

-- Não brinca Gi. Eu fiquei preocupada de verdade com você, pensei um monte de besteiras. Você não é de ficar até tarde na rua. Ligava pro seu celular e só dava desligado, ai liguei para aquele número do qual você me ligou mais cedo, perguntei se sabiam de você e ninguém tinha notícias suas. – notei seus olhos ficarem chorosos novamente.

-- Ei! – disse sentando ao seu lado no sofá. – Ta tudo bem Vick, eu estou aqui, não fica assim vai.

-- Você é minha irmã, eu não sei o que faria sem você.

-- Ei, para não pensa isso. Ta certo? – ela balançou a cabeça afirmando – Agora vamos deitar?

-- Vamos. – ela disse me dando um beijo na bochecha e levantando. – E como vai ficar o seu carro?

-- Amanhã eu dou um jeito. Vick?

-- Hum?

-- Será que você pode me dar uma carona até a JUMP amanhã?

-- Claro pequena. E sendo assim vamos dormir porque amanhã teremos que acordar cedinho. Amanhã eu dou uma olhadinha no seu carro quando for lhe deixar lá.

-- Ta certo. Boa noite.

-- Boa noite.

O “Boa noite” ficou apensa no desejo. Não consegui pregar os olhos, passei horas e horas revirando na cama. Ficaria louca em pouco tempo se minha mente continuasse a projetar Marina o tempo todo a minha frente. O que é tudo isso que está acontecendo? O que é tudo isso que venho sentindo perto de você? O que eu realmente sou pra você, uma diversão, sex*? Droga! Era péssimo ter tantas perguntas vagando em minha mente e não ter resposta pra nenhuma delas. Depois de horas e mais horas revirando na cama, apenas bagunçando todos os lençóis, consegui ao menos um cochilo. Foi uma péssima idéia, novamente aquele sonho esquisito, com a cena de Marina e Verônica aos beijos e depois ambas rindo da minha cara. Acordei suada e atordoada. Olhei o celular e eram apenas 4hs da manhã, eu ainda poderia estar dormindo, mas não queria mais arriscar e ver aquela cena novamente. Só a lembrança do sonho fazia meu coração apertar.

Levantei da cama a conta gosto, mesmo que não fosse dormir preferia ficar deitada ali o dia todo. Não sabia como iria ser encontrar com ela. Como eu teria que agira? Poderia beija-la, ou apenas desejaria um bom dia para a minha chefe? Chega de pensar! Caminhei até o banheiro e tomei um banho. Vesti-me e desci para fazer o café da manhã. Assim que terminei de preparar o café fui até o quarto de Vick acorda-la, sabia que ela não acordaria tão cedo sozinha. Esse era o único momento que raramente eu poderia encontrar Vick de mau humor. Bastava acorda-la cedo. 

Fui para a cozinha rindo da cara de Vick ao entrar a muito contra gosto no banheiro para um banho gelado – era o melhor para espantar o mau humor. Liguei meu notebook enquanto tomava café.

-- Pronto! Agora sim. Bom dia Gi. – Vick falou entrando na cozinha e beijando minha bochecha.

-- Bom dia senhoria mau humor.

-- Podemos tomar café? Ainda tenho que dar uma de mecânica.

Sorri.

-- Podemos.

Abri meu e-mail e o deixei carregando enquanto pegava uma tigela e uma colher no armário acima da pia. Quando voltei quase enfartei. O primeiro nome que aparecia na minha caixa de entrada era Marina Amorim com o assunto “Precisamos Conversar”. Ainda oi inevitável, sem querer soltei a tigela que se espatifou no chão.

-- O que foi Giulia? – Vick me perguntou assustada.

-- Nada nada. Deixa que eu limpo isso.

-- Aconteceu alguma coisa?

-- Não Vick. Tudo bem, só me distrai. – forcei um sorriso que demonstrasse o que eu dizia.

Recolhi todos os cacos de vidros e corri de volta a mesa. Abri com a mão trêmula o e-mail.

De: Marina Amorim
Para: Giulia Monteiro

Bom Dia, quer dizer, ainda é madrugada, mas provavelmente pra você que está lendo agora, já deve ser manhã. Espero que leia esse e-mail a tempo, antes de chegar a agência. Assim como espero não estar incomodando tão cedo. É que eu não consegui dormir, não parei de pensar em você um segundo sequer. O beijo ainda estava vivo, parece que foi há alguns segundos atrás que senti teus lábios, ainda sinto o gosto e a textura. Você pode estar achando tudo isso uma loucura, e me achando uma doida varrida, mas reconsidere tudo até me ouvir. Eu preciso ser sincera com você. Sendo assim eu te peço, assim que chegar a empresa vá até a minha sala, precisamos conversar. Chegarei cedo, então assim que chegar me procure.

Um beijo e até mais tarde.
Marina Amorim.

Eu não podia acreditar no que os meus olhos liam, aquilo era irreal demais pra mim, eu só podia estar tendo alucinações, estava tendo pequeno surto. Li novamente o e-mail. Estava lá, estava mesmo. Foi ela que escreveu tudo aquilo. Meu Deus!

-- Ta tudo bem mesmo Giulia? Você está pálida. – ela perguntou vindo até mim.

-- Está sim! – disse fechando rapidamente o notebook.

-- Tem certeza?

-- Tenho sim. Já podemos ir? Não quero me atrasar.

-- Podemos sim, mas queria te lembrar que não tem como você se atrasar, ainda está muito cedo.

-- Tudo bem, já vou descendo.

-- Porque a pressa?

-- Não quero me atrasar, já disse.

-- Tudo bem, vai descendo, to descendo logo em seguida.

Peguei minha bolsa, e todo o resto de minhas coisas e sai em disparada pra o elevador. Eu precisava me acalmar, eu precisava ou meu coração iria me trair justo naquele momento. Eu tinha que me manter calma. Esperei ansiosa Vick descer até o estacionamento. Batia o pé enquanto me perguntava o porque da demora.

-- Prontinho! Já estou aqui. Podemos ir.

Sorri e tremi pensando qual seria o teor da conversa com Marina.

Fim do capítulo


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