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2121 por Cristiane Schwinden

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Palavras: 5004
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Capítulo 21 - Fosfenos

– Até que enfim. – Finalmente Theo respondeu, abrindo um meio sorriso forçado.

– Ele conseguiu a licença. – Sam falava num tom normal, ainda trajando apenas a toalha branca.

– Vai ser uma ajuda importante para nós, além disso você terá seu noivinho ao seu lado novamente, a companhia de alguém que você confia e se sente confortável, vai ter seu porto seguro por perto. Isso vai lhe fazer bem, de várias formas.

– É… – Sam abriu um sorriso. – Estou morrendo de saudades dele, nunca nos afastamos por tanto tempo. Não acredito que vou vê-lo amanhã. – Animava-se.

– Você me disse que ele é um bom estrategista, será bom ter um cérebro a mais pensando. – Theo procurava sua bolsa pelo quarto.

– Sim, ele lidera o pelotão já há algum tempo, tem boa visão tática. – Sam vestia-se. – Está em cima da mesa.

– Ah, obrigada, na mesa assassina.

Theo guardava algumas coisas em sua bolsa enquanto Sam usava o banheiro.

– Ele vai conosco procurar o depósito em Madre de Dios amanhã? – Theo perguntou, em voz alta.

– Não, nós vamos encontrá-lo à noite, num hotel em Cusco. – Sam falou de dentro do banheiro, escovando os dentes.

– O que?

Sam cuspiu e repetiu.

– Vamos encontrá-lo à noite num hotel em Cusco.

– Tomara que ele vá com a minha cara.

– Vai sim, falei bem de você.

– Ainda bem que terei outra companhia, não aguento mais suas piadas.

Sam riu.

– Mike não é muito de piadas, ele faz mais a linha homem sério e responsável.

Assim que Sam saiu do banheiro, Theo entrou.

– Onde está a nécessaire? – Theo tateava a pia e o vaso.

– Não está na pia?

– Não, não está.

– Ah, acho que caiu no chão. – Sam terminava de ajeitar a cama.

Theo abaixou-se, batendo com a testa na borda da pia. Permaneceu curvada, com a mão sobre o local e com feições doloridas, se recuperando da pancada.

– Achou?

– Achei. – Resmungou, abaixou-se novamente, agora devagar e com cuidado, juntando a pequena bolsa.

– Theo, acho que nem preciso dizer o quanto você deve ser cuidadosa com o que fala na presença de Mike, ele não pode saber o que aconteceu entre nós, absolutamente nada, nem sobre as conversas que tivemos.

– Eu sei. – Theo balbuciou, de dentro do banheiro.

– Tenha cuidado com o que falar, não quero que pareça que temos alguma intimidade, Mike não pode suspeitar de nada, não posso colocar meu noivado em risco, compreendido?

– Totalmente, oficial.

– Não me chame de oficial na frente dele, não se refira a mim de forma informal ou carinhosa. Também não fale da sua orientação sexual, nem sobre suas ideias feministas e anárquicas, Mike é ainda mais conservador que eu.

– Anárquicas?

– Você entendeu.

– Mais alguma coisa?

– Tente usar manga comprida ou casaco, não quero que Mike veja suas tatuagens, ele odeia tatuagens. – Sam disse, já deitada.

Theo saiu em silêncio do banheiro, guardou a pequena bolsa e seguiu para a outra cama.

– Onde você vai? – Sam indagou, sem entender.

– Dormir. – Theo respondeu de forma displicente.

– Na outra cama? – Sam ergueu-se, apoiando-se nos cotovelos.

– Sim, na minha cama.

– Por que?

– Não é bom ter mais espaço para dormir? – Theo ajeitava a roupa de cama.

Sam não respondeu, Theo terminou de arrumar a cama.

– O acordo terminou, Sam. – Disse incomodada, ainda de pé.

– Por que não finalizamos amanhã?

Theo gesticulou com impaciência.

– Porque… Porque não, porque é assim que eu quero e pronto.

– Que diferença faz?

– Exato! Que diferença faz algumas horas a mais ou a menos? Sua vida normal bateu à sua porta, não se deu conta?

– Eu só queria passar a noite com você, era só isso. – Sam resmungou.

– Já cumpri meu papel de conforto, já aliviei suas tensões, não está satisfeita? O que você quer mais? Quer sex*? Quer uma despedida? Ok, tire a roupa.

– O que eu poderia esperar de você, não é mesmo?

Theo soltou um suspiro enfurecido, e deitou na cama à sua frente. Alguns segundos depois Sam voltou a deitar, virando para o outro lado.

***

Quase duas horas depois Sam acordou, percebeu na outra cama Theo encolhida, enrolada no cobertor e virada para o outro lado, parecia tremer. Sentou-se, tentando vê-la, esgueirou-se mas não conseguiu ver nada.

Saiu de sua cama e sentou-se ao seu lado, inclinando-se sobre ela e a observando. Quando pousou a mão em sua testa, Theo retraiu-se.

– Calma, sou eu.

– O que foi?

– Theo, o que você tem? – Sam constatou que havia algo errado.

– Só estou com frio. – Theo tremia o queixo.

– Você está ardendo em febre.

– Sua mão que é quente.

Sam tateou a calça instintivamente, tomou seu comunicador ao lado da sua cama e apontou para Theo.

– 38,6, isso é febre, você está mais quente que eu.

– Deve ser algum resfriado.

Sam a fitou com as sobrancelhas baixadas por um instante, então delicadamente baixou seu cobertor, tomando seu braço.

– É por causa da tatuagem, parece que tem uma almôndega no seu pulso, está péssimo.

– Já disse que adoro sua delicadeza?

– Como você tatuou os braços e não morreu?

Theo virou-se para cima, ainda tremendo.

– Eu tomava os remédios para aumentar minha imunidade. Mas tem dois anos que não tomo.

– Você não deveria ter se tatuado.

– Eu não sabia que eu estava tão ruim assim. Mas amanhã isso deve desinchar, estarei melhor. Pode dormir.

Sam saiu da cama, voltou logo em seguida, sentando-se novamente ao seu lado.

– Abra a boca. – Sam ordenou.

– O que é?

– Abra.

Theo abriu a boca e Sam colocou um comprimido.

– Beba.

Sam ergueu sua cabeça e colocou um copo d’água em sua boca, a ajudando a beber.

– Isso deve baixar sua febre por enquanto. Me dê seu braço. – Sam buscou o braço esquerdo de Theo.

– O que vai fazer?

– Vou passar uma pomada para cicatrizar, essa é mais forte, deve ser mais eficiente.

– É aquela nova você tem passado na minha mão?

– É sim. – Sam falava já espalhando a pomada pelo pulso.

– É uma boa pomada.

– Eu sei. Pronto, acho que você vai conseguir dormir melhor agora.

Quando Sam soltou seu braço, Theo segurou sua mão e virou-se para o lado de fora, a trazendo para perto, para suas costas.

– Durma comigo. – Theo murmurou.

Sam não hesitou, cobriu ambas com o cobertor e encaixou-se prontamente, com seu braço por cima.

Quando inclinou a cabeça para dar um beijo em sua têmpora, percebeu uma elevação em sua testa.

– O que foi isso? – Sam disse, deslizando dois dedos pelo local.

– Bati na pia.

– Espero que não me acusem de violência doméstica de novo.

A risada de Theo encerrou aquela noite de altos e baixos.

***

– Por que está me ligando tão cedo, Lindsay? – Sam sentou-se na cama, falava com sua irmã coçando os olhos, sonolenta.

– Eu acabei de receber a notícia! Que benção!

– Do que você está falando?

– Mike, ele me disse que está indo encontrar-se com você. Minhas preces foram ouvidas, essa pouca vergonha vai finalmente acabar.

Sam surpreendeu-se com uma presença às suas costas, Theo erguia sua camisa, subindo beijos lentamente. Olhou para trás com um sorriso surpreso, quase esquecendo da ligação.

– O que você está fazendo? – Sam sussurrou.

– Samantha? Está me ouvindo? – Lynn voltou a falar.

– Sim, desculpe, estou ouvindo.

– Avise essa garota para não se aproximar de você, e não falar nenhuma besteira na frente de Mike.

– Já avisei, está tudo sob controle.

– Eu orei tanto por você e por Mike, para que finalmente vocês estivessem juntos nessa cruzada, meu coração está mais tranquilo agora, sabendo que você voltou para sua vida decente, e que você está sob a proteção de um bom homem.

– Sim. – Sam retraia-se com os beijos e mãos que deslizavam por suas costas, lhe trazendo arrepios.

– Não permita mais que ela toque em você, mantenha-se pura para receber seu noivo. Quando tiver um tempo hoje, faça suas orações pedindo purificação e perdão por essas coisas que você vem fazendo, limpe sua alma e seu coração perante Deus.

– Eu entendi, Lynn.

– Ela não encostou em você hoje, encostou?

– Não, não encostou. – Sam respondeu com um riso abafado, ao receber um beijo no pescoço.

– Te acordei mais cedo justamente para te alertar sobre essas coisas, e para que você tenha tempo para suas orações de penitência.

– Obrigada, mana, te ligo depois, ok?

Sam desligou o aparelho e o atirou no criado mudo ao seu lado. Virou-se, fitando Theo com um quase sorriso malicioso.

– O que você pensa que está fazendo? – Sam indagou.

– Não encostando em você.

Sam correu as mãos ao redor da cabeça de Theo, segurando com firmeza, e a beijando. Em segundos já colocava Theo deitada e projetava-se por cima dela.

 

Uma hora e duas camas bagunçadas depois, Sam aproveitava ao máximo a presença de Theo aconchegada pacificamente em seu peito. Com os lábios repousados em sua testa, desenhava lemniscatas em suas costas nuas.

Aquela sensação de conforto, experimentada uma dúzia de vezes nos últimos dias, era nova, era como se Sam tivesse descoberto um sétimo sentido.

– Sua febre voltou. – Sam murmurou.

– Talvez. – Theo respondeu após um suspiro.

– Mas a vermelhidão está menor, agora parece apenas um bife mal passado. – Sam disse, segurando seu pulso.

– Isso deveria me deixar tranquila, certo?

– Você vai sobreviver.

– Como está a sua?

– Quase normal.

– Achei. – Theo deslizava sua mão sobre o trecho tatuado. – Queria poder ver sua tatuagem, ver de verdade.

– Um dia verá… Sua visão não tem melhorado?

– Não. Na verdade acho que piorou…

– Não percebe mais a claridade? – Sam disse, a fitando.

– Percebo, mas não vejo mais os fosfenos.

– O que são fosfenos?

– Essas luzes e estrelas que enxergamos quando esfregamos os olhos com força, já viu?

– Já… Já vi. – Sam se dava conta. – Não sabia que tinha nome.

Theo apertou um olho com a mão, testando.

– Nada.

– Antes você via isso? – Sam perguntou.

– Sim, de uns dias para cá parou de funcionar, acho que não é bom sinal… – Theo estava com um raro tom triste na voz.

– Enquanto isso eu serei seus olhos, ok?

– E ainda tenho os dedos. – Theo disse voltando a deslizar sua mão por cima da tatuagem nas costelas de Sam.

– Meu Deus… Mike vai ficar possesso quando ver essa tatuagem… – Sam resmungou.

– Por que? Foi no corpo dele por acaso? Seu corpo, suas escolhas.

– Não é tão simples assim, sempre concordamos que isso não era uma coisa legal, é uma das coisas mundanas que devemos manter distância.

– Eu acho legal. E adoro coisas mundanas. – Theo retrucou, com um sorrisinho jocoso.

– Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele.

– Bíblia, certo? Levíticos?

– João.

– Você decorou a bíblia ou só as passagens convenientes?

– Algumas passagens importantes.

– Convenientes.

– Importantes. – Sam insistia.

– Ok, deixemos as discussões bíblicas para um momento mais apropriado, tenho certeza que Mike vai adorar conversar sobre as contradições bíblicas comigo.

– Não faça isso, ok? Não o afronte. – Sam respondeu assustada.

– Relaxa, esse é nosso último momento de intimidade e liberdade, me tornarei uma pessoa alienada e sem opiniões dentro de algumas horas. – Theo finalizou e levantou-se, dirigindo-se nua até o banheiro.

Da cama, Sam acompanhou Theo, que fechou a porta. Esfregou as mãos pelo rosto, com a cabeça explodindo em confusão. Depois de algum tempo vestiu-se e entrou no banheiro, escovava os dentes quando o box se abriu de supetão, o chuveiro ainda estava ligado.

– Você está aí? – Theo apareceu na porta do box.

– Sim. – Sam guardava sua escova.

– Me estenda sua mão.

Sam hesitou, mas estendeu sua mão na direção de Theo, que prontamente a tomou, puxando Sam para dentro do box.

– Eu estou vestida! – Sam reclamou, já sendo molhada pelo chuveiro.

– Me responda uma coisa. – Theo disse, trazia um semblante sério, quase revoltado, e segurava Sam contra a parede.

– O que? – Balbuciou atordoada.

– Por que você tem medo de Mike?

– Eu não tenho medo dele, tenho respeito.

– Mentira. Eu acompanho suas ligações há… 25 dias. São 25 dias ouvindo a destemida tenente Samantha Cooper parecendo uma dona de casa submissa de dois séculos atrás quando fala com o noivo.

– Você não entende nada nisso, é assim que funciona um casal de verdade, eu respeito meu noivo.

– Teme seu noivo.

Sam a fitava boquiaberta.

– Por que você está fazendo isso?

– Porque eu me importo com você!

– Se realmente se importasse, não estaria se metendo no meu relacionamento. – Fulminou.

Theo diminuiu sua respiração ofegante, soltando os ombros de Sam.

– Desculpe pelo segundo banho. – Theo disse em voz baixa, saindo do box.

***

Chegaram à Madre de Dios próximo do meio-dia, a cidade era na verdade uma grande reserva natural, umas das poucas ainda semi intactas e protegida por órgãos federais. Havia apenas um vilarejo de ruas poeirentas, com casas simples e um pequeno comércio no decorrer da rua principal.

Todos no posto de recarga foram solícitos explicando onde ficava a ponte vermelha que procuravam, mas nenhum soube responder o que havia além desta ponte.

– Acho que não tem nada, apenas minas de ouro abandonadas, talvez alguma plantação. – O senhor que cuidava do caixa respondeu educadamente.

Quase uma hora sacolejando por uma estrada de terra estreita, com trechos parcialmente tomados pela vegetação, finalmente encontraram a ponte vermelha, uma grande ponte pênsil em péssimo estado de conservação.

– Ainda sabe rezar? – Sam perguntou, com o carro parado diante da ponte.

– Se os caminhões passam por aí transportando o estoque de Beta-E, você também consegue.

– Me contento com um Pai Nosso. – Sam falou já acelerando o carro.

Sam dirigia com atenção, o veículo azul seguia devagar, a ponte fazia um barulho metálico constante.

– Prontinho, ninguém caiu no rio e virou refeição de piranhas. – Theo disse.

– Tem piranhas aqui?

– Prefiro continuar sem ter certeza.

Do outro lado, a estrada era ainda mais estreita e quase tomada pelo mato rasteiro.

– Acaba aqui. – Sam dizia, olhando para os lados, alguns minutos depois.

– E agora?

– Não sei, não vejo nada ao redor, apenas mato e mato.

– Saia do carro e procure marcas de pneus.

– Ok.

Sam voltou rapidamente para o carro.

– Achei, tem marcas de grandes pneus à esquerda, parecem ir na direção de um bambuzal mais à frente.

– Ótimo, vamos para o bambuzal.

Ao ultrapassaram um corredor de bambus, Sam enxergou uma grande construção de paredes e telhado verdes, parecia um galpão comprido e camuflado.

– Verde? Sério?

– Deve ser para confundir as imagens aéreas. – Sam respondeu, parando o carro em frente.

Já de pé do lado de fora, Sam constatava que não haviam portas por ali.

– Vamos até os fundos, deve ter alguma entrada por lá. – Sam conduzia Theo pela lateral da construção, que era extensa.

Ao chegarem no final, antes que pudessem fazer a curva, foram abordadas por dois seguranças de roupas militares, empunhando escopetas elétricas.

– Estão perdidas?

– Na verdade estamos procurando o responsável por este galpão.

– Não tem nada aqui. – Respondeu rispidamente.

– Mas quem é o responsável? Eu gostaria de falar com alguém sobre o material armazenado aí dentro. – Sam conversava respeitosamente.

– Já falei que não tem nada aqui dentro, voltem para a cidade. – O grande homem dizia empunhando a arma, de forma altiva.

– Então vocês não estão sabendo do vazamento tóxico que monitoramos de nossos laboratórios de Gracias a Dios? – Theo entrou na conversa.

– Vazamento tóxico? – Os grandalhões se entreolharam assustados.

– Dr. Fabian nos mandou aqui para verificar o vazamento, se irá colocar em risco a população da cidade, ou se é de pequeno porte.

– Mas… Dr. Fabian não nos avisou nada.

– Ele não conseguiu contato com vocês, por isso nos mandou aqui para uma análise preliminar.

– E vocês querem entrar aí, com esse vazamento?

– Moça, nós estamos correndo algum risco? – O outro soldado finalmente se manifestava, apavorado.

– Só saberemos depois de analisar a extensão do vazamento. – Theo dizia com segurança.

– Não seria melhor colocar robôs para fazer essa verificação? – O grandalhão voltou a perguntar.

– Não precisa, será uma verificação rápida. Theresa, vá até o carro e busque nossas máscaras. – Theo deu a ordem à Sam.

– Ãhn, estou indo.

Segundos depois Sam apareceu com as máscaras respiratórias que usaram ao atravessar a zona morta.

– Pronto. – Sam terminava de ajeitar a máscara em Theo. – Onde fica a entrada?

Os dois homens a conduziram até uma pequena porta metálica mais ao canto, a abrindo.

– Nós vamos esperar aqui fora, ok? – Ele disse, se afastando da porta. O outro já estava longe.

Assim que adentraram o galpão, Sam tirou sua máscara e ajudou Theo a tirar a dela. Olhava espantada as pilhas gigantes de caixas azuis, semelhantes aquela recolhida no centro de saúde de Rosarito.

– Não podemos demorar, então procure logo algum escritório ou alguma sala de controle. – Theo orientava.

– Tem milhares de caixas azuis aqui, Theo. Milhares! Preciso abrir uma delas, fique aqui.

Algum barulho depois, Sam retornou de mãos abanando.

– E aí? – Theo perguntava, curiosa.

– As caixas são de algum metal espesso, e estão lacradas, não consegui abrir. Vamos procurar algum escritório.

Tomou Theo pela mão e circulava rapidamente pela extensão do galpão, em todos os compartimentos apenas encontravam mais pilhas das caixas.

– Essa viagem não pode ter sido em vão, tem toneladas de Beta-E ao nosso redor e não temos informação alguma! – Sam dizia, atônita.

– E não duvido nada que eles não estejam ligando para Gracias a Dios para tirar essa história a limpo.

– Nossa, é mesmo… Temos que sair logo.

– Não tem nada além disso por aqui.

– Tem que ter algo, procure mais.

– Fique aqui.

Sam andava de um lado para outro, entrava e saia de grandes espaços, até encontra rum banheiro, era sujo e com lixo espalhado pelo chão, o cheiro era forte.

Subiu a máscara, por causa do forte odor, remexeu o lixo espalhado no chão, na maior parte papel higiênico sujo e embalagens com restos de comida. Sentiu uma ânsia de vômito, mas continuou mexendo no lixo no chão e nas pilhas acumuladas nos cantos, até achar um papel que lhe despertou a atenção. Enfiou no bolso, baixou a máscara, e saiu rapidamente daquele ambiente fétido, indo de encontro a Theo.

– Vamos, segure no meu braço, não pegue na minha mão. – Sam disse, já levando Theo para fora do galpão.

– Achou algo?

– Talvez, temos que sair.

Assim que viram a luz do dia novamente, os dois seguranças aproximaram-se, com as armas baixadas.

– E então? Tem vazamento?

– Alarme falso, os sensores devem ter captado algum vazamento no banheiro. – Sam respondeu.

– Ótimo, ótimo. – Ele respondeu, com semblante de alívio. – Juan está numa ligação com o laboratório em Gracias a Dios, querem que ele informe que o alarme é falso?

Sam percebeu o outro homem mais afastado, com o comunicador em mãos.

– Não precisa, eu vou ligar daqui a pouco esclarecendo tudo. Temos que ir, estamos com pressa. – Sam já caminhava na direção do carro.

– Hey! Vocês! – O soldado guardou o comunicador olhando na direção delas.

– Obrigada pela cooperação, tenham um bom dia. – Sam e Theo andavam com passos apressados para frente do galpão.

– Esperem! – Ele bradou, e andava na direção delas.

– Anda! Entra! – Sam empurrou Theo para dentro da caminhonete e correu para seu lado, pulando para o volante.

– Parem agora ou eu atiro!

Foi a última coisa que ouviram antes de sair em disparada pela trilha esburacada. Theo ergue-se do chão com dificuldade, sentando-se no banco, sem entender direito o que acontecia.

– Abaixe-se! – Sam empurrou a cabeça de Theo para baixo, ao ouvir tiros sendo disparados.

Um dos tiros perfurou o vidro traseiro, mas não o estilhaçou.

– Mais rápido! – Theo pedia.

– Estou indo o mais rápido que posso nessa estradinha! Droga, a ponte!

Passaram em velocidade pela ponte pênsil envelhecida, fazendo um estrondo ensurdecedor. Theo ergueu-se novamente, já estavam em relativa segurança.

– Estão vindo atrás de nós?

– Não. – Sam olhava as telas no painel. – Esses filhos da mãe furaram meu carro!

– Melhor que furar você.

– Você está bem? Se machucou quando te atirei pra dentro do carro?

– Algo aconteceu com meu joelho, mas depois vejo isso. Encontrou algo lá?

– Talvez. Minha mão está um nojo, preciso lavar.

– Por que?

– Não queira saber.

Ao chegarem ao vilarejo, estacionaram o carro atrás do posto de recarga e usaram o banheiro do local.

– E então, vamos agora para Cusco, para encontrar Mike? – Theo perguntou ao entrar no carro.

– Vamos, mas antes preciso ver que papel é esse que encontrei no chão do banheiro. – Sam disse já dentro do carro.

– Ah, entendi porque você precisava lavar as mãos…

Sam retirou o papel amassado do bolso da jaqueta marrom, releu algumas vezes, tentando identificar o que era aquilo.

– E então?

– É uma confirmação de entrega.

– De que?

– De oitenta rolos de papel higiênico.

– Aqueles seguranças se sujam bastante…

Um sorriso crescia nos lábios de Sam.

– Theo… Posso estar enganada, mas é bem provável que tenhamos encontrado a empresa que fabrica o Beta-E.

– Como assim?

– Aqui tem o nome da empresa que comprou esse papel higiênico.

– Qual é o nome?

– Archer biotecnologia.

– Tem certeza? – Theo perguntou com um semblante assombrado.

– Sim, conhece?

– Já ouvi falar… – Gaguejou.

– O que você ouviu falar? – Sam a olhava com desconfiança.

– É uma empresa brasileira que atua em vários segmentos de biotecnologia e engenharia bioquímica.

– Então é essa a empresa que procuramos! – Sam dizia animada.

– É bem provável… – Theo ainda parecia chocada com a notícia.

– Theo, você sabe algo mais e não está me contando?

– Não… – Theo esfregava o pulso esquerdo.

– O que mais você sabe sobre eles?

– Eles têm fábricas e laboratórios espalhados por toda a América, mas a sede fica em San Paolo.

– Acharemos fácil então. O que eles fazem?

– São vários segmentos, como falei. Atuam principalmente no ramo farmacêutico.

– Bingo! Achamos, nós achamos! Vamos para San Paolo direto, não vamos para Salvador então.

– Não há laboratórios em San Paolo, lá é a sede administrativa. E não sei onde ficam os laboratórios, mas pense comigo, o Beta-E não deve ser produzido num dos laboratórios oficiais da empresa, não acha?

– Ok, deixe eu pensar de forma racional, é que estou empolgada, estamos tão perto de conseguir. – Sam ainda sorria.

– Duvido que isso seja fabricado em San Paolo.

– Como conheceu essa empresa?

– O Grupo Archer é o maior grupo farmacêutico da Nova Capital.

– Eu não conhecia.

– Porque você viveu esse tempo todo na bolha do exército da Europa.

– Por que você está mal humorada? Acabamos de fazer uma descoberta incrível.

– Não estou mal humorada, só estou… Surpresa, nunca imaginei que essa empresa tivesse ligação com essas coisas. – Theo continuava transtornada.

– Ok, vou fazer uma pesquisa sobre esse tal grupo. – Sam pegou o comunicador e leu algumas coisas a respeito.

– É, realmente é um grupo enorme, são poderosos nesse ramo. Bla bla bla, sede: San Paolo, Brasil. Presidente: Benjamin Archer. E tem dezenas de endereços aqui, como você disse, espalhados por toda América…

– Estamos no caminho certo, mas ainda acho que o cara em Salvador pode ter informações mais precisas, não temos tempo para visitar estas dezenas de endereços, e provavelmente o que procuramos não está em nenhum deles. – Theo falava num tom sério.

– Então acha que de Cusco devemos seguir para Salvador?

– Acho.

Sam ficou pensativa por alguns instantes, tamborilando os dedos no volante.

– Você tem razão, vamos encontrar o tal Igor na Baia. – Sam deu a partida no carro.

 

Dirigiram por toda a tarde, Theo continuava séria, de poucas palavras.

Pouco antes de chegarem à Cusco, pararam o carro para usar o banheiro em um centro comercial, Theo voltou do banheiro e recostou-se na lateral do carro, logo em seguida Sam surgiu, mudando seu percurso, desistiu de ir para a porta do motorista e dirigiu-se para próximo de Theo, do outro lado.

– Você está mais quieta do que o normal. – Sam a abordou, à sua frente.

– Ãhn? – Theo despertou.

– Você está bem? Está com febre? Você está quente. – Colocou a mão em sua testa.

– Ah, estou bem. – Theo respondia com confusão, de braços cruzados, com as costas na lataria.

– É por causa de Mike?

– Quem?

– Mike, estamos indo para o hotel agora, encontrá-lo, lembra?

– Lembro, mas não, é só… São tantas informações, só estou tentando assimilar tudo, apenas isso.

Sam aproximou-se mais, falava agora com uma voz cuidadosa.

– Eu já conheço você, tem algo a perturbando. Quer conversar?

– Sobre o que? – Theo franzia a testa.

– Não sei, você parece meio… Distante.

– Está tudo bem, eu já falei.

Sam tomou sua mão, a assustando.

– Hey, eu ainda estou aqui. – Sam disse com uma voz calma. – Eu não irei descartá-la porque Mike chegou, continuarei por perto, cuidando de você.

Theo apenas sacudiu a cabeça rapidamente, concordando. Sam continuou.

– Eu gostei de estar com você, não estou mais me sentindo culpada porque sei que foi uma fase da nossa amizade, uma fase estranha, admito, mas uma fase boa. Eu faria tudo de novo, e pode ter certeza que levarei isso para sempre.

– Sam, não. Pare com isso. Sério. – Theo gesticulou incomodada, soltando sua mão.

– Você não foi uma válvula de escape, não quero que se sinta dessa forma, como se eu tivesse te usado como um dos seus clientes.

– Meu Deus, você está piorando a situação, eu só quero ficar quieta, podemos apenas seguir viagem?

Cabisbaixa, Sam permaneceu em silêncio, procurando as palavras certas.

– Vamos voltar para a estrada então. – Sam resmungou.

– Destrave o carro. – Theo tentou abrir a porta, sem sucesso.

– Theo, espera, eu queria… Seria muita idiotice da minha parte pedir um último beijo, não seria? – Sam acabou falando.

– Seria.

Sam balançou a cabeça.

– Porque você sabe que não precisa pedir. – Theo completou segundos depois.

Estampando um sorrisinho, Sam a abraçou e a beijou, recostadas no carro. Sam a beijava como se degustasse das últimas gotas de uma bebida rara.

Foram interrompidas algum tempo depois por assobios.

– Você me beijou em público… – Sam disse, sem jeito.

– Eu??

 

– Está ansiosa? – Theo perguntou, já na estrada.

– Por causa da vinda de Mike?

– Sim.

– Bastante. – Sam sorriu de lado. – Sabe, é como se estivesse faltando uma parte de mim, durante esse tempo todo, e agora finalmente estarei completa.

– Com o tempo os casais acabam se fundindo num só, você enxerga um no outro, e vice-versa. – Theo refletia, com um semblante pacífico, conformado.

– Já somos um só há muito tempo, ele me conhece como ninguém mais poderia me conhecer, foi difícil ficar esse tempo longe dele.

– Nunca ficaram tanto tempo separados?

– Não, nunca. Desde os meus quinze anos que o tenho ao meu lado. Na verdade ano passado ficamos dez dias afastados, ele voltou às pressas para Kent, para resolver problemas familiares. Foi o máximo que ficamos longe, e quase morri de saudades.

Theo franziu a testa, assimilando.

– E levou séculos para ele conseguir essa licença também?

– Não, saiu rápido, mas deve ser porque era uma licença curta, de apenas dez dias. E depende também das atividades em que ele está participando, desta vez não estavam encontrando ninguém para substitui-lo, ele comanda um pelotão, não é fácil encontrar alguém com a experiência dele.

– É, eu imagino… O que ele foi fazer em casa no ano passado?

– Ah, foi apaziguar um problema na família, crise no casamento dos pais e tal.

– E deu tudo certo?

– Deu sim. – Sam olhou de relance para Theo, antes de continuar a conversa, num tom confessional. – A mãe dele descobriu que o pai tinha uma amante, coisa de anos, ela ficou uma fera, queria o divórcio.

– E conseguiu?

– Graças a Deus não, terminou tudo bem, Mike conversou com a mãe, o pai dele pediu perdão, prometeu terminar tudo com a outra mulher, e que isso não se repetiria. Ela o perdoou, e refez a programação bioquímica.

– Que história deprimente. – Theo falava com pesar.

– Não é deprimente, no final tudo acabou bem, a família continua unida.

– É aviltante.

Meia hora depois estacionavam o carro no suntuoso hotel onde Mike aguardava.

 

Fosfenos: s.m.: Impressão luminosa causada pela compressão do olho, com as pálpebras cerradas.

Fim do capítulo


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Comentários para 21 - Capítulo 21 - Fosfenos:
Lea
Lea

Em: 23/07/2021

Fico enjoada com essas falas da Samantha, é submissão demais!!

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Ana_Clara
Ana_Clara

Em: 11/12/2015

É pra rir! Essa versão tosca da Sam é para poucos. Cada confissão, comentário que ela faz a história dela fica mais deprimente. kkkkk Aliás, passou uma ideia na minha mente e tenho quase certeza de que pode ser real... O Mike bate na Sam! E não é de estranheza nenhuma ela achar isso normal. E gente, como eu admiro a Theo! Ela está sofrendo com essa relação, mas mesmo assim sempre pensando em primeiro lugar na Sam. 

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FlavinhaP
FlavinhaP

Em: 08/09/2015

ual, quantas descobertas

vamos ver o q esse mike ta aprontando

bjos moçaadorando a historia

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