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  • Duas vidas, um amor inesquecível
  • Capítulo 36

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Duas vidas, um amor inesquecível por Enny Angelis

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Palavras: 13464
Acessos: 14819   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 36

 

 

O jantar transcendeu tranquilo, Marina e Natelly procuravam sempre conversar amenidades, mas ainda assim, Amanda ainda estava meio distraída, com Samantha tento que chamar a atenção da namorada para interagir com os demais e incentivá-la comer.

-- Filha, vai descansar. -- Lúcia sugeriu depois de um tempinho a olhando e notando o cansaço e tristeza da filha. -- Eu já vou pra casa também, encarar seu pai. -- Disse e suspirou.

-- Porque a senhora não dormi aqui vovó? -- Natelly sugeriu.

-- Não meu amor, eu quero ver seu avô. -- Sorriu olhando a neta agradecida. -- E conhecendo a filha que tenho, vai ser melhor. -- Declarou olhando agora para Amanda.

-- Mãe! -- Amanda a reprendeu.

-- Ah filha sei que você não vai ficar mais tranquila se eu for pra casa ficar com seu pai, não é? -- Lúcia questionou rindo.

-- Tá, eu confesso, vou ficar mais tranquila, sim. -- Amanda disse depois de um suspiro rendido.

-- Viu? -- Lúcia disse e levantou-se e foi até a filha e a beijou com carinho no rosto. -- Descanse, amanhã você terá um dia um tanto... complicado.

-- Vou tentar, mãe. -- Amanda sorriu contida.

-- Mas olha, pense que amanhã você estará pondo um fim em todas as mentiras, vai ser bom, tenho certeza. -- Sorriu em apoio. -- Conte comigo, sempre. -- Disse e a beijou novamente. -- Agora eu tenho que ir. -- Avisou. -- Podemos Fabricio? -- Indagou o olhando.

-- Claro que sim. -- Afirmou levantando-se rapidamente, sendo seguido pelas demais que ainda estavam sentadas à mesa.

-- Tchau, mãe. -- Amanda falou abraçando-a demoradamente.

-- Tchau, meu amor. -- Disse retribuindo o carinho. -- Descanse. -- Insistiu separando-as.

-- Está bem. -- Sorriu.

Natelly foi a próxima a despedir-se da avó, depois Marina e em seguida foi a vez de Samantha que, a princípio deu um tchau simpático a distância mesmo, mas esta, fora surpreendia pela sogra que a puxou para um abraço lhe dando também um beijo carinhoso no rosto.

-- Cuida de minha filha, sim? -- Advertiu antes de separá-las.

-- Pode deixar. -- Sorriu a fitando já separadas. 

-- Claro que sim... -- Lúcia sorriu e depois de dar mais um beijo em Amanda, saiu acompanhada de Fabrício que também se despedira dizendo que voltaria apenas pela manhã.

-- Amor, vem vamos subir. -- Amanda declarou fitando Samantha com uma feição um tanto ruim.

-- Está sentindo alguma coisa? -- Samantha inquiriu a vendo abatida.

-- Dor de cabeça. -- Confessou.

-- Não tinha passando? É no local da cirúrgica? -- Samantha indagou preocupada.

-- Não amor, é uma dor leve, mas enjoada.

-- Desde quando está com essa dor? -- Inqueriu. -- Ou ela não tinha passado? -- Indagou séria.

-- Tinha, mas voltou despois da discursão com a Carol. -- Confessou sentida.

-- Porque não me disse logo, Amanda? -- Samantha indagou sentida. -- Tudo bem, vamos, vou trocar o seu curativo e te aplicar um remédio pra essa dor. -- Samantha sorriu.

-- Vamos... Filha depois vai lá me dá um beijo, Mary?  -- Pediu as olhando sorrindo.

-- Vou sim, mãe. 

-- Beleza... -- Marina concordou. -- Bem... Eu só vou dá uma organizada rápida aqui e já vou subir também. -- Marina disse já começando a retirar as louças da mesa.

-- Eu ajudo. -- Natelly advertiu. 

Amanda e Samantha subiram para o quarto deixando as outras duas com a tarefa na cozinha.

-- Amor deita que eu vou te dar o remédio.  -- Samantha sugeriu já se dirigindo a sua mala.

-- Sam, não é pra tanto amor e só uma leve dor de cabeça. -- Amanda advertiu sentando-se na cama a fitando. -- Não se preocupe, logo passa.

-- Vai passar sim, você vai tomar o seu medicamento. -- Advertiu pegando sua maleta médica a pondo sobre o criado mudo. -- Já passou a hora. -- Lembrou pegando os materiais que precisaria. -- Olha... -- Samantha proferiu ajoelhando-se à frente dela e colocando os materiais que tinha pego, sobre a cama. -- Eu me preocupo sim e por mais que seja uma simples dor de cabeça temos que ter cuidado, amor, você passou por uma cirúrgica delicada, precisa de cuidados, e não devia ter escondido isso de mim. -- Samantha disse séria, mas calma.

-- Desculpa.  -- Amanda suspirou e levou suas mãos ao rosto da morena. -- Você está certa, não vou mais te esconder nada. -- Sorriu.

-- Que bom. -- Sorriu. -- Agora vamos trocar esse curativo e fazer essa dor passar. -- Disse ficando se pé começando a retirar a atadura da cabeça de sua namorada.

-- Quando eu vou poder tirar os pontos?

-- Logo, logo... -- Samantha avisou acabando de retirar a faixa, passando a observar o local com atenção. -- Está vermelho. -- Notou.

-- Isso é muito ruim? – Amanda indagou preocupada.

-- Não se preocupe, não é bom, mas é comum. -- Advertiu deixando a atadura de lado e pondo uma luva. -- Vou fazer a assepsia e enfaixar.

-- Eu não posso ficar sem essa coisa branca na minha testa? -- Amanda indagou enquanto Samantha fazia o seu trabalho médico.    

-- Não, não pode. -- Riu. -- Pelo menos por enquanto.

-- Fazer o quê? -- Suspirou rendida, esperando Samantha terminar o que estava fazendo, ato que foi indolor e rápido.

-- Prontinho faixa novinha. -- Samantha disse rindo.

-- Boba. -- Sorriu a vendo retirar a luva e a pôr em uma sacola.

-- O lixeiro está ali. -- Amanda avisou apontado o local.

-- Não gosto de jogar esse tipo de material em qualquer lugar, mesmo que seja no cestinho de lixo. -- Explicou. -- Guardo e descarto lá no hospital, tem um local adequado. -- Sorriu.

-- Claro que sim. -- Sorriu em acordo, típico da médica a sua frente. -- Sua mão dói quando mexe? -- Questionou olhando para a mão enfaixada de Samantha.

-- Não, vou retirar essa atadura na hora do banho, está me atrapalhando. -- Revelou. -- Agora o seu remédio. -- Avisou começando a preparar o medicamento. 

-- Porque não pode ser um comprimidinho? -- Amanda indagou fitando a seringa nas mãos de Samantha com uma carinha não muito amistosa, fazendo com que a médica risse a olhando.

-- Porque esse é o medicamento prescrito pelo Olavo e também porque ele age de forma mais rápida por ser intravenoso. -- Samantha explicou a olhando com carinho, sorriu e levou sua mão direita até o rosto da namorada e lhe fez um carinho. -- Não vai doer, só uma picadinha, logo passa. -- Advertiu.

-- Fazer o quê? -- Amanda disse depois de um suspiro convencido e estendeu o braço fechando os olhos fazendo Samantha rir.

-- Fazer nada... Tem medo de agulha desde quando? -- Samantha perguntou amarrando o garrote de borracha no braço esquerdo de Amanda.

-- Desde sempre, por isso nunca mais fui doar sangue. -- Advertiu ainda de olhos fechados. -- Já viu o tamanho daquelas agulhas? E a grossura? Ah Jesus eu vi uma vez pra nunca maiiis aii, Samantha! -- Proferiu abrindo os olhos e olhando-a com cara de dor ao sentir a agulha em sua pele.

-- Ei, calma. -- Samantha disse sorrindo enquanto terminava de aplicar o medicamento com calma. -- Prontinho. -- Disse depois de retirar a agulha e pôr um algodão no local da pequena furadinha.

-- Você disse que não ia doer. -- Amanda disse de forma dengosa segurando o algodão molhado com o álcool no local.

-- Oh quanto drama. -- Disse rindo enquanto fazia com a seringa usada o mesmo processo da luva e atadura, em seguida guardando a sacola em um espaço adequado em sua maleta. -- Ah foi só uma picadinha, amor e só doeu porque você puxou o braço. -- Samantha sorriu a olhando, voltou a ajoelhar-se em sua frente, pegou a mão referente ao braço “machucado” e a beijou com carinho e em seguida foi subindo distribuindo leves beijos até chegar ao local, retirou o algodão e viu que já estava sem sangramento, restando apenas uma minúscula marquinha vermelha, olhou Amanda que a observava apaixonada, sorriu e voltou a olhar para o braço dela depositando um beijo amoroso ali. -- Agora vai sarar rapidinho. -- Disse a olhando sorrindo.

-- Você é perfeita! -- Amanda observou entre sorrisos, levando sua mão direita ao rosto da médica lhe fazendo um carinho terno. -- Eu te amo. -- Completou fascinada.

Samantha sorriu e levou sua mão de encontro a dela fez um carinho e a pegou a beijando em seguida com muito amor. -- Não sou perfeita. -- Declarou a olhando nos olhos. -- Mas, meu amor por você é o mais próximo da perfeição que tenho em mim... Eu te amo, amo muito e farei de tudo para que você sempre tenha certeza disso. -- Samantha declarou de forma inebriante e em seguida levantou um pouco o corpo e levou suas mãos ao rosto de uma Amanda fascinada e apaixonada a olhando com ternura e muito, muito amor, sorriu e também levou ambas as mãos ao rosto da morena já próximo ao seu e fitou os olhos pretos de bem perto.

-- Eu te amo, Sam. E sempre terei a certeza de que você senti o mesmo por mim, sempre... -- Afirmou e a beijou languidamente, a princípio apenas com o encaixe dos lábios, mas que foi se aprofundando e a necessidade de um beijo mais íntimo e ávido surgiu e elas se entregaram sem resistência, de forma extasiante e apaixonada.       

Samantha percorreu com ambas as mãos a costa da namorada e a pousou na coxa passando a acarinhá-la ali, mas logo tal ação era pouco satisfatória, fazendo com que a médica começasse a dar leves apertadas com suas mãos, em seguida as levou para a novamente para a costa de Amanda, mas dessa vez por dentro da blusa que, esta, usava causando um leve arrepio e gemido de ambas as mulheres. Amanda tinha suas mãos entre o rosto, nuca e cabelos de Samantha os puxando de leve e aproveitando com prazer o beijo ávido e apaixonado delas, solvendo o sabor da boca da morena, gem*u mais forte ao sentir Samantha apertar sua costa na região da cintura e em seguida arranhá-la de leve por ali.

-- Você, me tira... a razão. -- Samantha sussurrou descompassada ao desgrudar do beijo e engatar em outros, agora no pescoço de Amanda.

-- Você também. -- Amanda disse ofegante. -- Humm... Me deixa, assim.

Samantha pôs-se de pés no chão sem deixar o que estava fazendo e debruçou seu corpo sobre de Amanda a fazendo deitar na cama a acompanhando e para não pôr seu peso sobre o da namorada, Samantha colocou seu joelho direito sobre a cama apoiando seu corpo praticamente de quatro sobre Amanda já deitada embaixo dela. Amanda a puxou para mais um beijo frenético a envolvendo em um abraço apaixonado foi então que Samantha deixou seu corpo deitar sobre o dela ficando apoiada somente com o cotovelo do braço esquerdo. Samantha a beijava com tanto paixão e amor e enquanto seu braço esquerdo apoiava o seu corpo a outra mão desenhava as curvas do corpo da mulher embaixo dela, sempre demorando um tempo maior na coxa parcialmente descoberta pelo short curto que a namorada usava. Desgrudou do beijo e desceu para o pescoço de Amanda iniciando leves ch*padas, passou para o colo distribuindo beijos demorados enquanto sua mão subia da coxa para a cintura e seguiu para os seios os tocando por dentro da blusa arrancando gemidos leves das duas. Amanda sentiu mais um aperto em seu seio esquerdo e gem*u trazendo Samantha para mais um beijo, beijo que fora interrompido por batidas na porta, instantes depois que fora iniciado.

-- Ah não! -- Samantha disse ainda de olhos fechados e testa colada na de Amanda que, sorriu a fitando. Amanda ainda mantinha suas mãos nos mesmos lugares, uma na nuca de Samantha e a outra sobre a cintura enquanto sentia o leve carinho que Samantha lhe fazia no seio, e ambas com a respiração um tanto alterada, riram e logo escutando novas batidas na porta.

-- Ah não! -- Samantha repetiu e ambas riram alto de vez. Samantha rolou para o lado de Amanda na cama e sem demoras levantou-se. -- Eu preciso de um banho! -- Afirmou e foi em direção onde acreditava que ficasse o banheiro.

-- Ei? -- Amanda reclamou sentando-se na cama sorrindo e vendo Samantha apenas a fitar rindo e desaparecer. -- Entra. -- Amanda advertiu jogando-se de volta à cama enquanto passava uma das mãos no rosto, sabia que ele estava vermelho, riu, podia sentir a leve ardência no mesmo e no corpo inteiro.

-- Cadê a Sam? -- Natelly perguntou ao entrar no quarto acompanhada da madrinha.

-- Tomando banho. -- Amanda disse as observando sentarem na cama, uma de cada lado dela.

-- Ah, tá perdendo loira, devia estar lá com a morena gostosona. -- Marina disse cínica a olhando e dando leves batidas na perna de Amanda que, gargalhou.

-- Ah sim, eu queria estar lá, acredite! -- Confessou rindo.

-- Menores no recinto. -- Natelly disse rindo e fazendo as outras duas rirem mais.

-- Vocês estavam era de agarro não era? -- Marina percebeu a leve vermelhidão no rosto da outra que, em denúncia própria sorriu a olhando e ficando mais vermelha ainda. -- Eu sabia! -- Marina disse rindo. -- Não falei, Naty? Elas estavam se pegando, por isso a demora pra deixar a gente entrar. -- Marina declarou debochando de Amanda, esta, levantou rápido querendo a acertar com um tapa, mas Marina fora mais rápido e saiu da cama a tempo de não ser atingida.

-- Se pegando não tá? -- Amanda a repreendeu. -- Nós estávamos. -- Deu uma leve pausa e completou. -- Nos curtindo.

-- Aram sei. -- Marina disse aproximando-se do criado mudo ao lado da cama, local onde estava a maleta médica de Samantha que cotinha alguns medicamentos, e materiais referente a seu trabalho. Sorriu, pegou o estetoscópio e o pôs ao redor do pescoço. -- É hoje que esse quarto se transforma em uma UTI... Uiii que sexy. -- Marina disse fazendo uma cara que a seu ver seria de excitada, despertando assim, as gargalhadas de Amanda e Natelly.

-- UTI? -- Amanda indagou rindo. 

--Sim, UTI. -- Marina afirmou. -- Unidade de Transa Intensa. -- Disse de forma provocante enquanto tirava o objeto do seu pescoço o segurando com ambas as mãos o esticava a sua frente mexendo o corpo de forma sexy.

-- O quê? Unidade de... -- Amanda a olhava incrédula e sem conseguir conter-se gargalhou com o que ouvira, sendo acompanhada pela filha e a amiga.

-- Mas olha. -- Marina disse ainda rindo. -- Diz que você já não pensou nisso, Eloá? -- Disse sorrindo, e pôs o estetoscópio no ouvido. -- Brincar de médica e paciente. Aiii que Tudo... A fantasia seria até real, médica e brinquedinhos reais! -- Marina advertiu cínica. Amanda não querendo dar o braço a torcer pegou uma almofada e jogo na amiga que rindo desviou com certa dificuldade e ao abaixar-se o estetoscópio bateu em seu corpo a fazendo ouvir o barulho.

-- Desgraça! -- Proferiu gargalhando, mas incomodada retirou o aparelho do ouvido rapidamente. 

-- O que foi? -- Natelly e Amanda perguntaram rindo.

-- Porr* eu fiquei surda! -- Disse rindo enquanto olhava para objeto em suas mãos.

-- O que? Como assim surda? -- Amanda levantou-se e foi até ela.

-- Isso bateu no meu joelho e fez um barulho do cão no meu ouvido. -- Marina explicou mostrando o receptor do estetoscópio enquanto enfiav* o dedo indicador no ouvido direito. -- Égua... Tudo culpa sua. -- Disse rindo e fazendo careta. 

-- Minha? -- Amanda indagou indignada. -- Culpa sua, me dá isso. -- Amanda pegou o estetoscópio da mão dela. -- Bem feito, quem mandou mexer no que não devia. -- Advertiu guardando-o onde estava antes. -- Isso que dá. -- Disse a fitando. -- Está doendo? Perguntou preocupada.

-- Não, estou escutando um Zum sem fim. -- Disse rindo. -- Mas está passando... eu acho. -- riu.

-- Que bom. -- Amanda aliviou-se. -- Vai, mexer no que está quieto. -- Alfinetou novamente.

-- Ah vai me dizer que não ficou empolgada com ideia da UTI? Imagina só, a cama toda em lençóis brancos a doutora Samantha Cooper vestida todinha de branco, ah e de jaleco, sexy, prontinha pra te encher de cuidados, ui que delicia, não acha? -- Disse dramatizando a provocando novamente. Amanda apenas riu balançando a cabeça em forma negativa, mas o fato era que realmente estava imaginando a cena descrita pela amiga. 

-- Imaginou né? Eu sei que sim. -- Riu. -- Estava imaginando, tenho certeza. Samantha em uma sainha branca de prega bem curtinha, uma camisa...

-- Quer parar? -- Amanda indagou sorrindo. -- Grata! -- Completou e Marina riu lhe amostrou a língua. 

-- Ai gente, vocês são hilárias. -- Natelly disse as olhando rindo e enxugando os olhos. 

-- Faço o que posso pra não ser tediosa. -- Marina disse rindo.

-- Besta... Aliviou o Zum sem fim? -- Amanda perguntou rindo.

-- Ainda tá, mas logo passa, não se preocupe. -- Marina afirmou e assim que terminou elas ouviram um toque de celular. -- Não é o meu. -- Advertiu logo.

-- É o da Sam. -- Amanda disse observando o aparelho sobre a cama.

-- Não vai atender? -- Marina indagou a olhando.

-- Tenho? -- Amanda estava indecisa.

-- Agora não adianta mais. -- Marina disse ao ver o som terminar. 

-- Mary eu não posso sair atendendo o celular soa outros, assim. -- Amanda declarou. 

-- Se ela atendesse o seu, ficaria com raiva?

-- Claro que não!  -- Amanda afirmou rapidamente. 

-- Viu só... Ela pensa da mesma forma. -- Marina disse sorrindo e apontando o celular que voltava a tocar novamente.

-- Está bem. -- Amanda foi até o aparelho e o pegou identificando a pessoa que ligava para sua morena. -- Marcela? -- Proferiu surpresa e enciumada.

-- A ex? -- Marina indagou curiosa.

-- Sim. -- Amanda afirmou.

-- Ah pode ser outra Marcela, mãe.  -- Natelly declarou observado Amanda fitar o aparelho pensativa até o aparelho cessar o toque.

-- É ela. -- Amanda afirmou. -- Tem a foto dela. -- Avisou e em seguida o telefone tornou a tocar novamente e Amanda mostrou a tela para a filha. -- Olha? 

-- Ah atende logo essa criatura e dispensa ela.  -- Marina colocou já irritada ao mesmo tempo em que Natelly observava a foto, reconhecendo a mulher nela.

-- Eu não acredito! -- Constatou sorrindo e imediatamente pegou o aparelho da mão da mãe e o atendeu eufórica. -- Oi. -- Sorriu fitando Marina que fez uma cara entediada pela atenção máxima de sua afilhada para com a ex de sua melhor amiga.

-- Sam!? -- A voz do outro lado da linha proferiu receosa. -- É a Marcela.

-- Desculpa, ela está tomando banho, e...

-- Ah... Amanda, me desculpa, eu...

-- Não, tudo bem. -- Natelly disse simpática, sem contradizer nada.

-- Olha eu só liguei porque é realmente importante, preciso de uma informação dela, como médica, mas eu... deixa pra lá.

-- Espera. -- Natelly proferiu sentindo que ela desligaria e logo viu Samantha sair do banheiro enrolada em um roupão branco. -- Ela já saiu, espera, vou passar para ela. -- Avisou e em seguida estendeu o aparelho para Samantha que, aproximava-se já com a almofada que Amanda jogara, em mãos.

-- Quem é? -- Samantha perguntou já pegando o celular e lhe entregando a almofada. 

-- Marcela! -- Amanda adiantou-se nada amistosa.

Samantha fitou da namorada para o celular em mãos, em seguida olhou Natelly.

-- Ela disse que é importante. -- A garota advertiu notando a dúvida da médica. -- Disse quer sua opinião médica. 

Ao ouvir tal fato a morena não hesitou em atender. -- Marcela? -- Samantha proferiu calma sendo observada pelas três mulheres, rigorosamente, diga-se de passagem por, Amanda.

Natelly olhou Marina e sorriu ainda sem acreditar na coincidência, a mulher que havia deixado sua madrinha balançada, era nada mais nada menos que a ex namorada de sua mãe. Marina a olhava confusa, não entendia porque a menina a olhava feliz num momento tenso daqueles, abriu um pouco as mãos fazendo um gesto em indagação e Natelly apenas sorriu, fazendo Marina balançar a cabeça em negação e olhar Amanda, vendo que ela não desviava o olhar de Samantha, esta, andava pelo quarto enquanto falava ao celular de forma calma.

-- Não precisa se preocupar, mãe. -- Natelly avisou baixo.

-- Eu sei. -- Amanda a fitou sorrindo em acordo.

-- Que bom. -- Sorriu.

-- Qualquer coisa pode ligar, está bem? -- Elas ouviram Samantha dizer. -- Que isso... -- Sorriu. -- Boa noite. -- Completou e desligou voltando a aproximar-se das outras três mulheres.

-- O que sua ex queria? -- Marina perguntou curiosa.

-- Marina! -- Amanda a repreendeu de forma séria. 

-- Que foi? Ah vai me dizer que tu também não está curiosa. -- Falou rindo fazendo Samantha e Natelly rirem.

-- Pois errou! -- Amanda disse meio irritada.

-- Tudo bem? -- Samantha indagou fitando-a.

-- Sim. -- Afirmou e ficou sob olhar atendo das outras mulheres. -- Está bem eu quero saber o que aquela histérica queria com você. -- Amanda confessou e Samantha riu acompanhada das outras.

-- A irmã dela estava com muita febre e dor, ela não estava em casa no momento o médico que cuida do caso não estava atendendo e ela precisava de uma opinião em como proceder até ela chegar em casa e levá-la para o hospital.

-- Ela tem uma irmã? -- Amanda indagou surpresa.

-- Tem sim. -- Samantha sorriu aproximando e sentando ao lado dela. -- Eu a conheci um dia desses, por acaso, lá no hospital. Ela tinha sofrido um acidente e eu a atendi.

-- Então você viu a Marcela também?

-- É. -- Samantha proferiu receosa. -- Lizandra ficou internada no hospital, o corte na perna dela foi grave e tem o fato dela ser danada demais e não ficar em repouso, por isso o problema com a cicatrização devido ao inchaço e as recaídas na febre. -- Samantha explicou e sorriu. -- Não se preocupe, não conversamos nada de mais, era uma pessoa pedindo a minha ajuda médica. -- Samantha advertiu lhe fazendo carinho no rosto.

-- Entendo. -- Amanda sorriu. -- É seu dever ajudar.

-- Bem, já vi que estamos sobrando amorzinho. -- Marina disse estendendo a mão para Natelly.

-- Verdade. -- Natelly concordou levantando-se rindo.

-- Não, filha. -- Amanda falou a olhando. -- Vem aqui. -- Amanda a chamou e logo Natelly sentou a seu lado a abraçando com carinho. -- Você não me atrapalha amor, eu te amo. -- Disse e a beijou na testa.

-- Também te amo, mãe. -- Natelly afirmou a olhando sorrindo.

-- Ah quanto amor. -- Marina notou. -- Também quero. -- Advertiu e abraçou as outras três mulheres juntas. -- Olha que top. -- Disse e todas riram.

-- Eu tenho sorte. -- Amanda observou e em seguida elas desfizeram o abraço para a olharem. -- Eu amo vocês. -- Disse e fitou cada uma delas, desde Natelly até Samantha.

-- Nós também te amamos. -- Natelly disse sorrindo.

-- Eu sei, meu anjo. -- Estava feliz.

-- Ótimo... Boa noite, mãe! -- Natelly disse e a beijou. 

-- Já vai mesmo?

-- Já sim. -- Levantou-se.  -- Boa noite, Sam. -- Sorriu ficando na dúvida se a beijava também ou não.

-- Boa noite... durma bem. -- Samantha sorriu.

-- Você também.

-- Boa noite, linda.  -- Marina deu um beijo no rosto de Amanda.  -- E boa noite pra tu também. -- Fez um mesmo com Samantha. -- Oh, foi com todo respeito.  -- Advertiu fazendo todas rirem.

-- Boa noite e durma bem. -- Samantha falou rindo.

-- Vou tentar, porque se isso aqui se transformar em uma UTI não sei se vai dá, sabe? -- Marina disse.

Amanda pegou uma almofada e a jogou, repetindo o ato até acabarem as almofadas de cima da cama. Marina desviava como podia enquanto ria sem parar sendo acompanhada de Natelly enquanto que Samantha apenas as olhava sem entender nada.

 -- Vai Marina, sai daqui! -- Amanda disse a puxando para fora do quarto pelo braço enquanto as duas riam sem se conterem. -- Vai dormir, criatura. -- Advertiu a empurrando para fora.

-- Viu? Já que abusar da... -- Marina foi interrompida pela porta sendo fechada em sua cara.

-- Eu mereço. -- Amanda disse rindo.

-- Samantha, vai se acostumando que isso foi só um aperitivo. -- Natelly disse e Samantha riu.

-- Filha! -- Amanda reclamou.

-- Tranquila dona Eloá. -- Natelly disse indo até a mãe ainda parada perto da porta. -- Eu amo você. -- Sorriu e a beijou no rosto. -- Boa noite. -- Desejou dando uma piscadinha fazendo Amanda sorrir a ouvindo dar boa noite a Samantha e em seguida sair fechando a porta atrás de si.

-- Marina é parecida com a minha irmã. -- Samantha notou levantando-se da cama e indo até sua mala. -- Brinca, rir, fala o que vem na telha e tudo mais... -- Disse a abrindo e escolhendo uma roupa. -- Ela é sempre sincera e espontânea, conversamos durante a viagem. -- Continuou retirando o seu roupão ficando nua, sendo observada atentamente por olhos cor de mel fascinados com o que via a sua frente. -- Notei isso nela e também já presenciei o lado racional, do caráter que tem. -- Relatou depois de vestir a calcinha. -- Até nisso é comparável com a Alex, tem o lado brincalhão, mas na hora do sério age como tal, claro tem seus deslizes, mas nada que não se resolva com uns puxões de orelha. -- Sorriu fitando Amanda. -- Não concorda? -- Indagou.

-- Oi? -- Amanda indagou saindo do transe. -- Ah sim, Completamente. -- Sorriu a olhando já completamente vestida em seu robe de cor preta.

Samantha riu. -- Ok, você concorda completamente com o quê mesmo? -- Indagou cruzando os braços e arqueando a sobrancelha esquerda. 

Amanda riu abaixando a cabeça em um aceno de negação, não tinha prestado a mínima atenção no que a morena falava, voltou a olhá-la e pôs-se a caminhar até ela.

-- Concordo no fato de que eu sou a mulher mais sortuda desse mundo. -- Afirmou já em pé bem à frente dela. -- Tenho você. -- Declarou lhe fazendo um carinho no rosto. -- Linda, completamente linda. -- Disse escorregando sua mão até a nunca de Samantha e a puxando para um beijo. 

Samantha a abraçou e beijou com todo amor e desejo que sentia por ela, e assim, reacendendo seus anseios em tê-la, já a apertando com um desejo ardente, mas em um instante viera em sua mente o que sua mãe lhe dissera, não podia forçar nada. Amanda estava passando por um momento delicado, sentia que Amanda a queria tanto quanto ela, mas ainda assim, com o consentimento dela, poderia estar forçando-a devido ao calor do momento ou apenas em querer satisfazê-la, e pensando nisso, Samantha foi suavizando o beijo até separarem por completo.

-- E eu tenho você. -- Samantha disse a olhando sorrindo e rapidamente a levantou e girou com ela em seu colo.

-- Aaii, hehe. -- Amanda ria. 

 

* * * *

 

-- Madrinha a senhora não vai acreditar no que... -- Natelly entrou no seu quarto numa empolgação evidente. -- Ah, desculpa. -- Proferiu ao ver Marina falando ao celular.

-- Eu sei, Cá, mas é o pai dela caramba. -- Marina disse vendo Natelly e a chamando para se juntar a ela, estava sentada na cama com a costa recostado na cabeceira da mesma. -- Não estou falando que você devia ter ficado calada. -- Continuou observando a afilhada deitar na cama e pôr a cabeça em sua perna a olhando sorrindo. -- Pelo contrário, fez bem em ter falado o que falou, mas não devia ter saído daquele jeito, a Eloá ficou sentida. -- Marina explicou, logo passando a escutar o que a mulher do outro lado da linha lhe dizia, sorriu fazendo um carinho nos cabelos de Natelly. -- Não se preocupe, ela está bem. -- Marina afirmou. -- Resolveu te escutar, mas ainda assim está preocupada com o que vai acontecer amanhã, claro... Urum... Você vai? -- Perguntou observando Natelly a olhar de forma curiosa.  -- Que bom. -- Sorriu ao escutar a resposta. – Eu também, claro... Tudo bem, boa noite loira! -- Riu e vendo Natelly mandar um beijo e boa noite. -- Naty manda um beijo... Tchau. -- Disse e deligou. -- Posso dormir aqui? Quero costela. -- Marina confessou e riu acompanhando a garota deitada em sua perna.

-- Sabe que sim. -- Observou sentando de frente para Marina.

-- Valeu. -- Agradeceu sorrindo. -- O que queria me falar com aquela empolgação toda? -- Lembrou.

-- Acredita em coincidência, destino? -- Quis saber.

-- Ué, não é você mesma quem sempre diz que o que tiver de ser, será? -- Questionou rindo. -- Acho que sim, às vezes, acontecem coisas que não sabemos explicar ou acreditar que seja possível, sei lá. -- Falou dando de ombros. -- Mas porque isso agora?

-- Você gostaria de ver de novo aquela mulher? -- Sorriu.

-- A que eu esbarrei no hospital? -- Sorriu lembrando da loira. -- Ah claro que sim, mas não depende de mim não é mesmo? -- Sorriu fraco.

-- E se dependesse? -- Natelly inqueriu contente.

-- Como assim, Naty? -- Sorriu confusa. -- Não posso vascular Curitiba a procura dela, isso se, ela morar lá.  -- Avisou. -- Essa seria a única coisa que eu poderia fazer, isso se, eu fosse louca, coisa que não sou. -- Riu.

-- Não respondeu minha pergunta. -- Advertiu insistindo.

-- Tá, se eu tivesse alguma pista dela que, ajudasse talvez eu faria algo sim, mas não tenho nada. -- Lembrou. -- Esquece isso, sim? E me deixa esquecer também. -- Proferiu e saiu da cama. -- Vou pôr uma roupa para dormir, e escovar os dentes, já volto.  -- Disse se dirigindo à porta.

Natelly apenas a observou sair, ficara pensando se contava ou não para a madrinha que a mulher em questão se chamava Marcela, ex namorada de Samantha e que estava ao alcance dela mais do que elas duas pudessem imaginar. Seu único receio era o medo de contar tudo, fazer Marina ir atrás da tal mulher e por algum motivo não desse certo e Marina sofresse.

-- O que eu faço agora? -- Suspirou indecisa. -- Conto ou não conto? -- Perguntou-se. -- Ahrahrahr. -- Proferiu jogando-se na cama. -- Se fosse a Agatha já tinha contado. -- Sorriu lembrando da pequena, levantou-se e foi para o banheiro já decidida, pegou sua escova fez sua higiene bucal em seguida vestiu um pijama.

-- Prontinho. -- Marina disse de volta ao quarto.

-- Eu também. -- Declarou se dirigindo a cama onde sentou ficando recostada na cabeceira.

-- Eu já estou com sono. -- Disse se juntando a outra garota na cama.

-- Eu nem tanto... -- Confessou olhando Marina se ajeitar a seu lado na cama e jogar o cobertor sobre as pernas. -- Tenho uma coisa para te contar. -- Natelly avisou a fitando decidida.

-- Sobre o quê? -- Marina indagou curiosa.

-- A loira do hospital.

-- De novo com isso? Tô achando que a gamada foi você.  -- Marina advertiu rindo.

-- Claro que não! -- Negou a olhando sorrindo.

-- Tá, então o que é?

-- Eu pensei no assunto e achei que era justo a senhora poder ter o direito de escolha sobre o que fazer ou não. 

-- Naty!

-- Tá. -- Riu. -- O nome daquela mulher é Marcela e ela é a ex namorada da Samantha. -- Disse em um só fôlego. 

-- O quê? -- Marina indagou confusa, riu. – Não, não, não pode ser, tá de brincadeira, né? -- Disse incrédula enquanto olhava Natelly.

-- Claro que não, madrinha, não estou de brincadeira, não iria brincar com uma coisa dessas.

-- Tem razão, desculpa. -- Pediu e ficou em silêncio tentando assimilar o que havia acabado de escutar, sorriu contente, mas ainda confusa e entorpecida com a ideia de que poderia reencontrar a mulher que num simples olhar lhe despertara um interesse de imediato.

-- E aí? -- Natelly a despertou.

-- Eu não sei. -- Confessou a olhando. -- Ainda estou processando... Coincidência? -- Riu.

-- Acho que sim... Agora depende de você e dela também. -- Advertiu. 

-- Eu não sei Naty. -- Marina disse séria. -- Foi só um esbarrão, não sei nada dela, ela pode ser comprometida ou simplesmente não ir com a minha cara. -- Explanou receosa.

-- Que nada, pelo que sabemos até um dia desses ela estava atrás da Samantha, e quanto a gostar da senhora, ela também ficou mexida, eu vi. -- Sorriu animada.

-- Viu? Ela ainda deve gostar da Samantha e a Eloá não iria gostar nadinha disso. -- Lembrou.

-- O que a mamãe tem a ver, dona Mary?

-- Como o quê? A Eloá não gosta dela, não viu... Espera aí... Você descobriu isso quando falou com ela no celular da Samantha. -- Lembrou. -- A Samantha tem o celular dela. -- Sorriu feliz.

-- Dãnh. -- Natelly disse revirando os olhos fazendo com que Marina risse.

-- Eu estava confusa oras. -- Riu. -- O que eu faço? Pego o celular dela com a Samantha e ligo dizendo, olha, aqui é a Marina, sou aquela que esbarrou em você no corredor de um hospital, lembra? -- Marina falou gesticulando. -- Não, obrigada, não vou fazer papel de retardada. -- Advertiu e Natelly gargalhou.

-- Que retardada o que já? -- Natelly disse rindo. -- Conversa com a Sam, diz o que houve, ela vai te ajudar, vai ver. -- Sugeriu.

-- Será? -- Perguntou indecisa. -- Não, ela mora em Curitiba e eu aqui, ela tem o trabalho dela pra lá e eu o meu aqui, não daria certo, Naty.

-- A senhora quer ou não conhecê-la? -- Inqueriu. -- A mamãe e Sam estão no mesmo barco, no entanto, olha como elas estão? -- Observou. -- Bom, eu fiz a minha parte, agora é com você. -- Declarou cansada. -- Boa noite. -- Disse e ajeitou-se na cama ficando de costa para uma Marina surpresa com o ato.

-- Boa noite. -- Disse depois que viu Natelly apagar a luz do abajur que ficava do seu lado da cama. Suspirou pensativa, no fundo tinha medo de ir com tantas expectativas e se decepcionar no final. Sua primeira namorada fora a mãe da garota a seu lado, sorriu fitando Natelly e lembrando dos tempos felizes que viveu ao lado de Eloá quando eram namoradas, pensou em como tudo mudara, o amor transformou-se o tempo a fez conhecer outras mulheres, mas os relacionamentos depois de Eloá, foram pouco duradouros... A quanto tempo estava sem tocar uma mulher? Sem ser tocada por uma? Marina se perguntava, sorriu lembrando que fazia mais de dois meses, desde sua última aventura com uma mulher que conhecera em um bar, apenas sex*. Não queria mais esse tipo de relação para si, queria alguém para amar, cuidar, estar a seu lado, sempre... Suspirou decidida, olhou Natelly novamente, estava em silêncio fingindo dormir, sorriu, pois sabia que a afilhada estava acordada, ficara chateada com sua indecisão e desculpas esfarrapadas. Natelly parecia muito com a mãe tanto fisicamente quanto na personalidade, mas tinha muito de Fabrício nela também, pai e filha tinham seus momentos de discussão de ideias, mas logo optavam pelo que deduziam ser o certo. Natelly agira dessa forma ao lhe dizer sobre Marcela...

-- Marcela... -- Marina pronunciou e sorriu gostando do nome da loira em sua boca. Viu Natelly mexer-se e a olhar sorrindo. -- Eu lembro que tinha pedido uma costela. -- Sorriu.

-- Desculpa, não quis ser grossa. -- Pediu arrependida.

Marina sorriu, em seguida ajeitou-se na cama, olhou Natelly e a chamou para deitar em seu braço. 

-- Eu precisava disso. -- Marina afirmou a olhando sorrindo. -- Boa noite, linda. -- Disse e a beijou na testa.

-- Boa noite. -- Proferiu rindo.

-- Fico feliz que tenha me falado. -- Confessou. 

-- Que bom. -- Natelly fechou os olhos a apertando em um abraço.

 

* * * *

 

-- Amor? -- Samantha chamou por Amanda que, estava deitada a seu lado, com a cabeça sobre seu braço.

-- Hum? -- Amanda balbuciou sem mexer-se.

-- Já está com sono?

-- Mais ou menos. -- Amanda levantou a cabeça a fitando. -- Porquê?

-- Seria um mal momento para você me contar a sua história? -- Samantha investigou a olhando e lhe fazendo um carinho na costa. -- Eu queria entender... -- Sorriu. 

Amanda sorriu de volta e movimentou-se ficando sobre o corpo da namorada. 

-- Não, meu amor. -- Declarou sorrindo e em seguida sentiu ser apertada com carinho por ambas as mãos da morena sobre sua costa. -- Já está na hora de você saber mais sobre mim... Na verdade, tudo. -- Lembrou.

-- Têm certeza? -- Investigou arrumando o cabelo de Amanda e começando a fazer um carinho no rosto. -- Já está tarde... e eu posso esperar, se não estiver pronta.

-- Não. Eu quero te contar tudo, faço questão. -- Afirmou e a beijou com calma.

-- Sendo assim, sou toda ouvidos. -- Samantha disse sorrindo.

Amanda ajeitou-se pondo suas duas mãos sobre o peito de Samantha e em seguida apoiou seu queixo sobre elas.

-- Quer saber o quê?  -- Questionou a olhando atentamente.

-- Comece do começo.  -- Samantha sorriu. -- Me conta o que lembra da sua infância e daí por diante.  -- Explicou. 

-- Quer os detalhes? -- Amanda investigou sorrindo.

-- Depende do assunto. -- Riu. -- Conte como achar melhor, meu anjo.

-- Tá bom. -- Amanda sorriu. -- Eu sou a mais velha dos três filhos. Depois veio a Nadja e em seguida o Felipe. -- Começou de forma animada. -- Minha infância foi legal, pelo que lembro, comecei a estudar na idade normal, fiz o tradicional balé na infância.  -- Disse e as duas riram. -- Mas não durei muito não. -- Confessou. -- Eu ficava trocando de aulas, do balé eu fui pra aulas de canto, e piano, mas logo não gostei e também não levava o maior jeito. -- Riu. -- Fui pra natação, mas também desiste com uns seis meses. Fui pra aulas de ginástica, fiz lutas, judô pra ser exata, mas desisti também.

-- Nossa... -- Samantha declarou rindo.

-- Pois é... Daí o papai disse que não me colocaria em mais nenhuma aula de nada. -- Sorriu. -- Eu tinha uns dez, onze anos por aí.  E foi quando eu tive a curiosidade de conhecer a Fazenda.

-- Nunca tinha visto a Fazenda da sua família? -- Samantha indagou surpresa e confusa.

-- Eu já tinha ido lá sim, contudo, eu era muito pequena, não lembrava.

-- Ah sim... Continua. 

-- Papai me levou e me mostrou a fazenda, os cavalos e eu amei. Principalmente quando eu montei pela primeira vez, não sozinha, com meu pai, claro.

-- Espera. -- Samantha a interrompeu. -- Seu pai te carregando no cavalo? Tipo pai e filha? Juntos? -- Samantha estava surpresa.

-- Sim. Porquê? -- Amanda estava confusa, de verdade.

-- Olha amor, desculpa, mas é meio difícil de acreditar que seu pai, esse Carlos que eu conheço tenha sido de passear com a filha a cavalo. -- Samantha observou. 

-- Credo, amor... Papai mudou sim, eu confesso, no entanto ele sempre foi um bom pai, principalmente quando eu era criança. 

-- Ok, me desculpa.  -- Samantha disse sincera e sorriu. -- Adiante.

-- Ah tá, ele me levou e eu montei com ele. Na verdade ele disse que eu já tinha montado com ele antes, mas eu era bebê, não me lembro disse. E quando eu montei foi lindo sabe, era muito legal eu ficava passando a mão na crista do cavalo, era tão macio, e quando ele fazia o cavalo correr eu amava o vento batendo no meu rosto. -- Amanda sorriu lembrando e Samantha a observava fascinada. -- Papai sempre me levava pra passear, ele revezava entre eu a Nadja ela era muito pequena ainda. Eu adorava passear com ele. -- Sorriu. -- Eu lembro que pedi um cavalo pro meu pai e ele me deu quando eu completei quatorze anos, isso depois de insistir muito. Ele me ensinou a cavalgar sozinha, eu contava os dias para as férias das aulas começarem para podermos ir pra lá. -- Confessou.

Samantha a escutava em silêncio e fascinação. Entretanto, ainda incrédula de que Amanda estava falando mesmo de Carlos, do homem que conhecera a poucos dias, mas que já tivera demonstração suficiente de que não era um bom pai e que se tornara um homem rancoroso e amargurado. Contudo, guardaria tais pensamentos apenas para si, não queria magoar a namorada e também não poderia duvidar do que, esta, lhe relatava, realmente acreditava nas palavras de Amanda. Carlos deveria ter mudado com o tempo e a vida, pensava Samantha. 

-- ... chamava de botão.

-- O quê? Como assim? -- Samantha pegou o assunto pela metade devido ao seu pequeno devaneio pessoal. -- Desculpa linda eu me distrai. -- Confessou. -- Pode repetir? -- Sorriu.

-- Eu falei que quando eu era criança, mais ou menos até meus dez anos o papai me chamava de “meu pequeno botão".

-- Sério? Porquê? -- Indagou curiosa. 

-- Não sei... Eu não me recordo muito, mamãe quem me disse isso. 

-- Qual o significado?

-- Também não sei, às vezes que, eu perguntei pro papai ele me disse que era besteira aí, foi, foi eu esqueci e não insisti mais com isso. -- Explicou. -- Eu nem lembro muito dele me chamando assim, mamãe quem me contou, mas ela também não sabe o porquê disso. -- Advertiu. 

-- E seu pai ainda te levou muito a fazenda?

-- Não muito... depois de um tempo o papai foi deixando de lado nossos passeios juntos, ele foi se ocupando cada vez mais no trabalho lá na empresa e nunca dava pra irmos juntos, como das outras vezes, mas eu ia quando dava.  -- Amanda revelou.

-- E seus irmãos?

-- Eles amavam ir também, a Nadja mora lá hoje, na verdade ela se apegou aquele lugar mais do que eu, ou pelo menos teve a chance disso... -- Amanda disse pensativa.

-- Porque diz isso? -- Samantha estava curiosa. 

-- Ah o papai passou a me cobrar mais na escola, nas notas, tempo de férias queria que eu desse atenção aos assuntos da empresa, que fosse com ele pra lá e de tanto ele insistir eu pedi pra que ele deixasse pra quando eu estivesse com dezoito anos, ele topou, mas pediu para eu ir me atentando mais aos assuntos. -- Amanda disse e suspirou sentida. -- Eu não podia dizer não, ele dizia que eu tinha que aprender a cuidar da empresa, para quando ele faltasse eu desse continuidade em tudo, segundo ele, só eu daria conta. Daí eu passei a seguir o que ele me pedia, fui deixando de lado as idas pra fazenda para ficar e estudar o que ele me indicava, ele dizia me ajudaria quando eu fosse pra empresa com ele, de fato, eu aprendi muito... -- Declarou resignada. -- Meus irmãos iam sempre nas férias, às vezes eu também ia, mas voltava logo, o papai não demorava mais na fazenda como antes e quando vinha me trazia com ele. 

-- E sua mãe? Não falava nada? -- Samantha questionou um tanto aborrecida com toda a declaração.

-- Falava e muito, na verdade. Porém isso aborrecia o papai e eles brigavam. Eu não gostava e não queria isso, então passei a ir com ele sem reclamar... Na verdade eu passei a pedir pra mamãe não falar nada, dizia que eu viria com o papai sem problemas, dizia que era porque eu queria ou me interessava e gostava e tudo mais, não queria causar problemas entre eles. – Revelou e sorriu fraco fitando Samantha. -- Então fazia de tudo para que eles não discutissem por minha causa. Quando eu vinha pra cá com o papai a Nadja e o Felipe ficavam e a mamãe tinha que ficar com eles aí, eles foram se apegando a tudo referente a fazenda... Quer dizer a Nadja se interessou para os negócios também, já o Felipe só pelo que ela o proporcionava, lazer, diversão com os amigos, o Hipismo e o papai foi o deixando levar essa vida. Bem, nunca fez nada para ele se interessar pelos negócios... A Nadja cuidava de lá, desde pequena foi se interessando e sempre ajudava no que podia e agora ela quem toma de conta. E papai foi a incentivando, nos incentivando, enfim, mas foi deixando o Felipe de lado. No meu caso... Papai sempre me cobrava a mais, dizendo que o futuro da empresa dependeria de mim, ele dizia que eu daria conta, mas que para isso, teria que começar a me dedicar à empresa. -- Amanda suspirou dando uma pausa, mas logo sorriu e continuou. -- E foi em uma dessas idas na empresa, em uma reunião que fui com papai que eu conheci o Fabrício, ele todo tímido e com espinhas na cara. -- Riu lembrando. -- Mas era bonitinho, nesse dia não nos estendemos muito não, foi só um “Oi” e um “tchau”. Umas semanas depois, o papai convidou o Elder e a família dele para um final de semana na fazenda, fomos todos... No domingo pela manhã eu peguei meu cavalo para dar uma volta e quando eu estava subindo nele o Fabrício apareceu dando um Oi tímido. -- Riu. -- Eu o olhei desconfiada, e disse um oi d volta e sorri, ele parecia legal, então o convidei para um passeio comigo, ele aceitou e fomos.

-- Juntos? -- Samantha indagou com certo ciúme e Amanda riu.

-- Juntos no passeio, mas em cavalos separados. -- Explicou rindo. -- E eu não errei no julgamento, ele era legal, tinha um papo legal, não era besta, sabe?

-- Você se sentiu atraída por ele? -- Samantha indagou enciumada. Amanda percebeu, mas não quis ocar no assunto.

-- De início não, mas com as conversas fomos nos tornando amigos, e eu fui sentindo algo maior por ele, entretanto, hoje sei que não era atração, tinha carinho, amor, respeito... Eu gostava de estar com ele, do contato, mas era só. -- Amanda declarou e Samantha sorriu aliviada. -- Naquela época eu pensava que isso era atração, por isso aceitei a namorar com ele, ele pediu uns cinco meses depois desse passeio. Nossos pais levaram numa boa, ele me tratava muito bem, saiamos quando dava, e fomos levando a nosso modo, estar com ele era excelente, eu adorava, nós nos entendíamos. -- Confessou.  -- E vendo essa nossa relação, nossos pais começaram a tomar cada vez mais gosto, formavam ideias de quase tudo nos relacionando juntos, nos enfiando no meio... Nós não ligávamos tanto, apenas nos curtíamos e a nossos amigos.

-- E essas cobranças levou ao casamento de vocês?

-- Fez parte... Eu entrei pra faculdade de Direito...

-- Você queria fazer Direito?

-- Sim, eu estava estudando pra isso, tinha que ajudar o papai.

-- Espera, então seu pai te obrigou a fazer direito...

-- Não é verdade, eu me interessei pelo curso... Eu lia direto os relatórios da empresa, papai me explicava quando eu tinha dúvidas, fui começando a gostar e decide pelo curso. E se eu quisesse seguir com a empresa da família eu tinha que ter esse curso e fiz.

-- Está vendo? Você foi induzida a escolher isso.

-- Eu decidi por Direito, eu gostava, gosto! -- Amanda afirmou saindo de cima de Samantha. 

-- Tudo bem, me desculpa. -- Samantha pediu arrependida por ter magoado a namorada. -- Vem aqui. -- Chamou a fazendo deitar-se agora a seu lado, pondo sua cabeça em seu braço.  -- Continua, não vou mais te interromper. -- Advertiu e beijou o topo da cabeça de Amanda. 

-- Eu comecei a cursar direito com dezoito anos e logo depois já comecei a ir estagiar na empresa, papai insistiu e também tinha sido o combinado. Ah, foi no primeiro dia de aula na universidade que eu conheci, Marina. -- Amanda revelou e sentiu Samantha prender a respiração e parou.

-- Continua... -- Samantha insistiu, tentando relaxar, afinal era passado. 

-- Eu estava atrasada pra primeira aula e andava pelo corredor apressada e quando finalmente achei a sala, fui entrando e dei de frente com uma garota que segurava um refrigerante que foi parar na minha blusa me molhando. -- Sorriu. -- Eu derrubei tudo que tinha em mãos e logo me abaixei pra pegar a garota fez o mesmo, eu estava pronta pra mandar ela para aquele lugar e foi quando eu a olhei, foi a coisa mais linda que já tinha visto até aquele momento.  -- Confessou rindo e olhando Samantha. 

-- Era a Marina. -- Samantha constatou.

-- Sim. Mas eu ainda não sabia o nome dela eu fique sem ar, tão nervosa que perdi a voz, não sabia e não entendia o que estava acontecendo comigo.

-- Era atração. -- Samantha advertiu.

-- Era, mas eu me recusava a admitir que era isso, ela era mulher.

-- Entendo...

-- E quando ela sorriu eu... Sam eu quase tive um treco, não conseguia entender o que estava havendo, e porquê com ela... Depois ela falou e eu sai do transe, daí ela me arrastou pro banheiro.

-- Rápida. -- Samantha disse e ambas riram.

-- Boba... Foi pra me ajudar com a blusa suja, lá nos apresentamos e ela me deu o moletom dela e eu vesti... Ah antes disso, ela me abraçou e eu senti outro troço inesperado... Fomos pra sala e aula depois... Nos tornamos amigas e logo ela me revelou que era lésbica e sempre me deixou claro que gostava de mim e me respeitava, nunca fez nada sem meu consentimento.  

-- E você? -- Samantha quis saber.

-- Eu sabia que ela me atraía, eu sabia que gostava dela que, a desejava. Sentia coisas que só ela despertava e apenas com o sorriso ou toque... Mas eu estava com o Fabrício e não queria magoá-lo. Nesse meio tempo fomos levando como podíamos. Marina vez e outra me cantava e pedia para eu namora-la, me pedia para larga o Fabrício, e eu sempre negando, mesmo querendo a mesma coisa. Eu namorava e pensava que Fabrício me amava. -- Sorriu.

-- E não era isso?

-- Mais ou menos...

-- Como assim, mais ou menos? -- Samantha insistiu.

-- Fabrício, me amava sim, claro, no começo... e depois de um tempo esse amor foi se transformando... Nós nos amávamos, nos amamos até hoje. -- Amanda sorriu. -- Fabricio me amou, sim, mas depois ele deixou de me amar e se apaixonou por outra garota e me traiu com ela um dia antes do nosso casamento. -- Revelou olhando Samantha, sorrindo.

-- Te traiu? -- Samantha estava surpresa e confusa. -- E você diz isso rindo? -- Questionou.

-- Eu também o traí um dia antes do casamento. -- Confessou ainda rindo.

-- Mas ahhh. -- Samantha proferiu a olhando ainda confusa. -- Espera... Com a Marina? -- Constatou. -- Eu estou mega confusa, amor. -- Samantha revelou e Amanda sorriu.

-- Vou te explicar. -- Amanda a fitou e moveu-se a beijando, em seguida continuou a narrar sua história, até o momento presente. Samantha a escutava com atenção e vez ou outra questionava sobre algum detalhe, e em determinados momentos não conseguia esconder que se sentia incomodada e enciumada, mas logo era confortada pela namorada.

-- Nossa! -- Samantha proferiu admirada. -- Sua vida pode até virar filme. -- Disse e riu.

-- Tenho que concordar. -- Riu e balbuciou.

-- Precisa dormir, amor. -- Samantha observou. -- Eu não devia ter pedido a você essa conversa. -- Pronunciou a olhando com carinho.

-- Sim, devia e eu fiz porque já estava na hora. -- Sorriu. -- Não se preocupe com isso, está bem? E vamos dormir. -- Disse a abraçando e fechando os olhos, realmente estava com sono. -- Boa noite, amor.

-- Boa noite, meu anjo. -- Samantha disse a apertando em seus braços, enquanto também fechava os olhos.

 

* * * *

 

-- Pronta? -- Fabrício inqueriu posicionando-se ao lado de Amanda.

-- Como nunca estive. -- Afirmou decidida enquanto fitava a casa de seus pais, e onde cresceu, a sua frente. Eles estavam parados no jardim, Amanda parara olhando o local e a casa ao sair do carro, estava nervosa, mas estava confiante de que toda a mentira acabaria ali, naquela manhã nublada e naquela casa, onde de certa forma, foi onde tudo começara.

-- Tudo bem? -- Samantha indagou pegando sua mão e a olhando com carinho.

-- Sim. -- Sorriu a olhando. -- Vamos! -- Falou e seguiu a passos decididos em direção a entrada da casa, tendo em sua companhia, sua namorada, suas amigas, sua filha e o Fabrício, seu amigo, as pessoas mais importantes que, fizeram e fazem parte da sua história.  

-- Oi. -- Amanda proferiu fitando a família reunida na sala.

-- O que essas daí estão fazendo na minha casa? -- Carlos indagou levantando-se furioso do sofá ao ver Samantha, Marina e Caroline.

-- Carlos, por favor, elas mal chegaram. -- Lúcia o repreendeu.

-- Elas não deviam nem ter vindo. -- Bradou. -- As três, fora da minha casa. -- Ordenou apontando a saída. -- E você, vai também. -- Indicou se referindo a Fabrício.

-- Pai. -- Nadja proferiu.

-- Calada! -- Advertiu.

-- Estão esperando o quê? -- Indagou fitando cada uma, principalmente Samantha que, era quem estava de mãos dada com sua filha.

-- Se qualquer um aqui for embora eu vou junto, e adeus conversa ou qualquer coisa que o senhor queira comigo. -- Amanda advertiu em um tom alterado também. -- Carol e Marina são minhas amigas e Samantha minha namorada, se está as expulsando está me expulsando também. -- Completou, dessa vez de forma calma e em seguida olhou sua mãe e seus irmãos que, para sua surpresa sorriram a olhando, sorriu de volta, com certeza já estavam a par do assunto, deduziu que Lúcia contara tudo a eles. -- O senhor quem sabe. -- Advertiu o fitando novamente.

-- Espero você no escritório e venha sozinha! -- Disse em tom elevado e contrariado já se dirigindo ao local indicado. -- Sozinha! -- Insistiu.

Amanda suspirou o vendo entrar em seu escritório batendo a porta atrás de si, olhou Samantha em busca de forças para enfrentar o que estava por vir.

-- Eu estou aqui. -- Samantha apertou a mão dela e sorriu a olhando. -- Todos estão.

-- Obrigada. -- Sorriu fraco, mas sincera.

-- Filha? -- Lúcia a chamou.

-- Vai lá. -- Samantha declarou sorrindo.

-- Vai dar tudo certo. -- Lúcia falou abraçando Amanda com carinho.

-- Espero que sim. -- Disse receosa desfazendo o contato e a olhando. -- Contou a eles? -- Indagou olhando para Nadja e Felipe.

-- Sim. -- Nadja adiantou-se levantando de onde estava e indo até Amanda.

-- E? -- Amanda perguntou a olhando curiosa.

-- Vem aqui. -- Nadja a puxou para um abraço. -- Que bom que está bem, eu fiquei preocupada. -- Declarou e desfazendo o abraço sorriu. -- Pra mim não muda nada, você está feliz é isso que me importa. -- Confessou para um sorriso feliz de Amanda e de todos ali presente.

-- Obrigada! -- Amanda agradeceu a abraçando novamente, estava muito feliz e emocionada.

-- Gata a sua namorada. -- Nadja sussurrou fazendo Amanda rir desfazendo o abraço.

-- É sim. -- Concordou e fitou o irmão. -- Lipe? -- Indagou e observou o rapaz lhe olhar de forma séria, levantar-se e vir até ela.

-- Olha eu... -- Começou ainda de cabeça baixa.

-- Seja sincero. -- Amanda pediu limpando uma lágrima que caiu.

-- Eu não curto muito esse negócio aí de homem com homem e mulher com mulher. -- Confessou a olhando ainda acanhado. -- Mas também não sou como o papai. -- Defendeu-se. -- Eu conheço um cara aí que... você sabe. -- Disse e Amanda riu. -- E até já fui dispensado por uma garota, porque ela é com tu que gosta de mulher. -- Confessou envergonhado.

-- Fala logo besta. -- Nadja disse lhe dando um tapa na cabeça. -- Ensaiou a noite inteira e fica gaguejando. -- Lembrou rindo. -- Nem parece um homem.

-- Tá, eu vou falar. -- Advertiu. -- Olha! Não importa se você gosta de mulher, você sempre será minha irmã, sei que vai continuar pegando no meu pé. -- Riu fazendo Amanda rir também. -- Ah, eu não lembro mais o que eu ia falar, mas por mim tudo bem, eu te amo do mesmo jeito e vou te respeitar como antes. -- Sorriu.

-- Eu te amo. -- Sorriu o abraçando emocionada. -- Obrigada. -- Disse o olhando feliz.

-- Não vai nos apresentar? -- Indagou sorrindo e olhou para Samantha.

-- Claro. -- Amanda afirmou. -- Amor?

-- Ela é muito bonita. -- Felipe afirmou falando baixo enquanto observava Samantha aproximar-se deles.

-- Lipe, essa é Samantha, amor esse é Felipe. -- Amanda os apresentou sorrindo.

-- Oi, é um prazer. -- Samantha disse estendendo a mão sorrindo, não deixando de notar que ele lhe despertava uma vaga lembrança com o professor de natação da sua filha.

-- É meu também. -- Sorriu apertando a mão da médica.

-- Nadja, essa é Samantha, amor essa é Nadja, minha irmã. -- Amanda as apresentou também.

-- A irmã que ela mais ama. -- Nadja disse sorrindo. -- Muito prazer. -- Disse indo até Samantha e a puxando para um beijo no rosto para surpresa da morena. -- Nossa, você é alta. -- Notou.

-- Muito prazer. -- Samantha disse sorrindo

-- Estou ficando sem paciência, Eloá! -- Carlos advertiu irritado pondo a cara na porta e logo a fechando.

-- Imagina se não tivesse mais ela. -- Marina disse de forma irônica ganhando um olhar de repreensão de quase todos ali presente. -- Saco! -- Proferiu baixo.

-- Chegou a hora. -- Amanda disse olhando Samantha.

-- Quero entrar com você. -- Samantha advertiu, estava preocupada.

-- Melhor não. -- Amanda observou. 

-- Eloá, ele está alterado, e se ele... -- Marina tentou argumentar.

-- Ele não fará nada. -- Amanda ponderou a interrompendo. -- Carol tem razão. -- Disse olhando a loira que estava sentada no sofá, ainda não tinha conversado direito com ela. -- Ele pode ser tudo, mas não é louco. -- Sorriu ao ver Caroline a olhar e dar um piscada em acordo. -- Eu vou sozinha, se eu precisar chamo, se não, não interrompam.

-- Mas... -- Samantha proferiu.

-- Por favor. -- Amanda insistiu. -- Eu prefiro que seja assim. -- Confessou.

-- Tudo bem. -- Samantha concordou após um suspiro resignado. -- Qualquer coisa eu estou aqui. -- Afirmou e a beijou no rosto.

-- Está bem. -- Amanda disse e se dirigiu para se juntar ao pai.

-- Ai credo gente, parem de olhá-la assim, parece que ela está indo pra forca! -- Marina disse após observar cada um deles, inclusive ela própria. -- Deus é mais, amém! -- Completou fazendo todos riem, inclusive Amanda que a olhou rindo para só depois abrir a porta e entrar vendo o pai a sua espera.

-- Estou aqui.

-- Que pouca vergonha foi aquela, Eloá? -- Carlos indagou gritando enquanto fitava a filha a sua frente. Ele estava furioso, seus olhos eram pura raiva, indignação que recomeçaram assim que viu a filha e lembrou do que havia visto no dia anterior.

-- Aquela “pouca vergonha” que o senhor se refere se chama beijo, de duas pessoas que se amam. -- Amanda declarou calma o fitando, não queria irritar-se já no começo de uma conversa longa, mesmo diante da irritação do pai.

-- Eu não tenho uma filha sapatão. Não tenho! -- Bradou.

-- Tem, sim! -- Amanda afirmou irritando-se também.

 -- Não, não mesmo! -- Falou já avançando sobre Amanda com a mão direita estendida na direção do rosto dela.

 

* * * *

-- Eu vou lá! -- Samantha disse depois de andar de um lado a outro ao ouvir os gritos dentro da outra sala.

-- Não! -- Caroline a impediu. -- Ela te pediu, lembra? -- Inqueriu a olhando Samantha de frente após ir até ela.

-- Claro que sim, mas ela não pode se alterar assim. -- Advertiu voltando a andar de uma lado para o outro novamente. -- Onde eu estava com a cabeça quando aceitei isso? -- Indagou-se passando a mãos do rosto para os cabelos de forma impaciente. -- Era para ela está no hospital, deitadinha em observação e sem preocupações. -- Observou. -- Droga! -- Proferiu sentando-se no sofá tentando acalmar-se, sendo observada pelos outros ali presente.

-- Da próxima ela entra! -- Fabrício advertiu em um sussurro para Marina que estava a seu lado. 

-- Acho que até eu. -- Marna confessou fitando a porta do escritório também preocupada.

 

* * * *

 

-- Vai me bater? -- Amanda indagou e ele parou seu movimento ficando com a mão para cima, a olhando com furor, seu semblante estava pesado, seus olhos estavam vermelhos e sua respiração estava ofegante. Ele era de estatura alta, apesar da idade esbanjava jovialidade e preconceito ao extremo. -- Bate. Nem a maior surra do mundo vai me fazer deixar de amar a Samantha, de deixar de ser quem Eu sou de verdade. -- Amanda declarou num tom alto e impaciente. -- Eu sempre fui assim, sempre gostei de mulheres, eu nasci, não escolhi ser. Apenas aceitei. E não vai ser o senhor e nenhuma outra pessoa que vai mudar isso! -- Eloá já chorava olhando o pai que, abaixou a mão incrédulo com o que a filha proferia. -- Eu amo a Samantha, ela foi a melhor coisa que me aconteceu depois de minha filha, pai.

-- Não me chame de pai. -- Repreendeu. -- Essa mulher desvirtuou você!

Eloá riu fraco. -- Eu sinto muito que isso lhe afete tanto, que o seu preconceito seja maior que seu amor por mim... Sabe? A sua homofobia me assustou todos esses anos, eu sempre tive medo de perder seu respeito, sua admiração, seu carinho, seu amor. E assistia calada o senhor ofender a Marina a Carol e outras pessoas e principalmente a mim, mesmo sem saber, isso me partia o coração a cada instante, eu fui fraca em esconder isso, o que sou, através de um casamento de fachada com um homem, que... -- Sorriu. -- Fabrício foi um anjo comigo, com todos nós, o senhor me fez um favor, ele é um grande homem, um grande amigo, pode ter certeza de que se eu gostasse de homem, ele seria o melhor homem do mundo para mim. Na verdade sempre foi, ele e magnifico como homem, marido, pai, como ser humano. Natelly não poderia ter um melhor exemplo de homem nessa terra. -- Amanda explanou de forma mais branda.

-- Homem porcaria nenhuma. Ele foi um covarde, idiota que perdeu a mulher pra uma sapatão de merd*. -- Falou alterado, como sempre.   

-- Lave bem sua boca para falar dele e principalmente da Samantha. Ele é sim um exemplo de homem a ser seguido. Um bom marido, um excelente pai, um grande amigo, um ser humano digno pra tudo, sem preconceitos idiotas, feito o seu! 

Amanda gritou indignada com a indiferença de Carlos para logo sentir o tapa do mesmo em seu rosto. Cambaleou, apoiando-se na mesa e com a mão na face direita, sorriu o fitando. -- Tá vendo, um homem como ele jamais pensaria em me agredir, já você...

-- Filha me perdoe, foi sem pensar, você fica falando essas coisas. -- Carlos tentou tocá-la, mas Amanda esquivou-se.

-- Não me toca! -- Gritou o fitando, seu rosto estava vermelho. Ela chorava, mas não pela dor do tapa e sim pela dor no coração, pela atitude do pai.

-- Filha... -- Ele insistiu.

-- Não me chame de filha! -- Gritou com fúria e ressentimento. -- Não foi o senhor mesmo quem disse que não tinha uma filha sapatão? -- Indagou aborrecida. -- Eu também não tenho um pai, violento e homofóbico! -- Bradou afastando-se dele.   

 

* * * *

-- Que se dane! -- Samantha disse após levantar-se do sofá e se dirigir ao escritório onde estava Amanda.

-- Calminha aí. -- A loira novamente a impediu pondo-se de pé a sua frente.

-- Carol, por favor, saia. -- Samantha pediu irritada com a mulher.

-- Olha, sei que está preocupada, mas...

-- Eu estou apavorada! -- Samantha confessou já de olhos marejados enquanto fitava a loira a sua frente. -- Eu nunca tive que lhe dar com isso, entende? -- Indagou deixando as lágrimas caírem. -- E ela está lá... -- Samantha embaraçou-se com o choro.

-- Querida? -- Lúcia a chamou tocando em seu braço, logo tendo a atenção da morena. -- Ela está enfrentando o que sempre soube que enfrentaria. Você nunca teve que lhe dar com um pai preconceituoso, mas Eloá, sim... Ela precisa encarar isso, e se te pediu para não interromper, não o faça. -- Lúcia proferiu de forma calma e Samantha apenas balançou a cabeça em um sim.

-- Obrigada. -- Sorriu e a puxou para um abraço carinhoso. 

 

* * * *

 

-- Eloá isso é errado, é pecado... uma mulher tem que casar com um homem.

-- Eu casei, lembra? Por sua culpa. -- Gritou aos prantos. -- Na verdade minha, mas você forçou tudo. Eu senti medo de te perder e de que adiantou? Eu só adiei por anos esse fato, o senhor nunca vai mudar, nunca vai me aceitar, nem me respeitar consegue. Então eu já tinha te perdido né? Assim que nasci...

-- Não diga isso. Você não me perdeu, pode mudar isso tudo... Olha, se você teve uma filha é porque você...

-- Sim, eu transei com Fabrício, uma única vez. -- Riu lembrando. -- Ele me deu a Natty, meu maior presente, presente para nós dois, mas nunca mais tivemos nada.

-- Mas como vocês ficaram esses anos todos sem...

-- Não ficamos. -- Afirmou. -- Ele fazia sex* com as namoradas dele e eu com as minhas.

-- O QUE? -- Indagou perplexo. -- Você não pode estar falando sério. Isso é inadmissível. -- Declarou andando de um lado para o outro. -- Você fazia sex* com... com.. uma sapatão? -- Carlos voltou a alterar-se.

-- Fazia e faço e vou fazer pro resto da minha feliz vida! -- Gritou. Amanda, não chorava mais, não queria e continha sua fragilidade diante do pai. Jurava que Carlos seria mais compreensivo, mas errara, pensava.

-- Para de dizer isso. -- Ordenou falando alto.

-- Não! Agora o senhor Carlos vai ouvir tudo o que está entalado aqui. -- Apontou para a garganta. -- Tudo... É bom que se sente.

Carlos a obedeceu, mas somente porque estava difícil se manter-se em pé com todas aquelas informações.

-- Primeiro, eu sou homossexual. Descobri isso com dezenove anos, na faculdade, quando conheci a Marina.

-- Eu sabia, aquela vagabunda, foi ela quem te levou pra essa pouca vergonha, essa vida de pecado, de noje...

-- Nem mais uma palavra. -- Eloá falou calma, concentrando-se para não fraqueja e voltar a chorar diante das duras palavras do pai a ofendendo. -- Eu namorei a Marina por quatro anos, foi com ela a minha primeira vez.

-- Isso é...

-- Calado. Essa talvez seja a nossa última conversa. -- Avisou.

-- Porque? O que vai fazer?

-- Vou me casar com a Samantha e viver com ela. -- Avisou e viu Carlos querendo falar. -- Ainda não... Eu namorei a Marina durante quatro anos, depois nos tornamos apenas amigas, e vivemos muito bem assim. Depois eu conheci a Carol, através de Marina, Caroline era segurança da promotora.

-- Outra sapatão, eu pensei...

-- Que ela era namorada de Marina? É eu sei, isso de certa forma me ajudava, o senhor não desconfiava. -- Riu. -- No entanto, Carol era a minha namorada, ficamos juntas por seis anos.

-- E a porcaria toda foi feita diante da minha neta? -- Indagou perturbado e furioso levantando do sofá.

-- Não. Se o senhor está se referindo ao beijos e as noites de amor, não! Isso não é porcaria se chama sex*, amor... E não foi feito na frente da minha filha, em momento algum. -- Esclareceu. 

-- Não entre duas mulheres...

-- Entenda como quiser, eu já não me importo mais, medo não existe em mim, não por isso. E para a sua surpresa e talvez decepção, a Natty sabe tudo sobre mim, desde os onze anos e ela é mais madura e entendida nesse assunto que você um ve... um homem que, devido à idade deveria ter um entendimento maior, uma experiência de vida mais abrangente, uma mente mais aberta ao mundo, ao que acontece ao redor, ou simplesmente respeito a filha. 

-- A minha neta não pode viver nesse pardieiro que é sua casa, é Marido chifrudo por causa de outra mulher e você que é corneada por ele. -- Carlos dizia para si mesmo, mas em voz alta.

Amanda, apenas riu fraco, já estava cansada de dar explicações sem obter sucesso.

-- Eu vou tirar a Natty de vocês. -- Carlos declarou de repente.

Eloá pensava que nada mais a pudesse enfurecer naquele momento, mas estava enganada. Ouvir que seu pai lhe queria tirar a guarda da filha a deixou extremamente furiosa. Avançou para cima de Carlos e o pegou pela borda da camisa, sobre o peito, com força e o sacudiu.

-- Nunca! Nunca! Ouviu bem? -- Carlos estava pasmado com a ação da filha. -- Antes vai ter que me matar para isso, e acredite vai ter que matar muita gente. Quer que eu numere? Vamos lá, eu, Fabricio, Marina, Carol, e depois Samantha, e só acho que a Natty nunca te perdoaria por isso! -- Eloá o largou deixando as lágrimas rolarem soltas novamente, não conseguiu contê-las.

Carlos caiu sobre o sofá, estava perplexo, levantou-se e dirigiu-se a saída, mas deu apenas dois passos, pois Amanda o impediu. -- Eu não acabei ainda. Só sairá daqui quando ouvir tudo, toda a verdade!

Carlos estava em transe, perplexo demais para contrariar, apenas sentou-se novamente e ouviu calado toda a história de vida da filha. Ele não esboçava mais nenhuma reação, estava impassível diante da narração. Narração esta que, Amanda revelou toda a verdade, absolutamente toda ela.

-- Tudo isso acontecendo debaixo do meu nariz e eu não via? – Carlos disse pensativo e fitou Amanda que também o fitava depois da narração. -- Filha isso é errado... Eu só queria que você tivesse uma vida normal. Que você não fosse...

-- Que eu não fosse o que, pai? -- Amanda indagou tranquila.

-- Isso que você diz que é. -- Proferiu a olhando cabisbaixo. -- Se você não tivesse conhecido essa mulher.

-- Qual delas pai? -- Amanda investigou depois de balançar a cabeça negativamente. -- Se não fosse a Marina, Carol ou Sophia, seriam outras e quanto a Samantha, se não fosse por ela, nós não estaríamos tendo essa conversa agora, pois eu estaria morta.

-- Filha, não fala isso. -- Carlos a fitou amedrontado. -- Se não fosse ela seria outra pessoa e ela não precisava ficar te cercando o tempo todo. Onde já se viu, te levar pra casa dela? 

-- Ela só estava sendo gentil. Ah que saco pai... -- Amanda reclamou. -- Toda vez é essa conversa, primeiro com a Marina, depois com a Carol e depois com a Lígia e isso e aquilo. Eu já estou cansada desse seu preconceito idiota, sem cabimento. Não importa o que eu diga, ou como diga. Caramba o senhor nunca vai entender? Ou pelo menos respeitar? -- Amanda tinha os olhos marejados enquanto fitava um Carlos muito surpreso com tais palavras. -- São pessoas comuns, são como você, a mamãe, eu, são de carne e osso, sangue vermelho, também tem sentimentos, seus trabalhos, uma família, seus problemas... Respiramos o mesmo ar, vivemos num mesmo planeta, erramos, consertamos, rimos, choramos, somos humanos, somos filhos de Deus, e quem não crê nisso, pelo menos segue aquilo em que acredita. E não vai ser o senhor com seu preconceito e sua homofobia quem vai mudar tudo isso, não mesmo! Porque felizmente tem pessoas que aceitam, lutam por uma vida melhor, um convívio descente e acima de tudo respeitam, caso que não é o seu! -- Amanda disse apontando o dedo indicador em direção a Carlos que a viu chorando e desviou o olhar continuando calado. Amanda enxugou as lágrimas que insistiam em cair e continuou.

-- Eu realmente espero que um dia me entenda, ou pelo menos me respeite... Me perdoe pelas mentiras, mas foi preciso. Eu não lhe procurarei mais, sabe onde moro, pelo menos por enquanto, tem meu telefone, quando estiver pronto, se estiver pronto e, quiser conversar comigo. -- Eloá soluçou diante das próprias palavras e diante do rosto impassível de Carlos que, fitava um canto qualquer da sala. Respirou fundo e continuou. -- Me procure! -- Amanda completou e se dirigiu a saída.

-- Não! -- Carlos gritou e levantando-se do sofá pegou a primeira coisa que viu a sua frente e jogou no chão com fúria, assustando a filha com tal reação. Amanda apenas o fitou rendida e deixando o seu choro vir forte, saiu correndo do escritório do pai, o deixando sozinho. Ao passar pela sala Amanda foi notada por todos que, estavam com ar desesperados a vendo cruzar o espaço correndo e sair da casa sem falar com ninguém.

Amanda correu o mais rápido que pôde, ficar ali estava a sufocando. Ao alcançar a grande área gramada, não conseguiu mais correr, parou pondo as duas mãos sobre o rosto e enquanto soluçava em desespero, caiu sobre os joelhos, não conseguindo segurar o próprio peso... Olhou para o céu, ele estava escuro, logo começaria a chover, conseguiu notar.

-- Deus... me ajuda a... tirar essa dor do peito...Por favor! -- Pediu entre soluços, não conseguiu mais ver com nitidez as nuvens negras acima de si, sua vista estava turva pelas lágrimas, e fechou os olhos. -- Porque tem que ser assim? Porquê? -- Chorava sentada sobre as pernas, abaixou a cabeça e abraçou-se forte com ambos os braços, e sentiu a chuva cair pesada sobre si, assim como suas lágrimas. Amanda encolheu-se ainda mais e ficou sendo banhada pela chuva e lágrimas, ambas lavavam seu corpo e sua alma, se permitiu a colocar todo sofrimento que sentiu e sentia, para fora, ambas as águas o levariam embora, e quando tudo acabace, os medos, os sofrimentos, as angustias, as dúvidas, as mentiras... Tudo estaria bem, acabado, pensava...

Assim que Amanda saiu da sala onde estava com o pai, todos a olharam aflitos. Mas logo a viram sair em direção a porta, Samantha, Marina e Carol foram as primeiras a segui-la, depois Natelly e Fabricio, e logo todos ali presente saíram atrás dela para depressa a verem ajoelhada na grama chorando alto, desesperado. Samantha quis se dirigir a ela, mas Marina a impediu.

-- Me deixa ir lá! -- Samantha estava preocupada, queria abraçar a namorada. Marina e Caroline não estavam diferente, porém sabiam que Eloá precisava de um tempo sozinha.

-- Não, não agora! -- Disse Caroline em acordo com Marina.

-- Mas que droga! -- Samantha gritou. -- Ela está sofrendo, me deixa ir lá. -- Samantha insistiu já desvencilhando-se de Marina que a segurava. 

-- Agora não! -- Foi a vez de Caroline a segurar. -- Acha que eu também não quero ir lá e confortá-la? -- Indagou alterada. -- Entenda, ela precisa desse momento sozinha. -- Caroline explicou agora de forma calma.

Samantha fitou a namorada embaixo da chuva, sentiu uma dor no coração, sofria vendo a mulher que amava sofrer. Mas não impôs-se. Sabia que Marina e Caroline estavam certa. E assim como os outros Samantha ficou a observando, e sem conseguir conter, suas lágrimas começaram a cair pelo rosto. 

-- Ela vai adoecer com toda essa chuva. -- Nadja disse. Também chorava vendo a dor da irmã. -- Eu vou atrás dela.

-- Não! -- Marina também a impediu. -- Eu sei o que ela precisa e ninguém vai atrapalhá-la. -- Falou séria olhando para Nadja. 

-- Mas...

-- Não! -- Caroline foi quem disse ríspida dessa vez. Contudo, viu que precipitara-se e acalmou-se. -- Quando ela quiser, se quiser a presença de alguém daqui, ela chama. -- Completou agora de forma calma e voltou a olhar, Amanda.

Amanda chorou tudo que lhe foi liberado, sem reservas... Levou ambas as mãos as estendendo a sua frente com as palmas para cima e aparou uma pouco da chuva. Olhou para o céu, estava clareando novamente, lavou o rosto com o pouco de água que conseguiu e sorriu olhando de volta para as mãos novamente estendidas. Sabia que a dor ainda estava ali, amava seu pai, ainda o amava muito, e saber que ele a abominava era horrível, mas tinha Samantha, Agatha, Fabrício, Natelly, Marina, Caroline, o que restara da família, mas ainda não sabia a opinião deles, Julia, Sheila, Susan, a família de Samantha, que seria a sua família também, pensava, abriu mais o sorriso. Estava feliz, e iria ser muito mais ao lado de Samantha, pois formaria uma família ao lado da mulher que amava.

-- Natty? -- Sabia que estavam a olhando, principalmente a filha. Ainda chovia forte.

-- Felipe vai ver seu pai. -- Lúcia pediu enquanto observava Natelly andar até Amanda.

-- Mas mãe...

-- Vai. -- Lúcia insistiu, e logo viu Felipe entrar a obedecendo, estava preocupada tanto com o marido quanto com a filha.

-- Oi. -- Natelly sorriu fitando sua mãe enquanto ajoelhava-se a sua frente. Nenhuma estava se importando com a chuva e o frio. -- Como se sente agora? -- Investigou pegando as duas mãos da mãe e a apertando forte, Amanda retribuiu e sorriu.

-- Livre! -- Confessou. -- Livre do medo, da mentira, dos sentimentos ruins... -- Disse e levou sua mão até o rosto da filha. -- Eu vivia essa mentira desde antes de você nascer. -- Lembrou. -- Agora eu estou livre para viver quem realmente sou. -- Sorriu.

-- Que bom, mãe! -- Sorriu feliz. -- O que vai fazer agora?

-- Arrumar minhas malas. -- Riu com a surpresa da filha a fitando. -- Não se preocupe, não será exatamente, agora. Eu ainda tenho que conversar com todos primeiro, digo a minha mãe, Nadja, Felipe... Você. -- Confessou.

-- No momento preocupe-se primeiro em tomar um banho quente. -- Natelly sugeriu sorrindo.

-- Sim. -- Concordou. -- Mas me deixa ficar aqui, assim com você, até a chuva passar? -- Eloá apertou mais suas mãos nas da filha e levantou a cabeça deixando a chuva lavar o seu rosto que, sorria de felicidade. Natelly sorriu com a cena e a imitou.

Samantha sentiu um pouco de aliviou quando ouviu a namorada chamar pela filha, olhou para Natelly e balançou a cabeça num sim a incentivando a ir até a mãe, mesmo querendo ela mesma fazer isso. Observou a garota percorrer o pequeno percurso e juntar-se a mãe, sorriu mais calma ao sentir que Amanda estava bem.

-- Tem uma pessoa angustiada querendo vir aqui. -- Natelly advertiu voltando a fitar a mãe e depois para Samantha.

-- Mãe? -- Felipe voltou de dentro da casa a chamando desesperado. -- Mãe o papai... ele... -- Disse a olhando assustado.

-- O que foi, meu filho? -- Lúcia perguntou preocupada.

-- Ele está jogado no chão, não acorda, mãe! -- Revelou já em prantos despertando o desespero em todos.  

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Grande beijo!^^

 


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Comentários para 36 - Capítulo 36:
Lea
Lea

Em: 11/10/2021

Eita será que o velho morreu com o próprio veneno????

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rhina
rhina

Em: 11/07/2020

 

Livre.

Das mentiras

Raiva

Sentimentos ruins

Isso é tudo que importa

Rhina

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rhina
rhina

Em: 08/02/2017

 

Uma conversa dura.....mas libertadora......

um novo recomeço. .....a jornada só está começando para todos os envolvidos. ...de certa forma todos tiveram suas vidas  tocadas pelos acontecimentos.....logo o que estar por vir incluem a todos.

rhina

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rhina
rhina

Em: 30/04/2016

PERFEITO. 

Estou sem palavras. 

Parabéns.

Beijos. 

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Angeloliveira
Angeloliveira

Em: 19/01/2016

Olá flor, quantas saudades dessa história maravilhosa. Sei que foi demorado, mais, cada dia de espera valeu a pena. Você sempre nos surpreendendo com sua escrita, espero que o Carlos não morra, para a amanda não se sentir culpada, ela não merece que o arrogante do pai estrague sua felicidade, assim. Kkkkk fui má agora com esse pensamento.

Ansiosa pelo próximo, pois sei que será mais maravilhoso ainda.

Beijos 

Angel

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AnneeSue
AnneeSue

Em: 16/01/2016

Emocionante este capitulo.Tomara que o Carlo não tenha morrido.maravilhosa a história Enny.

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CarolinaF
CarolinaF

Em: 14/01/2016

Uau!!!!!to besta até agora.

Não tenho palavras

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lih
lih

Em: 12/01/2016

Wow,  quanto drama nesse capitulo! Adivinha quem vai salvar a vida do sogrão e pai do ano? 

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Tazinha
Tazinha

Em: 12/01/2016

Perfeito, continua logo por favor. Queremos mais Laila e Alex <3

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Em: 11/01/2016

ENNY, REALMENTE VOCÊ ME SURPREENDEU NESSES DOIS ÚLTIMOS CAPÍTULOS, PARABÉNS! MUITO EMOCIONANTE, FIQUEI DESLUMBRADA COM TUDO, UFFA!

eSPERO QUE O CARLOS TENHA APENAS DESMAIADO POR CAUSA DA FORTE EMOÇÃO, POIS SE ELE MORRER, ELOÁ VAI FICAR MUITO MAL.

AMEI TAMBÉM A ENFASE QUE VC DEU NOS PERSONAGENS DE SUSANE JULIA, MUITO BOM.

BJKAS E SUCESSO!

DARQUE/JODAJE

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Ada M Melo
Ada M Melo

Em: 11/01/2016

vixe sera que ele bateu as botas? espero que não, sera muito ruim pra Amanda e ela não merece mas esse castigo e muito menos voltar atras por chatagem emocional desse homofobico.

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graziela
graziela

Em: 11/01/2016

Que bom que a Amanda conseguiu conversar sobre td com o pai dela,  mesmo ele não aceitando ainda. 

E faltava agora o homem ficar hospitalizado,  e a Amanda ficar se culpando será? 

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Ana Gil
Ana Gil

Em: 11/01/2016

Que conversa tensa hein mas libertadora para a Amanda. Maravilhoso capítulo!!!! Sam vai salvar o velho agora, ctz kkkkkkk 

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alvorada
alvorada

Em: 11/01/2016

Emocionante o diálogo de pai e filha,perfeito e esperando o próximo,torcendo para que tudo se resolva ,e elas possam viver esse lindo amor.

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Luciana
Luciana

Em: 11/01/2016

aff só falta o velho bater as botas.. kkkkkk perfeito como sempre cada capítulo.

Amando essa história autora.. 

Beijos

 

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josi08
josi08

Em: 11/01/2016

Eita que capitulo foi esse ein....coitada da Amanda quanta emoçao para uma recem operada nossa...mais ate que enfim ela souto o verbo para o pai..uma pena o velho ser tao preconceitoso..mesmo ele tendo falado tantas besteiras torço p esse velho nao bater as botas e desconfio que quem vai cuidar dele vai ser a Sam ai einnn....

Parabens como sempre arrasando...

Td de bom p vc e sua familia viu que seu ano seja abençoado por Deus.

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olivia
olivia

Em: 10/01/2016

Estou sem respirar,se não fosse preta estaria roxa de emoção uau,esse é capitulo de ouro,o papai tá tendo um infarto ótimo, é bom pra ele aprender a ter bons modos.Como ele existe muitos por ai,que prefere filho morto, bandido que homossexual,mas echo que o velhote ta fingindo de morto.kkkkkkkkkkAutora você é porreta,arretada de boa .Parabéns!!!!!!!!!!!!!!!!Bjs

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 10/01/2016

Espero que esse homofóbico duzinfernos precise de respiração boca a boca e que seja Samantha quem faça kkkkk seria o máximo kkkk

Dois capítulos? Que presentão.

Que você resolva seu notebook rapidamente e que ele volte a funcionar perfeitamente.

Beijos procê!

Responder

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Sem cadastro
Sem cadastro

Em: 10/01/2016

Eu já tava com saudade dessa história ,que bom que veio capítulo em doce dupla 

Adorei a conversa de Amanda com o pai Carlos ,só não gostei do tapa dado por ele nela ,que feio isso 

Emocionante o desabafo dela com o ele ,depois só o dela mesmo na chuva 

Uma Samantha desesperada a olhando

O que será que houve com o velho ? morreu ? teve um ataque cardíaco ?

Bjos Autora Enny 

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Mille
Mille

Em: 10/01/2016

Menina quase fico sem mão (estão ate quentes de tanto bater kkk) nessa conversa entre o Carlos e Eloa, mais adorei o jeito da dela não se deixou levar e falou tudo o que estava engasgado. Se dependesse da Sam ela teria entrado no primeiro grito do Carlos. Agora ele quer tirar a Naty dela foi como cutucar onça com vara curta a mulher avançou nele e não se importou com nada. 

E agora o que será que aconteceu para ele, tomara que nada de grave que não venha atrai um sentimento de culpa e remorso na Eloa, ela já perdeu muito fazendo tudo o que pai queria.

Bjus e foi show os capitulos.

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Gabi
Gabi

Em: 10/01/2016

Ain, estava bom demais pra ser verdade. E agora esse velho boco vai morrer ? 😱 aí, ai, ai. Espero que não interfira na felicidades delas, e que esse bocozão fique bem. Está ficando cada dia mais emocionante. 👏😍😘 

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