Capítulo 35
As Cores do Paraíso - Capítulo 35
Na construtora Larissa comemorava com Alice a notícia da chegada de Gabriela a Recife.
-- Finalmente essa tortura vai acabar - jogou os papeis que tinha na mão sobre a mesa - Hoje não vou fazer mais nada.
-- Como é bom ser a dona da empresa - Alice conteve o riso - É só jogar tudo para cima e sair correndo - jogou-se sentada na cadeira.
-- Não, não - fez um gesto com a mão - Pode ir levantando essa bunda da cadeira. Você vai comigo.
-- Acho melhor eu ficar Larissa. Temos muita coisa que resolver hoje - não queria agir de forma irresponsável.
-- Não se preocupe Alice. Amanhã a gente pega junto e coloca tudo em dia -- Demonstrando bom humor ela brincou - Não vamos falir por causa disso, ou vamos?
-- Claro que não, sua boba - sorriu.
-- Então vamos - levantou e pegou a bolsa no armário - Vamos fazer uma festinha particular. Nós oito.
-- Opa! Vamos comemorar algo a mais que a volta da Gabriela a Recife? -- ansiosa, perguntou enquanto batucava os dedos no queixo.
-- Vamos sim. Enfim ela resolveu desistir da ideia de mudar o vô e lutar com a mãe na justiça para provar a inocência -- com um gesto cheio de graça, jogou a bolsa sobre o ombro, sorrindo disse: -- Hoje vou colocar a Gabi contra a parede. Surgiu aquela vontade enorme de fazer esse relacionamento doido virar logo algo mais sério. Me sinto como se fosse uma ficante. E.... se sou uma ficante agirei como uma ficante.
-- Larissa você está jogando com um grau de risco alto. Existe a chance de você levar um fora e, pior, acabar sem o rolo também.
-- Claro que não. A Gabi me ama, não tenho dúvida disso. O problema é que ela é muito acomodada.
-- Sei não...
-- Deixa comigo. Você vai ver.
Na mansão, o senador conversava com Djalma em seu escritório.
-- Ficamos muito bem diante da mídia, não é mesmo Djalma?
-- Diante da mídia sim, mas diante dos fiéis da nossa congregação as coisas não andam muito boas. O que comentam é que: Como o senador prega a cura dos homossexuais, se não consegue curar a própria neta? Com certeza isso é uma grande controvérsia.
-- A Gabriela é uma garota que tem personalidade. Que tem estilo próprio, que sabe o que quer. Ela não se renderá tão facilmente as minhas vontades ou da congregação.
-- O senhor parece se orgulhar disso -- entrelaçou as mãos juntas na frente do escroto.
-- Ela é minha neta. Estranharia se ela fosse diferente. Talvez uma songa monga igual a você... - sorriu de canto.
As palavras duras do senador atingiram Djalma em cheio e só serviram para aumentar ainda mais o seu ódio por Gabriela.
-- Fui travesti por muitos anos, inclusive no exterior, mas, sempre vivi em conflito. Coloquei quatro litros e meio de silicone nos glúteos e cheguei a ser o terceiro travesti mais belo na minha cidade - relatou -- Decidi mudar e fui ajudado por uma psicóloga, sim. Na verdade, eu nunca fui gay, eu nasci hétero, mas a vida me levou a ser gay. Sofri abuso sexual de um homem, e me tornei "viciado na prática homossexual". "Eu não nasci homossexual". Hoje, sou casado há 17 anos e tenho um filho de 5 anos.
-- Que bom para você - falou sem interesse.
-- O senhor deveria obrigar a sua neta a se tratar - insistiu.
-- Djalma chega -- Davi perdeu a paciência com o assessor -- Você está passando dos limites. Já lhe falei que dos meus cuido eu.
-- Que moral o senador terá para falar em um palanque...
O velho político explodiu.
-- Chega.... Você está demitido... -- berrou e apontou para a porta -- Fora.
-- Eu vou.... Mas o senhor irá se arrepender -- Djalma saiu batendo a porta.
O assunto estava encerrado, pensou Davi, com uma irritação que lhe pareceu desmesurada. Desceu correndo os degraus e rumou até o atelier de Gabriela.
Abriu a porta e entrou afoitamente. Mademoiselle Diane Blanche abriu um sorriso assim que viu o senador entrar.
-- Bom dia senador.
-- Aonde está a Gabriela? -- Perguntou impaciente.
-- Foi com a Laura buscar mais tinta no deposito. Algum problema? -- perguntou desconfiada.
-- Nenhum -- respondeu aliviado -- Me faça um favor. Não deixe ela sair da mansão. Me avise se desconfiar de algo.
-- Não se preocupe, eu aviso.
-- Obrigado -- saiu do ateliê mais tranquilo. Poderia até ser exagero de sua parte, mas não confiava nada, nada naquele maluco.
No deposito.
-- No meio da madrugada, o ladrão invade uma casa. No escuro e em silêncio, ele houve uma voz: -- Jesus tá te olhando!
Apavorado, ele para imediatamente. Com a lanterna, ele procura ao seu redor quem falou a frase.
Não encontra nada e, pensando ter sido imaginação, continua a andar.
É quando a voz diz novamente: -- Jesus tá te olhando!
Agora, certo de ter ouvido, ele aponta a lanterna na direção de onde veio a voz e vê um papagaio. Aliviado, ele diz: -- Ô, sua besta, quase me matou de susto! Seu nome é Jesus?
-- Não, meu nome é Judas!
-- Que imbecil colocaria o nome de Judas em um papagaio?
-- O mesmo que colocou o nome de Jesus no pitbull que tá te olhando!
-- Essa foi boazinha -- Laura deu de ombros e continuou a mexer no celular -- A Fê tá dizendo aqui que elas estão montando uma tenda na beira da praia. Maneiro, né?
-- Muito -- foi só o que respondeu, olhando para os lados para ter certeza que não esqueceu de nada.
-- Vai ter champanhe, salgadinhos, frutas... -- Laura segurou no braço da prima -- O que foi? Não está interessada na festinha?
-- Claro que estou -- jogou as tintas dentro de uma caixa -- Só não sei como chegar no tio e contar para ele que estou indo embora...
Laura olhou para ela com melancolia.
-- Você vai embora? - Sua tristeza era visível.
-- Vou, Laura - Gabriela pegou na mão dela e a puxou para perto de si - E você vai comigo.
Ela engoliu em seco.
-- Eu sou uma medrosa, Gabi, nunca teria coragem de enfrentar o tio e meus pais - confessou envergonhada - Sinto te decepcionar.
-- Eu te ajudo. Sempre estarei do teu lado para apoiar. Se você ficar aqui esperando de braços cruzados por mudanças...Vai morrer velhinha e frustrada. Nada vai mudar se você não fizer algo. Não espere por ninguém, corra atrás e lute. Se vai conseguir ou não... não importa, o que importa é que tentou.
Laura deu um sorriso tímido. Suava frio só de pensar. Tinha uma boa quantia em dinheiro guardado. Então esse não seria o problema.
-- Aonde vou morar? Sou formada em administração, mas nunca trabalhei em outro lugar que não fosse com o tio.
-- Você pode morar com a gente lá na praia do Encanto e quanto ao trabalho, eu posso falar com a Larissa -- Abaixou-se e pegou a caixa com as tintas - A gente se ajuda.
-- Porque você está indo embora? Pensei que ficaria até colocar um pouquinho de amor no coração do senador.
-- Não posso sacrificar a Larissa, a Tali e as minhas mães por causa de um velho turrão como o vô. A minha ruiva já ficou tempo demais sozinha -- colocou a caixa que tinha nas mãos sobre uma mesa e tirou um estojo em formato de flor de dentro do bolso - Vou cuidar melhor dela e do nosso amor - abriu e mostrou uma linda aliança de ouro, com um diamante.
Laura pegou a aliança e olhou para Gabriela sorrindo.
-- É maravilhosa! A cara da Larissa - sorriu novamente - Ela vai derreter de felicidade.
-- E eu também - abaixou a cabeça e ficou olhando para o tênis - Demorei para perceber que nós não precisamos de mais tempo para nos conhecermos. Eu já a conheço de outras vidas. Reencarnamos juntas para consertar o que erramos no passado. Larissa, por incrível que pareça, consertou os erros dela antes de mim. Eu só agora percebi que o meu erro do passado foi não ter dado o devido valor ao seu amor. Queria consertar o mundo, mas esqueci que para consertar o mundo, devemos começar consertando a nós mesmos.
Laura a encarava atenta.
-- Continua...
-- Grande parte dos relacionamentos amorosos acontece entre espíritos conhecidos de há muito tempo, que voltam a se encontrar na tentativa de consertar antigos estragos, com o propósito de harmonização, perdão e aprendizado.
Todo aprendizado se dá pelo amor ou pela dor. Quem conseguir amar e ser amado, quem encontrar harmonia no meio dessa sociedade em ebulição, terá aprendido a lição. Quem não conseguir amar, aprenderá pela dor. E você sabe, eu sei, todo mundo sabe que brincar com sentimentos dói. Quem se perde nessa aventura de sex* livre e procura interminável pelo parceiro ideal, fere muitos sentimentos alheios. E quem fere será ferido...
Eu e Larissa estamos construindo o amanhã. E o amanhã é para nós mesmas. No nosso próximo passeio pela Terra vamos conferir o resultado da nossa união! E com certeza teremos errado em muitas outras coisas, mas continuaremos tentando.
Na praia do Encanto.
Luiza e Talita montavam a tenda mais uma vez.
-- Finalmente a Gabriela percebeu que o vô não merece o sacrifício que ela está fazendo.
-- Ela bem que tentou né Luiza. Quem sabe ela não plantou uma sementinha naquele coração de pedra.
-- Quem sabe. Como dizia Cora Coralina: Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Larissa se aproximou com um aparelho de som na mão e colocou em cima de uma mesa.
-- Teremos música então - Talita pegou na mão de Luiza e dançaram uma valsinha.
-- Teremos. Com direito a dançarmos agarradinhas.
-- Acho que a Gabi prefere o: -- "Tic tac tic tac" grite junto "hoi hoi hoi", erga o caneco e beba... - Talita fazia coreografia junto com Luiza - Hoi hoi hoi...
-- Credo... - Larissa fez uma careta, deu meia volta e saiu.
-- Acho que ela não gostou muito da ideia, Tali.
Talita deu de ombros.
-- Ela não sabe o que é bom - resmungou.
Gabriela bateu levemente na porta do escritório do vô e ficou esperando autorização para entrar.
-- Entra - ele berrou lá de dentro.
-- Oi vô -- colocou a cabeça para dentro do escritório - Pode falar comigo?
-- Claro. Entra -- Segurou as mãos juntas sobre a mesa e esperou ela sentar à sua frente.
-- Vô. Vim me despedir - foi direta e pegou o senador de surpresa.
-- Como se despedir? - Levantou-se, caminhou de um lado para o outro da sala e, por fim, disse: -- Você não pode fazer isso -- estava em pé diante da garota - Esqueceu da sua mãe?
-- Não esqueci. Inclusive ela foi totalmente contra a minha vinda para cá. Não temos medo da justiça, muito pelo contrário, confiamos nela. Ela tem como se defender. Provaremos que foi em legitima defesa.
-- Se tem tanta certeza assim, porque veio?
-- Eu vim porque queria passar uns momentos contigo vô -- falou pausadamente -- É exatamente disso que a vida é feita: de momentos! Momentos os quais temos que passar, sendo bons ou não, para o nosso próprio aprendizado, por algum motivo --uma lágrima rolou embora ela sorrisse - Eu te amo vô. Amo mergulhar a rosca de polvilho no café com leite. O senhor faz isso, eu achava nojento..., mas confesso, é uma delícia - sorriu e Davi sorriu também.
-- Não vá embora Gabi. Somos a sua verdadeira família. Uma família normal - Davi tentava convence-la.
-- Família normal é a minha. Composta por minhas mães, eu, Larissa e a Tali. É a maior riqueza que possuo. É vida, é alegria, é esperança, união e força. Quer algo mais belo e normal que isso?
Gabriela encarou o velho político. Não, ele nunca compreenderia isso.
- Benção vô - beijou a mão do senador e com o rosto banhado em lágrimas saiu sem olhar para trás.
"A vida nos ensina a dizermos adeus às pessoas que amamos, sem tirá-las do coração".
Como consertar o mundo
Um cientista vivia preocupado com os problemas do mundo e estava resolvido a encontrar meios de melhorá-los. Passava dias em seu laboratório em busca de respostas para suas dúvidas.
Certo dia, seu filho de sete anos invadiu o seu santuário decidido a ajudá-lo a trabalhar. O cientista, nervoso pela interrupção, tentou que o filho fosse brincar em outro lugar.
Vendo que seria impossível demovê-lo, o pai procurou algo que pudesse ser oferecido ao filho com o objetivo de distrair sua atenção.
De repente deparou-se com o mapa do mundo, o que procurava! Com o auxílio de uma tesoura, recortou o mapa em vários pedaços e, junto com um rolo de fita adesiva, entregou ao filho dizendo:
-- Você gosta de quebra-cabeças? Então vou lhe dar o mundo para consertar. Aqui está o mundo todo quebrado. Veja se consegue consertá-lo bem direitinho! Faça tudo sozinho.
Calculou que a criança levaria dias para recompor o mapa. Algumas horas depois, ouviu a voz do filho que o chamava calmamente:
-- Pai, pai, já fiz tudo. Consegui terminar tudinho!
A princípio o pai não deu crédito às palavras do filho. Seria impossível na sua idade ter conseguido recompor um mapa que jamais havia visto. Relutante, o cientista levantou os olhos de suas anotações, certo de que veria um trabalho digno de uma criança.
Para sua surpresa, o mapa estava completo. Todos os pedaços haviam sido colocados nos devidos lugares. Como seria possível? Como o menino havia sido capaz?
Então ele perguntou:
-- Você não sabia como era o mundo, meu filho, como conseguiu?
-- Pai, eu não sabia como era o mundo, mas quando você tirou o papel da revista para recortar, eu vi que do outro lado havia a figura de um homem. Quando você me deu o mundo para consertar, eu tentei, mas não consegui. Foi aí que me lembrei do homem, virei os recortes e comecei a consertar o homem que eu sabia como era.
Quando consegui consertar o homem, virei a folha e vi que havia consertado o mundo.
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Leia mais: http://quemdisse.com.br/frase.asp?frase=59201#ixzz3jwQvbLRB
Fim do capítulo
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lucy
Em: 23/01/2016
O Senador ficou sem palavras.....
Ameeei a Gaby chamar a prima Laura pra ir com ela
Mas o que me preocupa é esse DJ sem alma ...Djalma
Esse camarada é do mal.....louco de pedra
Gostei do pequeno trecho do menino que
Consertou o homem e depois o mundo....é bem por aí a bem da
Verdade....
Xaaaau arrasoooou !!! Bjks
Sem cadastro
Em: 06/09/2015
vc é demais suas historias são tão lindas amo como vc escreve bjus
Resposta do autor:
Obrigada! Bjs querida. Fique com Deus.
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