Capítulo 32
As Cores do Paraíso - Capítulo 32
Nove horas em ponto em frente a mansão dos Simões...
-- Precisava trazer a cabeça de abóbora do Halloween?
-- Não começa Talita - Larissa falou se olhando no espelho - A Fê nem tem a cabeça grande.
-- Não? Desculpa então. Pensei que aquilo alí em cima do pescoço fosse uma cabeça.
-- Não sei que tanto você e a Gabi cismam com a coitada.
-- Verdade. Nem tenho motivo, ela só tentou pegar a minha namorada.
Larissa terminava de passar gloss nos lábios. Ela trajava um vestidinho branco curto, usando nos pés uma sandália dourada. Os cabelos ruivos caiam por sobre os ombros e a maquiagem perfeita.
-- Isso é passado Tali, esquece. Eu a trouxe porque ela se ofereceu. Só quer ajudar.
-- Há tá. Ela vai ser a cabeça pensante da operação.
-- Chega Tali, você já passou dos limites - Larissa jogou o espelho na bolsa e olhou brava para a amiga - Não me deixe irritada - falou alto.
-- Mais do que já está? - Talita resmungou baixinho.
-- E não resmunga que não gosto... - saiu do carro e foi até aonde Fernanda e Alice estavam - Vamos Alice?
Alice esfregava as mãos uma na outra, nervosa.
-- Vamos.... Estou uma pilha - falou com a voz tremula.
-- Vai dar tudo certo - Fernanda a encorajou.
Larissa olhou no relógio e conferiu a hora.
-- Nove e quinze. Vamos.
Dentro da mansão...
-- Gabi, dentro do freezer tem uma caixinha de isopor pequena.... Pega lá, é a carne para os cachorros. Enquanto isso vou desligar o alarme.
-- Beleza. Vou lá pegar.
Gabriela abriu o freezer e pegou a caixinha.
-- Hum, que lindinha - girou o objeto nas mãos -- Gente fina é outra coisa.
Caminhou até a porta dos fundos que dava para o jardim e abriu o canil. Olhou ao redor e berrou, chamando os cachorros:
-- DALILA...SANSÃO...VENHAM...CRIANÇAS...
No lado de fora Fernanda segurava a escada para Talita subir no muro, enquanto Larissa e Alice distraiam os dois seguranças.
-- Vocês têm certeza que o senador está viajando? - Larissa jogava o seu charme para cima do rapaz da portaria.
-- Temos - empolou o peito - Ele foi passar o fim de semana em São Paulo.
-- Que peninha... - Alice fez biquinho e eles se derreteram...
-- Teletubbies, segura essa escada direito - Talita berrou lá de cima.
-- De que você me chamou? - Fernanda soltou a escada e cruzou os braços -- Não seguro mais.
-- Tá louca mulher... -- foi só o que conseguiu falar.
A escada balançou, Talita se desequilibrou e caiu para o lado de dentro da propriedade.
-- TALI -- Fernanda subiu a escada como um raio e jogou-se para o outro lado do muro.
-- Aiiiiii...sua louca... -- Fernanda caiu em cima dela.
Gabriela quando abriu a caixa de isopor assustou-se ao ver que dentro ao invés de carne para os cachorros haviam vários frascos de vidro.
-- Jesus! O que é isso? -- olhou para cima e viu Laura na sacada -- Laura -- levantou um frasco para ela ver -- Isso aqui é comida espacial da NASA?
-- NÃO, SUA TONTA!!! É A INSULINA DA TIA -- berrou desesperada -- OS CACHORROS...CORRE...
A loira jogou a caixa em cima dos cachorros e saiu correndo. Correu por alguns metros e esbarrou-se com Talita.
-- CORRE TALI... OS CACHORROS ESTÃO VINDO... -- puxou a amiga pelo braço.
Gabriela e Talita pareciam corredoras quenianas na São Silvestre. Ultrapassaram Fernanda como um raio e jogaram-se na piscina.
Enquanto isso, a advogada gritava desesperada e corria dos cachorros fazendo zig-zag pelo jardim.
-- Háááá...
-- O que a Betty Boop inflável faz aqui Tali? -- perguntou ofegante.
-- Ela que pediu, queria ajudar -- respondeu buscando ofegante.
-- Se joga na piscina.... Se joga na piscina... -- Laura berrava para Fernanda da sacada.
-- Háááá...
-- Tadinha da cabeça de JERIMUM de final de feira, né Tali. Apesar de tudo eu gostava dela - as duas observavam o desespero da advogada que subiu em cima de um carro e ficou esperneando - Vamos ajudar ela?
-- Fazer o que né. Vamos!
-- Meninas Super poderosas! - Gabriela berrou - Toca aqui - levantou a mão.
-- Ridículo -- Talita revirou os olhos - Me nego a isso.
-- Você não tem senso de humor.
Saíram da piscina agitando os braços e assoviando, chamando a atenção dos cachorros para elas.
-- E agora? - Talita estava branca - Temos um plano?
-- Temos.... Correr até eles cansarem...
-- GABI...AQUI - Laura chamou com uma caixa de isopor na mão.
As duas correram até onde Laura estava. A garota jogou a carne para dentro do canil atraindo os animais e os prendendo em seguida.
Laura virou-se para Gabi e deu um tapa na cabeça da garota.
-- Aiii... sua estupida...
-- Uma coisa tão simples e você transformou em uma batalha, sua atrapalhada. Olha o estado de vocês...
-- Não quero me intrometer no papo cabeça de vocês, mas temos que sair daqui. As meninas a essa altura estão tendo que tirar a roupa para distrair os seguranças.
Minutos depois...
Assim que se encontraram Gabriela e Larissa correram uma para outra. E sem mais delongas os lábios estavam conectados num beijo intenso e selvagem. Se encontravam de maneira única quando suas bocas se conectavam e isso era algo que não tinha volta, ou explicação. Elas fecharam os olhos, estremecendo quando as mãos deslizavam pelos corpos em chamas. O magnetismo que exalava delas era único, como se elas se pertencessem. E a verdade é que, realmente, se pertenciam.
Passaram longos minutos trocando beijos e carícias e quando o ar faltou, elas pararam para respirar. Larissa beijou a testa dela e a encarou.
-- Que saudade guti-guti...
-- Ainda não me convenceu, miau - Gabriela disse, lhe dando um selinho -- Estava morrendo de saudades.
-- Guti-guti? Miau? -- Laura olhou para Fernanda e fez uma careta.
-- Eu posso ter sentido um pouco a sua falta - Larissa disse em tom de desdém e Gabriela sorriu -- E você também não me convenceu.
Os lábios voltaram a se encontrar em um beijo ávido. Havia uma ânsia ali, uma ânsia causada pelos dias de separação.
Talita assoviou e chamou a atenção das amigas.
-- Vocês terão a noite inteira para matar a saudade - saiu caminhando com Alice em direção ao carro - Preciso trocar essa roupa molhada... e você também Gabi.
-- Ela tem razão amor. Vamos para a praia do Encanto - Larissa puxou a garota pela mão e foram para o carro.
Fernanda limpou a garganta, esfregou uma mão na outra, chutou uma pedrinha que tinha no chão e começou a falar com voz pausada e receosa.
-- Vem com a gente.... Nós vamos a uma festa de aniversário em uma boate. Gostaria muito que fosse e me fizesse companhia. Ultimamente estou sempre sobrando e segurando vela.
Laura ficou na dúvida. O tio Davi a mataria se soubesse que ela havia saído com um bando de lésbicas assumidas, irresponsáveis e malucas.
-- Sabe de uma coisa.... Que se dane o meu tio...
-- É? - Fernanda ficou olhando para ela sem entender.
-- Eu topo.
A boate estava cheia, a música soava alta. As meninas entraram no local já dançando e sorrindo. Era noite de diversão!
Elas não demoraram a subir a escada do lugar e encontrar a galera, que estavam na área vip da boate, a qual estava reservada inteiramente para a festa de aniversário da Paula.
Foram recebidas com um abraço pela amiga. Larissa notou que a aniversariante já estava um pouco bêbada quando veio falar com elas.
-- Esse vestido ficou maravilhoso em você, Lari! - Elogiou -- Você está tão linda, amiga!
-- Obrigada Paula. Mas você sim que está um arraso, garota. Parabéns pelo aniversário.
A ruiva riu, abraçando a outra.
- Obrigada!
Logo a festa foi considerada oficialmente aberta para todos ali.
Paula havia chegado ao país alguns dias atrás apenas para comemorar o aniversário junto aos amigos e retornaria em breve ao exterior.
Todos encontravam-se bebendo, rindo, dançando, curtindo e alguns até mesmo se pegando.
Uma mesa de petiscos, com salgados e frios, estava à disposição para todos que quisessem, e dois barmen cuidavam de atender a todos em relação ao que queriam beber. Um lindo bolo decorado com velinhas, encontrava-se em uma mesa a parte.
Larissa e Gabriela dançavam abraçadas e ao lado Talita e Alice dançavam de mãos dadas.
Larissa olhou para o lado e viu Fernanda conversando animadamente com Laura. Sorriu feliz. Quem sabe não seria a pessoa que traria alegria para a vida de sua querida amiga.
-- O que você acha Gabi? - Fez um gesto com a cabeça mostrando as duas.
-- Acho que a Fernanda está entrando em uma furada. Meu avô mata ela.
-- Você poderia ajudar as duas. Um empurrãozinho não custa nada.
-- Eu não vou me meter nisso. A vida da Laura é muito complicada.
-- Há, mas vai mesmo... -- Larissa deu um sorriso falso e saiu em direção ao bar para pegar um drink.
Gabriela foi atrás.
-- Mas amor...
-- Sem mas Gabi. Faça jus aos seus cabelos de anjinho e faça uma boa ação.
-- Isso não é trabalho de anjinho, é trabalho de cupido - sacudiu a mão - E eu não sou cupido.
-- Gabi você não está sendo cooperativa, amor - virou a bebida e pediu outra - acho melhor você pensar com carinho nesse assunto. Está me entendendo, né.
E como estava. Larissa era assim. Pedia mandando.
-- Tá, vou ver o que posso fazer miau.
Mais danças, mais sorrisos, mais gargalhadas e mais pegação. As amigas brindavam com doses de tequila.
Pelo fato de estarem dançando o tempo inteiro, não sentiam que estavam tontas ou bêbadas. Elas dançavam juntas ao som de Rude (Magic).
Larissa traduzia a letra da música para Gabriela.
Casar com aquela menina. Casar com ela de qualquer jeito
Casar com aquela menina. É, não importa o que você diga
Casar com aquela menina. E nós seremos uma família
Por que você tem que ser tão rude?
A loira revirou os olhos, sarcástica.
-- Ai como você é malvada, Gabi! - Talita disse.
-- Deixa Tali - Larissa abraçou Gabriela pelo pescoço -- Você não perde por esperar amor - sorriu maldosa.
Laura dançava bem próxima a Fernanda.
-- Sabem de uma coisa...foda-se o babaca do meu tio. Quero ao menos hoje esquecer do mau humor dele, portanto... - pegou o copinho contendo tequila e levantou.
As outras repetiram o mesmo gesto e levantaram seus copinhos.
-- Arriba! - Falou Laura.
-- Abajo! - Falou Larissa.
-- Al centro - disse Talita.
-- Adentro! - Fernanda gritou.
-- Sobre el piso! - Gabriela berrou.
-- Estava tão legal. Tinha que estragar né Gabi - Alice revirou os olhos.
Viraram a bebida, que foi descendo queimando por suas gargantas.
Depois vieram as caretas e o limão, em seguida as garotas estavam dançando, pulando e rindo.
Por volta das duas horas resolveram voltar para a praia do Encanto.
-- Olha pessoal fiquem à vontade - Gabriela abriu os braços - Fernanda minha Pokémon em evolução, Laura minha avatar da vida real, mi casa su casa - deu uma piscadinha.
No quarto Larissa retirou suas sandálias e em seguida o vestido, deixando-o de qualquer jeito no chão. Entrou no banheiro, despiu-se por completo e ligou o chuveiro.
Minutos depois sentiu uma presença atrás de si e em seguida ouviu um sussurro em seu ouvido.
-- Eu quero ser sua canção, eu quero ser seu tom. Me esfregar na sua boca, ser o seu batom. O sabonete que te alisa embaixo do chuveiro. A toalha que desliza no seu corpo inteiro... -- deslizou o sabonete pela perna da ruiva.
Apesar da água quente, Larissa estremeceu quando ela passou o sabonete na parte interna do seu joelho, formando pequenos círculos.
-- Eu quero ser seu travesseiro e ter a noite inteira. Pra te beijar durante o tempo que você dormir. Eu quero ser o sol que entra no seu quarto adentro. Te acordar devagarinho, te fazer sorrir...
Larissa afastou os cabelos molhados do rosto, jogando-os para trás, deixando o pescoço a mostra.
Gabriela riu e deslizou a mão lentamente para a coxa de Larissa.
-- Quero estar na maciez do toque dos seus dedos. E entrar na intimidade desses seus segredos. Quero ser a coisa boa, liberada ou proibida. Tudo em sua vida...
Passou a ensaboar todo o corpo dela, centímetro por centímetro. Com delicadeza, pressionou-a contra a parede, espalmando as mãos sobre os seios cobertos pela espuma.
-- Eu quero que você me dê o que você quiser. Quero te dar tudo o que um homem dá prá uma mulher...E além de todo esse carinho que você me faz. Fico imaginando coisas, quero sempre mais...
A loira massageava o mamilo rígido. Ela passou os lábios sobre os dela, provocando-a, fazendo-a respirar mais rápido.
-- Você é o doce que eu mais gosto. Meu café completo, a bebida preferida e o prato predileto. Eu como e bebo do melhor e não tenho hora certa. De manhã, de tarde, à noite, não faço dieta...
Brincando com os lábios dela, passou o sabonete pelos ombros.
Larissa agarrou-se a cintura dela como apoio, arqueou o corpo enquanto Gabriela deslizava as mãos molhadas e ensaboadas pelos seus seios.
-- Esse amor que alimenta minha fantasia. É meu sonho, minha festa, é minha alegria.
A comida mais gostosa, o perfume e a bebida. Tudo em minha vida.
O vapor estava por toda parte. A água morna caindo sobre elas, o calor aumentando.
O sabonete fazia com que seus corpos escorregassem deliciosamente.
Larissa passou as mãos nas costas da loira, formando mais espuma, sentindo os músculos contraírem-se sob seu toque.
-- Todo homem que sabe o que quer. Sabe dar e querer da mulher
O melhor e fazer desse amor. O que come, o que bebe, o que dá e recebe...
Larissa e Gabriela ardiam de desejo. Era algo doce, profundo, porque era gerado do amor, e não apenas da paixão.
Suas mãos deslizaram pelo corpo de Gabriela, pelos ombros, pelos seios. Ela murmurava palavras de prazer enquanto traçava um caminho com os dedos até a barriga da garota.
-- Mas o homem que sabe o que quer. E se apaixona por uma mulher. Ele faz desse amor sua vida. A comida, a bebida, na justa medida...
Larissa parecia uma deusa. Os cabelos molhados grudavam-se em seu rosto. A pele brilhava com as gotas d'água. Em seus olhos verdes havia amor. Ela era linda. Ela era maravilhosa. E era toda sua.
Larissa passou os braços em torno de pescoço dela, mantendo os olhos abertos.
Gabriela introduziu os dedos nela. Um gemido de prazer indescritível escapou de seus lábios. Seus dedos entravam e saiam em um movimento cadenciado. Até que seu corpo se contorceu. Apoiou-se fracamente na parede, sentindo as forças se esvaírem.
-- Eu amo você - Larissa falou sorrindo.
-- Eu amo você, Larissa -- afastou-lhe os cabelos molhados do rosto -- Sinto-me como se lhe amasse desde sempre.
-- Você é tudo o que sempre desejei. Promete que nunca vai deixar de me amar.
-- Prometo. O meu amor é eterno, minha princesa.
Vendo que começava a ficar frio, saíram do boxe. Gabriela pegou uma toalha. Enrolou-a no corpo dela e abraçou-a, para aquecê-la melhor.
-- Vamos vestir uma camiseta e dormir um pouco miau. Daqui a pouco eu e a Laura temos que voltar para a masmorra - sorriu.
Larissa estava feliz demais para ficar chateada com essa nova separação. E riu quando ela a levou no colo para a cama e enfiou uma camiseta pela sua cabeça.
Mas o homem que sabe o que quer. E se apaixona por uma mulher
Ele faz desse amor sua vida. A comida, a bebida, na justa medida...
Cama e Mesa - Roberto Carlos
"O amor não prende, liberta! Ame porque isso faz bem a você, não por esperar algo em troca. Criar expectativas demais pode gerar decepções. Quem ama de verdade, sem apego, sem cobranças, conquista o carinho verdadeiro das pessoas.
Chico Xavier
Fim do capítulo
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