Capítulo 31
As Cores do Paraíso - Capítulo 31
Nem bem o carro de Gabriela parou diante da mansão dos Simões, Laura e mademoiselle Diane apareceram na porta para recepciona-la.
E um sorriso de contentamento iluminou o rosto de Laura.
-- Seja bem-vinda Gabi -- recepcionou a prima de forma gentil.
-- Magnifique -- Diane Blanche bateu palminhas de felicidade.
-- Pela felicidade de vocês, percebi que isso aqui deve ser um tédio -- caminhou até elas e as cumprimentou com beijinhos no rosto.
-- Realmente estou muito feliz. Precisava ter alguém com quem falar, uma pessoa de cabeça aberta. Não aguento mais esse bando de hipócritas moralistas que me rodeiam.
-- Se a gente juntar a minha felicidade com a sua, será uma felicidade muito gigantona e é assim que eu quero passar os meus dias aqui -- sorriu tocando a ponta do dedo no nariz da prima.
-- O seu Martins vai levar as suas coisas para dentro. Vem comigo quero te mostrar toda a mansão.
Segurou firme a mão de Gabriela e a saiu puxando mansão adentro.
Naquele dia quando Larissa chegou em casa, já que passara o dia inteiro na construtora, encontrou Mauricio na cozinha preparando a janta.
-- Boa noite -- o cumprimentou.
-- Oi princesa - o rapaz falou sorridente - Vem cá conversar comigo -- foi até o freezer e pegou uma cerveja bem gelada -- Me acompanha?
Larissa confirmou com um gesto de cabeça, e sem erguer os olhos.
-- O que está rolando? Pelo que sei a loira foi hoje lá para a mansão do avô político.
-- É isso mesmo. O problema é que eu acho que não vamos poder nos ver muito -- disse manhosa -- E eu já estou com saudades.
Mauricio riu da cara que a amiga fez.
-- Acho que não foi uma boa ideia deixa-la ir para aquele lugar. A Gabi é muito infantil, tenho medo que aquela raposa velha faça algo que a magoe.
-- Gabriela é tão geniosa e mimada. Duvido que ele consiga dobrar aquela garota. E quanto ao infantil... a culpa é toda sua.
-- Minha? -- A ruiva estreitou os olhos para o amigo e ele sacudiu a cabeça.
-- Sim. Sua -- ele riu novamente, apenas meneando a cabeça e voltou a se concentrar no seu trabalho.
-- E o senhor terapeuta Mauricio saberia dizer o que estou fazendo de errado?
-- Sabe porque ela é assim? Porque ela não tem responsabilidades. Não trabalha, não estuda, pinta quando quer, acorda a hora que quer.
-- Eu acho que orientar sobre esse tipo de coisa é obrigação das mães e não minha.
-- Então esqueça, minha querida.
Larissa apoiou os cotovelos na mesa e afundou o rosto entre as mãos. Mauricio tinha razão. Esperar o que daquelas duas, Gabriela fazia o que queria delas.
-- Dá uma ideia Mau.
-- Que tal se ela fizesse a tal faculdade de artes? Afinal foi para isso que ela veio para Recife. Não foi?
-- É... Mais ou menos...
-- Diz para ela, ou isso, ou aliança no dedo.
-- Ela vai sair daqui correndo fazer a matricula -- trocaram um sorriso cúmplice.
-- Então minha Deusa quem sabe não seja dessa forma que a Gabi tome um rumo na vida e cresça. Vale a pena tentar.
Eles jantaram. Ficaram conversando até que estava tarde demais e Larissa se despediu para dormir.
Assim que a ruiva entrou em seu quarto, um sorriso pintou seus lábios. Ela jogou sua bolsa em qualquer canto, correu para o banheiro, tomou um banho demorado, vestiu uma roupa confortável enquanto pegava o celular e se jogava na cama, com o aparelho em mãos, digitando mensagem para a sua loira.
Larissa: Já cheguei. Já tomei banho e agora estou aqui na cama te esperando para me colocar para dormir...
Assim que a mensagem chegou ao celular de Gabriela, ela tentou não sorrir. A sua frente estava Laura, suspirando e feliz, que o senador Davi decidira ir até Brasília e ela não precisaria acompanha-lo.
Gabriela: Hum... Mas antes eu vou te beijar toda. Toda. Enviou...
Larissa: Estou louca de saudades meu amor...
Gabriela: Ah minha princesa, eu também estou.
Larissa: Queria te sequestrar, seria possível?
Gabriela: Sim, eu iria amar... Só não pede resgate tá...sou pobre, pobre.
Ficaram conversando por mais um tempo até que o sono chegou e elas foram dormir.
Gabriela desligou o celular, colocando-o embaixo do travesseiro e deixando o mais largo sorriso surgir nos seus lábios, antes de finalmente pegar no sono.
A semana seguinte estava extremamente corrida, tanto para Larissa quanto para Gabriela.
O trabalho na construtora estava sugando todo o tempo de Larissa, com novos prazos de entregas, além de novos clientes, o que resultou em poucos e esporádicos momentos livres.
Muitas vezes Gabriela pensou em recuar dali mesmo, mas a coragem lhe impulsionou a ir em direção ao seu objetivo, que era seguir ao lado do seu avô durante a campanha.
-- Gabriela.
-- Fala vô. O que foi?
-- Eu queria dizer que vou viajar, este fim de semana, para São Paulo. Vai ser um jantar com um casal de amigos. Meio que para oficializar o apoio dele a minha candidatura -- contou e a loira engoliu em seco -- Tudo bem?
-- Claro. O senhor vai querer que eu vá junto? - Perguntou e ficou torcendo.
-- Dessa vez não será necessário. A partir da semana que vem você começará a viajar comigo.
Gabriela por fora estava séria, mas por dentro estava vibrando, mais feliz que um 5x0 do Fluminense no Flamengo, com direito a três gols do Fred.
-- Pode contar comigo vô.
-- Depois desce para que a gente jante - o senador pediu.
-- Me dá uns dez minutinhos?
-- Claro -- piscou e foi em direção as escadas.
Gabriela rapidamente pegou o celular e enviou uma mensagem para Larissa: Adivinha quem vai dormir sexta-feira agarrada com você?
-- E essa cara de quem vai aprontar? - Laura sussurrou da porta.
-- Preciso que você me acoberte -- Gabriela revelou, sussurrando de volta -- Vou ter que fugir sexta-feira à noite.
- Uau, já vai começar a aprontar?
Gabriela sorriu.
- Sim. Vai me ajudar?
-- Tudo bem, o que eu não faço por você?
Gabriela só sorriu mais largamente, voltando sua atenção para o seu celular que apitava avisando a chegada de uma mensagem.
No dia seguinte na praia do Encanto Larissa pedia a ajuda das amigas para uma missão muito importante.
-- Então? Entenderam o plano? - A ruiva disse olhando para Talita e Alice com um olhar ansioso.
-- Entendi, mas achei o seu plano bem perigoso - Alice estava receosa - Vai que eles pensem que somos bandidos e metam bala?
-- Ai Alice, que exagero. Eu achei legal. Até que enfim um pouco de adrenalina em minha vida - Talita deixou o copo vazio em cima da pia e se aproximou de Alice - Não vai acontecer nada. Pode confiar em mim -- disse, sorrindo, olhando-a.
-- Desculpe -- ela também sorriu - Sou meia covarde.
-- Tudo bem, tudo bem - Talita sussurrou, e deu um selinho nela.
-- Sabia que podia contar com vocês. Sexta-feira por volta das oito estarei aqui - Larissa esfregou as mãos de alegria.
Na mansão.
Gabriela mesmo com Laura falando sem parar, tentava se concentrar em uma tela que estava pintando.
-- Gabriela você está namorando? - A garota perguntou de supetão -- Desculpa, mas de tudo na minha vida, eu sei que não tenho vocação para ser a outra. A situação entre nós já é complicada o suficiente.
-- Você está me falando isso mesmo? Sério? Ai Laura, eu juro que não sei como você existe.
As duas riram.
-- Me fala. Você nunca diz nada a seu respeito, eu não te entendo inteiramente.
Gabriela suspirou e assentiu ficando de frente para ela.
-- Eu tenho sim. Desde que ela é minha namorada que tenho a impressão de estar caminhando em um sonho, como se toda a manhã acordasse e me fosse possível realizar o impossível. Esse é o poder dela sobre mim, esse é o poder do seu e do meu amor!
-- Poxa. Estou morrendo de inveja - Laura queria chorar, sentia-se como se o mundo tivesse desabado.
Tombou a cabeça para frente, deixando-a cair no peito de Gabriela, que alisou o seu braço, respirando forte e a abraçou.
Laura fechou seus olhos, curtindo o momento fugaz.
-- Eu torço para que você encontre uma pessoa legal e que te faça feliz -- Gabriela sorriu -- Você merece, pois é uma pessoa maravilhosa.
Ela pegou no rosto de Gabriela, a fazendo encará-la.
-- Porque você está fugindo?
-- Eu? De que? - A loira estreitou os olhos para ela.
-- Você me evitou... todos esses dias. Você tinha uma pergunta a me fazer e não fez.
-- Eu achei melhor deixar para lá.
-- Você não deve agir assim, simplesmente deixar para lá. Você não queria saber a resposta?
-- Eu queria. Não, eu não queria, pois sabia que era melhor.
-- Porque?
-- Porque dependendo do que respondesse eu iria lhe magoar.
-- A minha cabeça está tão confusa Gabi -- ela estava de frente para a loira -- Eu me sinto uma intrusa na sua vida - levantou a cabeça, olhando-a.
-- Para, Laura - pediu -- Não faz isso -- ela estava se aproximando -- Por favor.
-- Desculpa... - afastou-se -- Eu não consegui resistir. Estou perdoada? -- Quis saber.
-- Sempre -- ela disse de volta.
Laura levantou e se aproximou novamente. Gabriela sabia que ela tentaria beija-la, e antes que fizesse isso, virou o rosto.
-- Você levou toda a minha força e meu autocontrole, Gabi. Mas eu conseguirei, só Deus sabe como eu conseguirei.
Era difícil. Ninguém disse que seria fácil. Laura realmente, não sabia o que era pior: se fazer a coisa certa ou a errada.
Gabriela ficou olhando a garota sair do atelier de cabeça erguida e rebol*ndo sensualmente. Ela era orgulhosa. Sorriu. Nunca trocaria a estabilidade do seu relacionamento por uma aventura qualquer. Pois quem mais do que ela era tão afortunada, quem mais do que ela podia agradecer a extraordinária bênção de ter na vida a namorada mais perfeita? Apenas ela, que tinha a Larissa somente para ela.... Eu a amo demais! Pensou.
Naquela noite.
Para Larissa dormir não era uma tarefa fácil, não mesmo. Não com a saudade torturando a sua cabeça. Tomou um banho, para ver se relaxava, deitou de novo e virou na cama por muitos minutos, ou horas.
Levantou, desistindo de dormir e saiu do quarto, talvez se tomasse alguma coisa, conseguisse dormir. Foi até a cozinha colocou suco em um copo e sentou confortavelmente em uma cadeira.
-- Sem sono, minha deusa? -- a voz de Mauricio fez Larissa saltar e quase derrubar o copo no chão.
-- Você sabe que dormir é algo difícil quando a cabeça está cheia -- deu um gole no suco.
-- Vocês são corajosas -- ele sorriu -- pensa se o velho senador descobre a fuga da Simãozinha?
-- Será uma noite de emoções fortes! -- Riu -- Bom, eu vou tentar dormir -- levantou e colocou o copo na pia -- Terei um dia bem agitado amanhã.
No dia seguinte logo pela manhã Gabriela teve uma reunião com Diane Blanche e recebeu uma ótima notícia.
-- Um mês. Exatos um mês para você, finalmente, explodir para o mundo das artes.
Diane fez gestos tão espalhafatosos que Gabriela a estranhou.
-- Controle-se mademoiselle Diane desse jeito o vô vai pensar que você é um travesti.
-- Desculpa -- pediu envergonhada -- Me empolguei.
Laura entrou na sala espalhando o mau humor dela.
-- Quero deixar bem claro que aonde estiverem duas ou mais pessoas conversando, alí Laura deve estar -- olhou para as duas com cara de reprovação.
-- Uau! Tá certo, minha deusa. Lembraremos disso da próxima vez -- Gabriela falou e olhou Diane com olhos zombeteiros.
-- Era só que me faltava... -- Diane levantou deu uma voltinha como se estivesse na passarela e saiu da sala.
Gabriela deu uma gargalhada.
-- Acho que a mademoiselle Diane garça está na época do acasalamento.
Laura continuava bicuda.
-- O que foi Laura? Desmancha essa cara de quem está com vontade de comer algo que não tem em casa.
-- Com você acha que eu deveria estar? Meu cupido se apaixonou por mim e não quer concorrência, só pode.
Gabriela suspirou fundo e foi até ela.
-- Sou uma companhia excelente para pessoas ferradas -- sorriu e passou a mão nos cabelos da prima.
-- Eu vou te ajudar essa noite, mas quero um beijo em troca. É pegar ou largar.
Gabriela olhou para ela desanimada. Que garota insistente.
-- Um beijinho de nada loira. Qual é, não vai tirar pedaço. Vem... -- puxou a prima e passou os braços pelo pescoço dela. Fechou os olhos e ficou esperando.
Gabriela lentamente foi se aproximando até encostar seus lábios com delicadeza nos lábios dela...
Depois de alguns segundos se afastou de Laura totalmente sem graça.
-- Poxa. Quem é a sua namorada? É a Angelina Jolie? Cara Delevingne? Kim Kardashian? Alessandra Ambrósio? Megan Fox?
-- Sinto te decepcionar, mas não é nenhuma dessas gostosonas. É simplesmente a minha linda, sexy, ruiva e não menos gostosona, namorada - deu uma piscadinha - Desmancha esse bico Laura, não combina com seu rosto lindo.
-- Não tô fazendo bico, sua chata - deu um tapa no ombro da loira - Vem, vamos traçar os planos da sua fuga - saiu caminhando na frente - O nosso maios problema vão ser os cachorros...
-- CACHORROS?
Era quase uma da tarde quando Larissa saiu da construtora. O condomínio em que morava não ficava tão longe e ela logo estava entrando no apartamento.
Para sua surpresa Fernanda estava sentada no sofá conversando com Mauricio.
-- Ora se não é a minha advogada predileta - abraçou a amiga - Espero que tenha novidades.
-- No momento estou tentando fazer a minha única testemunha falar.
-- Essa testemunha já falou algo que nos ajude?
-- Até agora ele falou vários au-au e alguns grunhidos agressivos - risos - Mas não se preocupe estou estudando a linguagem canina e logo, logo entendo o que ele está querendo dizer.
-- Não duvido nada vindo de você - sorriu -- Vamos almoçar?
-- Claro. Estou morrendo de fome -- ela disse.
-- Eu estou morta de fome e morta de cansada, essa semana não foi fácil. Por isso hoje sai mais cedo. Quero descansar a tarde inteira.
Larissa olhou para Fernanda e suspirou fundo.
-- Você precisa encontrar alguém...
-- Larissa, por favor, não começa. Eu prometo que estou bem como estou - piscou.
-- Só quero te ver feliz, Fê. Com uma pessoa legal do seu lado.
-- E eu não quero que você tente me arranjar mais ninguém -- ela riu -- Pelo amor de Deus. Promete?
-- Prometo -- ela disse rindo.
-- Chega de cupidos em minha vida.
-- Tudo bem, já entendi.
Sentaram à mesa para o almoço. Fernanda resolveu mudar o rumo da conversa.
-- Qual é o plano para hoje à noite? Tem certeza que não precisar de uma advogada para tirar vocês da cadeia?
Na sacada da mansão, Gabriela e Laura observavam atentamente os movimento dos cachorros no jardim.
-- Eu acho que no momento H vai me dar uma grande dor de barriga e eu vou ser estraçalhada pelos cachorros.
-- Não duvido. Você é lenta, boboca, medrosa...
-- Chega Laura... está me deixando pior que o bicho-preguiça daquela piada:
A bicharada resolveu fazer uma superfesta no céu e assim que o baile ia começar, descobriram que estava faltando a guitarra.
Imediatamente o Leão, que era o responsável pelas músicas, virou-se para o bicho-preguiça e ordenou:
-- Bicho-preguiça! Vá buscar a guitarra lá na terra!
Uma semana se passou e nada do bicho voltar com a guitarra. Putos da vida, os animais se reuniram e foram reclamar com o Leão:
-- Isso já é demais! Que falta de consideração! -- dizia um.
-- O bicho-preguiça é um vagabundo! -- rosnava outro.
-- Ele não tem caráter -- afirmava um terceiro.
E estavam nessa discussão quando, de repente, a porta se abre e surge o bicho-preguiça, com um semblante entristecido:
-- Se vocês continuarem me esculhambando eu não vou mais!
Próximo capítulo.
Gabriela e Talita pareciam corredoras quenianas na São Silvestre. Ultrapassaram Fernanda como um raio e jogaram-se na piscina.
Enquanto a advogada gritava desesperada e corria dos cachorros fazendo zig-zag pelo jardim.
-- Se joga na piscina.... Se joga na piscina... -- Laura berrava para Fernanda da sacada.
-- Tadinha da cabeça de JERIMUM de final de feira, né Tali. Apesar de tudo eu gostava dela.
"Evoluir é reconhecer nossos erros. Não para concertá-los, mas para não os repetir". (Amanda Chakur)
Fim do capítulo
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