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Amor acima de tudo por Little dream

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Capítulo 7 - Giulia -

- Giulia – 



Acordei no meio da madrugada, ofegante e chorando. Tive um pesadelo horrível. Sonhei com Marina e a cena pra lá de esquisita que presenciei no estacionamento. Mas no sonho era como se eu estivesse participando, e eu fosse o motivo da discussão entre elas. Via Verônica beijar e acariciar o rosto de Marina sem tirar dos lábios aquele sorriso, que na hora me espezinhava, dilacerava. Assim como o sorriso de Marina, por esse eu me sentia humilhada, destruída. Beijavam-se e depois riam da minha cara. Me sentia minúscula no meio daquela situação. E meu peito ardia como se estivesse sendo perfurado. Eu chorava me sentia angustiada, sentia uma mágoa indescritível. O ar me faltava e eu já não enxergava mais nada além de borrões causados pelas lágrimas abundantes que desciam freneticamente pelo meu rosto. 

Fui até a cozinha me servir de um copo d’água. Toda aquela sensação do sonho se fazia presente, como se tudo o que vive no sonho tivesse mesmo acabado de acontecer. Parecia tudo tão real. Tão palpável. Voltei para minha cama, olhei o relógio e ainda eram 3:40 da madrugada. Deite-me e fechei os olhos, porém o sono estava bem distante de mim. Deixou-me ali largada naquela cama de casal, com uma enorme angústia no peito. Eu sentia frio como se alguma janela do apartamento estivesse aberta. Não havia nada aberto, era apenas o meu corpo que estava frio. Estava sufocada! Meu coração estava minúsculo em meu peito e eu simplesmente não encontrava uma explicação razoável para aquilo. Será porque sonhei com Marina? Acho que não. Essa não era a primeira vez que sonhava com ela. Mas esse sonho em especial era muito diferente, parecia que Marina e eu tínhamos um vínculo, e ela me renegava para permanecer nos braços de Verônica. Parecia querer me magoar. A imagem das duas estava viva em minha mente, e aquilo estava me torturando de uma maneira ímpar. Os beijos, as carícias, a cumplicidade. Sem perceber voltei a chorar baixinho.

Passei horas e mais horas tentando encontrar um significado para aquele sonho. Sonho não, diante de tudo o que senti e ainda estava sentindo, aquilo era um pesadelo. Como há muito tempo eu não tinha. Voltei a olhar para o relógio. Passava-se das 5:00hs da manhã. Eu tinha que dormir ou ficaria um caco. Tentei ficar de maneira confortável debaixo das cobertas, suspirei e tentei esvaziar a minha mente, deixar que meu peito se acalmasse e aquela sensação ruim esvaísse. Deu certo, acabei pegando no sono. 

-- Pequena? Acorda Giulia.

Ouvia uma voz longe, bem longe me chamando, pedindo para acordar, além de um toque suave em meu ombro.

-- Giulia você vai se atrasar. Ei minha pequena?

-- Huum? – perguntei começando a despertar.

Olhei para o lado e lá estava Vick, toda arrumada, sentada ao meu lado na cama com o seu sorriso mais meigo e acolhedor.

-- Não teve uma boa noite não é? 

-- Não. – disse sentando na cama.

-- Vi você indo até a cozinha no meio da madrugada, depois de um tempo eu vim até a porta do seu quarto e lhe vi virando de um lado para o outro na cama. O que aconteceu?

-- Não sei explicar. – meu peito voltou a apertar com a lembrança do sonho.

-- Pois então vai tomar o seu banho, rapidinho e se arruma também rapidinho ou você vai chegar bastante atrasada. Eu já tenho que ir. O café ta na mesa.

-- Café? Na mesa? Como não estou sentindo cheiro de queimado? Cadê os bombeiros? Meu Deus! Cadê... – fui interrompida com o baque do travesseiro que Vick jogou em minha direção.

-- Sua bocó! Fui até a padaria e comprei o que você gosta. Mal agradecida. 

-- To brincando meu chuchu! Vou tomar meu banho e ver o que a senhorita aprontou. – disse dando um beijo em seu rosto e indo para o banheiro.

A água morna fez com o que o meu corpo relaxasse um pouco diante da noite mal dormida. A essa altura meus olhos deveriam estar terríveis, com enormes olheiras, roxas e bem chamativas. Nada que uma boa maquiagem não deva resolver. – pensei comigo. Fechei meus olhos, apoiei as mãos nos azulejos frios – o que me fez ter um leve arrepio com o choque de temperatura – e deixei que a água batesse suave e deslizasse por minhas costas. 

-- Gi! Corre você vai se atrasar. Eu já estou indo. Beijos. – Vick gritava da sala, e logo após ouvi a porta bater.

Fechei o chuveiro e sai. Precisava me arrumar às pressas, pelo adiantar das horas com certeza eu enfrentaria um pequeno congestionamento, o que me tiraria mais alguns minutos do meu escasso tempo. Sai enrolada em uma toalha, enquanto mantinha outra em meu cabelo. Coloquei uma música no som pra quem sabe conseguisse me arrumar no ritmo da música. Sendo assim era bom escolher um rap – não faz o meu estilo, foi um pensamento. Vesti uma blusa de seda, com mangas longas, uma saia risca de giz um pouco acima dos joelhos, uma sandália preta de salto alto. Os cabelos presos em um rabo de cavalo, uma boa maquiagem pra disfarçar sinais da noite mal dormida, e acessórios dourados – simples e discreto. Desliguei o som e sai do quarto na direção da cozinha cantando a música que tocava agora a pouco.

Vick havia acertado em cheio! Havia compro croissants recheados de frango – meu predileto -, café preto, e havia cortado algumas frutas em uma tigela com linhaça. Praticamente engoli tudo. Peguei a chave do carro, a bolsa, notebook, tranquei o apartamento e desci até o estacionamento.

A quase duas quadras da agência entrei em um pequeno congestionamento – como havia previsto. Olhei o relógio em meu pulso e eu tinha menos de 15 minutos para chegar sem atrasos. Batucava os dedos indicadores impacientemente no volante e nada de os carros a minha frente movimentarem-se no mínimo um centímetro. Pensei em ligar para alguém, mas me dei conta de que fui relapsa e não tinha o número de ninguém na agência. Que droga. Estava tão perto e ao mesmo tempo tão longe. Carros buzinavam escandalosamente logo atrás de mim, como se eu tivesse parado ali de propósito. Os dedos indicadores contagiaram toda a mão, e agora eu batia com as duas mãos espalmadas no volante como se aquilo fosse fazer o trânsito andar. Anda anda! Lentamente os carros começaram a se mover, e eu entrei na primeira rua que me levasse para longe daquela lentidão e me fizesse chegar o quanto antes na agência. 

Estacionei. Olhei o relógio mais uma vez, restavam-me 3 minutos apenas. Nem dei muita atenção quando tranquei e acionei o alarme do carro. Peguei todas as minhas coisas e corri na direção do elevador que tinha acabado de chegar. O elevador parou no segundo andar, e quase nem esperei as portas abrirem, novamente sai correndo. Não cheguei a ver nada, apenas senti o choque, e quando dei por mim estava no chão.

-- Esta tudo bem? 

-- Está sim. Me desculpa, eu estava correndo, eu não lhe vi. – disse de cabeça baixa tentando juntar todas as minhas coisas. Coitado do meu notebok.

-- Não foi nada Giulia. Quer ajuda? – vi uma mão estendida a minha frente e ai sim olhei para cima. Aceitei.

-- Obrigada Ramon. E me desculpa mais uma vez.

-- Não foi nada. Você se machucou? – maneei a cabeça em sinal negativo – Mas não precisa correr assim não, você ainda tem 10 minutos de tolerância, isso não vai contar como atraso. – sorriu.

-- Não sabia. – bobamente foi apenas isso que eu disse.

-- Vem, deixa eu te ajudar. – ele disse pegando as coisas de minhas mãos.

-- Não precisa, não quero te incomodar Ramon.

-- Não é incomodo nenhum. Você pode bater o ponto, eu levo as suas coisas pra sua mesa.

-- Ta certo. Muito obrigada Ramon.

-- A sua disposição. 

Ele se retirou e eu fiquei alguns segundos o olhando. Esse não pode ser o mesmo homem de ontem. Esse me parecia muito gentil e muito educado, impressão totalmente da que eu tive do Ramon de ontem, aquele que parecia querer me despir e mantinha um olhar ousado além de um sorriso nada menos do que cafajeste. 

Sai de minha inércia, e fui bater o ponto antes que a minha tolerância também se esgotasse. Entrei na sala e desejei bom dia a todos. Cheguei a minha mesa e minhas coisas haviam sido dispostas de maneira organizada. Ramon olhava para mim e sorria - dessa vez o sorriso me lembrou um pouco o do dia anterior, e isso não me agradou, relevei - sorri de volta em forma de agradecimento e sentei ligando meu computador. 

Liguei o notebook, o colocando em um cantinho da mesa e tirei o celular de minha bolsa. Vi que tinha uma mensagem, e só abri porque vi que havia sido Vick quem tinha mando.

De Vick:
< Pequena você não vai acreditar, to usando aquele celular pequeninho, o reserva. Aconteceu um pequeno acidente com o outro. Por isso to te mandando um SMS. Mas e aí, deu tempo de chegar sem atrasos?>


Sorri ao terminar de ler a mensagem e imaginar qual teria sido o tal “pequeno acidente” que separou Vick do seu objeto mais importante, seu celular. O “acidentado” era o terceiro celular que ela comprava em menos de um ano. Sempre acontecia algo com eles, os perdia, deixava cair dentro d’água ou sofriam quedas desastrosas os espatifando irremediavelmente. Não agüentei, tinha que saber o que tinha acontecido dessa vez. Resolvi perguntar.

De Giulia:
< Vick o que houve com o seu celular? Qual foi o desastre dessa vez?>

Foi uma mensagem curta e rápida de ser digitada, porém alguém se incomodou com isso.

-- Você não pode usar o celular aqui novata. Você está em horário de trabalho e o uso de aparelhos celular está terminantemente proibido. – ela disse parada atrás de mim.

-- Desculpa Verônica. – falei o colocando de volta na bolsa.

Instintivamente, olhei para os lados buscando a prova de que aquilo era mesmo proibido e ninguém ali dentro não fazia uso. Surpreendi-me quando vi que todo mundo tinha o celular em cima da mesa, alguns falavam enquanto sorriam, outros mandavam mensagem assim como eu estava fazendo segundos antes. Eu não queria confrontar e nem me fazer de injustiçada, mas era isso mesmo que tinha acontecido comigo, eu estava sendo injustiçada. Porque somente eu não poderia usar o celular se todo mundo ali usava? 

-- Pode me entregar. – ela disse seca.

-- O celular? – perguntei desacreditada.

-- Isso mesmo! Quando você for embora eu lhe entrego. Isso será a sua rotina, sempre que chegar a empresa baterá a ponto, e depois passar em meu gabinete e entregara o seu celular. Quando for sair da mesma maneira, depois de bater o ponto você o busca.

-- Isso tem mesmo necessidade? – ousei - Eu posso guardar o celular na bolsa, e assim o uso apenas no meu horário de almoço.

-- Não seja petulante! Você não passa de uma novata que ainda terá que se encaixar nas normas da agência. Então não queira subestimar uma superior direta sua.

-- Tudo bem!

Vi que não ia adiantar nada ficar ali discutindo ou questionando os motivos pelo qual somente eu tinha que me encaixar naquela regra. A contra gosto e muito chateada, desliguei e entreguei o aparelho. Ela pegou o meu celular, e sem olhar ou chamar atenção de mais ninguém ela se retirou do setor. Não sei antes pronunciar, em um sussurro “Novata petulante!”.

Pensei em Vick, pensei o quanto ela ficaria preocupada por eu não ter conseguido responder a sua mensagem. Ela pensaria um monte de coisa, e garanto que nenhuma delas seriam boas. Ficaria muito preocupada por eu não ter avisado, sendo que sai de casa atrasada, ou seja, em sua talvez tivesse acontecido algo comigo porque sai de casa que nem uma louca, dirigindo que nem uma demente, e tudo pra não chegar atrasada.

Suspirei e tentei esquecer o acontecido. Caso contrário ficaria remoendo cada vez mais a atitude da loira aguada e consequentemente me sentiria mais injustiçada. Nem fazia mais questão de entender as atitudes dela para comigo, iria ficar na minha e não rebater nada do que ela pudesse falar ou fazer. Se eram as regras da empresa, eu iria me adequar a todas elas sem pestanejar. Depois eu daria um jeito de falar com Vick. Voltei a minha mesa e alguns minutos depois Natália me chamou para darmos continuidade ao projeto que eu iniciei com ela no dia anterior. O lado bom de trabalhar com ela, é que ela aceitava todas as minhas idéias e opiniões, e quando isso acontece, principalmente em um trabalho como o nosso é maravilhoso, porque assim rendemos muito mais. Um consenso é primordial!

Quando eu tentava explorar ao máximo a minha criatividade, Vick dizia que eu me tele transportava para outra dimensão, ficava longos minutos com uma caneta na boca, quase que petrificada, e com a expressão mais séria do mundo. E foi assim, no meu momento exploração que olhei sem querer para Ramon e ele me observava. Quando ele percebeu sorriu, tentou ser simpático e claro galanteador, que nem aqueles sorrisos de comercial de pasta de dente. Envergonhada por ter sido pega nesse momento meu, apenas deu um pequeno e tímido sorriso e baixei a cabeça me concentrando em Natália e no computador a minha frente.

Como previsto, conseguimos render bastante, fazíamos uma boa dupla. Gostei muito de trabalhar com ela. Adiantamos bem o trabalho e com certeza terminaríamos sem extrapolar o prazo que nos foi dado.

Dessa vez ficamos atentas ao horário do almoço, e nos organizamos e dividimos em carros antecipadamente para que não ficasse ninguém para trás por falta de espaço em um dos carros. Natália mais uma vez foi comigo, seríamos somente nós duas, a menina de ontem havia ido em outro carro. Fomos até o elevador. As portas se abriram e ninguém mais ninguém menos do que Alice já estava lá dentro falando ao celular. Entramos e ela nos cumprimentou com um aceno de cabeça.

-- Estão indo para o Veneza? – ela perguntou assim que encerrou a ligação.

-- Estamos sim. – respondi.

-- Será que tem mais um lugarzinho nesse carro pra mim? Estou sem carro hoje, liguei para virem me buscar mas no momento não podem. Tempo pra mim nunca tem. – ela disse baixando a cabeça, quase num desabafo.

-- Claro Alice! Pode vir conosco.

-- Almoço com Alice Vasquez será comédia na certa. – disse Natália sorridente.

Não sei dizer se Natália disse aquilo para animar Alice, ou apenas fez um comentário sem intenção alguma. O importante é que surtiu efeito, Alice sorriu abertamente, e em seguida deu uma piscadinha com o olho direito. Não tem jeito, ela foi feita pra Vick. Tenho que ligar pra ela, dar algum sinal de vida, nem que seja de fumaça.

Quando chegamos ao restaurante, quase não havia mesas desocupadas, estava praticamente lotado, porém, tranqüilo. Encontramos uma mesa próxima a uma janela, bem próxima a escada que dava acesso ao piso superior. Logo fomos atendidas por um simpático garçom, que tive a impressão de cantar Natália. Nossos pedidos não demoraram a chegar, mas eu demorei bastante para terminar de comer, eu não conseguia para de rir das coisas que Alice contava. Ou comia ou ria, os dois resultariam em um engasgo. Alice era muito divertida!

Tínhamos acabado de comer, mas mesmo assim permanecemos na mesa conversando. Natália pediu licença e foi ao banheiro. Permanecemos Alice e eu na mesa, ainda conversávamos quando ela falou uma frase que Vick costumava dizer: “Isso é muito relativo!” – ela costumava dizer isso quando ela estava errada mas não queria admitir. Vick...

-- Alice, queria te pedir um favor, aliás, queria te pedir algo emprestado.

-- Pode pedir, não se acanhe. – sorria facilmente.

-- Será que você poderia me emprestar seu celular? Preciso fazer uma ligação rapidinho e infelizmente estou “proibida” – disse fazendo aspas no ar com os dedos – de usar o meu.

-- Porque está proibida?

-- Verônica o recolheu hoje cedo, disse que era proibido o uso do celular no horário de trabalho, e só irá me devolve-lo quando bater o ponto no horário de saída.

-- Não acredito que ela fez isso! Que mulherzinha mais insuportável. Isso não tem nada haver, e muito menos é regra dentro da agência, tanto que quem encontra com ela ai pelos corredores a vê falando ao celular. Toma, pode usar o meu, não se preocupa não. – ela disse entregando-me o seu celular.

Achei engraçada a sua expressão de enfado ao falar de Verônica.

-- Não tenha pressa ta? Pode falar a vontade, eu só vou ali à mesa ao lado e volto logo.

-- Ta certo. Obrigada Alice!

-- Disponha...maluquinha! – disse isso com um sorriso maroto e se retirou.

Passei uns segundos tentando me lembrar, recordar o número do celular de Vick. Engraçado quando na hora que eu mais precisava da minha memória ela me deixava na mão. “Já sei!”- disquei rapidamente para não correr o risco de esquecer novamente.

-- Alô? – ouvi a sua voz séria do outro lado.

-- Vick?

-- Giulia você quer me matar do coração? O que aconteceu com você? Porque não me respondeu? Onde você estava? Eu estava muito preocupada com você eu lhe liguei umas milhões de vezes e... – nem me deixou falar, me bombardeou com perguntas.

-- Calma Vick. – a interrompi – Uma pergunta de cada vez. Mas tentando responder algumas: Não, não quero lhe matar do coração. Não aconteceu nada, estou bem. Eu não respondi por que estou seu meu celular, ele foi recolhido, não posso usá-lo lá, são regras da agência. Desculpe-me por deixá-la preocupada, mas estou bem não se preocupe. Não posso falar muito ta? O celular é emprestado. Lhe liguei apenas pra avisar que está tudo bem.

-- Tudo bem! Estou mais tranqüila agora. Vou chegar um pouco tarde ta?

-- Será que eu posso...

Não consegui terminar a frase, fiquei paralisada com uma visão. Marina descia sorrindo as escadas, seus cabelos esvoaçantes como se fosse algo proposital. Seus passos eram firmes, o salto alto dava um toque todo especial para as pernas bem torneadas que estavam expostas graças a saia de fenda que ela usava. Meu Deus, que mulher é essa? – me perguntei. Ao seu lado estava a sua secretária, Fernanda. Mas eu nem me importava, olhava descaradamente para ela e somente ela. Podia jurar que eu estava babando.

-- Giulia? Giulia você ainda está ai? Alô?

-- O o oi. Tô...tô aqui sim. Desculpa.

-- O que houve? 

-- Nada.

-- Mentira Giulia! Você está gaguejando. 

-- Desculpa, é que vi uma pessoa lá da agência. – falava enquanto acompanhava a mulher deslumbrante a minha frente andar em direção a saída do restaurante.

-- Quem? Quem tem o poder de fazer a firme Giulia tremer na base a ponto de gaguejar.

-- Ah Vick ninguém não. – cortei antes que me entregasse.

-- Ta certo então. Pequena hoje eu vou chegar um pouquinho mais tarde viu?

-- Ta certo. – agora conseguia me concentrar, Marina já havia saído.

-- E se eu precisar falar com você?

-- Ah Vick, não sei. Só vou estar com o meu celular no final de expediente, antes disso não sei como nos falamos.

-- E de quem é esse número?

-- Da Alice, mas ela não trabalha na mesma sala que eu. – sorri.

-- Se for urgente eu não dispenso. – sorriu também – Tenho que ir aqui pequena. Até mais tarde. Cuidado com as bases pra não acabar desabando diante dessa pessoa ai viu?
-- Ai Vick! – fiquei ruborizada pelo simples comentário. – Um beijo. Até mais tarde.

-- Um beijo. Tchau!

Nossa, eu exagerei! Passei muito tempo na ligação. Liguei só pra dar um pequeno e curto recado e havia extrapolado no tempo. Alice me deu a mão e praticamente pedi o pé. Cara de pau a minha. Deixei o seu celular em cima da mesa, no lugar onde antes ela estava sentada, e em alguns instantes depois o celular começou a vibrar. Eu não queria olhar o nome que aparecia no visor, achei que seria indiscreto da minha parte. Então, olhei para todos os lados fazendo uma breve busca pelo salão em busca de Alice. Não consegui encontra-la, e o celular ainda vibrava desesperado em cima da mesa. Acho que na 3ª ligação, não consegui! Olhei para o aparelho e na tela tinha a foto de uma mulher e escrito amor. Será que esse celular é mesmo dela, e ela namora uma mulher? Lembrei de Vick. Lembrei de Alice. Lembrei das duas juntas. Eu tinha que dar um jeitinho de descobrir se Alice tinha mesmo uma namorada, ou namorado antes de dar continuidade na minha missão cupido para juntar as duas.

-- Desculpa a demora Giulia, fui falar com um pessoal bom de papo e quase não me liberam de lá. – disse sentando. – Cadê a Natália?

Nossa, eu havia esquecido completamente dela. Ela havia saído para ir ao banheiro algum tempo antes de Alice também sair, e até agora ela não havia retornado. Onde será que ela havia se metido? Olhei para os lados e nada dela. O celular voltou a vibrar. Era o momento de obter alguma pista.

-- Ele estava tocando agora a pouco. – disse a olhando enquanto ela encarava o celular em cima da mesa.

-- Ah sim. Só um minutinho.

Notei que ela ficou meio desconcertada quando falei que seu celular já tocava, e acho que passou por sua cabeça que provavelmente eu teria visto que estava lhe ligando. Ela atendeu e falava baixinho ao celular.

-- Oi. Não, estou no horário de almoço. Não posso ficar a sua disposição 25h por dia se você não fica por mim nem mesmo 2 horas consecutivas. Daqui a pouco volto pra JUMP. Tudo bem, eu lhe espero em casa.

Ok! O celular era mesmo de Alice. Ela encerrou a ligação e me olhava como se buscasse as palavras certas a serem pronunciadas. Mas nada falava, ela me olhava com uma ruguinha na testa. 

-- Desculpa a demora gente. – chegou a Natalia no exato momento que tive a impressão de que Alice falaria algo.

-- Você voltou correndo pra JUMP só pra usar o banheiro foi Natália? Não tinha nenhum por aqui não? – disse Alice sorrindo.
-- A gente, eu até fui a banheiro, e foi aqui mesmo no restaurante ta D. Alice? Mas é que encontrei alguém e ficamos conversando.

-- Que alguém? – perguntou Alice.

-- Alguém oras!

Eu apenas ria das duas. Quem será mesmo esse alguém que Natália tinha ficado tanto tempo conversando? Será que tinha sido o garçom? O tempo parecia que tinha passado correndo, a hora de voltarmos havia chegado. Quem vinha ao meu lado no banco do carona dessa vez era Alice, e de soslaio eu vi que seu celular tinha voltado a tocar, ela olhava e não atendia.

Chegamos a JUMP e vi que o carro de Marina já estava lá. Coloquei o carro em minha vaga e subi acompanhada de Natália e Alice, fomos até o banheiro fazer a nossa higiene, e de lá Alice separou-se da gente. Batemos o ponto e fomos para a nossa sala. Quando cheguei ao meu setor nem fui para a minha, fui direto para a mesa de Natália e lá passamos praticamente a parte toda discutindo – no bom sentido – sobre o projeto. Estava empolgada demais com o meu primeiro trabalho na agência. Teria que sair tudo certo, nada poderia dar errado, não no primeiro. Queria mostrar a minha capacidade.

Mais ou menos no meio do segundo turno Marina foi até o setor. Eu paralisei quando a vi entrar, minhas mãos soavam e minha boca parecia seca como se tivesse comido quilos e mais quilos de sal. Todos falavam e a cumprimentavam normalmente, só eu que permanecia com aquela cara de débil, a olhando sem parar e sem mover sequer um músculo. Só conseguia admira-la. Marina se aproximou, parando bem a perto de mim, pra falar a verdade bem do meu lado. Eu podia sentir seu perfume em todo o ambiente, e aquilo mexia demais comigo, quando ela chegou perto de mim eu quase cai da cadeira. Não conseguia controlar nenhuma reação que ela estava causando em meu corpo mesmo sem querer. Ela perguntou como estávamos com o projeto. Ela sempre sorrindo e a sua voz invadindo meus ouvidos como música. Meu coração nunca havia saltado e nem batido tanto em meu peito como naquele momento. Ela tornou a sair da sala em poucos minutos, e o tempo que ela ficou ali me pareceu longo demais, intenso demais. Esvaziei a minha cabeça e voltei a me concentrar em meu trabalho com Natália.

-- Acho que por hoje já deu! – ela disse espreguiçando-se quando o relógio marcou 18hs.

-- Foi bem proveitoso hoje.

-- Com certeza. – ela desligava tudo e guardava seus pertences – Vamos?

Lembrei que Vick havia dito que chegaria um pouco mais tarde em casa hoje, e quando ela dizia isso, ela queria dizer que chegaria quase às 22hs. Eu não estava nem um pouco a fim de ficar em casa sozinha hoje. Preferia ficar mais um pouquinho por ali mesmo.

-- Acho que ainda vou ficar mais um pouquinho por aqui Natália, não tenho nada de tão importante que me faça ir correndo pra casa.

-- Não tem mesmo? – respondi negativamente com um manear de cabeça – Tem certeza? Vai ficar bem ai?

-- Tenho sim. Vou sim. – sorri – Pode ir.

-- Então ta certo. Até amanhã Giulia

-- Até amanhã.

Bati meu ponto no horário certinho e voltei para a minha mesa. Ainda tinha algumas pessoas sentadas em suas mesas, provavelmente terminando algum trabalho. Liguei meu notebook, tentei fazer algo que ocupasse a minha mente, e que fizesse o tempo voar.

Um senhor me interrompeu quando veio ata a sala avisando que precisava fechá-la. Quando cheguei ao estacionamento passava das 21hs. Joguei a minha bolsa no banco traseiro e tentei dar partida no carro. Nada. Tentei novamente. Sem resultado. Só podia ser brincadeira. Uma hora daquela e o bendito carro não queria ligar? Tentei mais uma vez para desencargo de consciência. Nada. Eu não sabia o que fazer, não entendia nada de carros. Tinha que ligar pra Vick. Me estiquei e peguei a minha bolsa no banco detrás do carro. No instante que abri a bolsa para pegar o bendito celular foi que lembrei que eu não havia pego ele com Verônica. Loira aguada! Abri a minha carteira em busca de dinheiro para pegar um ônibus. E? Não havia dinheiro. Eu não gostava de andar com valores altos em minha carteira, sempre andava só com o básico. E hoje tive a genialidade de pagar o almoço em dinheiro. Droga! Eu só estava com o cartão de crédito e débito. 

Sentei no banco do motorista com a porta do carro aberta e as pernas para fora. Estava na tentativa frustrada de ter alguma idéia brilhante.

-- Algum problema ai? – no mesmo instante meu coração saltou.

-- Na..não D. Marina.

-- Ah não. Nada de dona. O que você ainda está fazendo por aqui uma hora dessas.

-- Fiquei fazendo um trabalho meu e acabei esquecendo da vida. – disse me colocando de pé a sua frente.

-- Eu voltei para pegar uns documentos e lhe vi aqui sozinha, achei estranho e resolvi vir perguntar se está precisando de algo. – fez uma pausa e continuou – Precisa?

-- Na verdade, eu acho que preciso de um celular pra ligar pra algum mecânico, pra Vick, algo que resolva o problema do meu carro.
-- Acho que um mecânico a essa hora vai demorar bastante. 

-- Eu posso ligar pra Vick.

De repente ela ficou séria, parecia pensar. Ela colocou a mão na bolsa e estendeu o celular para que eu pegasse.

-- Pode ligar. – ela disse séria. 

Estranhei, mas aceitei. Liguei para Vick e para a minha mais pura sorte estava desligado. Tentei um, duas, três vezes e nada. Mais que droga!

-- Ela não atende. – disse totalmente frustrada e vencida.

-- Eu posso te levar em casa. – ela disse voltando a sorrir.

-- Imagina não precisa. Eu dou um jeito.

-- Nada disso, se você ficar, eu fico aqui com você.

-- Não! – disse mais alto do que pretendia.

-- Então você vem?

Eu perdia meu total controle perto daquela linda mulher. Como eu poderia ficar sozinha em sua companhia? Meu coração estava que nem um louco. 

-- Você vem? – ela insistiu.

Fim do capítulo


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