Nunca corri tão rápido quanto naquele dia. As palavras do homem ainda em minha mente. Eu não podia chegar perto de Izzy com aquela roupa antes de saber se ela era imune ou não. Cheguei em casa e bati na porta, ouvi ela parar com a chave na fechadura e então ouvi a voz dela.

- Quem é? – ela perguntou num tom ameaçador que me fez sorrir.

- Sou eu – falei e ouvi a chave girar na fechadura com pressa – Izzy não!! – falei assustada segurando a maçaneta da porta impedindo que ela abrisse – Amor para, espera e me ouve.

- Charlie – a voz dela estava chorosa – Eu achei que você tava morta também.....eu...

- Pequena para e me escuta – falei calmamente – Eu também estou morrendo de vontade de te abraçar e ver se você esta mesmo bem, mas me escuta agora tá?

- Tá – ela repetiu e eu sentia ela soltar a maçaneta.

- Você já sabe o que tá acontecendo e sobre a doença e o quanto ela é contagiosa certo?

- Certo – ela concordou calmamente.

- Sabe sobre estarem tentando fazer uma vacina....

- Sei – ela repetiu já irritada – Vai logo ao ponto Charlie.

- Tem uma forma de descobrirem quem é imune ao agente, um teste rápido que diz se a pessoa tem o gene que inativa o agente ou não. Fizeram isso com o que tinha sobrado de pessoas vivas no hospital – falei rápido para que ela não me interrompesse – Eu fui testada e descobri que tenho o gene deletério para o agente. Consegui um tudo teste pra testar você também. Acontece que não posso deixar você chegar perto de mim do jeito que eu estou agora. Estou toda suja e as minhas roupas entraram em contato com pessoas doentes, isso é um risco pra você entende?

- Mas então o que eu faço Charlie???? Eu não quero ficar aqui sozinha mais nem um minuto – ela exclamou desesperada.

- Eu preciso que você passe um saco plástico por baixo da porta pra mim sem chegar muito perto da fresta – falei tentando pensar nas melhores formas de fazer o que eu teria que fazer – Vou colocar todas as minhas roupas dentro desse saco e deixar aqui fora. Depois eu vou entrar, mas quero que você vá para o meu quarto antes de eu abrir a porta e fique lá dentro até eu tomar banho. Daí eu vou até onde você está e faço o teste com você. Eu também quero muito te abraçar meu amor, mas essas são precauções que eu preciso tomar, ok?

- Ok – ela respondeu e eu pude ouvir o suspiro – Espera que vou pegar o saco pra você.

Izzy me trouxe um saco plástico de lixo e passou ele por baixo da porta, então disse que estava indo pro meu quarto e me mandou não demorar. Tirei minha roupa com o máximo de cuidado possível evitando tocar muito no tecido de todas as peças. Só então eu entrei em casa, sem roupa nenhuma e segurando o tubo reste e a seringa que eu havia trazido para colher o sangue dela. Corri para o banheiro, lavei bem as mãos e preparei um canto sobre a bancada onde abri a seringa descartável com a agulha e o tubo teste que também vinha em uma embalagem, peguei as embalagens e deixei dentro da pia. Então tomei um banho rápido e detalhista limpando meu corpo o máximo que era possível. Tinha uma toalha limpa debaixo do armário que eu peguei pra me secar.

Sai do banheiro enrolada na toalha com a agulha e seringa montadas e o tubo teste. Fui pro meu quarto e Izzy estava deitada na minha cama quando eu entrei. A primeira coisa que fiz foi correr pra ela, soltei o que estava segurando em cima da cama e então nos abraçamos apertado.

Como eu amo o abraço dela. Tudo o que eu tinha segurado dentro de mim nas ultimas horas; todo o desespero e o sofrimento, o medo e a tristeza, tudo o que eu sentia de ruim pareceu sumir. O abraço dela sempre foi e sempre será o melhor e único remédio pra mim. Depois de me acalmar eu olhei pra ela e verifiquei Izzy notando que ela não aparentava sintoma nenhum só então peguei o teste.

- Sei que você não curte agulhas, mas eu preciso pegar uma amostra do seu sangue.

- É sério isso?? – ela pergunta encarando a agulha com um olhar nervoso.

Segurei o rosto dela com uma mão fazendo-a me encarar e beijei a testa dela.

- Confia em mim, vou ser rápida e prometo que farei de tudo para doer o menos possível.

- Certo – ela falou fechando os olhos e eu sorri.

Me sentei de frente para ela e a puxei pela cintura até ela estar sentada com as pernas por cima das minhas. Abracei ela mais um pouco e beijei seu pescoço parar fazê-la relaxar.

- Fica calma; sou eu pequena – falei pegando o elástico e passando em volta do braço dela perto do ombro; beijei a parte interna do cotovelo dela antes de passar o álcool ali.

Izzy demorou para relaxar, dessa forma, demorou um pouco para que eu conseguisse achar a veia. Mas quando ela realmente se acalmou (depois que eu comecei a fazer carinho nos cabelos dela com uma das mãos) puncionar a veia e colher o pouco de sangue necessário foi fácil. Quando coloquei o sangue dela no tudo e o movimentei para misturar o reagente foi o momento mais tenso de toda a minha vida. A cor que aquilo teria definiria tudo o que eu teria de ser e fazer dali em diante.

- Eu não quero ver – falou Izzy escondendo o rosto no meu pescoço; ainda estávamos sentadas da mesma forma.

- Tudo bem – falei calma a abraçando de volta – Olha, vai dar tudo certo, não importa o resultado disso. Eu vou cuidar de você pequena. Prometo.

- Eu sei Charlie, mas.....e se.....se eu... – senti o corpo dela tremer, ela estava tentando não chorar, quando eu tentei me arrumar melhor para abraça-la direito olhei o tubo.

- Meu amor, vai ficar tudo bem – falei sentindo o maior alivio que já senti na vida; o tubo estava da mesma cor azul escuro que o meu havia ficado quando o teste foi feito em mim – Você não vai ficar doente. Ao menos não por causa dessa coisa louca – completei mostrando o tubo pra ela e sorrindo.

Fim do capítulo