VII – Reencontro
Amor – o amuleto da vida
VII – Reencontro
Os meninos acordaram bem cedo passaram no seu apartamento, arrumaram-se e foram para a faculdade.
Alex dormiu mal, ficou inquieta e estava muito ansiosa para rever aquela que dominava sua mente.
Estela acordou melhor e decidiu ir para aula, chegou um pouco atrasada propositalmente, não queria falar com Théo e sentou bem distante dele. Na hora do intervalo saiu antes de todos e retornou quando o professor já estava ministrando a aula.
Quando a aula acabou Estela não conseguiu fugir de Théo, que passo a manhã toda caçando ela.
- Estela, por favor, pare de correr (chamou Théo já se aproximando e segurando no braço dela em seguida).
- Théo, boa tarde! Não tinha te visto.
- Mentira! Passei todo o período da manhã tentando falar contigo.
- Estou com pressa, preciso ir.
- Para de fugir de mim, só quero te fazer um convite.
- Eu não posso!
- Mas eu ainda nem te convidei.
- Eu preciso mesmo ir embora, depois nos falamos.
- Gata é o seguinte a Alex precisa falar com você, ela quer esclarecer o mal-entendido, te peço, escute o que ela tem para dizer.
- Théo, eu não consigo.
- Meu convite é para vocês irem até meu apartamento, lá podem conversar tranquilamente e o Luiz manda muito bem na cozinha, ele fará um jantarzinho para nós.
- Eu estou confusa com tudo isso, me sinto perdida (revelou com tristeza).
- Mas vocês precisam conversar.
- Eu tenho que ir para casa e saiu andando.
Théo correu atrás dela novamente, puxou Estela e a abraçou. No mesmo instante ela começou a chorar e ficaram abraçados em silêncio por um tempo.
- É tão difícil (lamentou a negra).
- Estela ao menos pense no meu convite, não precisa me dar uma resposta agora, mas saiba que fugir é pior, o melhor é conversar e depois disso você vai se sentir até mais leve.
- Vou pensar e te aviso.
- Vou aguardar sua resposta e a Alex esta muito preocupada contigo.
- Amanhã nos falamos, mas não me pressione, preciso de um tempo.
- ok e se você precisar pode me ligar. Se cuida!
Os dois se abraçaram, se despediram e foram embora.
Depois do almoço, Théo ligou para Alex contou tudo e seguiu para seu estágio.
Estela chegou na sua casa e correu para o quarto, somente lá sentia-se em paz e protegida. No meio da tarde ligou seu celular, viu e leu todas as mensagens de Alex, não respondeu nenhuma. No final do dia estudou alguns conteúdos da faculdade e estava indecisa, queria reencontrar a loira, mas tinha medo.
Alex ficou chateada e decidiu aguardar a resposta de Estela até o final de semana, se ela não concordasse em encontrar com ela na casa dos meninos, na segunda iria até a faculdade a procura da moça. Preferiu não ligar mais e também não enviou nenhum outro torpedo.
À noite as duas mulheres dormiram mal, ficavam recordando sobre o primeiro encontro, o que elas sentiam se intensificava e o sono de ambas foi muito intranquilo.
Na quinta-feira Estela evitou Théo, ainda não tinha uma resposta e nem mesmo sabia o que fazer. No final daquele dia Théo ligou para Alex.
- Prima, tudo bem?
- Théo, tudo e com vocês?
- Estamos bem.
- Primo, você tem alguma novidade?
- Pior que não meu amor, hoje a Estelinha me evitou a manhã toda.
- Vocês poderiam vir para cá ficar comigo?
- Claro. Daqui a pouco já estaremos por ai para te fazer companhia.
- Obrigada! Beijo.
- Beijos e até mais.
À noite o trio resolveu comprar pizza e ficaram assistindo filme. Alex se sentia melhor na companhia dos amigos e eles faziam de tudo para animar Alex.
A sexta-feira chegou, os meninos foram para aula e Alex não resistiu, enviou um sms.
Anjo, bom dia!
Por favor, vamos conversar. Eu só quero esclarecer tudo.
Não fique magoada comigo, não fiz nada por mal e só quero o seu bem.
Tenha uma excelente sexta e um feliz final de semana. Boa aula! Beijos, A.
Estela leu a mensagem na hora do intervalo, aquelas palavras tinham abalado muito a jovem, passou as últimas aulas refletindo muito e decidiu que tentaria falar com Alex.
Após o término da aula, Estela se aproximou de Théo e avisou que queria conversar com o rapaz.
- Estela, você esta melhor.
- Na realidade não e eu quero tentar ao menos conversar com ela.
- Que bom!
- Pode ser hoje à noite?
- Claro que pode. Qual o melhor horário para você.
- Pode ser às oito da noite?
- Sim. Te mando o endereço por mensagem e vamos ficar te esperando.
- Se eu não conseguir ir ligo avisando.
- Estelinha se você não conseguir não tem problema, o mais importante é você tentar e a Alex é paciente, estará a sua espera.
- ok (respondeu receosa).
- Até mais tarde.
- Até.
Os dois se despediram e Théo ligou rapidamente para Alex.
- Alô!
- Alex, você esta sentada?
- Sim, estou e fala logo.
- Estelinha topou, ela vai lá em casa hoje às oito.
- Que bom e quanta felicidade.
- Meu bem tenha calma. Vou trabalhar agora, até mais tarde!
- Beijos e obrigada.
Alex ficou radiante, animou-se e até conseguiu escrever. Reencontrar Estela inspirou muito a loira.
Antes dos meninos chegarem, Alex já esperava por eles em frente ao edifício encostada na sua moto, eles adentraram a garagem e foram para o apartamento.
- Prima chegou cedo.
- Estou muito ansiosa, será que ela vem?
- Vamos ter otimismo.
- Ela não respondeu meu sms.
- Você mandou que horas? (perguntou Théo curioso).
- Por volta das nove da manhã.
- Explicado. Ela ficou toda pensativa após o intervalo que é neste horário e depois quando a aula terminou me procurou avisando que estava disposta a tentar.
- Ainda bem e que eu tenha sorte hoje. Você passou o endereço certinho?
- Sim e até coloquei ponto de referência.
- Ótimo e muito obrigada, vocês são uns amores.
- Prima e essa sacola de presente?
- Uma lembrancinha que trouxe de MG para Estela.
- Uau você esta gamada mesmo nela hein
- Sim estou e quero reencontra-la.
Os três ficaram conversando na cozinha por um bom tempo. Luiz foi adiantando o jantar. Deu oito horas e nada de Estela, que estava dentro do carro já estacionado em frente ao local combinado, porém ela tinha tantas dúvidas e criava coragem.
- Alex, para de andar de um lado para o outro, vai furar o chão da cozinha.
- Cadê ela? Que aflição. Será que ela desistiu?
Uns quinze minutos depois o celular de Théo toca.
- Alô!
- Théo eu estou aqui embaixo (falou Estela muito nervosa).
- Já estou descendo gata, rapidinho viu. Beijo!
Théo desceu e Alex ficou sentada aguardando, após alguns minutos seu primo entra na sala acompanhado de uma Estela cabisbaixa. Já Alex estava muito feliz em revê-la.
- Estela senta e fica a vontade.
- Obrigada!
- Vou deixar vocês conversarem, estarei na cozinha ajudando o Lu. (Théo piscou para Alex desejando boa sorte e saiu em seguida).
O silêncio se instalou por alguns segundos na sala. Alex olhava para Estela, que fitava o chão.
- Estela, boa noite!
- É, boa... Boa noite! (falou vacilante e olhando receosa para a loira).
- Tudo bem com você?
- Não, nada bem.
- Agradeço por você ter vindo aqui hoje e eu te quero bem. Em momento algum imaginei a confusão que tinha causado, quero te pedir minhas sinceras desculpas.
- A culpa não foi sua, eu que fui burra.
- Não diga isso, você apenas confundiu às vezes isso acontece.
- Você estava de camiseta larga, bermuda masculina, boné e tênis. Não usava nenhuma maquiagem. Acabei pensando que você era um homem. Naquele dia nem sonhava que na realidade você é uma mulher.
- O Théo me contou. Deixa eu te explicar: meus amigos me chamam de Alex, nas baladas sou conhecida por DJ Alex e por isso me apresento desta forma. Quero esclarecer que não fiz por mal.
- Por que fiz essa confusão enorme?
- Estela eu sinto muito e gostei tanto de ti.
- Até agora não entendo porque não percebi.
- Você é tão linda!
- Estou com raiva da minha ignorância, como fui tola e estou muito confusa.
- Ei conversa comigo, estou aqui e posso te ajudar a lidar com todas as suas dúvidas.
- Desde segunda quando eu soube só sei sofrer.
- E eu desde segunda sinto sua falta, você parou de me atender e não respondeu minhas mensagens. Fiquei muito preocupada.
- Melhor esquecermos tudo isso que aconteceu.
- Como esquecer se foi maravilhoso e na quinta você também estava gostando.
- Eu não sou sapatão! (falou Estela com voz alterada e apavorada abaixando a cabeça).
No mesmo instante Alex ficou aterrorizada com o que ouviu e lembrou-se das palavras da sua querida amiga Rafa “não será nada simples, tem questões que precisam ser resolvidas e você vai precisar ter muita paciência com a Estela”.
- Anjo, respira e fica calma!
Ao ouvir a palavra “Anjo” Estela olhou para Alex e começou a chorar como uma criança. Alex correu para o seu lado e aninhou sua menina em seus braços. As duas choraram juntas e ambas precisavam daquele abraço. Quando Estela estava mais calma, Alex resolveu que o melhor seria jantar e depois continuar a conversa.
- Estela vamos jantar e depois continuamos.
As duas mulheres foram para a cozinha e os meninos aguardavam sentados.
- Vamos jantar? O cheiro esta ótimo! (falou Alex chamando a atenção dos dois).
- Sim vamos já esta tudo pronto e seja bem vinda Estela (falou Luiz).
- Obrigada e o Théo fala muito bem da sua comida.
- Modéstia parte eu mando bem na cozinha. Mas vamos fazer assim você experimenta e diz sua opinião. Combinado?
- Sim combinado, só preciso ir ao banheiro lavar meu rosto antes.
- Eu te mostro onde fica (ofereceu Luiz).
Assim que os dois saíram, Théo correu para o lado da prima.
- Que vocês duas choraram eu já percebi, mas quero saber se conseguiram se acertar?
- Ainda não, foi bem tenso, vamos comer e depois volto a falar com ela.
O quarteto jantou, os meninos faziam um ou outro comentário banal e até arriscavam alguma piada, pois queriam melhoras o animo das meninas. Elas até tentavam se animar, mas quando trocavam olhares a insegurança delas era evidente.
Depois do delicioso jantar e da sobremesa, Estela decidiu que era o momento de elogiar.
- Luiz sua comida é de fato muito gostosa, o Théo estava certíssimo quando falou bem dos seus dotes culinários. Parabéns!
- Linda, que bom! Fico feliz que você tenha gostado.
- Théo também agradeço o convite.
- Flor nem precisa agradecer, deixa disso e pode voltar sempre que quiser.
Os quatro ficaram em silêncio, Alex aproveitou a deixa para falar.
- Estela, podemos voltar para a sala e continuarmos nossa conversa?
A outra apenas acenou com a cabeça em sinal positivo. As duas retornaram para a sala e sentaram em sofás diferentes, uma de frente para a outra.
- Estela o que você foi fazer naquela balada? (perguntou Alex com cautela puxando assunto).
- Um amigo da faculdade me chamou e fui dançar. Ele acabou conhecendo um rapaz e me deixou sozinha até você aparecer.
- Antes de chegar lá você sabia que era uma boate LGBT?
- Sim e lá foi a terceira vez que fui numa balada assim.
- E você gostou?
- Sim. Nas últimas vezes que fui também foi para dançar. Eu bebo bem pouco.
- Se você já soubesse naquele dia que sou uma mulher, não teria me beijado? (perguntou Alex com muito medo da resposta).
- Não.
- Por quê? (perguntou Alex com a voz embargada).
- Eu já te disse não sou como você. (respondeu muito triste).
- Estela fique tranquila, não precisa surtar por ter beijado uma lésbica por engano.
- Você não entende. Eu não sou assim, não consigo e nunca tinha beijado uma mulher, foi um erro.
- Um erro? (Alex começou a chorar).
- Desculpa, não quis te ofender, eu só não podia ter feito aquilo.
- O que você chama de erro foi muito importante para mim, eu adorei e gosto muito de você. Se você olhar nos meus olhos e disser que para você foi ruim, que eu não signifiquei nada e que não quer mais me ver. Eu paro de te ligar, não te mando mais mensagens e nunca mais te procuro.
Estela não esperava ouvir aquelas palavras. Observou os olhos claros de Alex e viu lágrimas escorrerem por eles. Aquilo foi terrível para ela. Nada disse, apenas abaixou a cabeça e voltou a chorar.
Alex se aproximou da outra e pegou em suas mãos tentando transmitir coragem.
- Por favor, diz algo.
- Eu não consigo falar o que você pediu e eu não sou uma pessoa ruim. Mas eu não sou forte como você.
- Anjo, eu tenho paciência de sobra. Posso esperar o tempo que você precisar. Deixa eu te ajudar a lidar com seus conflitos (falou suplicante).
- Eu quero somente minha paz de volta e só vou ter se você sair da minha vida na mesma velocidade que surgiu. (comentou entristecida).
Alex analisou Estela e esmoreceu, não aguentava ver a outra daquele jeito tão triste.
- Estela, se é para o seu bem eu o faço, não suporto te ver chorando. Se um dia você mudar de ideia, por favor, me procure, estarei ao seu dispor.
A loira levantou pegou a sacola de papel e colocou nas mãos de Estela.
- É a lembrança que eu trouxe de Minas para você.
- Eu não posso aceitar.
- Por favor, leve contigo, comprei com muito carinho e foi um prazer ter te conhecido.
Estela nada respondeu, só sabia chorar.
- Anjo, não se torture tanto, busque a sua felicidade.
Essas foram às últimas palavras de Alex naquela noite, depois depositou um beijo na testa da negra. Aquele gesto de respeito e afeto não passou despercebido por Estela. Nunca ninguém tinha feito algo tão belo e grandioso para ela. Alex era um ser incrível, mesmo depois de uma recusa continuava atenciosa e altruísta.
As duas mulheres estavam desoladas. Estela agarrou a sacola e saiu correndo dali. Théo e Luiz ouviram a porta bater e correram para a sala. Alex estava encolhida no sofá soluçava em um pranto indescritível.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 17/06/2016
Oi.
May.
O medo. A insegurança. A negação.
Tudo normal. Sentimentos meio a tempestade.
Mas sempre vem a bonança.
Vamos esperar.
Beijos.
Resposta do autor:
Oi, verdade é um momento bem delicado. Eu senti muito medo e insegurança, a negação então foi bem difícil, mas felizmente o tempo passa, nos tornamos mais fortes e nos aceitamos ;) Beijos
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lucy
Em: 30/01/2016
Enfim a difícil conversa, mas as portas ficaram abertas da parte de Alex
Acredito que Estela vai refletir ....sofrer......chorar.....relutar,
e vai ver as coisas de uma outra forma, tomara néh ?
Triste, autora tá bem legal o Conto mesmo esse capítulo sabor limão.
Bjs e Nota Mil , Mil estrelinhas 🌟
Resposta do autor em 30/01/2016:
Olá! Lucy, muito obrigada e adorei as estrelinhas =D
Sabor limão kkkkkkkk
Beijos e abraços, May.
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paulaOliveira
Em: 25/12/2015
Fã da Alex..
Resposta do autor em 25/12/2015:
Paula, somos duas rs
Beijos e abraços, May.
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Catarina
Em: 25/12/2015
Tadinha da Alex. A Estela também gosta dela. Não vejo a hora delas se entenderem. Não é fácil mas também não é impossível. Até me emocionei com este capítulo. Bj
Resposta do autor em 25/12/2015:
Catarina,
Foi complicado escrever e também fiquei emocionada.
Beijos e até breve!
May.
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Mille
Em: 25/12/2015
Aí May chorei tanto por Alex como pela Estela.
Alex é uma fofa quando a Estela perceber vai correndo atrás dela.
Bjus
Resposta do autor em 25/12/2015:
Mille, foi tenso escrever este capítulo. Alex não merece né, sou fã dela rs
Beijos e até +
May.
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