Capítulo 9 – Conflitos
Mas, com o tempo, a diferença entre nós duas começou a se fazer presente nas nossas opiniões sobre as coisas. Pra ela: eu era séria demais porque não estava sempre zoando ou brincando. Pra mim: ela ignorava certas coisas que tinham que ser assuntos sérios.
Eu sempre odiava quando ela tocava no assunto da nossa diferença de idades; sempre me fazia sentir que não era para ela estar comigo. Porque eu era velha demais; porque por conta dessa diferença eu acabava tendo que ser muito mais séria; porque só gente da idade dela conseguia acompanhar a energia que ela tinha pra fazer o que queria.
Eu nunca pensei que pudesse discutir e brigar tanto com alguém e continuar a querer essa pessoa por perto.......e continuar a amar essa pessoa. Mas era assim. Mal tínhamos discutido, implicado, brigado, falado coisas idiotas e tudo o mais, mal acabávamos isso e parávamos de nos falar eu já me sentia completamente triste e arrependida de tudo. Cada palavra rude, cada argumento ofensivo.....já não importava mais o que havia sido o motivo da discussão, nem se eu estava certa ou não, eu me arrependia de ter discutido.
O pior é que na maioria das vezes eram motivos bobos (não tão bobos na hora, mas que depois me faziam pensar que não havia tido necessidade nenhuma de termos brigado por aquilo). O grande problema é que éramos duas grandes cabeças-duras que não conseguiam abrir mão de estar certa sobre algo e isso sempre fazia com que algumas coisas nos fizesse discordar.
Eu sempre passava os dias com um jeito insuportável e intragável quando uma dessas discussões acontecia por telefone, mensagens ou logo antes de eu sair para trabalhar. Poderiam até confundir com TPM de tanto que eu me tornava direta e grossa com as pessoas. E com o passar do dia eu começava a me tornar apática e triste, deixava os outros falando sozinhos e coisas assim; ficava sempre com o olhar longe e distraído quando não estava atendendo algum paciente.
Mas eu sempre pedia desculpa. Depois de tudo era a primeira coisa que eu dizia a Izzy quando chegava em casa ou quando a irritação sumia depois da briga. Eu pedia perdão e ela também e nos perdoávamos e ela sorria pra mim e estava tudo bem de novo. Chegava a ser interessante como isso era rápido quando apenas nos afastávamos indo uma pra cada canto do apartamento. Minutos depois de nos afastarmos já estávamos indo atrás uma da outra pedindo desculpas.
A melhor coisa de tudo era o sorriso sincero que ela dava pra mim depois de nos desculparmos. Aquilo fazia com que eu ganhasse meu dia. E eu ficava ainda mais feliz quando depois daquele sorriso eu ganhava um selinho que nunca era só um selinho.
Em menos de um mês minha vida toda girava ao redor dela. Eu só estava feliz se ela estivesse feliz, eu sorria por causa do sorriso dela, eu ria das piadas idiotas, eu podia simplesmente ficar olhando o rosto dela por horas e nunca me cansaria disso. Porque a coisa mais linda do mundo pra mim era ela, o sorriso dela, o jeito dela, tudo nela.
Eu amava quando ela deitava no meu colo e eu podia sentir aqueles fios macios escorrerem por entre os meus dedos. Eu amava ver a expressão relaxada e contente dela quando eu fazia isso e ficava ali mexendo no cabelo dela e fazendo cafuné. O sorriso dela nessa hora era uma das coisas mais fofas que eu conheço. Discreto, meio de canto de forma que um dos cantos da boca dela ficava mais repuxado do que o outro. Esse sorriso sempre me dava vontade de beijá-la.
Outra coisa que eu adorava era provoca-la com cócegas. Izzy sentia cócegas em praticamente todo o corpo e isso me dava uma vantagem enorme por que eu não sinto cócegas em lugar nenhum. O que eu mais gostava de fazer era apertar a ponta dos dedos entre as costelas dela. Na maioria das vezes eu fazia isso quando estávamos na cama assistindo algum filme ou coisa do tipo. Ela se contorcia e rolava na cama e eu a segurava puxando-a de volta pra perto de mim quando ela tentava correr e caíamos na cama e eu não parava com as cócegas e ela não sabia se ria, se gritava comigo ou se corria pra longe.
Quando eu achava que já era hora de parar caía sobre ela abraçando-a por trás (isso porque ela sempre tentava correr e eu a puxava de volta sem virá-la). Assim que minhas mãos paravam ela começava a inspirar profundamente de um jeito aliviado tentando recuperar o fôlego. Nessas horas eu ficava de frente para o pescoço ou a nuca dela; por algum motivo eu tinha um fraco enorme pela nuca dela. Só de ver aquele pedaço dela descoberto e tão perto de mim eu perdia o foco.
Antes de notar já estava beijando aquela região sentindo o cheiro dela. Izzy sempre se arrepiava com isso; só não a deixava pior do que quando eu beijava e mordia a orelha dela. Quando eu fazia isso ela ficava completamente fora da realidade, estremecia, suspirava e até gemia baixinho. Mas eu gostava era do pescoço dela; adorava esfregar a ponta do nariz de leve naquela região pra sentir o corpo dela tremer enquanto eu sentia o cheiro da pele dela.
Izzy tem um cheiro.......característico. É uma coisa só dela. Não falo de desodorante ou perfume nem nada do tipo. Falo do cheiro natural da pele dela, às vezes até um tanto misturado com suor. É o cheiro dela, do corpo dela e eu sempre amei sentir ele.
Mas tem uma outra coisa que eu amo mais do que sentir o cheiro da Izzy......é sentir as mãos dela, o toque dela. Eu posso ficar cega e surda, mas nunca na vida eu seria incapaz de identifica-la com ela me tocando, nunca vou conseguir confundir aquele toque. Também nunca vou poder esquecer a sensação que ele me causa.
Sentir as mãos dela percorrendo meu corpo (mesmo por cima das roupas) causa arrepios pela minha coluna. Sinto um formigamento sempre que ela me toca, como se o toque da Izzy deixasse um rastro pela minha pele. Mas o que mais mexe comigo são as mãos dela em contato direto com a minha pele me segurando de forma possessiva e me puxando pra ela.
Certas vezes penso em como foi que nós nunca........fomos até aquilo...... Nunca passamos dos beijos e dos toques mais simples. Não que faltasse vontade, acho apenas que nenhuma de nós duas estava pronta ainda. Mas ainda assim dormíamos juntas, muitas vezes com pijamas realmente curtos ou só com camisas largas.
Antes da Izzy eu costumava ter insônia nas noites que não vinham após um longo dia de trabalho. Com Izzy eu descobri um jeito perfeito de me fazer dormir. Deitávamos juntas, sempre uma de frente para a outra, se eu não dormia vendo ela adormecer eu só precisava colocar a mão por dentro da camisa dela e traçar com a ponta dos dedos o contorno das tatuagens que ela tinha desenhadas nas costas. Eram os desenhos de duas asas saindo das costas dela; só as primeiras pontas de penas com o desenho da pele em volta se abrindo para dar passagem ao resto. O contorno delas eram coisas muito suaves, a leve transição de onde a pele foi preenchida com tinta; era algo que nem toda pessoa conseguiria sentir.
Eu sentia, e com a ponta dos dedos traçava aqueles contornos fracos. Não demorava muito tempo comigo fazendo isso que logo o calor e o cheiro dela junto com o som da respiração tranquila de Izzy me fizesse cair no sono.
Fim do capítulo
Pequenos imprevistos me impediram de atualizar ontem, mas aqui está
;]
Comentar este capítulo:
Ana_Clara
Em: 09/07/2016
Essa fase onde existem brigas, mas no final a reconciliação vem com um gostinho de torta de morango é mara. E quando essas duas estiverem prontas para o grande momento, aí sim, tudo mais lindo e intenso.
Resposta do autor:
Gostinho de torta de morango? kkkkkkkk
;]
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Mag Mary
Em: 24/12/2015
Como o amor é lindo, não é preciso muita coisa pra ser feliz somente a pessoa que se ama verdadeiramente.
Bjus
Resposta do autor em 24/12/2015:
Tem razão, qnd se tem a pessoa q se ama isso é o bastante pra fazer tudo estar em seu lugar, mesmo que o mundo esteja de ponta cabeça
;] bjs
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