O depois não foi tão depois assim. Eu não lembro direito, acho que por conta da confusão na minha mente e do fato de eu ter ficado.....anh.....acho que completamente boba é uma expressão boa o bastante. Pois bem, eu estava tão boba com aquilo tudo que não me lembro realmente qual foi a conversa que nos levou àquilo. Só sei que numa hora estávamos lá, deitadas uma de frente para a outra depois de comermos, e na outra ela estava sorrindo pra mim e perguntando: “Quer namorar comigo?”.

Não preciso nem dizer que aceitei na hora não é? As primeiras semanas foram as melhores da minha vida; era tudo perfeito. Nós ainda éramos discretas em público, principalmente por minha causa, mas em casa vivíamos abraçadas e distribuindo selinhos. Um dos poucos lugares em que brincávamos um pouco mais era na academia. Geralmente enquanto treinávamos do nada Izzy pulava nas minhas costas dando risada e se agarrava à mim para não cair. Eu adorava essa brincadeira apesar de acabar com as minhas costas sempre que ela fazia isso, era uma forma perfeita de ter o cheiro dela em mim.

Izzy sempre foi um “espírito livre”, a grande alegria dela era fazer o que quisesse quando quisesse. Eu já havia notado isso antes, mas.....nunca achei que isso pudesse nos atrapalhar; eu nunca quis prendê-la, nem a mim, nem a nada. Eu queria que ela estivesse comigo por vontade própria, mas também queria que se fosse assim que ela estivesse apenas comigo.

Eu sempre me perguntei o porque dela ter se interessado em mim pra começo de conversa. Eu era o completo oposto dela. Enquanto ela passava seus momentos livres jogando vídeo-game eu estava estudando casos e revisando livros, enquanto eu agia sendo a adulta e a séria ela era a criança brincalhona. Eu sempre amei isso nela, o fato de apesar de tudo ela continuar sendo uma “criança”, eu só não conseguia ser assim porque eu nunca cheguei a ser uma criança de verdade.

Lembro das nossas brincadeiras em casa, as vezes ela estava jogando concentrada e eu estava num momento de tédio e ficava encarando-a. Izzy fazia expressões hilárias enquanto jogava, mas o que eu mais gostava era a expressão de esforço que ela fazia. Mas em alguns dias apenas olhar ela não era o bastante então eu sentava no chão ao lado dela e começava a provoca-la. Ela estava lá sentada no sofá com as pernas encolhidas e os pés sobre o estofado e eu, só por brincadeira, começava a segurar os dedos dos pés dela; um por um e ia passando de um para o outro.

Ela escondia o pé quando eu começava e isso só me fazia sorrir e colocar a mão por debaixo das pernas dela até agarrar o pé dela de novo e era nessa hora que ela desistia do jogo e se jogava em cima de mim no chão me mandando largar o pé dela. Minha resposta era sempre a mesma: “Mas eu adoro seu pezinho, ele é gordinho e fofo”. Isso só provocava uma cara emburrada nela que logo depois estava mostrando a língua pra mim e eu não conseguia mais parar de rir.

O que eu adorava mesmo era do beijo que vinha depois dela me encarar por algum tempo. Era depois de dias como esses que eu deitava para dormir e pensava: “como foi que essa garota louca e incrível veio parar na minha vida?”. Eu não precisava das respostas, só saber que ela estava ali nos meus braços me dando boa noite já era o bastante pra mim.

Fim do capítulo