Capítulo 23
As Cores do Paraíso -- Capítulo 23
Depois de uma noite chuvosa, o dia amanheceu lindo! O céu estava limpinho, o sol brilhando, e uma brisa gostosa vinha do mar. Era inverno há um bom tempo, mas ainda assim o calor teimava em não abandonar, Recife estava desconfortavelmente quente naquela época.
Gabriela e Larissa saíram para dar uma volta pela praia. A empresária ainda teria que passar em casa para trocar de roupa e pegar alguns documentos, antes de ir para a construtora. Mas mesmo assim precisava desse momento de puro relaxamento.
-- Tem tantas coisas que não compreendo, amor - soltou da mão de Gabriela e abaixou-se para pegar uma estrela do mar que ia e vinha com as ondas.
-- Como por exemplo? - Gabriela observava a ruiva limpar o animal marinho.
-- O céu e o inferno. É difícil de entender.
-- Escuta amor. Atacado na própria honra, o samurai teve um acesso de fúria e sacando da bainha a sua espada, berrou:
-- Eu poderia matar-te por tua impertinência!
-- Isso é o Inferno - respondeu o Mestre
Espantado por ver a verdade no que o mestre dizia, o samurai embainhou a espada e sorriu, fazendo-lhe uma reverência...
-- E isso é o Céu - disse o Mestre.
-- Entendeu?
Larissa fez um gesto de mais ou menos com a mão. Gabriela apontou para a estrela que Larissa segurava.
-- Ela está viva e você a está matando deixando-a fora da água. Isso é o inferno...
A ruiva desesperada jogou o animal de volta na água.
-- Desculpa estrelinha. Pronto amor - sorriu envergonhada - Acho que ela está salva agora.
-- Isso é o céu.... Tanto o céu como o inferno podem se tornar uma realidade em nossas existências, ambos de acordo com nossas atitudes. Em nós e conosco - tocou o peito de Larissa com a ponta do dedo -- Trazemos o céu e o inferno, ou seja, cada um, tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça.
Larissa tomou as mãos dela entre as suas, levou-as à boca, roçando-as nos lábios.
-- Me envergonho tanto de um dia ter pensando em destruir esse paraíso - olhou o imenso mar azul e depois para o local aonde sonhou construir o seu condomínio luxuoso - Parece um sonho tão idiota, agora.
-- Todos podem e devem sonhar. O que não podemos é na ânsia de os realizar, passar por cima de outras pessoas. O seu sonho era o nosso pesadelo.
-- Me perdoa?
-- Nem lembrava mais disso - pegou na mão da ruiva e continuaram a caminhar - Agora a gente tem que pensar em uma maneira de aproximar a Tali e a Alice. A minha amiga anda tão deprimida. Tadinha. Estive pensando em raptar a Alice e....
Apreensiva, Diane Blanche parou diante da mansão de número 48 de um condomínio fechado, repleto de seguranças e casas elegantes.
Observou a mansão branca, meia fosca, de três andares. Cercado por muros altos e câmeras de vigilância. Tocou a campainha e esperou. Minutos depois uma voz falou pelo interfone.
-- Boa tarde. O que deseja? - Uma mulher perguntou.
-- Meu nome é Diane Blanche. Tenho um encontro com Laura Simões.
Ouve uma pausa de alguns minutos. Até que o enorme portão de aço foi aberto automaticamente.
Diane percorreu o longo caminho que dava até a porta da mansão. Uma senhora que imaginou ser a mesma que lhe atendeu pelo interfone, estava parada na porta.
-- Siga-me, por favor - falou seca, mas educadamente.
Ela seguiu a mulher por entre os corredores, até chegar à sala principal. Aquele lugar mostrava uma riqueza infinita. Elegância, sofisticação, pompa, luxo, beleza, requinte e glamour, assim Diane definiu o ambiente e as pessoas.
Assim que entrou na sala Diane foi recebida por Laura.
-- Boa tarde Diane - a jovem pegou na mão da curadora e a levou até o casal de meia idade que estavam sentados no sofá maior - Esses são meus tios, de quem lhe falei. Senador Davi Simões e Denise Simões.
-- Muito prazer Diane -- O senador levantou e cumprimentou a francesa com um rápido aperto de mão.
Segurando um copo de bebida, ele caminhou até a janela, olhou para fora e retornou sorrindo.
-- Gosta de política Diane?
-- De política sim. De políticos não - foi sincera.
O senador deu uma gargalhada.
-- Gostei de sua sinceridade. Acho que faremos uma ótima parceria, Diane - sacudiu um sininho e a governanta retornou à sala.
-- Por favor, sirva-nos com champanhe, Maria. Tenho uma longa conversa com a madame Diane - sentou novamente ao lado da esposa - Vou começar contando-lhe a história de meu falecido filho, depois, farei uma proposta que considero irrecusável - Ajeitou-se no sofá e iniciou a narrativa.
-- Davi Junior era...
No Paraíso.
Talita lavava a louça e Gabriela secava.
-- Acho melhor não, Gabi. Cada vez que você tenta me ajudar...dá merd*.
-- Dessa vez vai dar certo Tali. Vai ser o plano perfeito.
-- Sei não...
-- Confia em mim. Já tenho tudo esquematizado em minha cabeça -- deu uma volta completa pela sala com o pano de prato no ombro e um sorrisinho de canto de boca.
-- Sei não... -- falou receosa.
-- Vamos começar com um planinho simples. Um luau aqui próximo a casa. Toda mulher fica derretida com um chamego desse. Vai por mim.
Talita achou a ideia legal. Até que podia dar certo.
-- O que vai ser preciso para esse tal de luau?
-- Libera uma grana pra mim comprar alguns comes e bebes, o resto a gente mesmo prepara.
-- Sem grana...-- sacudiu as mãos cheias de espuma -- Estou falida.
-- Cara, você parece aquele Turco, o seu Nassib que resolveu ser generoso e, quando saiu da boate, botou no bolso do porteiro alguma gorjeta e disse: -- Este é para o senhor tomar uma uisquinho. O porteiro, com medo do turco se arrepender e tomar de volta, botou a mão no bolso. Eram duas pedrinhas de gelo.
-- Dá essa força, Gabi. Eu faço café por um mês - lavou a última louça e secou as mãos.
-- Aí já ficou interessante! - Jogou o pano de louça nos braços da amiga e encostou-se no armário - Liga para a Alice e convida ela para vir aqui amanhã à noite. Vamos aproveitar esse calor que está fazendo.
-- Tá, vou ligar agora mesmo.
-- E eu, vou ligar para a mãe Luísa. Ela é fera nisso e com certeza vai ajudar a gente.
-- Beleza... - Talita pegou o celular e imediatamente ligou para Alice.
Na mansão da família Simões.
O senador Davi Simões terminava de contar o que havia acontecido com seu único filho.
-- E foi dessa forma que perdi meu filho.
Diane não dizia nada, não se atreveu a nenhuma pergunta. O político não parecia triste, parecia revoltado, carrancudo, talvez. Era uma reação estranha para quem havia perdido seu único filho a tão pouco tempo. Denise permaneceu calada durante todo o tempo em que o marido falava. Essa sim, mostrava na face quase doentia, as marcas de todo sofrimento da perda. Dor de mãe. O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo. Ele não obedece lei ou piedade, ele ousa todas as coisas e extermina sem remorso tudo o que ficar em seu caminho.
-- Algum tempo atrás mandei dois de meus funcionários seguirem os passos de minha neta. Estava procurando uma maneira de traze-la para junto de nós para que possa ser curada.
-- Curada? - Diane perguntou admirada - Ela está doente?
-- Sim, a homossexualidade é um distúrbio psicológico. Ela precisa passar por um tratamento.
-- Tratamento? - A francesa não acreditava no que estava ouvindo.
-- O tratamento vai desfazer os bloqueios que a levam a ser homossexual.
A curadora segurou o riso, apertando os lábios. Aquele homem só podia ser louco. Pensou.
-- E o senador acha que vai conseguir convencer a garota a isso? O senhor realmente não conhece a sua neta - nem em mil anos conseguiria. Sorriu com o pensamento.
-- O tio sabe que não conseguirá convence-la por bem - Laura que não havia pronunciado uma só palavra até aquele momento, falou com cumplicidade - Mas temos armas poderosas. Não é tio?
-- Sim. Você não imagina a nossa surpresa madame Diane. Quando meus funcionários me trouxeram a notícia de que Samanta, a assassina e mãe de minha neta, dada como morta pela polícia, na verdade, está vivinha da Silva. E vivendo tranquilamente na praia do encanto, como se fosse Munique Rossi.
Diane estava estupefata. Os olhos arregalados mostravam o tamanho de sua perplexidade.
-- Isso é realmente incrível...
-- E será usando dessa informação que farei com que minha neta venha para nós por livre e espontânea vontade.
-- Fazendo chantagem, o senador quer dizer. Isso para mim não se chama livre e espontânea vontade. Muito pelo contrário. É cruel, desumano.
-- Vou concorrer à presidência madame Diane - caminhou pela sala e parou diante da curadora - O Estatuto da Família e a cura gay são projetos de lei encabeçados por meu partido. Como posso propor a cura aos demais, se não consigo curar nem a minha própria neta?
Diane sentiu náuseas. Aquele homem era tão egoísta que se pudesse faria sex* consigo mesmo.
A frase do notável escritor latino Plauto, "o homem é o lobo do próprio homem", ou seja, que, no estado natural, todos se opunham contra todos, que a lei era a dos mais fortes e que o restante era subjugado à força, sem direitos e com o ônus de produzir a subsistência dos mandantes.
Numa certa época (que ninguém foi capaz de precisar quando) um pacto foi criado para proteger os mais fracos. Foi assim que surgiu o Estado. O pacto firmado resolveria de vez as divergências e permitiria à sociedade evoluir. Tudo, porém, estaria resolvido se o Estado garantisse de fato uma paz duradoura entre os homens. Mas o que é esse Estado? Do que ele é constituído? De homens como Davi Simões?
-- Entendi tudo o que me falou senador. A não ser qual será o meu papel nessa perversidade.
O senador sorriu.
-- Não seja tão descomedida, madame. Lhe chamei justamente para amenizar a situação. Sou um político e como todo político, dou e recebo sempre em troca de algo - encheu quatro taças com champanhe e distribuiu aos presentes na sala - Agora vou explicar o porquê de minha oferta tão generosa.
No Paraíso.
Luísa carregava a caixa de ferramentas até o local aonde iriam instalar uma tenda. Gabriela e Talita caminhavam ao seu lado. As duas garotas não paravam de falar um minuto.
-- Mãe Luísa. -- Quem é a mãe do mingau?
-- Não sei filha.
-- A mãezena. E a avó do mingau? A véia Quaker.
-- Vamos montar a tenda aqui - Luísa colocou a caixa na areia.
-- Aqui mãe? - Gabriela colocou as duas mãos na cintura e examinou ao redor - Pensa Talita se der uma ressaca... - caiu na gargalhada, imaginando a cena - E arrastar todas as coisas, inclusive vocês duas para o mar... Se estiverem peladas então...Kkkkkk...
-- Gabi. Meninas boas vão para o céu, meninas más... vão para qualquer lugar! - Luísa ria da filha.
-- Olha só Luísa, o que eu tenho que aguentar.
-- Não liga Talita - Luísa mostrou a língua para a filha - Criançona.
Depois de muitas broncas de Luísa, finalmente começaram a montar a tenda para o luau da Talita. A garota estava nervosa, mas feliz. Vai que desse certo.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
lucy
Em: 21/01/2016
Torcendo muito pra corretora , não
Cair nessa arapuca e avisar o perigo
Pra Gaby e às mães.....affz esse véio
É um asno e essa sobrinha concorda
a mãe acredito que é mais branda deveria
Até saber que o filho era gay e nem deve
Concordar com essa loucura do marido
Imaginar a Gaby nas mãos desse doido.dá
Pena..,
O plano do luau é bacana. tonara que Alice seja
Conquistada....se Nanda aparecer aí estraga tudo
Kkkk mas ia ser Ilário...
Bjs
É comecei cedo a leitura rs ,boa quinta pra vc
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