Pra ajudar a imaginar as personagens vou deixar os nomes das atrizes que eu as imagino:
Marcela - Ruta Gedmintas (Na aparência de Frankie, Lip Service)
Luíza - Deborah Ann Woll
Giovana (só é citada no capítulo, mas quis dar um rosto à ela) - Rose Leslie
1 - A bebedeira do século
Era sábado de manhã, acordei desorientada, sem noção nenhuma de onde eu estava, minha cabeça latej*v* loucamente, o estômago totalmente embrulhado e a garganta mais seca que o deserto do Saara. Minha última memória da noite anterior: Ter que virar 5 doses de Absolut depois de perder uma aposta qualquer
- Essa noite foi louca - pensei rindo, tentando resgatar meu senso de humor mesmo em meu estado deplorável de ressaca.
Me estiquei na cama desconhecida, tentando espantar a preguiça, até que senti algo macio à minha esquerda, dei uma espiada embaixo do edredom e sorri vitoriosamente.
- Isso aí Marcela, nem trêbada você para de marcar gol.
Me aconcheguei ao corpo da desconhecida que estava de costas para mim, vestida em uma camiseta larga, pelo pouco que deu pra ver ela era bem o meu tipo: ruiva (não vou nem começar a escrever sobre a queda gigantesca que tenho por mulheres ruivas ou a história vai ficar mais longa que as crônicas de nárnia).
Escutei a ruivinha gem*r e bocejar
- Bom dia linda - disse com meu melhor sorriso
A ruivinha então finalmente virou para mim e me permitiu ver seu rosto
- Oi bebê - ela disse com voz grogue de sono
Se eu já estava o bagaço da laranja antes de ver ela, agora que eu estava me sentido acabada mesmo, não, ela não era a pessoa mais feia do mundo (se é o que estão pensando), na verdade era uma das garotas mais lindas que eu conhecia, e como conhecia.
*PUTAQUEOPARIU... Ferrou... Ferrou... Peraí ela me chamou de bebê? FERROU MUITO* - pensei em estado de desespero total
- Lu...Luíza...Oi...Tudo bem? - consegui balbuciar de voz trêmula
Ela me olhou um pouco confusa, e com motivos afinal seja lá qual for o nível de intimidade que atingimos no dia anterior, eu não lembrava de PN
- Você tá se sentindo bem?
- Um bagaço - brinquei
Ela sorriu, o sorriso mais lindo que já tinha visto na vida
*Meu deus que sorriso, assim apaixono... Não pera... Esqueceu o quão fodida a senhora está dona Marcela? Já não basta ter possivelmente passado o rodo na menina? Vai querer apaixonar e levar pra casa? Esqueceu quem ela é?* - meus pensamentos gritavam comigo loucamente
- Depois do que você bebeu ontem é de se admirar que tenha acordado para ver outro dia - Luíza brincou, se levantando da cama - Espera aí, vou trazer algo pra você se sentir melhor
Eu via sua boca se mexendo, mas era incapaz de compreender o que saia dela por dois motivos: (1) Ela estava muito linda com aquela camiseta/pijama que alcançava até pouco acima dos joelhos dela; e (2) meus pensamentos continuavam gritando comigo sobre meu nível de fodimento (essa palavra existe? Não? Tanto faz, vocês entenderam...)
Ela flutuou para fora do quarto (sim, porque um anjo daqueles não anda) e eu fiquei lá, ainda embasbacada, sem entender que porr* estava acontecendo
- Eu tenho que sair daqui, e rápido - pulei da cama
Me arrependi imediatamente do movimento brusco quando o conteúdo da noite anterior tentou retornar pelo meu esôfago.
- Você já fez cagada o suficiente por aqui mulher, pelamordedeus não vomita - briguei comigo mesma
Sentei novamente e passei alguns segundos parada, me concentrando em não vomitar e tentar encontrar minha calça jeans e meu tênis (eu estava só de calcinha e a blusa do dia anterior, uma regata preta)
- Aqui - Luíza voltou com um copo de água e alguns medicamentos - Esse maior é para dor de cabeça, e os dois menores para enjoo.
*Para tudo, chama um juiz, aluga um salão e convida a família que é hoje que eu caso... Das minhas 18 ex-namoradas (leia-se 2) nenhuma nunca cuidou de mim na ressaca, nem mesmo no início do namoro que era tudo mar de rosas*
- Obrigada - agradeci com lágrimas nos olhos, emocionada com os cuidados da minha ruivinha
Ela sentou na cama ao meu lado e eu tomei os remédios, enquanto tomava coragem para fazer a pergunta que não queria calar
- Lu... Hum acho que não preciso dizer que a noite de ontem foi meio agitada pra mim e eu não lembro muito bem das coisas... Será que você podia me dizer o que aconteceu?
Luíza que até então se mantinha calma ficou com o rosto da cor dos cabelos, e isso foi o suficiente para eu saber que algo havia rolado
*É como eu imaginava, tô ferrada*
- Do que você lembra? - perguntou sem me encarar, ainda com o rosto em chamas
- Lembro de ter tomado 5 doses de vodca... Depois disso mais nada
Ela finalmente me olhou, num misto entre surpresa e raiva
- Isso foi antes de eu chegar na festa, quando cheguei lá suas amigas estavam espalhando o vídeo no whatsapp, fui lá atrás de você preocupada achando que você ia cair por ali mesmo, mas você parecia completamente sóbria, e continuou bebendo e conversando normalmente o resto da noite, até que quando estava amanhecendo resolveu que seria uma boa ideia virar várias doses de tequila, que foi quando você deu o pt (perda total) e tive que te arrastar até em casa
- Ah então é aqui que estão morando - comentei distraidamente
- Criatura - chamou minha atenção - Foco... Você PRECISA lembrar de ontem, coisas foram ditas e feitas, coisas que não posso e nem quero esquecer, então é melhor você começar a lembrar
*Gente, o que foi que rolou? Agora fiquei curiosa... Vamos tico e teco comecem a trabalhar porque a moça bonita tá pedindo pra eu lembrar das coisas*
Algum tempo e muito esforço depois um flash de memória finalmente se formou em minha mente, e o que vi lá quase me faz pular pela janela de vidro do quarto, orando para que a queda do 2º andar e os ferimentos de vidro fossem o suficiente para acabar com minha vida de forma rápida e menos dolorida do que seria se o que eu estava lembrando tivesse realmente acontecido
- Eu... Você... Nós...
- Sim? - me encarava com expectativa
- Você disse que gosta de mim? Rolou uns amassos?... Não sei, minha cabeça tá quase explodindo, nada faz sentido...
Ela suspirou frustrada e tapou o rosto com as duas mãos
- Você lembra da porr* do nome de todos os membros da família Weasley , mas não consegue lembrar de uma noite
- Ei, Harry Potter é cultura, e os Weasley são gente boa, e são ruivos, ruivos são legais - tentei amenizar o clima brincando, não funcionou
Ela suspirou mais uma vez, então levantou da cama e começou a andar em círculos
- Quer saber o que rolou ontem? Vou te dar um resumo... Lembra quando eu disse que fui atrás de você preocupada que você caísse por aí depois das doses de vodca e quando cheguei lá você parecia perfeitamente bem?
- Sim...
- Então a partir daí você grudou em mim, ficou me acompanhado pra todo lado, dizendo que era uma "cavalheira" e protegeria minha honra dos vilões tarados comedores de ruivas... Pensando bem é culpa minha, eu devia ter percebido que você estava completamente bêbada quando você disse isso... Mas você é tão sem noção o tempo todo, como eu poderia saber? - Luíza discutia consigo mesma - Enfim, você estava muito bêbada e eu não percebi, e depois de um tempo desisti de tentar te despistar e a gente ficou num canto afastado olhando o movimento e rindo dos outros bêbados, até que um carinha se aproximou de mim, tentando conversar e você sem o mínimo pudor me agarrou pela cintura e tentou espantar o cara dizendo que era minha namorada... - fez uma pausa dramática
- E? - perguntei ansiosa para saber o resto da história
- E ele não acreditou, disse que eu era gostosa demais pra ser "machuda"...
- Cara nojento
- Pois é... Aí você foi e me deu um beijo pra mostrar pra ele que não era mentira
- E...
- E ele foi embora com raiva, mas a gente continuou se beijando...
*Não tô gostando de onde essa história tá indo... Na verdade até tô gostando, mas não deveria...*
- E...
- Quando paramos o clima ficou meio estranho, e eu tentei sair correndo, mas você não deixou, e me beijou de novo, e disse que gostava de mim... E quando o beijo acabou uma parte de mim ainda queria sair correndo, porque nós duas... Acho que não preciso explicar o quão complicado seria... Mas você continuou me pedindo pra ficar, e eu não consegui mais negar o que sentia...
- E foi quando você disse que gosta de mim também, essa é a parte q eu consegui lembrar... Merd*... Aconteceu mais alguma coisa? - perguntei me referindo a ter acordado na cama com ela
- Não - respondeu envergonhada - pouco depois você ficou doidona e eu te arrastei pra cá, que é bem mais perto que o seu apartamento - aí quando chegamos eu só te ajudei a tirar a calça e você caiu na cama
- Que merd* - pensei alto
Me arrependi quase imediatamente do que disse, quando levantei a cabeça e olhei para ela seus olhos estavam vermelhos e ela tentava conter o choro, sem sucesso, pois logo as lágrimas começaram a correr por seu rosto
- Você tá arrependida? - perguntou
- Não... Sim... Não sei - respondi confusa - Como você mesma disse, é complicado
- Mas a gente pode dar um jeito... Foi o que você disse ontem... Ou foi tudo fruto de um delírio bêbado e eu não significo nada pra você, afinal?
- Claro que significa, eu não menti, mas talvez fosse melhor tentar esquecer isso e continuar como era antes - disse sem olhar para ela
Levantei da cama e me vesti enquanto escutava seu choro
*Parabéns, você conseguiu machucar uma das poucas pessoas que realmente se importa com você...*
Segui em direção à porta e parei com a mão na maçaneta, tentando pensar em alguma coisa, qualquer coisa, que eu pudesse dizer que talvez amenizasse um pouco a situação que minha irresponsabilidade havia gerado, respirei fundo tentando arranjar coragem para encara-la mais uma vez, mas não tive tempo o suficiente, pois antes que eu tivesse qualquer reação senti meu corpo ser puxado
Caí sentada na cama, sem entender o que havia acabado de acontecer, vi Luiza de pé me encarando com uma expressão que não sei descrever, parecia um misto de raiva e, desejo?
*Quem é essa pessoa e o que ela fez com a Luíza tímida que eu conheço?*- pensei surpresa
Ela veio em minha direção lentamente, e sentou em meu colo, com as pernas rodeando minha cintura. Esse simples gesto foi o suficiente para fazer minha cabeça dar voltas, mas dessa vez não pela ressaca, seu rosto se tornava cada vez mais próximo, e eu podia sentir sua respiração quente junto a minha. Quando nossos lábios finalmente se tocaram senti meu corpo em chamas com o simples contato, senti uma necessidade incontrolável de aprofundar o beijo e foi exatamente o que fiz, segurei sua cintura e aproximei ainda mais nossos corpos, e explorei cada centímetro daqueles lábios maravilhosos que pareciam se encaixar perfeitamente aos meus
- Ainda quer esquecer? - perguntou ofegante quando finalmente rompemos o beijo
- Nem fodendo - foi a resposta que dei antes de devorar seus lábios novamente
Não sei dizer quanto tempo durou nossa exploração, mas quando terminamos era óbvio para nós duas que o que havia entre nós era mais que um simples acidente e jamais conseguiríamos voltar ao que éramos antes
- Melhor você levantar daí, ou não respondo por meus atos - brinquei
Luiza levantou num salto, com o rosto completamente ruborizado.
*Taí a Luíza que eu conheço*
Uma das coisas que sempre admirei nela foi sua timidez, o oposto de mim que sempre fui uma porr* louca que falava até com os cachorros da rua e nunca se importou em passar vergonha, e mesmo agora com meus bons 25 anos de idade ainda vivo em festas enchendo a cara e pagando mico
- Melhor eu me trocar, não posso passar o dia todo com roupa de dormir
- Não há objeções de minha parte se você quiser continuar assim
Levei um tapa no braço em resposta à brincadeira e ela seguiu para o banheiro de seu quarto, voltando minutos depois vestida com uma calça moletom, baby look branca e com os cabelos amarrados num rab* de cavalo
- Não é querendo ser rude, mas isso aí também pode ser considerado roupa pra dormir - impliquei
- Gosto de ficar confortável em casa - respondeu sem se importar com minha implicância
Sentou novamente ao meu lado e nos encaramos por um tempo
- E agora? - perguntamos juntas
Rimos da coincidência, mas sem esquecer a pergunta
- Acho que seria justo conversamos com nossos pais sobre isso - Luíza disse em tom sério
- Não sei se seria uma boa ideia, eles já ficaram putos o suficiente quando eu me assumi, até me expulsaram de casa, imagina se descobrirem que seduzi minha irmãzinha caçula pro meu mundo de pecado e obscenidade, como eles gostam de se referir, vão me queimar em praça pública
- Ei eu não sou tão mais nova assim, são só 4 anos de diferença, além disso não é como se fossemos irmãs de verdade, afinal eu sou adotada...
- Besteira, eles sempre te amaram tanto quanto a mim independente de você ser ou não filha biológica, inclusive acho se apegaram muito mais a você quando descobriram minhas "tendências pecaminosas" - brinquei
- Você nunca leva nada a sério mesmo - tentou se fazer de brava, mas riu da brincadeira - Ei, tô com fome, quer descer pra comer alguma coisa ou o estômago ainda tá muito embrulhado?
- Já melhorou bastante, mas não acho que é uma boa ideia ficar andando de boa na casa, se nossos pais me virem é capaz de saírem correndo atrás de mim com um crucifixo e água benta até me expulsarem da casa
Depois de um belo ataque de riso com direito a sons de porquinho e tudo Luiza conseguiu falar novamente
- Meu deus mulher, me impressiono com tua capacidade de tirar graça com tudo
- Sim, sim, eu sou incrível...
- Anham... - disse secando as lágrimas que se formaram enquanto ela ria - Enfim, eles não estão em casa, ou você acha que eu estaria tão tranquila se eles estivessem?
- Hum, faz sentido, e onde que eles foram?
- Um retiro da igreja, saíram ontem a tarde e voltam amanhã a noite
- E como você conseguiu se livrar dessa? Eles sempre te arrastam pras coisas da igreja
- Nossa nem me fale, não foi nada fácil escapar dessa vez, inventei umas 20 provas e uns 12 trabalhos da faculdade pra me deixarem ficar
- Coisa feia dona Luíza, mentindo para os pais
- Anham, você nunca fez isso, beleza... Vamos comer?
- Só se for agora
Desci as escadas praticamente saltitando, nada melhor que comida para alegrar o meu dia, e melhor ainda era saber que era a Luiza quem cozinharia, pois ela era uma verdadeira chef na cozinha
Enquanto ela cozinhava peguei algumas roupas emprestadas e tomei um merecido banho, e depois do almoço passamos o resto do dia curtindo uma a outra, até que a noite nos preparamos para dormir e deitamos na cama encarando o teto
- Sem sono? - perguntou
- Um pouco, de repente todos os problemas do mundo começaram a rodear minha cabeça
- Estou impressionada, não sabia que você pensava - implicou, recebendo um tapa no braço como resposta - Tá pensando no que exatamente?
- Muitas coisas, mas principalmente em nós... Acho muita coincidência tudo ter acontecido como aconteceu ontem, digo nem festa você curte, mas mesmo assim por algum motivo você apareceu naquela festa ontem e todas essas coisas rolaram e agora estamos aqui, juntas
- Hum... - Luiza começou a ruborizar
- O que foi?
- É que não foi bem uma coincidência... Digo uma parte foi, mas outra parte não
- Seja clara mulher, estou curiosa
- Então, como você acabou de dizer, eu não curto festas, o motivo pra eu ter ido naquela ontem é porque eu sabia que você estaria lá, e quando eu disse que você colou em mim na festa, a verdade é que também não queria que você saísse de perto de mim, afinal minha maior finalidade era te ver... Agora todo o resto que rolou, aquilo sim foi completamente inesperado - confessou envergonhada - Sei lá, desde que você saiu de casa tem estado tão distante, eu sei que você quer evitar nossos pais o máximo possível, e que sua vida é bem agitada por causa do trabalho e a pós-graduação, mas um lado meu, o lado egoísta, queria que mesmo com a vida tão conturbada você arranjasse uma forma de continuar em contato comigo, mesmo eu sabendo que esse distanciamento era completamente natural
Senti uma pontada no peito ao escuta-la dizendo essas coisas, e resolvi que precisava ser sincera com ela se queria que as coisas dessem certo entre nós
- Lu... Esse distanciamento, não foi natural... Sim, eu estou ocupada com o novo emprego, e tenho a pós-graduação, mas nada disso me impediria de te ver se eu quisesse... Mas eu não queria
- Você não queria? - ela soou tão machucada, pude sentir a dor em sua voz - O que eu fiz de errado?
- Nada, você não fez absolutamente nada de errado, o problema sou eu, sempre fui eu
Respirei fundo e arranjei coragem pra contar tudo o havia se passado em minha mente e em meu coração desde o dia que nos conhecemos
- Logo quando você chegou em casa, quando você tinha 4 anos e eu 8, eu fiquei com muita raiva de você. Maioria das crianças ficaria feliz por ganhar uma irmãzinha mais nova, mas não eu, eu me senti traída, desprezada, senti como se meus pais não me amassem e por isso precisavam de outra criança pra tomar o meu lugar. Mas não consegui te odiar por muito tempo, você era tão fofa - Luiza riu nessa hora - você tinha aqueles cachinhos ruivos, sardas no nariz, e um sorriso no rosto que parecia nunca morrer mesmo quando eu te maltratava de alguma forma, o seu jeito carinhoso acabou me conquistando, e logo eu comecei a te ver como irmã. O tempo foi passando, fomos crescendo, e logo não éramos só irmãs, mas também melhores amigas, mesmo havendo uma diferença de idade que costuma ter muito significado para os mais jovens, para nós não significava nada, e enquanto muitos tinham vergonha dos irmãos mais novos, eu, uma garota de 13 anos, andava orgulhosamente de mãos dadas com a irmãzinha de 9 anos. Foi no meu aniversário de 15 anos que eu comecei a mudar, na verdade não comecei, eu sempre soube que havia algo diferente, mas só nesse aniversário comecei a perceber o que era. Nesse aniversário eu conheci a Giovana, lembra dela?
- Hunhum - Luiza murmurou, completamente compenetrada na história que eu contava
- Eu nunca te contei isso, mas ela foi minha primeira namorada
- Hum, sempre suspeitei - comentou um pouco mal humorada, ela nunca gostou da Giovana
- Continuando, logo que a conheci foi paixão a primeira vista, no começo fiquei confusa sem saber muito bem o que significava, mas logo percebi que o que sentia por ela era o mesmo que minhas colegas da escola sentiam pelos garotos que elas viviam suspirando. No dia seguinte ao aniversário descobri que Giovana era prima de uma das minhas amigas e tinha acabado de ser transferida pra escola, desse dia em diante eu morria de vontade de me aproximar dela, mas morria de medo, até que um dia minha amiga e prima dela nos aproximou, e a partir daí começamos uma amizade que logo se transformou em namoro quando percebemos que sentíamos o mesmo uma pela outra. Nosso namoro durou 3 anos, não porque não gostássemos mais uma da outra, mas porque ela precisou voltar para a cidade natal, e apesar da pouca idade, fomos maturas o suficiente para ter uma conversa séria e concordamos que um namoro a distância não funcionaria entre nós.
- Eu lembro disso, você ficou na maior fossa por um tempão
- É eu fiquei, mas você me ajudou a sair dessa fossa, o problema é que quando eu saí dessa, caí em outra mais funda, mais escura e mais suja - comentei em um tom meio sério e meio brincadeira
- Como assim?
- Quando finalmente superei a separação com a Giovanna e comecei a olhar para outras garotas eu já estava no segundo ano da faculdade, na época eu tinha 19 e você 15 anos. E foi nessa época que as coisas começaram a se complicar demais pro meu lado, e tudo por sua causa
- Oi? O que eu fiz? - perguntou confusa
- Você simplesmente se tornou a garota mais linda que eu já havia conhecido na minha vida
Luiza ficou vermelha que nem um pimentão e escondeu o rosto atrás do edredom
- Eu demorei um pouco pra perceber isso porque estava na fossa pela Gi, mas no momento que eu a superei, e olhei para o lado, e vi a mulher que você estava se tornando, BUM, eu estava apaixonada de novo. Agora imagina como eu me senti quando percebi que estava me apaixonando não apenas por uma adolescente, mas pela minha irmã adolescente, eu quase pirei, me senti a pessoa mais nojenta do mundo por ter esse tipo de sentimento pela menina que vi crescer, a menina que confiava em mim, e que eu havia traído a confiança da pior forma possível. Nessa época comecei a passar cada vez mais tempo na faculdade, com a desculpa que não conseguia me concentrar em casa, mas era impossível te evitar, sempre que eu chegava em casa, não importava o quão tarde fosse, você me esperava na sala e me recebia com um abraço e um beijo no rosto, e eu aceitava o seu abraço inocente, me condenando por me sentir tão feliz ao sentir o calor do corpo da minha irmã junto ao meu. Continuei empurrando o problema com a barriga pelos anos seguintes, até arranjei outra namorada para ter em quem concentrar minha frustração amorosa, mas é claro que um namoro assim estava fadado ao fracasso e não durou muito. Foi só ano passado, depois que me formei na faculdade e arranjei um emprego que tomei coragem para fazer o que eu deveria ter feito desde o inicio: sair de casa. Passei alguns meses juntando dinheiro, e quando achei que tinha o suficiente me assumi para nossos pais, já sabendo que eles me expulsariam de casa, e me mudei para o apartamento que havia alugado com o dinheiro que juntei
- Uau... Não sei nem o que dizer - Luiza comentou - você gosta de mim há tanto tempo assim?
- Sim
- E esse tempo todo você tem tentado me evitar porque achava errado o que sentia por mim?
- Exato
Luiza passou um bom tempo pensativa antes de falar comigo de novo
- Eu não sei se te admiro muito pelo esforço que você fez para não ceder ao que sentia, ou se te odeio muito por ter me evitado esse tempo todo sem me dar nenhuma explicação
- Desculpa, eu...
- Espera, minha vez de falar. Marcela, me responde só uma coisa. Quantas garotas de 15 anos esperam a irmã mais velha até de madrugada todo santo dia, mesmo tendo que acordar cedo no dia seguinte, só pra dar um abraço e desejar boa noite?
- Não sei - respondi realmente pensando na pergunta, até que caiu a ficha - Ai meu deus, você gostava de mim também?
- Parabéns Sherlock, você descobriu o Brasil - foi a resposta que recebi em um tom irônico
- Desde quando?
- Aparentemente 15 anos é uma idade reveladora para muitas pessoas, porque foi nessa mesma idade que eu comecei a perceber que o que eu sentia por você ultrapassava, e muito, os limites do amor fraternal. Assim como você eu fiquei confusa, mas enquanto você tentava fugir, eu tentava te trazer de volta pra mim, e nós ficamos nessa disputa silenciosa durante todos esses anos, as duas covardes demais para se confessar uma para a outra, com medo das consequências que uma relação causaria numa situação delicada dessas.
- Uau - foi tudo o que consegui dizer
- Uau mesmo, em pensar que perdemos todo esse tempo...
-Sabe que eu acho que foi melhor assim... Pensa bem, você só tinha 15 anos na época, e eu já era maior de idade, se nossos pais sequer sonhassem que estava rolando alguma coisa além de me expulsar de casa dariam um jeito de te mandar para algum lugar distante onde eu não pudesse te encontrar, afinal sendo menor de idade você não teria nenhuma opção além de obedecer os pais
- Eu poderia fugir com você
- Claro, e então quando nos encontrassem e eu fosse presa por assédio sexu*l* e você fosse mandada para um convento nós teríamos o romance que todo casal sempre sonhou
- Chata - levei um tapa no braço - Mas você tem razão, tinha tudo pra dar errado naquela época, mas agora, se nos realmente quisermos, podemos fazer dar certo
- Vai dar certo - beijei seus lábios de leve - Vai dar certo
Depois de mais alguns minutos jogando conversa fora finalmente conseguimos dormir, não sei muito bem o que o futuro nos reserva, e sei que ainda temos muitos obstáculos a enfrentar, mas tenho certeza que aconteça o que acontecer, enfrentaremos tudo juntas.
Fim do capítulo
Então é isso... Inicialmente a minha ideia era que a história acabasse aí mesmo, em um capítulo único e curto, mas aí o fim de ano foi chegando, eu fui ficando sem o que fazer, e acabei escrevendo alguns capítulos curtinhos sobre situações aleatórias passadas pelo casal. Dependendo da aceitação desse capítulo posso continuar postando ou parar por aqui mesmo.
E por favor comentem o que acharam do capítulo, críticas, sugestões, xingamentos, qualquer coisa é bem vinda =D
Comentar este capítulo:
patty-321
Em: 07/12/2015
Ei gostei do enredo diferente. Irmãs adotivas.
Resposta do autor em 08/12/2015:
Que bom que gostou, quando decidi escrever quis fazer algo um pouco diferente, fiquei com medo de não curtirem o enredo por envolver família, mas parece que a ideia deu certo
[Faça o login para poder comentar]
Gabs
Em: 07/12/2015
Gostei bastante,e gostaria muito de saber qual rumo elas irão tomar,adorei o jeito timido da Luíza.Continua,bjs😚
Resposta do autor em 08/12/2015:
Eu particularmente gostei do rumo que dei a elas, e espero que você goste também. Continue acompanhando e no fim da história me diga o que achou.
[Faça o login para poder comentar]
Luh kelly
Em: 06/12/2015
Nossa que começo Espetacular, adorei o titulo, o começo, adorei tudo. A Marcela é super hilária com seus questionamentos internos. Luíza também não fica por baixo, é linda e ciumentinha.
Pra sua primeira história vc foi excepcional. E não é exagero não é a verdade.kkk. e quero mais capítulos pleaseeee super ansiosa.
Beijão querida e até.
Resposta do autor em 08/12/2015:
Ainda bem que você gostou, fiquei com medo de que ninguém curtisse minha história doida rsrs. A marcela não é nada normal, e a maior prova disso vem no final do terceiro capítulo, e quanto ao ciúme da Luíza, você ainda terá varias demonstrações dele até o fim da história.
Beijos e obrigada pelo comentário.
[Faça o login para poder comentar]
Mille
Em: 06/12/2015
Gostei muito, situação diferente a atração pela irmã adotiva.
Bjus e espero ler como elas iram contar os pais.
Resposta do autor em 08/12/2015:
Fico feliz que tenha gostado. E sobre a conversa delas com os pais, já a tenho em mente, e não vai ser nada bonita rsrs
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]