Amor
São Paulo, 05 de dezembro de 2015. 13h30min
Já me apaixonei à primeira vista.
Era horário de pico do Metrô de São Paulo e meus olhos encontraram os mais lindos que poderiam encontrar. Me deixei ficar ali por muito tempo naquele dia e nos que se seguiram.
O romance não durou, obviamente.
O que eu quero dizer com isso é que romances desses que a gente lê não existem. E é por isso que a gente lê. É por isso que a gente gosta.
Queremos desesperadamente um amor, sonhamos com um felizes para sempre e então enlouquecemos porque não conseguimos.
É claro que eu não enlouqueci por isso.
A gente nunca sabe o que abriu as portas da insanidade na nossa cabeça.
Ando pensando muito no amor.
Não sou muito bonita, nem muito inteligente. Rebeca tem um magnetismo que eu nunca possuirei. As pessoas olham pra ela. Olham de verdade.
Eu sou comum, tão parecida com tantas outras moças que você encontra na rua em um dia normal.
Dei sorte de Rebeca ter olhado pra mim.
Mas a verdade é que ela se orgulha de poder ter qualquer outra mulher que ela queira e isso me chateia um pouco. Não é porque eu tenho consciência de ser mais uma na multidão que eu gosto que me lembrem disso o tempo inteiro.
Pouco tempo depois da internação, ela disse para um amigo que não achava certo terminar comigo naquele momento, que ela precisava me ajudar a me fortalecer.
É nesse pé que estamos.
Durmo e acordo com medo do momento em que ela vai dizer que está indo embora.
É claro que eu queria viver esse amor dos romances. É claro que eu queria que Rebeca olhasse para mim e sentisse que seu coração ia parar.
Mas isso não acontece, ainda mais depois do casamento.
Desgaste após desgaste... Não tem amor que resista.
A última pessoa que olhou para mim foi uma paciente do hospital em que estive internada. Fez carinho no meu pescoço e tentou me beijar.
Fugi dela como o diabo foge da cruz. Zonza com as mil sensações que aquele toque causou em mim, não vi a janela aberta para o corredor. Mas senti em todas as células do meu corpo quando a quina entrou na minha cabeça.
Tive tempo de chegar na enfermaria e dizer: “Bati a cabeça. Tá sangrando.” antes de vomitar.
Ganhei uma noite em observação e uma pequena cicatriz na testa.
Sinto falta de me sentir desejada.
Fim do capítulo
Contato físico entre pacientes/com funcionários não é permitido nos hospitais psiquiátricos.
Caso sejam descobertos, os pacientes costumam receber alta administrativa e são proibidos de voltar a se internar naquela unidade. Os funcionários são demitidos por justa causa.
Comentar este capítulo:
olivia
Em: 06/12/2015
Já dei boas gargalhadas com a Betina no final do capitulo,ela não esta tão louca assim,fugir de om amasso kkkkk !!!!!!!!!!!!!!Ótimo capitulo fechado com chave de ouro!!!!!!!!!!!Bjs
Resposta do autor em 07/12/2015:
Ela fugiu porque é casada, né? Seria complicado ter ficado. Mas dizem as más línguas que a tal paciente era bem bonita! rsrs
Obrigada pelo comentário!
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]