A noite foi péssima, Fernanda acordou com o humor muito pior que os outros dias, já Luiza dormia como se nada estivesse acontecendo.

-Ah morena, tu ainda vai me enlouquecer! - Fernanda saiu em direção a empresa, gritou com todo mundo que passava na sua frente, quem sofreu com o estresse dela foram os coitados dos funcionários, que nunca tinham recebidos tanto nome de incompetentes como naquele dia.

- Bruna?

- Lembrou-se de me? Jurava que tinha apagado meu número da sua agenda.

-Sem dramas, quer almoçar comigo?

- Ei, a culpa não é minha não, olha como fala comigo!

- Me desculpa estou muito estressada, vamos? Estou precisando conversar.

-  Acho que está precisando de muito mais que um diálogo, vou colocar um espartilho preto, eu sei que adora a cor.

- Toda engraçadinha, nem brinca com isso, te pego em meia hora, beijos!

Fernanda se lembrava bem do quanto Bruna a excitava, e se ela quisesse no mesmo instante estaria em um motel gastando todo aquele desejo que estava guardado. Na hora marcada foi ao encontro da ruiva e a levou para um restaurante.

-Vai me contar que bicho te mordeu e te deixou assim? Tira umas férias, vai fazer amor!

- Me perdoa, eu juro que não é proposital, preciso mesmo dizer o motivo?

- O que foi que a enfermeirinha te fez? Greve? - Fernanda fez que sim e Bruna começou a rir sem parar- Que coisa mais ridícula, parece coisa de adolescente.

- Pois é, mas estou tendo que lidar com isso, e se eu passar mais um dia sem nada, vão ter que me colocar em um manicômio.

- Toda exagerada! se quiser te ajudo, você é muito bonita pra ficar presa.

- Bruna não começa.

- Parei, me explica o que você fez.-- Nanda contou com detalhes os acontecidos, - Desculpa princesa mas você mereceu, tadinha das crianças.

- Foi só uma brincadeira, porque as mulheres são tão exageradas?

- Não sei "homenzinho", mas sabe que a gravidez piora bastante o drama não é?

- Já usei minhas melhores táticas, levei pra jantar, dei presentes, pedi perdão fazendo cara de cachorrinho, não sei mais o que fazer.

- Sua carinha sempre funciona! Porque não leva ela pra uma viagem? Tipo uma lua de mel, ou alguma coisa assim?

- Boa ideia, você é espetacular!  -- Fernanda se apoiou sobre a mesa para beijar o rosto de Bruna, que ao perceber se virou dando um selinho em Nanda.

- Bruna, porque fez isso?

- Estava com saudades da macies desses lábios.

-Não deveria ter feito isso! -falou brava pela atitude da amiga.

- Foi só um selinho, a gente não foi pra cama não!

O resto do almoço foi tenso, Fernanda continuou com cara de poucos amigos e Bruna quieta, mesmo não estando arrependida. Assim que terminaram Nanda voltou para empresa, passou o resto da tarde resolvendo questões da construtora e planejando a viagem.

Após o expediente passou em um restaurante pra comprar o jantar,e seguiu para casa.

- Malu? -Fernanda encontrou a mulher sentada com a cabeça no vaso sanitário com uma forte crise de náusea.

- Oi amor, fala pra eles deixarem alguma coisa aqui dentro, eu não consigo mais comer nada, -ela estava chorando com uma cara sôfrega que apertou o coração de Fernanda.

- Deixa eu prender esse cabelo! - se ajoelhou para ficar na mesma altura da sua esposa. Luiza ficou mais um tempo ali sentada com náuseas fortes, por sorte não teve mais nenhum episódio de vomito. Fernanda ajudou a sua esposa a tomar banho, e fazer a higiene da boca e foram para a cama.

Deitadas em seu ninho de amor Fernanda tinha Luiza nos braços e acariciava seus cabelos lhe confortando e esperando uma melhora da esposa.

- Está melhor?

- Estou!

- Amor, você não acha que está na hora de eu conhecer a sua família não?

- A minha mãe vem pra cá quando os bebes nascerem!

- Mas quero conhecer todo mundo, e alias devo um pedido oficial a minha sogra. É... eu comprei as nossas passagens e a gente sai amanhã as 18:00, sai mais cedo do trabalho!

- Você comprou as passagens? Obrigada amor, eu estou com tanta saudades da minha família! - a alegria que Malu esboçou não passou despercebida - Fernanda tinha ganho vários pontos com Maria Luiza.

Sua morena estava tão dengosa nós seus braços que a sua tensão se desfez, ela só precisava estar ali, cuidando do seu amor, na verdade dos seus amores!

Ela passava a mão sobre a barriga da amada, acalentando-a e lhe proporcionando um ambiente protegido. No momento pensou em contar sobre o beijo que recebeu de Bruna, mas decidiu deixar para outro momento.

- Na próxima consulta vamos conversar sobre esse seus enjoos, você tinha melhorado e agora voltou!

- É normal amor, vai passar.

- Vai acabar ficando desnutrida, não está comendo nada, por falar nisso vamos jantar, você tem que comer um pouquinho pelo menos.

Seguiram para a cozinha e durante o jantar conversaram e fizeram planos para a viagem, em seguida arrumaram suas malas já que ambas trabalhariam no dia seguinte até próximo do horário do embarque.

No outro dia trabalharam tanta que mal perceberam o tempo passar, quando finalmente Fernanda parou pra pensar que seria a primeira vez que se apresentaria para a família de alguém, sentiu um grande nervoso, um aperto no seu peito, e uma aflição sem tamanho. Ligou para a sua mãe, ela sempre tinha as palavras certas.

- Mamãe!

- Oi meu amor, tudo bem?

- Tudo, eu vou para a Bahia conhecer a família da Maria Luiza! E se eles não gostarem de me, e se não me acharem boa pra Malu, e se...

- Fernanda Aragão se acalme! Eles vão te adorar, todo mundo te adora, você é uma moça linda e maravilhosa, que ama aquela mulher, tenho certeza que quando olharem para os seus lindos olhinhos brilhando por Luiza vão se apaixonar por você. A mulher com suas sabias palavras acalmava a sua filhinha.

- Mãe você acha mesmo?

- Tenho certeza, e tenho certeza de mais uma coisa, vocês precisam arrumar logo um lugar pra morar, como é que vão criar três crianças em um apartamento tão pequeno?

- Como é que a senhora sabe que o apartamento é pequeno, aliás nem precisa responder. Eu preciso desligar, vou organizar mais algumas coisas e buscar a Luiza. Beijo, eu te amo!

Fernanda se despediu da mãe, deixou algumas ordens para a sua secretaria, e seguiu para a sua casa. Encontrou a sua mulher já arrumada com um sorriso encantador, toda animada para a viagem.

- Você demorou, vamos logo!

- Luiza você sabe que só vamos passar o fim de semana lá, não é amor? Pra que tanta mala?

- É que estou levando uns presentinhos, e esqueci de perguntar como está o clima, ai tenho que ter opções! - ela se justificava de uma forma tão convincente que não dava nem pra contestar.

- Vou te contratar, acho que você está na profissão errada, consegue me convencer sempre - falou abraçando e dando beijos na sua esposa.

- Eu conheço seus pontos fracos - Disse fazendo cara de safada e mordendo o lábio da sua esposa.

- Luiza, Luiza! Seguiram para o aeroporto e Fernanda estava novamente nervosa, quanto mais próxima da chegada mais desesperada ela ficava. A viagem era curta, apenas 2 horas de voo, e Luiza dormia como um anjo, enquanto Fernanda quase pedia ao piloto para fazer o retorno.

 Após mais alguns minutos desembarcaram em salvador, a cidade maravilhosa, o carro que Fernanda contratou já esperavam por elas, teriam mais 5 horas até o interior, depois de uma discussão por quem guiaria o carro até o local, que pra variar foi ganha por Luiza, com a justificativa de conhecer o caminho, pegaram a estrada.

Depois de um pouco mais de 5 horas chegaram até uma pequena cidade, Luiza mostrava as lojas, e construções explicava e falava sobre as pessoas, Fernanda mal ouvia a mulher, estava uma pilha de nervos.

Seguiram por uma caminho de terra, já era madrugada, a casa típica de uma casa de fazenda, era iluminada mas pelas estrelas e pela grande lua que pelas poucas luzes que estavam em volta dela.

Quando passaram pelo grande portão de madeira ouviram alguns cachorros latindo, até que o carro parou frente a linda casinha.

- Ei, vai da tudo certo. Eu te amo e eles vão te adorar!

-Assim eu espero!

Fim do capítulo