Capítulo 22. . A descoberta da verdade pode custar caro.
No horário combinado Márcia e Andressa chegaram na casa dos pais da major. O coronel e dona Carlota já estavam a espera das duas e logo entraram no carro. O coronel percebeu que a filha estava inquieta e perguntou:
-- Minha filha o que está acontecendo?
A major deu um olhar para Andressa e respondeu:
-- Eu estou com um sério problema no regimento papai e não sei na realidade o que fazer!
-- O que está acontecendo por lá? Sim, porque para você pedir a minha ajuda é porque a coisa não está bem! Disse o velho.
-- Eu tenho uma milícia embaixo da minha barba lá no regimento, está entendendo agora o meu problema?
-- Filha, mas como? Não é possível! Exclamou.
-- Eu sei papai, mas eu já tenho uma desconfiança de quem está por trás disso e creio já saber quem é o pau mandado.
Nesse momento Andressa disse ao sogro:
-- Eu tenho certeza coronel que o meu pai está envolvido nessa história.
-- Como você sabe disso Andressa?
-- Eu sei que tem, só precisamos achar provas e eu imagino que o tenente Gregório sabe de muita coisa.
--Quem é esse Gregório filha?
-- Papai, ele é o responsável pelas escalas e o local de patrulhamento, e, os locais das chacinas são próximos de onde se faz essa patrulha noturna. Eu mesma já fui pessoalmente a esses lugares e conferi esses pontos de patrulhamento. Mas agora, algo não encaixa nessa realidade.
Chegaram ao restaurante logo pediram um vinho e escolheram o jantar. Tanto Andressa, como o pai da major e Dona Carlota, perceberam que ela estava preocupada. O regimento Nove de Julho era a sua vida e ela não podia deixar acontecer e permitir algo desse tipo.
Depois de terminarem o jantar, Márcia levou os pais para casa e quando se despediam o pai falou:
-- Filha faça como vocês planejaram e chegará a um denominador comum. Saiba que eu apoio tudo o que fizer e saiba também que você tem uma grande aliada, a sua esposa. Sim, porque vocês já estão dormindo juntas a dias.
-- É verdade papai, eu me sinto com se já estivesse casada com essa linda mulher, não é amor?
-- Sim querida, mas, que tal irmos embora? Amanhã temos que acordar cedo amor!
-- É verdade querida vamos embora. Papai, mamãe boa noite a vocês.
-- Para vocês também minha bambina. Que Deus as proteja.
Ao chegarem em casa Márcia sentou-se no sofá e Andressa percebendo que ela estava tensa e preocupada, resolveu fazer um chá. Voltou e sentando ao seu lado começou a acariciá-la. Márcia aceitou o chá e tomou devagar. Olhando para Andressa disse:
-- Andressa minha querida, obrigada por estar em minha vida, por me dar a chance de ser feliz e amar novamente, por iluminar meus dias sombrios e noites escuras. Eu te amo e desejo casar com você e construir uma família. O que você acha?
-- Ah meu amor, isso sempre foi o que eu quis te dar. Vejo que minha espera por você não foi em vão, e tem mais, você quer mesmo se casar e ter filhos comigo?
-- Sim Andressa, eu preciso construir a minha família e sei que você sempre desejou também ter uma família.
-- Sim Márcia e ainda tenho esse desejo. Que tal começarmos a pensar realizarmos juntas esse sonho?
-- Então você aceita/ se casar comigo e ser a mãe dos meus filhos?
-- Aceito amor mas e quantos filhos teremos?
-- Uns três ou quatro, podemos pensar!
-- Acho que está bom será uma família grande e linda.
Ao ouvir isso Márcia pegou Andressa no colo e a carregou para a cama. Despiu-se e depois despiu Andressa. Começou a dizer palavras românticas e a acariciar a agora esposa que se deliciava com essas carícias. Ambas estavam entregues ao delírio da paixão e depois de se amarem até atingirem juntas o gozo do prazer e a plenitude total acabaram adormecendo.
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Na manhã seguinte quando Andressa acordou Márcia já estava praticamente vestida e arrumava o café. Ela levantou, tomou um banho e cerca de vinte minutos depois chegou à copa e sentou-se para tomarem café. Márcia estava lendo o jornal do Clube dos Oficiais quando disse:
-- Bom dia amor, eu te amo!
-- Eu também te amo e bom dia também meu sonho!
-- Vamos tomar nosso café porque hoje o dia promete, disse Márcia.
Após o café foram para o regimento e enquanto Andressa foi para a sua sala, Márcia chamou o sargento Prado e pediu que o tenente Gregório fosse até a sua sala. Quando ele entrou a major estava assinando algumas promoções que seriam enviadas para a apreciação do comando geral e do secretário de segurança pública, que era a formalização da troca de patentes de alguns soldados e oficiais do regimento. A capitã Andressa e o sargento Prado estavam nessa leva.
-- Bom dia major!
-- Bom dia tenente sente-se, por favor.
-- O que deseja de mim major?
-- Acho que ontem eu pedi que o senhor me entregasse algo hoje não é, tenente Gregório? Como é mesmo o nome? Ah, me lembrei, chama-se relatório certo?
-- É que eu ainda não terminei major, mas na hora do almoço eu entrego para a senhora, falou temeroso para a major.
-- O senhor está pensando que isso aqui é o que tenente? A casa da mãe Joana? Esse regimento não é aquele buraco chamado de Força Tática que você saiu, e, portanto, aqui as ordens são para serem cumpridas, principalmente se forem as minhas. Mas, como eu sou benevolente te dou até o fim do expediente para entregá-lo.
-- Sim major, mais alguma coisa?
-- Sim tenente, tome cuidado onde e com quem o senhor está se met*ndo, a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco. E tem mais, ovelha nova quando se mistura com raposa velha, acaba tosquiada.
-- Não entendi a colocação e a sua indagação major!
-- Entendeu sim tenente e como entendeu. A propósito, mande lembranças ao meu sogro, o major Pires Paiva.
O tenente saiu e a capitã juntamente com o sargento entrou na sala e a major estava se divertindo com a situação.
-- O que você disse a ele parece que viu o capeta?
-- Não minha linda capitã, ele não viu, mas vai ver se não me entregar o relatório no fim da tarde.
-- Mas que o cabra saiu daqui assustado isso foi, disse o sargento Prado.
-- Bom senhores, vamos almoçar no refeitório dos soldados? Sim amor vamos, o senhor vem sargento?
-- Sim capitã vão na frente que eu já estou indo.
O sargento pressentiu que algo não sairia bem e, aquela sal, estava com um clima pesado e um ar muito sinistro. Sentiu um arrepio e saiu indo até o refeitório. Mal sabiam eles que o tenente Gregório já havia passado todas as coordenadas ao major Pires Paiva.
-- Então tenente temos que fazer algo e tem que ser hoje. Qual o horário mais propício para o plano?
-- Bom major aqui tem uma turma que vai embora às quinze horas e a outra vai as dezessete, inclusive a major.
O tenente juntamente com o cabo Nélson armaram o plano para pegar a major desprevenida e resolveram colocá-lo em ação.
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Por volta das três hora o tenente entrou na sala da major, e enquanto ela conversava ao celular com a major Monteiro, este fez sinal ao cabo que o aguardava do lado de fora da sala. A capitã e o sargento estavam vistoriando os estábulos e a saúde dos animais, pois, dali a dois meses seria comemorado o dia da Revolução Constitucionalista de 1932, e a cavalaria sempre fora a atração da festa.
-- Sente-se tenente, trouxe o que eu pedi?
-- Sim major, aqui está o relatório.
A major percebeu que o tenente estava inquieto e começou a ler o relatório. Enquanto isso o cabo observava o movimento no corredor e nas salas de outros oficiais. Estava tudo calmo.
Ao terminar de ler o relatório a major disse ao tenente:
-- Esse é o seu relatório tenente Gregório?
-- Sim major, por quê?
-- Simples tenente, eu li e não concordo com nada disso aqui. Esse relatório é falso tenente Gregório.
-- Mas como assim major, eu fiz do mesmo jeito que o Teófilo fazia!
-- A quem você quer enganar seu moleque, eu sei quem está envolvido nessa milícia e sei que o major Pires Paiva está nisso também, disse levantando-se da cadeira.
-- Ninguém major, eu só...só
-- Só o que moleque? Vamos, responda vocês estão mancomunados com o major, não é verdade isso tenente?
-- Cla...cla...claro que não major, é impressão sua!
-- É impressão minha, disse voltando a sentar na cadeira.
-- Sim major é somente impressão sua major.
-- Está bem tenente, eu te dou até amanhã para ter esse relatório em minhas mãos, ou então o senhor estará expulso da polícia, estamos entendidos?
-- Sim major, entendi!
-- Então está bem, agora pode sair tenente.
O tenente saiu e logo depois voltou à sala da major dizendo:
-- Major eu estive pensando e vou lhe dar o que a senhora quer e vai ser agora.
Sem que a major esperasse, o tenente sacou o revólver e atirou em sua direção. A major foi atingida no peito e no abdômen e mesmo assim, conseguiu sacar a sua arma e atirar contra o tenente que caiu baleado na cabeça. Os tiros foram ouvidos por todos e nesse momento a capitã e o sargento chegaram na sala da major. O tenente Félix já tinha o cabo Nélson detido e já chamava a ambulância para socorrer a major. O tenente Gregório estava morto e a major ainda respirava. Ao ver a capitã se aproximando, sorriu.
-- Meu amor o que aconteceu aqui? O que você fez? O minha vida, o que vai ser de mim sem você meu amor? Disse chorando abraçada à major.
-- Andressa minha linda, tome conta de tudo até a minha volta. Eu preciso fazer uma viagem, mas eu volto logo. E quanto a você sargento, tome conta dela para mim e peça ao comando para que o coronel Tavares me substitua enquanto eu estiver fora.
-- Sim major, fique tranquila eu farei sim, disse chorando juntamente com a capitã e outros que ali estavam.
Sem que a capitã esperasse, a major deu-lhe um beijo e disse:
-- Andressa coloque a mão no bolso esquerdo da calça da minha farda e pegue o que está nele.
-- Mas o que é isso Márcia?
-- Eu ia te dar hoje a noite, mas as coisas não saíram como eu pensei. Então, te dou agora e peço que se case comigo. Você aceita?
-- Sim meu amor, eu me caso com você. Assim que você se recuperar nos casaremos.
-- Então me de o seu dedo aqui futura senhora Mantovanni. E colocando o anel no dedo da capitã disse: -- Eu te amo Andressa.
-- Eu também te amo amor.
Fim do capítulo
O tenente está morto. E a major, será que sairá dessa?
Apostem suas fichas!
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