Capítulo 21. Investigando
Depois que almoçaram, os três voltaram aos seus respectivos afazeres. A major não comentou nada sobre o conteúdo do documento perto do pessoal que estava no refeitório. As conversas foram todas do cotidiano e algumas piadas foram contadas fazendo com que a major caísse na risada, assim, como a capitã e o sargento.
-- Sargento quem é o responsável pela escala de serviço da tropa?
-- É o tenente Gregório major, ele tem todas as informações dos locais de patrulhamento do regimento.
-- Peça para que ele venha até a minha sala sargento. Há e tem mais, traga para mim a documentação pessoal dele, quero ver quem é o distinto. Você sabe de onde ele veio?
-- Jura que a senhora quer mesmo saber major? Eu mesmo o recebi quando ele chegou aqui no regimento.
-- Sim é verdade sargento, esse é aquele rapaz dos olhos esverdeados que tem uma cicatriz no rosto. Mas ele já é tenente?
-- Sim major e agora respondendo a sua pergunta, ele veio de lá.
-- De lá aonde Prado, você sabe que eu não gosto de enrolação!
-- Ele veio da Força Tática, respondeu.
A major ficou olhando para a cara do sargento e não disse nada. Olhou para cima e disse:
-- Deus, o senhor só pode estar de sacanagem comigo. Primeiro me tira a minha esposa, em segundo lugar me deixa numa solidão tremenda, em terceiro me dá a chance de amar novamente, em quarto me dá um sogro do capeta e depois me manda um soldado da Força Tática. Assim não pode, assim não dá!
O sargento caiu na risada com a declaração da major e está ficou pensando no que iria fazer. Pediu que o sargento chamasse a capitã e trouxesse o tenente até a sua sala, pois, precisava falar com ele.
Pouco tempo depois a capitã entrava na sala da major e logo em seguida o sargento Prado com o tenente.
-- Tenente Gregório boa tarde.
-- Boa tarde major, o sargento disse que a senhora gostaria de falar comigo. O que deseja?
-- Fui informada de que o senhor é o oficial encarregado de anexar às escalas de serviço desse regimento e eu quero saber como elas estão!
O tenente olhou assustado para a major e essa percebeu que algo não estava certo. Mas, ela iria dar corda para ver até onde ia toda essa situação. A major tinha o apelido de “cobra da areia quente”, porque ninguém nunca sabia onde ela iria aparecer. Ou então, “raposa do deserto”, esperta, astuta e pronta a atacar. Assim era o que alguns pensavam sobre a comandante.
-- É verdade major, eu vim para o lugar do sargento Teófilo que está agora a frente da casa do ferreiro.
-- E como estão funcionando as escala tenente?
O tenente explicou detalhadamente como a escala estava sendo feita e ainda informou que o patrulhamento noturno, estava sendo feito com viaturas e não a cavalo. A capitã perguntou sobre as viaturas e o tenente disse que eles estavam utilizando as blasers para esse procedimento.
-- Perfeito tenente. Mas o senhor também tem a localização desses patrulhamentos?
-- Sim capitã, eu tenho tudo no meu computador.
-- Então faremos o seguinte, amanhã o senhor tenente irá trazer tudo sobre essas escalas e localização do patrulhamento, disse.
-- Desculpe-me capitã, mas eu acho que as ordens quem dá é a major!
Nesse momento a major que estava calada levantou e disse:
-- Tenente a capitã é sua subcomandante e o que ela decidir, por mim está perfeito. Se ela disse que será assim, então vai ser. Ela também manda no senhor, portanto, ponha-se no seu lugar e lembre-se isso aqui não é a Força Tática. Isso é o regimento Nove de Julho, então, se quiser continuar aqui terá que abaixar a bola.
-- Sim senhora major, eu não quis desrespeitar a capitã, desculpe. E saiu da sala todo assustado. Pegou o celular e resolveu telefonar. Quando a pessoa do outro lado da linha atendeu o tenente se de imediato se identificou.
-- Major aqui é o tenente Gregório.
-- Sim o que você quer a essa hora, eu estou cheio de serviço, respondeu.
-- É sobre aquele assunto da milícia. A major Mantovanni quer todos os dados sobre as escalas e o patrulhamento noturno.
-- Mas que diabos, essa cobra não deixa nada passar batido. Como ela soube disso?
-- Não sei major Pires Paiva, mas, ela quer o relatório para amanhã. O que eu faço?
-- Sei lá, se vira. Quem mandou dar mole e fazer merd*. Dê o relatório e depois veremos o que fazer, fique tranquilo.
-- Certo major farei como o senhor está mandando. Até amanhã.
-- Alguém vai ter que dar um jeito na major. Mas quem?? Pensou o major.
Ficou pensando e chegou à conclusão de que o tenente era a pessoa certa para acabar com a major. Ele só precisava preparar o terreno, e isso, teria que ser dentro do regimento. Sim, ele iria armar tudo e aí o tenente Gregório, seria o assassino da major. Já estava até vendo a manchete: “OFICIAL DA PM É MORTA POR SUBORDINADO DENTRO DO QUARTEL”. E pensando nessa possibilidade começou a rir.
Enquanto isso, Andressa percebeu que Márcia estava inquieta e se preocupou ainda mais. Ela sabia que a major iria até o final para descobrir quem e quais dos seus comandados estavam mancomunados com essa realidade que agora batia ao tão honrado regimento Nove de Julho. Mas ela sabia que no fundo a major sabia quem era e só não acusaria o sogro por falta de provas.
No final do expediente, passou na sala da capitã e ficou esperando que ela terminasse de assinar alguns papéis. Quando ela terminou, pegou a bolsa e abraçando a major deu-lhe um beijo. Olhando para aqueles olhos azuis acinzentados e disse:
-- Você está preocupada não é amor?
-- Sim querida, você sabe o quanto a cavalaria é importante para mim e eu, não posso deixar nada acontecer e desonrar o sobrenome Mantovanni. Meu avô e meu pai foram homens de caráter e brio e comandaram esse regimento com muita seriedade.
-- Mas amor você faz de tudo o que pode para deixar esse regimento organizado. É uma comandante experiente e sabe que pode resolver isso da melhor maneira possível. E tem mais, você pode contar comigo e com o Prado, você sabe disso. Mas eu acho que você deveria conversar com o seu pai. Vamos convidá-los para jantar conosco hoje e ai já contaremos a ele.
-- Está bem amor você está certa, convidaremos meus pais para jantarem conosco.
-- Fica tranquila amor eu estou com você e sei que o meu sogro vai te orientar no que fazer.
A major telefonou para os pais avisando que por volta das vinte horas, apanharia os dois em casa para que todos fossem jantar.
-- Está bem filha, ficaremos esperando. Mas está acontecendo alguma coisa?
-- Sim papai, mas conversaremos depois está bem?
-- Sim filha, então até mais tarde. Fica com Deus minha bambina.
Após o telefonema foram para casa se arrumar, pois, a noite seria de muita conversa. Andressa sabia que o sogro orientaria a major e isso a deixava mais tranquila. Ela gostava muito do sogro, apesar, de ele ser um homem a frente do seu tempo, era de poucas palavras. Agora ela sabia para quem a major tinha puxado e observando a foto da família viu que Márcia era a cara do velho. A única diferença era que o sogro tinha os olhos castanhos escuros e a filha tinha aqueles olhos azuis acinzentados, que ela gostava tanto de apreciar.
Fim do capítulo
O sogro armou a ratoeira. Quem cairá nela?
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]