Meninas
Estamos chegando a reta final da história, este é o penúltimo capítulo e amanhã postarei o último. Como já disse antes não sou de escrever muitos capítulos. Sou digamos assim bem metodica, mesmo porque devido ao trabalho puxado de dar aulas e orientar TCCs não teria muito tempo para escrever e não acho justo ficar me delongando muito e fazendo, vocês, caras leitoras terem um infarto de tanto esperar.
Espero que gostem do capítulo
Abraços a todas.
Capítulo 9
CAPÍTULO 9
Nos dias que se seguiram, lenta e sistematicamente Eduardo foi fechando o cerco ao redor do jovem casal. Kathy, por mais que se esforçasse, não conseguia trabalhar mais do que um dia numa empresa. Quando conseguia um lugar, era despedida no mesmo dia ou no dia seguinte. Nos últimos dias da semana, ninguém mais lhe dava trabalho, por mais que insistisse.
Não quis comentar com Patrícia e procurou ao máximo deixá-la alheia ao que acontecia. Eduardo, porém mostrou que sua influência ia além, muito mais além do que simples relacionamentos. Estava preparando sua vingança e logo a faria desencadear sobre as jovens. Apesar de Kathy querer esconder isso de sua esposa, era fatal que ela acabasse percebendo sua mudança de comportamento e de humor. Naquela sexta-feira, assim que ela chegou, após sua via sacra de pedidos de emprego e negativas, tentou descobrir o que estava acontecendo.
- E então, querida? Você não falou mais nada a respeito daquelas propostas. – indagou ela, sondando-o.
- Vai demorar um pouco ainda, mas está tudo encaminhado. – mentiu ela, abraçando-a com força.
Na forma como Kathy a abraçou, Patrícia sentiu que havia mesmo alguma coisa errada. Ergueu o rosto, encarando-a.
- O que está havendo, querida? Eu sinto que há alguma coisa errada. Está arrependida?
- Não, de forma alguma, amor. Como eu poderia me arrepender da melhor e mais importante decisão de minha vida? – respondeu Kathy, segurando-lhe o rosto entre as mãos e beijando delicadamente os lábios dela.
Patrícia continuou olhando-a nos olhos.
- Eu sinto que há alguma coisa errada.
- Não se preocupe, estou apenas cansada. São os ossos do ofício. O trabalho de corretora é cansativo, você devia saber disso, lembra-se? – arrematou Kathy, beijando-a de novo, depois livrando-se gentilmente dela. – Vou tomar um banho. Falaremos em seguida.
- Quer ir jantar na casa do meu pai? Ele tem nos convidado a semana toda.
- Pode ser uma boa ideia. – concordou Kathy.
A correspondência do dia estava sobre a mesa da sala. Apanhou alguns envelopes e foi para o quarto, deixando Patrícia sozinha, certa de que havia mesmo alguma coisa errada. Ficou apreensiva. Por que ela não se abria? E o que poderia tê-la deixado daquela forma. Estaria arrependida?
Foi atrás dela, disposta a ter as respostas que desejava. Encontrou-a de pé, no meio do quarto, com uma carta nas mãos.
- Mas é um absurdo! Como pode ser isso? – balbuciou ela, assim que Patrícia entrou.
- O que houve? – quis logo saber ela.
- O banco... Simplesmente estornou a operação do financiamento.
- E eles podem fazer isso?
- Aqui diz que fizeram. O dinheiro estava bloqueado na conta do vendedor da casa, aguardando a entrega da escritura definitiva, que seria feita pelo cartório há dois ou três dias atrás. Como? Por quê? – indagou-se Kathy, olhando atabalhoadamente os outros envelopes.
Abriu um outro.
- Deus! Não é possível! – exclamou, aturdida.
Patrícia olhava-a em desespero, sem entender o que estava havendo.
- O que foi agora? – quis saber.
- É uma notificação do vendedor da casa, anulando a venda e apropriando-se da entrada como indenização pelo negócio não concluído.
- E isso pode ser feito?
- Sim, há em todos os contratos uma cláusula de desistência ou de anulação do negócio. Normalmente perde-se a entrada... Eram todas as minhas economias...
- Meu pai! – lembrou Patrícia. – Pode nos ajudar a mudar isso.
- Tenho certeza que sim, mas se tiver de ir para os tribunais para resolver isso, sabe-se quando teremos uma decisão? Até lá, estamos sem casa e sem emprego...
Ela a olhou surpresa.
- Sem emprego?
- Sim, eu não queria lhe contar isso, mas acabou escapando. – disse Kathy, com a atenção voltada para um outro envelope.
Abriu-o afobadamente. Ao ler seu conteúdo, soltou o papel e sentou-se na cama. Patrícia se apressou em apanhar o papel e ler.
- Estão cancelando seu registro de corretora? Kathy o que está havendo, afinal? – indagou ela.
Kathy olhava-a sem entender. Uma ideia passou pela mente de Patrícia. Tudo aquilo não podia estar acontecendo ao mesmo tempo. Parecia uma coisa encomendada, como uma vingança.
- Eduardo! – murmurou ela.
- Como? – indagou Kathy, momentaneamente alheia, subjugada por todos aqueles acontecimentos.
- Tenho quase certeza de que Eduardo é o culpado disso tudo. – afirmou ela, deixando Kathy no quarto e indo até a sala. Apanhou o telefone. Sabia de cor o celular do poderoso advogado.
- Eduardo, sou eu, Patrícia. – identificou-se ela.
- Patrícia, que surpresa! – ironizou ele. – Perdoe-me por não ter ido no seu casamento, mas você deve entender, não? Afinal, você também não foi ao meu. – zombou ele, com uma gargalhada.
- Eu sei o que está fazendo. Está tentando nos destruir e...
- Destruí-las? Eu? Vocês vão se destruir sozinhas, não precisam de minha ajuda.
- Então é você mesmo quem está por trás de tudo que está acontecendo. Jamais o imaginei capaz de uma coisa tão baixa...
- Não vamos falar em baixarias, querida. Afinal, você começou tudo ao me trocar por uma mulher, uma joão-ninguém. Uma qualquer.
- Não admito que fale assim de Kathy. Ela é uma pessoa maravilhosa e não vou permitir que você a destrua dessa forma.
- O que pode fazer para me impedir? Nada! Absolutamente nada. Está além de suas forças. Nem a influência de seu pai poderá mudar o que aconteceu nem o que vai acontecer. – falou ele, num tom ameaçador que Patrícia captou rapidamente.
- Então não vai parar nisso, não é?
Ele gargalhou gostosamente do outro lado da linha.
- Eu vou destruir vocês duas. Você vai se arrepender de ter me humilhado. Vou dar um jeito de colocar sua queridinha na cadeia e nem o prestígio de seu pai poderá salvá-la.
Patrícia percebeu que ele falava sério e assustou-se. Jamais imaginara que Eduardo fosse capaz de ir tão longe em seu desejo de vingança.
Isso, porém, era de menos. O que ela entendia era que o advogado jamais desistiria do seu intento de prejudicar Kathy ao máximo, fosse no seu trabalho, fosse nos seus negócios, fosse no seu casamento. Viu-se encurralada, sem saber o que fazer.
- Eduardo, por favor, eu lhe suplico...
- Sim, querida! Suplique-me, mas quero-a aqui, diante de mim, de joelhos, humilhada, pedindo-me perdão pelo que me fez. Depois disso, vou ver o que fazer. Talvez as deixe em paz. Afinal, vão estar tão cheias de problemas mesmo!
- Maldito! – explodiu ela.
- Há um jeito de revertermos tudo isso, meu amor. – propôs ele. – Desista dessa pé-rapada e volte para mim.
- Nunca! Nem morta! – murmurou ela, desligando.
Ficou parada, com o coração aos saltos, sem saber que atitude tomar. Retornou ao quarto. Kathy havia se estendido na cama e agora fitava o teto, demonstrando desespero.
- Foi ele mesmo. – comentou Patrícia. – Acabei de falar com o miserável. Ele está por trás de tudo que está nos acontecendo.
- Tem certeza? – indagou Kathy, sentando-se na cama para encará-la.
- Sim, ele disse.
- Não vou permitir que isso fique assim. Não sei que pauzinhos ele mexeu para me prejudicar, mas não vou deixar por menos. De uma forma ou de outra, vamos dar a volta por cima. – disse ele, abrindo os braços.
Patrícia foi se aninhar junto ao peito dela. Deitaram-se. Ela se apertou contra Kathy, sem saber o que fazer. Eduardo iria destruir Kathy. Usaria todo o seu prestígio para isso. Nada o impediria, a não ser que ela se humilhasse e deixasse a sua mulher.
Estremeceu, só de pensar nessa possibilidade. Com Kathy realizara-se como mulher. Só ela sabia como explorar sua feminilidade e sua sensualidade, arrancando-lhe sensações que jamais experimentara. Tudo isso além de se sentir protegida, amada, tratada como um ser de carne e osso, com sentimentos e desejos, não como uma bonequinha de luxo, exposta numa vitrine.
- Falaremos com seu pai, querida. Como advogado, ele poderá nos orientar. – propôs Kathy.
- Sim, mas mesmo que ele possa nos ajudar de alguma forma, já perdemos a casa, você já perdeu suas economias e não pode exercer sua profissão. Vamos precisar muito mais do que a orientação de meu pai. Vamos precisar de sua ajuda. – afirmou ela.
Kathy girou o corpo na cama para olhá-la nos olhos.
- O que quer dizer com isso? – indagou.
- Meu pai pode nos emprestar o dinheiro para pagar a casa...
- Não. – protestou Kathy. – Jamais!
- E que saída nos temos? – insistiu ela. – Só que isso não é o que me incomoda, querida. Eduardo disse que irá, de alguma forma, lhe por na cadeia.
- Diabos! Esse sujeito vai nos destruir, querida! – desesperou-se Kathy, pondo-se em pé e caminhando de um lado para outro do quarto.
- Vamos falar com meu pai! – decidiu Patrícia.
O velho ouviu tudo atentamente, fazendo de vez em quando alguma pergunta pertinente, demonstrando o bom advogado que fora. Analisou as cartas que Kathy recebera, os contratos que ele assinara, consultou alguns livros na estante de sua biblioteca, sempre atento e pensativo.
- Bem, Eduardo é um advogado matreiro, soube explorar todas as suas fraquezas, mas na escola em que ele estudou eu já fui professor. – disse o velho, com um sorriso enigmático nos lábios.
- Acha que há alguma chance, papai? – indagou Patrícia, esperançosa.
- Vou ter que analisar esses contratos aqui, depois ver a legislação a respeito dos registros de corretores de imóveis. À primeira vista, percebe-se que nada do que fizeram contra Kathy foi legal. Mas foi feito com uma certa aparência de legalidade. Só vou ter que descobrir onde estão as falhas.
- Eu sinto muito estar lhe dando esse tipo de problemas. – comentou Kathy.
- Pelo contrário, minha jovem. Gosto de uma boa briga. A inatividade não é uma boa coisa. De vez em quando eu preciso de algum exercício mental para não enferrujar. E esta me parece uma boa briga, principalmente porque sei quem está por detrás dela. Eduardo me enfrentou algumas vezes nos tribunais, mas nunca ganhou. Não vai ser esta a primeira vez! – afirmou o velho, seguro de si, com uma expressão animadora no rosto.
- Oh, papai, não sei como lhe agradecer por isso! – exclamou a jovem, abraçando-o.
- Fiquem tranquilas. Agora vamos jantar. Depois vamos conversar sobre outras coisas.
Patrícia abraçou os dois e juntos rumaram para a sala de jantar. Percebera que aquela conversa acalmara Kathy, que demonstrava mais calma agora. Desejou que o otimismo de seu pai se confirmasse, mas não tinha muita certeza do que o velho poderia fazer contra Eduardo, capaz de atos inimagináveis para atingir seus objetivos. Sabia que seu pai pautara toda sua vida pela ética e pela lisura em suas ações. Precisaria mais do que a experiência e a habilidade para superar, em seu próprio campo, um indivíduo tão vingativo e baixo.
- Como se sente agora? – indagou-lhe Kathy.
- Confiante. – disse ela, embora não estivesse certa disso.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
mtereza
Em: 01/12/2015
Ai meu Deus tomara que o pai da Pat possa ajuda-las que ódio desse Eduardo que pena já esta acabando o que é bom dura pouco rsrsrs
Resposta do autor em 01/12/2015:
Olá mtereza
o pai da Patricia com certeza vai conseguir ajudá-las e o Eduardo vai quebrar a cara.
A história já está no fim, mas em breve postarei uma nova e espero que gostem.
Abraços
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