Capítulo 8
O Dr. Eduardo Magno era um homem extremamente preocupado com as aparências. Como um advogado de sucesso, frequente as colunas sociais, participava de eventos importantes, dava palestras e mantinha-se sempre em evidência nos meios de comunicação, principalmente quando ganhava um caso polêmico. Valia-se da repercussão conseguida para ampliar seu conceito e divulgar sua imagem.
Agora, enquanto ouvia o pai de Patrícia desdobrar-se em desculpas e explicações, pensava em como aquele incidente seria prejudicial para sua imagem. Seu conceito de homem seguro, capaz de escolhas certas e decisões irrevogáveis, via-se abalado pela frivolidade e pela inconsequência de Patrícia.
Em nenhum momento passou pela sua cabeça admitir uma derrota. Explicar a seus amigos e convidados, à imprensa e aos meios de comunicação, que seu casamento não se realizaria porque a noiva simplesmente apaixonara-se por uma mulher era algo inadmissível. Não aceitaria que tudo acabasse daquela forma. Patrícia cometera um erro e pagaria muito caro por ele.
- Portanto, se quiser, eu faço tudo isso para você. – prontificou-se o pai de Patrícia.
- Como? – indagou o advogado, cujo pensamento encontrava-se distante.
- Quer que eu comunique os convidados?
- Sim, faça isso, por favor! Só lhe peço que diga que Patrícia sofreu uma indisposição inesperada e está hospitalizada. Quando tivermos novas informações avisaremos. O pai de Patrícia hesitou. Para ele, seria preferível falar a verdade e acabar com a questão naquele mesmo momento. Criar uma farsa poderia gera um problema difícil de ser administrado.
- Por favor! Preciso preservar a minha imagem. – pediu Eduardo, com aparência desolada.
O pai de Patrícia pensou por instantes, depois aquiesceu, balançando a cabeça num sinal de aprovação.
- Acho que você merece isso. – concordou. – O que vai fazer agora?
- Vou espairecer um pouco. Tudo isso foi muito inesperado e até agora não consigo acreditar. Patrícia trocou-me por uma mulher e ainda por cima uma simples corretora de imóveis?
- É uma boa moça... Eu a conheço!
- Aprovou a decisão dela, não foi?
- E o que eu poderia ter feito?
- Pelo menos poderia tentar impedi-la de cometer essa loucura. Nós sabemos que isso não dará certo. Patrícia não pertence àquele mundo. Quando tempo acha que ela vai demorar para perceber isso? Quanto tempo acha que ela vai suportar o preconceito?
O velho pensou por instantes, depois balançou a cabeça, num gesto indefinido.
- Torço para que ela seja feliz e a apoio e apoiarei sempre. Ela é minha única filha. – murmurou indo desincumbir-se de sua ingrata tarefa.
Eduardo ficou pensativo, sem saber o que fazer em seguida. Tinha de relaxar para conseguir pensar direito. Pensou por instantes, estabelecendo o que iria fazer.
Discretamente ele saiu, procurando não ser visto, apanhou seu carro e cruzou a cidade, até um condomínio no bairro Perdizes. Passou pelo portão eletrônico e entrou na garagem, estacionando sua Mercedes ao lado de um carro nacional conversível. Tomou o elevador e, instantes depois, abria a porta de um dos apartamentos.
A lourinha, estendida no sofá, ergueu a cabeça surpresa, olhando-o sem entender.
- O que houver? – indagou ela, levantando-se.
Vestia uma camiseta comprida sobre o corpo, escondendo suas formas jovens e rijas.
- Não haverá casamento! – falou ele, indo até um carrinho de bebidas, num canto da sala, e servindo uma generosa dose de whisky puro.
- Oh, céus! Deus existe! – gritou a lourinha, correndo ao encontro dele e abraçando-o.
- Diga que ela morreu, que um raio caiu na cabeça dela, que ela foi morta num assalto...
- Ela fugiu com outra. – falou o advogado, livrando-se dos braços da garota para terminar de beber o conteúdo do copo.
A lourinha ficou surpresa pela revelação. Mas pelo tom de voz de Eduardo, Simone, a lourinha, percebeu que o humor dele não era dos melhores. Ficou em silêncio, olhando-o caminhar agora de um lado para outro da sala, com o rosto fechado, como se ruminasse uma vingança.
Desejou perguntar mais sobre o assunto, mas calou-se. Já era o bastante saber que o casamento não tinha dado certo. Assim ela o teria de novo só para si.
Foi se sentar no sofá, olhando-o caminhar de um lado para outro.
- Sabe que eu não posso deixar isso por menos, não é? – indagou ele, parando e fixando seu olhar na jovem.
- O que está pensando fazer?
- Fazê-la arrepender-se do que fez, perceber o engano e pedir para voltar para mim.
Simone não gostou nem um pouco da ideia, mas manteve-se calada.
- Vai aceitá-la de volta, mesmo sabendo que ela lhe abandonou por causa de uma mulher?
- Não, eu só quero que ela peça para voltar. Vou dar a entender que a quero de volta, mas, quando chegar a hora certa, vou desprezá-la da mesma forma como ela me desprezou.
- Acho que ela merece isso mesmo. – incentivou-o Simone, adorando a ideia.
Levantou-se e foi abraçá-lo. Acariciou lhe o rosto e o peito.
- Por que não vamos para o quarto? Você precisa de uma boa massagem para relaxar. Não quer?
- Sim, acho que você tem razão, querida. É disso mesmo que estou precisando agora. – concordou ele, deixando-se levar por ela para o quarto.
Simone levou-o para o quarto e o fez sentar-se na cama. Ajoelhou-se atrás dele e começou a massagear lhe os ombros e o pescoço. A penumbra era agradável. O toque das mãos da garota era relaxante. Eduardo respirou fundo, entregando-se àquela massagem carinhosa e provocante.
- Você sabe como me tocar, Si. – disse ele.
- Você é especial, Cacá. – falou ela, deixando que suas mãos dominassem os ombros dele e lentamente caminhassem para suas costas.
Eduardo tirou a gravata, o paletó, a camisa. Virou-se para abraçá-la. Simone foi atraída lentamente, pela suave pressão das mãos de Eduardo e pela intensidade do olhar dele. Havia silêncio em torno dele. Um clima de sensualidade envolveu-os.
O calor do corpo dela gradativamente foi aumentando para Eduardo. Mansamente ela se deixou envolver pelos braços dele. Seus cabelos louros e perfumados chegaram ao alcance dos lábios do advogado. Carinhosamente ele a beijou na testa, depois nos cabelos, enquanto suas mãos mais e mais pressionavam aquele corpo feminino, quente, ardente, ao encontro do seu.
Ela deixou a cabeça pender para trás. Seus cabelos oscilaram provocadoramente. Seus lábios se ofereceram, palpitando levemente, úmidos pela ponta da língua da garota, num movimento que transtornou Eduardo.
Seus lábios pousaram sobre os dela com uma lentidão calculada para, em seguida, aumentarem a pressão e a sucção num beijo que os deixou sem fôlego.
As mãos de Eduardo escorregaram pela costas de Simone, buscando os contornos alucinantes de seus quadris. Por momentos Eduardo teve sob suas mãos aquelas carnes macias e cheias de uma promessa de delícias incomensuráveis.
Foi como se a frustração e a vergonha se transformassem agora num desejo desmedido por Simone, como se o seu corpo jovem pudesse compensá-lo.
Ele retirou a camiseta da garota e o corpo jovem e nu expôs ao seu olhar, ao alcance de suas carícias. Abraçou-a com volúpia. Suas mãos resvalaram para as nádegas de Simone e ambos tombaram sobre a cama, unidos num abraço febril e ansioso.
Eduardo concentrou seus beijos e caricias nos seios da garota. Eram movimentos calmos e hábeis, que fizeram as faces de Simone arderem e um tremor delicioso abalar seu corpo. Ela o abraçou apaixonadamente, com frenesi, colando seu corpo ao corpo másculo e carinhoso sobre si.
- Diga que gosta só de mim! – pediu ela, roucamente.
- Sim, gosto só de você...
- Só eu lhe sou fiel. Só eu espero por você. Só eu sei como agradá-lo! – disse ela, entregando-se totalmente a um beijo prolongado e carregado de desejo.
Suas línguas se buscaram e se tocaram, numa intimidade crescente. Seus corpos se esfregaram com luxúria. Trêmula de paixão, Simone sentiu toda a virilidade de Eduardo, o que mais a provocou e excitou, num conjunto inesperado e incontrolável de sensações que a dominaram, emocionando-a.
Tudo parecia girar, mas ela sentia cada mínima sensação, cada vibração interior de seu corpo. Os lábios dele percorreram seu ventre e cada beijo ofegante e possessivo do advogado a fazia estremecer e arrepiar-se.
Com os lábios e com a língua, Eduardo a brindou com prodígios de excitação. Suas mãos percorriam-lhe o corpo possessiva e ardentemente, alternando toques sutis em seus seios com carícias íntimas e alucinantes. Cada toque e cada movimento daqueles dedos eram como brasa fazendo sua pele arder e transpirar.
Espasmos repetidos agitaram o corpo da garota. Sua respiração se tornava mais difícil, à medida que as carícias de Eduardo iam se tornando mais possessivas e audaciosas.
Com a mesma empolgação, Simone acariciava o corpo de Eduardo, tornando-se audaciosa na mesma medida, imitando os movimentos das mãos dele.
Ambos se sentiram nas alturas. Eduardo arfou, apertou-se a ela, quando aqueles dedos macios e hábeis tocaram-no intimamente. Ela sentiu todo seu corpo entrar em ebulição e o desejo explodir, ansioso. Beijou e acariciou Simone com movimentos frenéticos e possessivos ao extremo. Seus lábios e mãos percorreram impacientes vales e montanhas de carnes ardentes e perfumadas. Seus corpos atingiram um estado de excitação que lhes ia além de seu controle.
Assim, concentrou sua atenção naquilo de mais sensível do corpo da garota. Seus dedos, e depois seus lábios, fizeram o corpo de Simone se contorcer, tocado por sensações incontroláveis. Ela suspirou e gem*u, acariciando-o com frenesi, cravando suas unhas na pele dele, mordendo-o com seus dentes finos e perfeitos.
Foram momentos de total empolgação, quando Simone sentiu que seu corpo não mais lhe pertencia, que aquelas sensações acabariam por fazê-la desfalecer.
- Cacá, por favor! – suplicou ela, vencida pelas sensações que dominavam seu próprio corpo, arrastando o corpo de Eduardo para cima dela.
Seu corpo se acomodou sobre o dela. Simone flexionou os joelhos, permitindo que os quadris dele se aninhassem entre suas coxas. Um roçar cuidadoso e sensível de carnes, uma estocada mais firme e viril a seguir e Simone sentiu que a lava de um vulcão entrava em ebulição dentro de seu ventre.
Sensações mais profundas e crescentes provaram a ela que o prazer era real. Os movimentos cadenciados de Eduardo pareciam conduzi-la a um estado de transe erótico, fazendo despertar dentro dela sensações e emoções até então desconhecidas. Mais e mais aqueles movimentos foram se apressando. Dentro de si, Simone sentiu algo crescer sem medidas, até um ponto em que pareceu explodir numa sensação forte e imensa. Eduardo abraçou-a com força e seus movimentos cessaram repentinamente, vibrando com a sensação máxima do prazer. Simone vibrou, com o prazer fluindo em ondas contínuas e crescentes, até explodirem numa onda maior e deliciosa, que foi se diluindo lentamente. Depois, seus corpos foram se acalmando, com espasmos cada vez mais distanciados. Eduardo se aquietou, ofegante. Simone ficou de olhos fechados, apenas sentindo e desejando prolongar indefinidamente aquelas sensações toda.
O peso do corpo de Eduardo sobre ela, a pela quente e úmida de suor, a respiração que pouco a pouco voltava à normalidade, tudo provocava um prazer adicional. Ela acariciou o corpo do advogado. Havia ternura e gratidão na maciez de seus dedos que percorriam as costas de Eduardo.
Ele moveu a cabeça para beijá-la na orelha e depois na base do pescoço. Ele se apoiou em seus braços para levantar o tronco e encará-la. Simone abriu os olhos úmidos, olhando-o com carinho. Suas mãos subiram pelo peito dele e seguraram sua cabeça. Depois, elas o atraíram para um novo beijo, com sabor de satisfação.
- Você não se cansa de me surpreender! – disse rolando sobre o corpo dela e se estendendo de costas na cama.
Simone girou o corpo para apoiar a cabeça no peito dele.
- Está melhor agora? – indagou ela.
- Oh, sim, muito melhor. Agora conseguirei pensar com clareza e planejar minha vingança. – disse ele, pensativo.
Simone não gostou da expressão no rosto dele.
- Por que não esquece tudo isso? – perguntou.
- Porque não sou homem de perdoar, querida. Pense em minha imagem, pense no que vai acontecer, quando todos ficarem sabendo que fui trocado, aos pés do altar, por uma mulher, por uma corretorzinha de nada, uma joão-ninguém sem eira nem beira. Por isso tenho de agir rápido e dar o troco sem demora.
- Querido, não se desgaste por isso. Coloque-se acima dessa gente. Eles demonstraram não ter um pingo de classe. Por que descer ao nível deles? – insistiu Simone, ansiosa para vê-lo afastado em definitivo de Patrícia.
Não queria que os dois se reaproximassem. Não interessava para ela esse tipo de coisa. Quando mais depressa ele se esquecesse de Patrícia, melhor.
- Você tem toda razão, querida, mas nada vai me impedir de acabar com a alegria daquelas duas. – finalizou Eduardo, vislumbrando o que poderia fazer para vingar-se.
Patrícia e Kathy fizeram um jantar íntimo, com a presença de amigos e familiares, para comemorar a união delas. Tinham pressa em serem felizes juntas. Foram morar na casa que tanto a agradara. Kathy usara todas as suas economias para dar a entrada, conseguindo um financiamento para o restante.
A prestação não era alta e, com seu trabalho, poderiam viver tranquilamente, enquanto aguardavam o momento oportuno para que ela montasse sua própria imobiliária. A moça era uma excelente corretora e não foi difícil, já na segunda-feira, conseguiu um novo trabalho, numa imobiliária importante da cidade. Graças a sua capacidade e a seus conhecimentos, logo no primeiro dia já iniciou algumas trans*ções importantes, que lhe renderiam uma boa comissão. Estava eufórica e feliz, naquela noite, quando conversava com Patrícia.
- Estou indo muito bem, querida. Se fechar esses negócios que iniciei hoje, tenho certeza de que terei dinheiro para montar a nossa própria imobiliária. Um dos negócios envolve uma fazenda de um milhão de reais. Só a minha parte é de trinta mil reais. Se a imobiliária fosse minha, a comissão seria o dobro.
- Fico feliz com você, querida! Tenho certeza que vai conseguir realizar seus sonhos.
- Meu maior sonho está aqui. – disse ela, com ternura, tomando-a nos braços e beijando-a. – Frustrada por não ter tido uma lua-de-mel?
- Com você, todo dia é dia de lua-de-mel. – respondeu ela, num sopro enternecido de voz, aceitando o beijo que Kathy lhe oferecia, cheia de amor e paixão.
No dia seguinte, de volta ao trabalho, Kathy estava entusiasmada. Assim que chegou, no entanto, foi chamada à sala de seu chefe.
- E então, Vítor, vou pegar as propostas para aqueles negócios agora cedo! É sobre isso que quer falar comigo? – indagou.
- Não, infelizmente não, Kathy. Eu não sei como dizer isso... – falou o outro, constrangido, evitando encarar a moça.
Kathy pressentiu alguma coisa errada, mas não sabia o que era exatamente. Não gostou, porém, do tom de voz e da expressão de seu chefe.
- O que está acontecendo, Vítor? – insistiu.
- Kathy, eu sinto... Você não trabalha mais para nós.
- Como? – surpreendeu-se a moça.
- É isso mesmo! Infelizmente estamos com excesso de pessoal no quadro de corretores e somos obrigados a dispensar os mais novos...
- Mas eu tenho propostas em andamento...
- Eu sinto muito. Nada posso fazer.
- Aceite ao menos essas propostas...
- Não posso!
Kathy ficava cada vez mais intrigada. Nunca lhe acontecera algo parecido. Debruçou-se sobre a escrivaninha para encarar seu chefe que, no entanto, evitou seu olhar.
- Por quê? – insistiu.
- Eu sinto muito, Kathy. Sinto mesmo! Mas não há nada que eu possa fazer. – finalizou Vítor, erguendo-se e saindo, deixando Kathy sozinha na sala.
Fim do capítulo
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maria lucia
Em: 29/11/2015
O advogado comprou a imobiliaria sera!!!! Eduardo e fogo.
Resposta do autor em 29/11/2015:
Coloca fogo nisso Maria Lucia, mas ele logo logo terá suas asas da vingança cortadas e será posto no seu devido lugar.
mtereza
Em: 29/11/2015
Era esperado que o pomposo do Eduardo com o orgulho de macho ferido não iria deixar a Patrícia e Kathy em paz mais eu confio que o amor das duas conseguirá resistir e superar as adversidades
Resposta do autor em 29/11/2015:
Pois é mtereza
Tem homens que são orgulhosos e covardes demais para entender que perderam.
Mas a do Eduardo está guardado, ele não sabe onde se meteu ao mexer com a Patricia e a Kathy.
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