Capítulo 26 - sabotagem
Sem saber o que fazer e totalmente desesperada Veridiana nada falou aos seus funcionários que ficaram parados olhando para ela.
Com os olhos rasos de água Veridiana tentou controlar o choro que parecia ser inevitável.
-- Devido a tudo que acabou de acontecer vocês estão dispensados por hoje. - Ela disse deixando a cozinha já com as lágrimas descendo pela sua face.
Seu maior sonho estava se desfazendo bem diante de seus olhos e ela nada podia fazer. Não sabia como aquilo havia acontecido com ela, como aqueles produtos vencidos foram parar no freezer, e aquele rato de onde tinha surgido? Eram tantas perguntas, e nenhuma tinha resposta.
Triste, sentindo-se muito mal Veridiana foi para o único lugar onde podia se sentir protegida; para os braços de Júlia.
**************
Júlia estava no quarto descansando, quando Veridiana entrou porta adentro chorando.
-- Veri? Oque ouve meu amor? - Perguntou Júlia assustada ao vê-la entrar daquela forma em seu quarto.
-- Acabou tudo, acabou! - Veridiana que sempre fora tão forte estava pela primeira vez sem forças, arrasada.
-- Calma amor me explica o que aconteceu? - Júlia estava preocupada, nunca a vira naquele estado, chorando desesperada.
Veridiana deixou-se cair no colo de Júlia e rendeu-se as lágrimas. Somente depois de muito chorar é que ela acalmou-se um pouco e contou tudo que tinha acontecido no restaurante.
-- Ah meu amor! Vamos achar um jeito de mudar este quadro. Com certeza isso foi armado por algum invejoso, um concorrente quem sabe? - Júlia fazia carinhos na cabeça de sua amada Verdiana.
-- Mas quem faria isso? Eu nunca fiz mal a ninguém Júlia! - Veridiana falou ainda soluçando.
-- Vamos por parte amor, primeiro precisamos de um bom advogado e dar um jeito de reabrir o restaurante antes de isso virar notícia. - Júlia tinha medo que a notícia do fechamento do restaurante pela vigilância sanitária se espalhasse e isso prejudicasse seriamente os negócios de Veridiana.
-- Eu não sei o que fazer. Pela primeira vez na vida eu me sinto impotente. - Veridiana sentou-se na cama. - Acho que acabou tudo Júlia.
-- Não diga isso. Vamos dar um jeito, você vai ver. - Júlia a puxou de volta para seu colo e a beijou profundamente, demonstrando todo seu carinho e seu amor.
Sob os cuidados de Júlia, Verdiana acabou tomando um calmante e dormindo por algumas horas. Precisava descansar um pouco e se acalmar.
Já era noite quando Veridiana acordou assustada. Júlia não estava mais ao seu lado na cama.
Ela alevantou-se e desceu para o andar inferior da casa atrás de Júlia.
-- A dona Júlia está aonde? - Perguntou Veridiana a governanta da casa.
-- Ela está na varanda. - Informou a governanta.
Verdiana dirigiu-se para lá e encontrou Júlia na cadeira de rodas. Mas ela estava elegantemente vestida em um vestido curto vermelho de um ombro apenas, cabelos soltos e com uma leve maquiagem no rosto.
A mesa da varanda estava posta para um jantar para duas pessoas. Havia um pequeno castiçal no centro da mesa com duas velas acesas e um pequeno arranjo de flores.
-- Serve para nós? - Júlia pediu indicando a mesa de apoio onde havia um balde com gelo e uma garrafa de champanhe.
-- Júlia?! - Verdiana a olhou com carinho. Era claro o desejo da outra de agrada-la e deixa-la mais tranquila.
-- Não posso sair dessa cadeira, pelo menos por enquanto, então minha única forma de ajuda-la neste momento é assim; te dando meu amor sincero e imenso. - Júlia disse declarando seu amor por Veridiana.
-- Júlia... - Verdiana ficou sem fala diante da declaração de amor. - Só o fato de poder estar ao teu lado em um momento desses já é tudo para mim. - Ela beijou Júlia nos lábios com carinho. Depois serviu a bebidas nas taças e alcançou uma delas a Júlia.
-- Ao nosso amor, a nossa vida nova juntas e se Deus permitir para sempre. - Júlia estendeu o braço que segurava taça e brindou com Veridiana.
-- Amo você e sempre vou te amar. - Veridiana a beijou com amor.
-- Senta Veri, eu mandei preparar um jantarzinho simples, mas daquele jeito que sei que você gosta. - Júlia manobrou a cadeira até a mesa. - Tem aquele peixinho grelhado que você adorava que eu fizesse para você, lembra?
-- Claro que eu lembro. - Veridiana falou sentando-se a mesa na frente de Júlia.
-- Tem também aquele arroz à grega e a saladinha de rúcula com pêssegos que somente eu sei fazer para você.
-- Está tudo lindo Jú. - Veridiana tocou a mão de Júlia por sobre a mesa.
-- Amor vai dar tudo certo, vamos juntas resolver esse problema. - Júlia pegou a mão de Verdiana e a levou até seu rosto.
-- Como nos velhos tempos? - Veridiana perguntou emocionada.
-- Como nos velhos tempos. - Confirmou Júlia deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
O jantar transcorreu tranquilamente. As duas conversaram muito e trocaram muitas juras de amor.
Depois Verdiana levou Júlia para o quarto onde se amaram muito.
Mas nem bem o dia clareou e Verdiana deixou os braços de Júlia rumo ao restaurante.
Havia decidido que não entregaria os pontos assim tão fácil. Reuniria a sua equipe e continuaria os trabalhos no restaurante, mas internamente.
Queria também conversar com eles e tentar descobrir como aquelas coisas todas aconteceram no seu restaurante. Ainda havia o caso do funcionário que trabalhara poucos dias e que sumira no dia da inspeção sanitária.
*****************
Laísa que continuava sua campana obsessiva a Júlia, naquela manhã resolveu surpreender.
Ela entrou na casa e foi direto ao quarto de Júlia e ficou a observando dormir.
Quando Júlia acordou assustou-se com Laísa sentada em uma poltrona em frente a sua cama.
-- Oque faz aqui Laísa? - Júlia com dificuldade se sentou na cama.
-- É minha casa, esqueceu-se? - Laísa estava de pernas cruzadas e como vestia uma saia curta na cor preta, deixava à mostra suas belas pernas.
-- Desculpa, eu sei disso, apenas me assustei com sua presença sem avisar. - Júlia disse se jeito
Laísa tinha um olhar frio, parecia sem sentimentos. Ela olhava para Júlia fixamente, quase sem piscar.
-- Você sumiu. - Júlia passou as mãos nos cabelos os ajeitando. - Soube que pediu licença da promotoria.
-- É eu saí por um tempo. - Laísa pegou sua bolsa e abriu e retirou de dentro uma carteira de cigarros. Ela pegou um cigarro acendeu e tragou longamente.
-- Está fumando agora? - Júlia estava tensa. O jeito da ex-mulher estava lhe assustando. Ela parecia sob efeito de algum medicamento. Seu olhar não tinha brilho, mesmo sendo um par de olhos azuis lindos.
-- Ando muito estressada. - Laísa tragou o cigarro mais uma vez. - Recebi a intimação sobre o divórcio.
-- Laísa? Sabe...
-- Estou péssima Júlia! - Disse Laísa não deixando a outra terminar de falar. - Não durmo, não como, mal faço minha higiene. Você acabou com minha vida! - Ela gritou alevantando-se da poltrona.
-- Acho que você precisa se acalmar. - Júlia estava ficando preocupa. E como ela não podia se mexer da cintura para baixo ela temia ainda mais por sua segurança.
-- Eu estou calma, faz dias que estou tentando me acalmar, mas está impossível tendo você voltado com aquela chefezinha de meia tigela! - Laísa olhou para Júlia, deixando claro que sabia de seu relacionamento.
-- Senta um pouco Laísa, vamos conversar. - Pediu Júlia.
-- Cala a boca Júlia! Quem você pensa que eu sou? Acha que pode brincar comigo e quando cansar voltar para seu machinho? - Laísa já mostrava claramente seu descontrole.
-- Não fala assim. - Júlia tentava alcançar o telefone celular sobre o criado mudo.
Mas Laísa percebeu e correu pegando o telefone e o jogando na parede. O aparelho se espatifou todo.
-- Eu amo você Júlia, estou sem saber o que fazer sem você em minha vida. - Laísa olhou a ex-mulher com um olhar confuso.
-- Laísa, por favor! - Júlia estava assustada.
-- Oque ela tem Júlia, que eu não tenho? Eu sou rica posso te dar quase o mundo. Ela é uma cozinheira, que deve feder a cebola!
-- Mas eu a amo Laísa, entenda isso!
-- Eu posso destruí-la Júlia! - Laísa ameaçou.
Neste momento Júlia deu-se conta de que Laísa poderia ser a autora dos incidentes no restaurante.
-- Foi você não foi? - Júlia sentiu as lágrimas chegarem aos seus olhos. - Você fez aquilo com ela! Você plantou aquelas coisas vencidas!
Laísa gargalhou de modo assustador.
-- Eu posso resolver essa situação. - Ela disse senhora de si.
-- Meu Deus você não tem coração? Este restaurante é a vida da Veridiana e agora ela pode ter perdido tudo. - Júlia estava horrorizada.
-- Já disse que posso resolver isso minha linda. Sou a melhor advogada do país. - Laísa acendeu outro cigarro.
-- Saia daqui agora Laísa! - Gritou Júlia.
-- Estou em minha casa, saia você se quiser. - Laísa ria descontroladamente.
-- Você precisa se tratar você é doente!
-- Doente por você... - Laísa aproximou-se de Júlia que se encolhia como podia na cama. - Volta para mim e resolvo a situação da cozinheira. - Ela tocou o rosto de Júlia que se esquivou do toque.
Ela queria sair correndo dali, sair de perto de Laísa, mas não podia andar. Estava nas mãos dela.
Laísa fora de controle começou a tocar o corpo de Júlia por cima da roupa, levando-a ao desespero.
-- Saia daqui agora! - Júlia começou a gritar apavorada.
Os gritos de Júlia acordaram os empregados da casa que correram em seu auxilio.
Aos vê-los chegarem ao quarto, Laísa se assustou e resolveu sair de livre espontânea vontade. Mas antes ela voltou a falar.
-- Eu posso ajudar sua queridinha pense nisso. Se a ama mesmo, pense com carinho em minha proposta. Eu livro ela das acusações e até consigo patrocinadores, jornais e o que for preciso para divulgar o restaurante dela. - Laísa a olhou seriamente. - Sabe onde me encontrar.
Júlia a olhava assustada, lágrimas desciam por seu rosto. Os empregados assistiam a cena surpresos com a atitude da patroa.
-- Ah, mas pense bem, pois senão talvez ela possa ter mais problemas na vidinha de batatas e cebolas dela. - Laísa deixou o quarto rindo macabramente.
Júlia dispensou os empregados e pediu para ficar sozinha e não ser incomodada.
Precisava pensar no que faria dali para frente. Entendera bem o que Laísa lhe dissera.
Sabia que ela jamais deixaria ela em paz, e sabia também que seu alvo seria Veridiana.
Não tinha ideia do que fazer, amava Verdiana demais, lutara muito para tê-la de volta em sua vida, não podia agora de uma hora para outra desistir de tudo.
*********************
No restaurante Verdiana estava tendo problemas. Três funcionários pediram demissão, justificando que ouviram boatos de que o restaurante não voltaria a abrir.
Fora isso ainda constatou que vários veículos de comunicação divulgaram notícias sobre o fechamento do restaurante por problemas de higiene e limpeza.
Sentia seu mundo se abrido de baixo de seus pés sem poder fazer nada.
Ninguém sabia nada sobre o funcionário que sumiu. E Veridiana averiguou que o tal funcionário não existia. Ela apresentara documentos e referências falsas. Havia sido enganada. Sua falta de tempo fez com que ela não averiguasse direito as referências do tal homem. Arrependia-se muito de ter feito isso.
Sem ter o que fazer no restaurante e muito triste com as decisões dos funcionários Verdiana voltou para casa de Júlia, precisava de seu amor e seu companheirismo.
***************
Ela encontrou Júlia na academia com o novo fisioterapeuta. Ela fazia vários exercícios e já suava muito devido ao esforço.
-- Oi Jú! - Veridiana entrou na academia com um sorriso amarelo nos lábios. Era um sorriso sem vontade, apenas para parecer bem.
-- Oi Veri, já estou quase terminando aqui. - Disse Júlia motivada. - Este é Robson Medeiros, o novo fisioterapeuta.
-- Oi. - Cumprimentou Veridiana um pouco desanimada sentando em um dos aparelhos da academia e observando Júlia se exercitar.
Ela ficou olhando Júlia e pensando no quanto amava aquela mulher e no quanto queria passar o restante de sua vida ao lado dela. Ela era tão linda, tão maravilhosa.
Os exercícios acabaram vinte minutos depois. As sessões de fisioterapia duravam em média uma hora à uma hora e meia.
***************
Quando acabou a sessão a enfermeira levou Júlia para o quarto onde a ajudou a tomar banho e vestir uma roupa limpa.
Depois ela desceu na cadeira de rodas e foi ao encontro de Veridiana que estava no jardim.
-- Oi minha loirinha. - Disse Júlia sorrindo, aproximando a cadeira de rodas de onde Veridiana estava sentada com o olhar perdido no horizonte.
-- Oi amor, vem cá! - Veridiana ajeitou a cadeira de Júlia e com cuidado a colocou em seu colo, beijando-a nos lábios demoradamente. - Te amo muito Júlia, se você não estivesse ao meu lado acho que não suportaria passar pelo que estou passando.
-- Também amo você Veri, e vou sempre ficar ao teu lado amor. - Júlia a beijou com carinho. Mas seus pensamentos eram em Laísa e em sua proposta.
**************************
Laísa no seu carro no outro lado da rua observava a movimentação na casa. E ela assistia a tudo que acontecia na casa através do seu tablet. Ela havia mandado colocar câmeras e microfones por toda a casa. E acompanhava tudo que acontecia na casa minuto a minuto.
E ouvir a declaração de Júlia para Veridiana e vice versa lhe deixou com náuseas, e ela teve de abrir a porta do carro para vomitar.
Recuperada Laísa voltou para dentro do carro e ligou para um conhecido.
-- Jaime? É a promotora Laísa.
-- Oi Doutora, que posso fazer pela senhora?
-- Preciso de um favorzinho, quero uma matéria na capa de seu jornal.
-- Notícia boa Doutora?
-- Não sei se será para o grande público, mas para mim é importantíssimo que você publique o quanto antes.
-- Sabe que devo muito a Doutora, então pode me mandar o que quer que eu publique Doutora. - Disse Jaime solicito.
-- Ótimo! - Laísa falou rindo em silêncio.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]