Olá caras leitoras,
Primeiramente gostaria de me desculpar pelo longo tempo sem postar. Mas estava numa grande correria com trabalhos, TCC e artigos para corrigir e orientar, por isso precisei me ausentar por um tempo.
Mas agora estou de volta e postarei todos os dias.
Espero que gostem do novo capítulo.
Beijos a todas e aguardo os comentários e críticas são sempre bem vindo.
Capítulo 5
Eduardo já a aguardava com impaciência. Patrícia apressou uma desculpa, subindo para o seu quarto, onde tratou de se vestir rapidamente. Quando surgiu, pouco depois, estava radiante de beleza.
- Está simplesmente esplêndida querida! – disse Eduardo, beijando-a no rosto.
- Podemos ir? Acho que chegaremos atrasados, não?
- Não se preocupe, daremos uma desculpa qualquer.
Depois, no carro, Eduardo indagou-lhe:
- Não entendi o que disse quando entrou. Por que demorou tanto? Já estávamos ficando impacientes.
- Estava vendo pessoalmente as casas que a imobiliária tinha a oferecer.
- Decidiu-se por alguma?
- São todas elas maravilhosas, mas gostei particularmente de uma, aliás, a última que vimos. Trouxe as fotos para mostrar-lhe.
- Não será preciso, confio em seu bom gosto.
- Acha que poderemos ir visitá-la amanhã?
- Se fizer questão.
- Gostaria que fosse, Eduardo. Preciso senti-lo participando das coisas que nos dizem respeito. Nosso casamento se aproxima e sinto-o afastado de mim. – choramingou ela, num desabafo.
- Pobre querida! – exclamou ele, abraçando-a e atraindo-a para si.
Patrícia reclinou-se no ombro dele, arrependida do que dissera. Na certa aquilo forçaria uma decisão em Eduardo, fazendo-o agir de modo diferente.
A garota sentia-se estranha, como se temesse ver aquele amor ressurgir das cinzas. Era como se Eduardo não mais pertencesse a ela, nem ela ao advogado. No entanto, aquele braço dominador apertando seus ombros numa carícia doce fazia-a envergonhar-se de seus pensamentos.
- Estou cumprindo o que prometi. – falou ele, devagar. – Sairemos com mais frequência agora. Temos mil coisas para resolver antes do casamento.
- Gostaria de escolhermos logo a casa.
- Sim, entendo.
- Assim eu poderei manter-me ocupada na decoração, na escolha dos móveis...
- Não prefere que um decorador especializado faça isso? Você teria tempo para ir planejando um roteiro para a nossa lua-de-mel.
- Não, quero fazer eu mesma todas as coisas que nos digam respeito. Quero que o perfume das flores seja só meu. – falou ela, pensando em Kathy.
- O que foi? Não entendi o que disse.
- Nada, apenas uma bobagem. – retrucou ela, apertando seu rosto contra o ombro dele.
- Que tal se tirássemos o fim de semana para um passeio mais demorado? – sugeriu ele.
- Oh não. Vou estar muito ocupada nos próximos dias.
- Você diz isso como se precisasse realmente de uma distração, querida. – observou ele.
Patrícia caiu em si. Pensando novamente em Kathy, num modo de tirá-la de seu pensamentos, afastar aquela influência e aquele fascínio que ela exercia sobre ela.
Precisava esquecê-la. Eduardo já devia estar começando a notar algumas mudanças nela. Patrícia traía-se no som da voz, nos pedidos, nos gestos.
- Você não me entendeu, querido. – falou ela, endireitando-se em seu assento. – Quero que tudo saia de minhas mãos, com um toque pessoal.
- Claro, querida. Tenho certeza que fará um bom trabalho. Mas se precisar de alguma ajuda, não hesite em pedir-me. – disse. – Quer falar sobre a casa que escolheu hoje?
- Oh não. Prefiro que você mesmo a veja. Quando poderá ser, amanhã mesmo?
- Sim, já decidimos isso. – retrucou ele.
Patrícia pode notar que estava se distraindo. Não conseguia conversar com Eduardo sem compará-lo a Kathy, mentalmente. A cada momento, era como se fosse pronunciar o nome de Kathy e isso a assustava.
Olhou para a figura do noivo. Eduardo era um belo rapaz, tinha tudo para fazê-la feliz. Mas aquela necessidade de comparação era muito forte dentro dela. Como seria Eduardo no amor? Superaria Kathy? Conseguiria arrancar de dentro dela aquelas sensações todas, assim como Kathy o fizera?
Eduardo virou-se para ela e sorriu.
- Em que está pensando? – indagou ele.
- Eduardo, quero que você me ame.
- Mas eu a amo, querida.
- Não assim, quero fazer amor com você. – pediu ela, sem receio.
Eduardo olhou-a surpreso. Pescou os olhos diversas vezes, como se não tivesse entendido a sugestão.
- Pensei que você fizesse questão de esperar...
- Mudei de ideia. Quero senti-lo antes.
- Uma espécie de teste?
- Falo sério, Eduardo.
- Mas temos um compromisso agora.
- Não pode ser menos convencional?
- Patrícia, entenda, nossa falta será notada na festa.
- Não tem desejos a meu respeito, Eduardo? Não sente vontade de beijar-me mais demoradamente, com paixão? De passear suas mãos pelo meu corpo, de sentir-me vibrar em seus braços?
- Estou desconhecendo você. – disse ele, com um sorriso de convencimento nos lábios.
Para ele, Patrícia estava perdidamente apaixonada, ansiosa para cair em seus braços. O instinto masculino de Eduardo, dizia-lhe que ele devia aguardar um pouco mais, até que ela lhe suplicasse.
- Por favor, Eduardo. É importante para mim.
- Iremos àquela festa. Quando já tivermos marcado nossa presença, sairemos sem que ninguém nos note.
Patrícia sentiu-se desapontada. Eduardo era meticuloso. Uma coisa tinha de ser feita depois da outra, nada repentino, nada excitante, tudo convencional e sistematicamente marcado, como um compromisso.
Pensou em como seriam suas noites futuras, com o amor estabelecido num calendário, o imprevisto adiando momentos que deveriam ser espontâneos e não mecânicos.
Chegaram à festa. As mais importantes personalidades de São Paulo e algumas de expressão nacional se faziam presentes. Eduardo vibrava como criança, exibindo-a como quem exibe um carro novo.
Patrícia sentiu-se deslocada, abandonada. Eduardo era requisitado, tinha que falar sobre seus mais recentes sucessos, como havia conseguido determinada vitória.
A garota afastou-se dele e circulou pela grande casa. Apanhou uma taça de champanhe e dirigiu-se ao jardim. Precisava de solidão para pensar.
Sentou-se num dos bancos e ficou apreciando a noite, perdida em seus pensamentos. Alguém se aproximou. Patrícia levantou a cabeça. Era uma mulher muito bonita, demonstrando estar ligeiramente embriagada.
- Posso sentar-me, querida? – indagou a outra.
- Claro, fique à vontade. – disse, embora seu desejo fosse de que a outra não se demorasse.
- A propósito, meu nome é Claudine. Você é Patrícia, não?
- Sim, como me conhece? Não me lembro de você.
- Já nos vimos uma ou duas vezes em algumas recepções. Além disso, sua foto está nas colunas sociais. Vai casar-se com Eduardo Magno, não?
- Sim.
- É uma pena.
- Por que diz isso? – indagou a garota, intrigada com o comentário.
- Porque sei o que é casar com um advogado famoso.
- Oh, sim. Agora me lembro de você. Seu marido é Saulo Arruda. Eduardo sempre fala dele como um perigoso concorrente. Onde está ele?
- Ali. – apontou a mulher, onde uma roda de homens discutia animadamente. – Meu marido é o que fala com Eduardo agora, reconhece-o?
- Sim, já o havia visto anteriormente.
- Sinto por você. Se eu pudesse voltar atrás, se fosse você, não me casaria.
- O que há de tão terrível nisso?
A mulher soltou um profundo suspiro, reclinando sua cabeça para trás, até tocar o encosto do banco.
- Não é uma vida agradável. Saulo nunca me pertenceu realmente.
- Talvez porque você tenha falhado em alguma coisa.
- Já pensei nisso antes. Torturei-me noite após noite pensando se a culpada de tudo não seria eu mesma. Mas não. A verdade é que eu nunca tive realmente uma chance de tentar nada.
- Como assim?
- Sou mulher, tenho meus desejos, mas passo noite após noite, deitada sozinha na cama, aguardando meu homem. Às vezes ele me telefonava, dando uma desculpa, ora o serviço, ora uma comemoração ou um caso importante. A princípio fazia isso, depois nem isso fez mais.
- Quer dizer que ele a deixa sozinha a maior parte do tempo?
- Por todo um longo dia e por todas as longas noites, semana após semana, mês após mês.
- E o que faz para se manter ocupada?
- O mesmo que você fará no futuro: arrumar um amante para nos satisfazer na ausência do marido. E pode crer que serão muitas as ausências.
Patrícia olhou-a espantada e incrédula. Estava ali uma bela, porém, amargurada mulher, falando com palavras cruas qual seria seu futuro.
- Vejo que ficou escandalizada, querida. – observou a outra.
- Sim é... É sujo, é incrível!
Uma sonora e cínica gargalhada foi a resposta a sua exclamação.
- Olhe para todas essas mulheres aqui na festa. Todas elas, indistintamente, valem-se do mesmo expediente. Pertencemos a um mundo onde os maridos apenas existem quando precisam se apresentar ao lado das esposas, simulando uma realidade que não existe.
- Mas não pode ser assim.
- Mas é assim e temos que conviver com isso. Onde estava você que nunca percebeu isso? A não ser que seja daquelas menininhas ingênuas, que acreditam em príncipes encantados e castelos. Vai decepcionar-se, querida. Terrivelmente.
Patrícia levantou-se, profundamente chocada. Afastou-se, aturdida, à procura de Eduardo.
- Podemos ir, querido? – indagou ela, agarrando-se ao braço dele.
- Só mais um instante, Patrícia.
- Por favor, Eduardo! – suplicou ela.
- Está bem, espere-me no carro, então. Preciso me despedir de algumas pessoas.
Patrícia ia se afastando, quando Claudine Arruda tocou-lhe o braço.
- Não quero mais falar com você. – disse Patrícia.
- Mas há a melhor parte da estória. Talvez você pretendesse me perguntar se tenho ou não remorsos pelo que faço.
- Sim, é uma boa pergunta.
- Pois olhe para o seu Eduardo. É um belo homem, com um físico de atleta e muito dinheiro. Sabe para onde ele vai quando termina seu trabalho e sente-se cansado? Para a casa de uma amiguinha. A mesma que continuará frequentando depois de se casar com você, que lute ou não contra isso.
Patrícia desvencilhou-se da outra e correu para o carro. Entrou e ficou encolhida, tentando pensar direito. O que fizera ela que não tivera conhecimento de coisas como aquela?
Procurou acalmar-se. Estivera falando com aquela mulher embriagada e possivelmente muito amargurada. Eduardo não seria como os outros. Patrícia não permitiria. Lutaria contra tudo que ameaçasse a felicidade de ambos.
Quando ele chegou, aninhou-se em seus braços, apertando-o com força. Eduardo afastou-a com suavidade e depois ligou o motor do carro. Saíram, mas Patrícia notou que Eduardo não pretendia levá-la para casa.
Ao invés disso o rapaz a levava na direção da rodovia estadual. Após meia hora de viagem, o carro estacionou num motel. Eduardo saiu do carro e pouco depois retornou com as chaves de um dos quartos.
- Venha. – ordenou ele, abrindo a porta do carro.
Patrícia estendeu a mão e deixou que ele a levasse. Ao entrarem, a garota gravou todos os detalhes do pequeno aposento, dos espelhos espalhados por toda parte ao estilo dos móveis. Tudo era luxuoso e caro e devia servir apenas como ponto de encontro para casais enamorados.
- um pouco de música? – perguntou ele, caminhando com desembaraço pelo quarto e indo apertar alguns botões ao lado da cama.
- Gostaria que apagasse as luzes. – pediu ela.
Eduardo atendeu-a e depois se aproximou dela. Patrícia sentiu sua respiração cobri-la. Instantes depois, os lábios dele percorriam seu pescoço, enquanto ele a apertava com força, conduzindo-a para a cama.
Com gestos experientes ele a despiu completamente em questão de segundos, fazendo o mesmo consigo logo em seguida. Seu corpo nu pesou sobre o da garota, dominando-a e oprimindo-a, sem provocar excitação.
Os lábios dele sugaram seus seios, seus dentes mordiscaram lhe a pela, suas mãos acariciaram seu corpo com impaciência. Eduardo respirava apressado.
A garota sentiu-se confusa. Lembrando-se de seus momentos com Kathy. Fora com prazer que tocara suas carnes quentes e firmes. Kathy fizera-a sentir-se dona de si, orgulhosa de sua feminilidade.
Eduardo, não. Ele a fazia sentir-se como uma vagabunda qualquer, objeto de um amor mecânico, onde o homem dominador impunha seu jogo e suas vontades.
Ela tentou fugir àquilo, sentir prazer nas carícias que Eduardo fazia pelo seu corpo, vibrar com seus lábios sobre a sua pele, mas o sentimento que a invadiu era o de uma rês prestes a ser sacrificada no matadouro.
Ela o abraçou, beijou-o, mordeu-o, esfregando seu corpo contra o dele, ansiando por libertar-se daquela sensação estranha, mas seu corpo não vibrava, não queria descer pelo mesmo declive que ela sentia o corpo de Eduardo descer.
Apenas ele vibrava, apenas ele sentia prazer que deveria ser dividido, como se a ela não coubesse a menor parte naquele ato. Patrícia rebelou-se interiormente contra aquilo. Queria se entregar, queria sentir, participar, mas seu corpo parecia adormecido e alheio àquele homem tentando contagiá-la.
Então Patrícia permaneceu passiva, afastando as coxas quando Eduardo desejou, levantando os quadris quando ele, ameaçador, roçou suas partes íntimas.
A penetração foi dolorosa, não lhe arrancando um gemido de êxtase, mas lágrimas dos olhos de dor. Eduardo parecia empolgado e vibrante. Seus movimentos sobre ela foram fortes e profundos e ela se sentia traspassada e apenas com um sentimento de nulidade e desprazer.
Quando, num último arranco Eduardo suspirou e gem*u sobre ela, deixando seu corpo tombar para o lado. Patrícia lembrou-se das palavras que dissera a Claudine Arruda. Não seria ela a culpada?
Saciado, Eduardo acariciava seus seios vagarosamente, escorregava os dedos pelo seu ventre, acariciando lhe as coxas acetinadas. Para Patrícia era como se um inseto qualquer estivesse tomando conta de seu corpo. Havia repulsa e não prazer naquilo que sentia.
Pensou em Kathy, nos momentos que passaram, no prazer, nas emoções que ela a fizera sentir e chegou à conclusão de que alguma coisa estava errada em algum ponto de tudo aquilo.
Depois, as palavras de Claudine se confundiram em seus pensamentos, deixando-a aturdida. Ela tentou esquecer tudo aquilo debruçando a cabeça sobre o peito de Eduardo e mordiscando lhe as carnes suadas, mas não o conseguiu.
Ela se esfregou a ele, acariciando-o, empolgou-o novamente e, quando Eduardo a possuiu novamente, Patrícia sentiu-se envergonhada como mulher, insatisfeita e frustrada.
Eduardo repetiu seus movimentos mecânicos sem proporcionar a ela prazer algum, sem fazê-la vibrar, sem que ela galgasse numa disparada louca a escada do êxtase até o clímax que a satisfizesse. Permaneceu nela apenas aquele sentimento profundo e doloroso de ter sido apenas um objeto de prazer, não uma mulher completa e satisfeita.
Fim do capítulo
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