Foi estranho entrar no apartamento acompanhada por ela, a ajudei com as poucas coisas que tinha, a levei em cada um dos cômodos, dividi com ela o guarda-roupa, cozinhei alguma coisa qualquer para comermos, eu me via completamente hipnotizada por cada detalhe daquela mulher, quando deitamos na cama a puxei para mim entrelaçando nossos corpos.

-Gostou da nossa casa?
    -Eu não posso ver Juh, como vou saber se gostei ou não? -respondeu sorrindo, mostrei a língua pra ela.
-Você entendeu o que quis dizer.
-Eu amaria qualquer lugar se nele estivesse você, adorei nossa casa.

Nossa, estranho constatar que a minha vida não era apenas minha, agora era nossa, Emily e eu juntas, me perguntava como pude ficar tanto tempo sem ver o sorriso mais lindo da minha vida, sem minha melhor amiga, sem o nosso amor.
Quando nos beijamos aquela noite eu senti novamente todas as sensações que somente Emily me despertava, lembro das nossas trocas de carinho, das peças de roupa que lentamente deslizavam de nossos corpos até encontrarem o chão, Emily acariciava meu corpo e eu me encontrava completamente prisioneira de seus afagos.

-Eu queria tanto poder te ver Juh, poder fazer amor olhando nos seus olhos, isso é tão injusto. -disse ela deixando uma pequena lagrima cair.

Eu a recolhi antes de levantar, deixando uma garota confusa em minha cama enquanto eu andava pelo quarto, voltei a cama e juntei novamente meu corpo ao dela.

-Pronto meu amor. -disse procurando seus lábios e os juntando aos meus.
-O que você fez Juh?
-Eu apaguei todas as luzes, assim como você eu também não vejo nada.
-E por que fez isso?
-Por que nós vamos fazer amor com a alma, e, eu não preciso te ver pra conhecer cada detalhe seu.

E sem dizer mais nada a tomei pra mim, não precisávamos falar, muito menos ver, mais só senti-la ao meu lado entregue a mim, era assim todas as vezes que fazíamos amor, eramos completamente uma da outra, compartilhando através do sabor de nossas línguas os gostos, os gemidos e sussurros, cada palavra de amor que trocávamos, cada discussão boba que tínhamos, cada pequeno detalhe me fazia a amar ainda mais.
Eu tinha 27 anos quando tomei a maior decisão de minha vida, cheguei em casa depois do trabalho e encontrei Emily sentada na varanda tocando sua flauta, fiquei a admirando por um tempo, lentamente me aproximei dela agachando ao seu lado, quando ela parou de tocar peguei em sua mão e a beijei.

-Emily casa comigo?
-Mas nós já somos casadas. -respondeu rindo.
-Não, eu quero ter uma família com você.
-Do que está falando Juh?
-Eu quero você assinando com o meu sobrenome, eu quero que todos os meus bens também sejam seus, eu quero ter um filho com você.
-Você é tudo o que eu quero Juh.

Meses depois ela já tinha o meu sobrenome, o que pra mim ainda era muito pouco, aquela mulher merecia tudo a começar por meu coração, juntas escolhemos a melhor forma de completar a nossa família, a minha Emily ficou tão linda gravida, passava horas e horas apenas olhando pra ela apreciando cada detalhe da mulher da minha vida, a cada dia mais bela, quando a barriga começou a crescer eu ficava horas fazendo carinho nela, e quando descobrimos o sex* então? Eu me vi louca, comprei quase a metade da lojinha de bebês, descrevia cada detalhe das roupinhas pra ela, Emily ria dizendo que eu iria estragar o nosso garotão, nosso pequeno Edgar.
Os últimos meses de gravides foram os mais complicados eu não saia de perto deles por nada, era totalmente da minha família, mas foi em uma noite em que estava deitada com Emily na cama que ela me falou uma coisa a qual eu ainda não havia pensado.

-O que foi Emily, por que esta com essa carinha de dor? -perguntei preocupada.
-Eu estava pensando Juh... Sera que algum dia eu vou poder ver o Ed? Ver você? -aquelas palavras me partiram ao meio.
-Você pode não me ver com os olhos, mais sempre vai me ver com seu coração. -procurava conforta-la de alguma maneira, mas no fundo eu sabia que isso não era impossível.
-Mesmo assim Juh, eu queria conhecer o sorriso dele, eu queria voltar a ver o seu...

Na mesma tarde eu havia tomado uma decisão, faria de tudo para que ela voltasse a enxergar, usando a desculpa de exames para o bebê fiz com que ela passa-se por vários médicos até que um deles me deu uma esperança, disse que seria uma cirurgia complicada e que as chances de que ela voltasse a ver eram minimas, mais que ainda sim havia uma chance, minha felicidade só não foi maior que pegar Edgar nos meus braços pela primeira vez, ele ainda estava todo sujo de sangue, mesmo assim eu me deitei com ele e Emily naquela cama de hospital curtindo os meus dois amores, sorria feito boba aproveitando o momento e completamente radiante por minha esposa ter me dado o maior presente da minha vida.

-Não vejo a hora de você e eu sairmos por ai com o Ed, de você ler historinhas pra gente dormir. -ela riu.
-E como eu vou ler as historinhas Juh?
-Você vai ler quando voltar a enxergar.
-Não brinca com isso amor. -me pediu triste.
-Eu não to brincando, lembra daquele monte de teste que eu pedi pra você fazer?
-Os teste para saber se o Ed poderia ter a mesma doença que eu?
-Na verdade amor, eram pra saber se você poderia voltar a enxergar, e o médico disse e á uma pequena chance.
-Você tá falando serio?
-To amor, você ainda vai ler muitas historias pra nós dormirmos.

Choramos juntas naquela noite, eu rezava em silencio pedindo a Deus que trouxe-se luz aos olhos da minha doce Emily.

Fim do capítulo