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  • Capítulo 41. Quermesse

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If I should fall, perpetual run por JennyB

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Palavras: 5474
Acessos: 7969   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 41. Quermesse

            Ela olhava a multidão de funcionários correrem de um lado para o outro levando e trazendo bandeirolas, cartazes perfeitamente confeccionados, e madeiras para a montagem de palcos e também das tão famosas barracas de comidas e brincadeiras. Um sorriso formou-se nos teus lábios, pois ela sabia que tudo estaria em seu devido lugar na hora certa, mesmo embora toda a organização estivesse atrasada por causa da chuva que atingiu o lugar durante a manhã toda. A grama ainda estava úmida e o solo ainda fresco e mole, mas as botas de vestimenta a caráter que as pessoas teriam que usar não permitiria que essa pouca lama atrapalhasse qualquer diversão.

-- Alice minha querida, você vai ficar parada ai com essa cara de pamonha ou vai vir ajudar o lindão aqui? -- Arturo resmungava, ele estava no ultimo degrau de uma escada segurando em suas mãos fiações de pequenas lâmpadas coloridas que seriam colocadas junto à decoração da barraca.  -- Ai não Henry! Mais para a esquerda! -- Gritou em tom completamente afobado e imperativo.

-- Se eu não te conhecesse diria que está prestes a ter um colapso nervoso. -- Alice caminhava até o rapaz, ela prendia o riso para evitar que Arturo ficasse ainda mais nervoso.

-- E como não entrar sweetheart? Você não está vendo que está quase na hora e poucas coisas estão terminadas?! -- A voz aguda do rapaz transparecia toda a histeria dele. Ele remexia os fios tentando prendê-los apressadamente, mas acabou deixando-as cair.

            Alice que estava logo abaixo dele segurou os fios antes que caíssem ao chão e estreitou os olhos para o rapaz.

-- Mona, desce daí. -- Resmungou. -- Deixa que eu faço isso antes que você destrua tudo com essa sua afobação. -- Arturo descia da escada em passos pesados quando ouviu a voz suave da amiga tentando acalmá-lo. -- Vai dar tudo certo Arturo, as coisas estão quase prontas e todo mundo está dando o seu melhor para apressar os preparativos. Não fique tão preocupado, você sempre dá as melhores festas e sabe disso! -- O rapaz passou as mãos sobre as têmporas e abraçou-a.

-- Você é incrível! -- Se afastaram e antes que a jovem pudesse dizer qualquer outra coisa Arturo já saia em passos apressados resmungando coisas sobre a arrumação. – Tomaz, esse cartaz está de cabeça para baixo!!! -- A amiga gargalhou com a histeria do rapaz, mas logo tratou de adiantar a instalação das luzes.  

            Cada grupo de cinco pessoas seria responsável por duas barracas, uma de comida e outra de qualquer brincadeira temática, onde o objetivo principal era arrecadar fundos para o término da obra de um grande e completo hospital no Haiti que Arturo havia se tornado sócio investidor. O rapaz adorava causas como esta, onde podia usar sua extensa conta bancária para ajudar pessoas mais necessitadas, e esta era apenas uma de tantas festas com arrecadação de fundos que ele dava. Estas festas nunca eram bancadas apenas por ele, a grande maioria dos amigos de Arturo eram tão, ou até mais ricos quanto ele e o ajudavam da maneira que podiam. Nesta quermesse, por exemplo, ele havia selecionado pessoas do seu circulo amistoso para se tornarem responsáveis pelas barracas e obteve completo sucesso. Todos se mobilizaram pela causa e concordaram em participar. Todo o lucro seria usado para a obra.

            Assim que terminou a instalação, Alice começou as decorações finais, um pequeno arco com algumas letras coloridas ficariam na frente, posicionados no ponto mais alto daquela barraca. Ela puxava de um lado para amarrar e o outro caía, fazendo-a bufar de raiva toda vez que isso acontecia, a jovem se sentou em uma das cadeiras da barraca, ainda segurando o arco em mãos, e permitiu-se ficar ali por alguns segundos, apenas para tirar uma folga daquele dia cansativo que estava tendo.

-- Tudo é por uma boa causa Alice, não se esqueça. -- Repetiu para si mesma. -- E ela estará aqui e... -- Arfou. -- Hoje completam seis dias desde a ameaça do Matheus -- Os pensamentos da advogada foram para longe, ela pressionou os lábios e sem que percebesse apertava a ponta dos dedos contra a palma da mão. -- Eu preciso contar para ela. -- Alice fechou os olhos, lembrando-se do final de semana anterior.

---------------------------- FLASHBACK----------------------------

-- Você disse que nós poderíamos conversar depois da festa... -- A ruiva estava de pijamas, sentada na mureta ao lado da grande janela de vidro do quarto. Seu olhar em momento algum se direcionou para Alice, que acabara de abrir a porta e adentrar ao local, ao contrario do que se esperava aqueles olhos azuis cansados de esperar e vagar por aquela monótona e linda paisagem do campo iluminado pela luz do luar estavam simplesmente indispostos para enfrentar a teimosia e persistência de Alice de novo. Uma persistência em ignorar aquele assunto. -- Eu fiquei te esperando até agora e... -- Emily apertou os lábios e olhou-a de rabo de olho, observando a amiga que estava estagnada e completamente sem expressão, aqueles olhar distante e frio era o único vestígio de sentimento que a ruiva conseguia notar na amiga. -- A festa já acabou há horas Alice. -- Emily sentiu uma desconfortável sensação percorre-lhe pelo peito, algo entre um aperto e um calafrio, ambos ruins de mais para que passassem despercebidos. Ela sabia que Alice estava fugindo dela e daquela conversa, mas não saber o real motivo do por que a deixava completamente confusa e amedrontada. Toda a disposição que a ruiva sentiu de finalmente admitir não só para ela mesma, mas também para Alice, do sentimento que estava crescendo dentro dela foi se esvaindo por horas enquanto inutilmente esperava pela amiga naquele quarto.  Seu olhar retornou para a vista da janela, o silêncio de Alice deixava-a desconfortável.

-- Desculpa Em, eu...Bom, eu estava, ér... -- A advogada não conseguia encontrar nenhuma desculpa.

-- Tudo bem Alice. -- A voz rouca e calma da ruiva a surpreendeu, Alice esperava por algum contra argumento ou alguma insistência da parte dela, mas não obteve nem um, nem outro.

            A advogada sabia que não estava tudo bem, mas o fato de não querer tocar naquele assunto inibiu qualquer tentativa de acertar as coisas entre elas. Alice apenas concordou com um balançar de cabeça e um efeito sonoro quase inaudível.

-- “Hum”. -- Seguiu até a mala, retirando seu pijama e indo até o banheiro trocá-lo.

            A ruiva acompanhou toda a movimentação de Alice apenas com a audição, dava para ouvir o zíper da mala abrir e fechar, os passos apressados passarem pela extensão do quarto e o fechar da porta que rangia toda vez que era movimentada. Soltou um forte suspiro quando percebeu estar sozinha novamente. Emily segurava um pequeno pedaço de papel nas mãos, passou-o de uma mão para a outra enquanto observava às pequenas letras escritas a mão, sentiu seus olhos lacrimejarem, mas ela não deixou que as lágrimas caíssem, respirou fundo e repetiu diversas vezes que seria melhor deixar tudo como estava, mas no final acabou questionando suas próprias crenças.

-- Eu preciso tentar. -- Resmungou baixo enquanto se levantava e ia até a porta do banheiro em passos receosos. Levantou uma de suas mãos e fechou-as na intenção de bater na porta, mas parou a milímetros de fazê-lo. Pressionou os lábios em uma respiração pesada, abaixou as mãos e logo as levantou de novo, vez ou outra chegando a poucos milímetros de bater, mas Emily sempre desistia, mal sabendo ela que do outro lado daquela porta estava Alice, recostada sobre a mesma e pedindo com todas as suas forças para que a ruiva não batesse, pois ela sabia que se a amiga o fizesse, controlar a vontade de beijá-la e viver aquele momento seria impossível. A advogada sentia a presença de Emily do outro lado, ela podia ouvir a respiração da jovem e imaginar claramente a imagem da ruiva do outro lado, seus lábios entreabertos como se lutassem contra a sua vontade de chamá-la, as sobrancelhas franzidas pelo constrangimento de não conseguir o fazer... Era como se Alice pudesse vê-la sem estar realmente vendo, e isso a corroia por dentro. Ela se virou em um impulso irracional e postou sua mão sobre a maçaneta, teimando em girá-la logo que ouviu os passos de Emily se afastar.  Alice encostou e testa na porta, apertou os olhos com força durante uma respiração profunda e duradoura. Quando saiu do banheiro, Alice procurou a amiga com o olhar por todos os cantos, mas Emily não estava mais lá, achou um único pedaço de papel jogado ao chão e o pegou.

-- “Eu deveria ter me apaixonado por você”. -- Alice observou as letras que aparentavam terem sido escritas há anos e lembrou-se de que realmente foram. Aquele era um papel que ela havia dado a Emily no primeiro dia de aula depois da viagem de Porto Seguro, em um momento de brincadeira entre elas durante a aula, mas Alice mal sabia que Emily havia guardado esse bilhete e que o carregava dentro de sua carteira junto a uma pequena foto delas tirada em uma máquina de fotos de um parque de diversão.

 

---------------------------- FIM DO FLASHBACK----------------------------

-- Precisando de ajuda? -- Alice olhou a mulher de rabo de olho e logo arfou. Como ela conseguia ser sempre tão arrogante e insuportável?!

-- Ainda não entendo porque Arturo insiste em te convidar para essas festas. -- Resmungou enquanto jogava a ponta do arco para cima da loira. -- Amarra essa ponta ali. -- Apontou.

-- É uma resposta simples, Alice. Basta olhar a minha conta bancária. -- Sorriu vitoriosa.

-- A dos teus pais você quer dizer, senhorita desempregada. -- Alice observava-a subir na escada. Ela tentou desviar o olhar, mas as pernas de Lívia eram realmente muito bonitas. Secou-as por longos segundos até o momento em que a mulher desceu.

-- Quando eles morrerem tudo será meu de qualquer maneira, então para quê trabalhar, não é mesmo? -- Lívia se aproximou da jovem, tocando na gola de sua blusa pólo e ajeitando-a. -- Não vai pendurar a sua ponta? -- Provocou quando sentiu a respiração da advogada ficar mais intensa.

-- Era justamente o que eu estava indo fazer antes de você colocar essas patas imundas em mim. -- Alice subiu em uma cadeira e amarrou a outra ponta, finalizando assim a arrumação da barraca.

-- Patas imundas, sei. -- Lívia voltou a se aproximar de Alice, cercando-a no balcão. -- Você nunca reclamou antes.

-- Sai daqui garota. -- Alice depositou suas mãos nos ombros da loira e a empurrou, tentando afastar-se logo em seguida. Porém foi impedida pelas mãos ágeis de Lívia, que seguraram em seu braço, forçando-a a continuar ali.

-- Seu primo nunca chegou aos teus pés, sabia ? -- Mordiscou o lábio inferior em um sorriso pervertido.

            A advogada ficou de boca aberta com as palavras mesquinhas de Lívia.

-- Toda essa tua teimosia só me deixa com mais saudade de você. -- A loira atirou seu corpo contra o de Alice, deixando seus lábios a milímetros dos dela. -- Te encontro depois da festa, no nosso quarto? -- Referiu-se ao quarto que sempre ficavam quando vinham juntas para o sítio de Arturo.

            Desgosto e uma total ânsia de vômito foram tudo que Alice conseguiu sentir com aquela aproximação forçada e sem sentido. Lívia poderia ser linda, gostosa e qualquer outra coisa que instigasse uma mulher a ir para a cama com ela, mas toda a sua falta de caráter, falsidade e indecência só trazia a Alice sensações desagradáveis e lembranças piores ainda. Lembrar-se até do beijo daquela mulher era horrível.

-- Nem nos teus sonhos, sua ridícula. -- Alice se sou dos braços daquela mulher e se afastou. -- E se você pensa que...

-- Mulher do céu, eu consigo ver a faísca de vocês de longe!! -- Arturo aproximou-se.

-- Deveria ter pensado nisso antes de convidar essa idiota para participar das nossas barracas, queridinha. -- Alice passou pelo rapaz feito um furacão ao seguir em direção a casa.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

-- Você precisa vir logo. -- A voz manhosa de Alice soava do outro lado da linha. -- Aquela mulher me tira do sério. -- Resmungou.

-- Eu não vou Alice. -- A advogada que estava até então deitada sobre a cama, levantou-se em um único impulso, sentando-se sobre a mesma.

-- Como assim você não vem? Você disse que viria! Arturo estava contando com você para ficar de primeiro turno a barraca!

-- Não estou me sentindo muito bem. -- Revirou-se de um lado para o outro na cama, puxando o cobertor sobre o rosto.  

-- Você deve estar morrendo para pensar em furar comigo desse jeito Allison. -- Alice falava entre os dentes.

-- Eu estou quase lá. -- Murmurou.

-- O que você tem? -- Arfou, tentando manter-se calma e entender o lado da irmã.

-- Estou com febre e indisposta... Já liguei para o papai e ele está vindo ficar comigo.

            Alice sentiu-se mal por ter sido grosseira com a irmã ao telefone, jogou seu corpo contra a cama novamente e suspirou pesado.

-- Ele vai te levar ao médico? Não toma nenhum remédio antes de saber o que é, tudo bem? Toma bastante líquido e se você precis...

-- Alice, eu vou ficar bem. – Afirmou, interrompendo a irmã.

-- Promete?

            Allison sorriu do outro lado da linha.

-- Eu prometo.  Agora diga ao Arturo que eu sinto muito.

-- Aquela bicha vai surtar. -- A advogada tentou prender o riso, mas acabou acompanhando as gargalhadas da irmã.

-- Você pode me substituir. -- Usou de um tom brincalhão.

-- E sair beijando todo mundo? Não mesmo! -- Retrucou.

-- Pense que é por caridade que fica melhor. -- Riu do tom desesperado de Alice. -- E tem mais, Arturo só tem amigo gato...

-- E gay. -- Completou. -- Vai saber onde a boca deles já passou! ÉCA. -- Fez uma careta.

-- Eu não tinha pensado por esse lado. -- Allison também fez uma careta.

-- Pois é, o destino é muito cruel mesmo. É você quem deveria fazer isso.

-- Ah é?! E eu poderia beijar sem problema nenhum não é?! -- Usou de um tom implicante.

-- Ninguém mandou ter a idéia da barraca do beijo.

-- É o que mais dá lucro nas quermesses Alice, tinha que ter uma...

-- Mas não necessariamente precisaria ser a nossa. -- Contra argumentou.

-- Enfim, já foi. -- A campainha da casa de Alice tocou. -- Eu acho que o papai chegou. Tenho que ir. Tente não pegar sapinho, e não mate a pobre coitada da Lívia.

-- Pobre coitada é o caralh... -- Alice só pôde ouvir o som da chamada sendo encerrada, o que de certa forma deixou-a um tanto quanto irritada. -- Essa minha irmã... -- Mordeu o lábio inferior enquanto forçava seus pensamentos para chegar a uma solução para o problema da ausência da irmã.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

            A festa já havia começado há algumas horas, as pessoas continuavam chegando e lotando todo o campo. As barracas estavam a mil por hora, vendendo suas comidas e alegrando a todos com as diversas brincadeiras descontraídas. Arturo também tinha contratado um pequeno parque de diversões para ajudar nos lucros e algumas bandas de diversos estilos musicais.

            Alice acabou tendo que substituir a irmã, uma vez que só havia elas e outra garota para ficar lá, a festa seria divida em dois turnos, um para Allison, que não compareceu, e posteriormente a outra garota, enquanto Alice ficaria apenas na barraca das comidas. Uma tremenda confusão fez com que Arturo se responsabilizasse pelas comidas e Alice ficasse no primeiro turno da barraca do beijo, contrariando tudo que estava programado.

            A advogada lembrou-se que Emily tinha ficado de procurá-la na barraca de comidas, e por não ter tido o tempo de avisá-la sobre a mudança de planos ela aproveitava o tempo entre uma pessoa e outra para olhar em seu celular, procurando por qualquer mensagem da ruiva que não dava sinal de vida desde o dia em que foi convidada para a festa.

            Alice sorriu com simpatia para a morena que estava a sua frente, e logo se aproximou, depositando em sua boca um selinho demorado. Observou a mulher se levantar com um sorriso vitorioso nos lábios.

-- Eu mato a Allison. -- Resmungou enquanto percorria o olhar pela extensa fila de homens e mulheres que se formava, todos eufóricos para beijá-la por “caridade”. --

-- Você vai me beijar ou não? Eu paguei pela fixa. -- Uma voz rouca e doce soou logo a frente da advogada, trazendo-a para a realidade de que ainda havia muitas pessoas para beijar. Sua distração era tanta que ela sequer percebeu que aquele era um timbre conhecido.

            Alice esfregou as pálpebras com força e deixou escapar um forte suspiro ao pensar em como, e se encontraria a amiga naquela festa. Antes que olhasse para a mulher à sua frente, a advogada deu uma ultima e rápida olhada no visor do celular e sentiu seu semblante murchar com a ausência de mensagens da ruiva.

-- Está esperando alguém em especial? -- Insistiu a mulher, enquanto te longe podia-se se ouvir o som calmo e tranqüilo que a banda de cover tocava.

-- Sim. Não. -- Arfou. -- Desculpa, eu... -- Alice alocou o celular no bolso da calça e tomou coragem para enfrentar aquela mulher, ou melhor, os lábios dela. Seus olhos percorreram o corpo da jovem de baixo para cima até que finalmente alcançasse aquele rosto delicado e rubro. -- O que voc... -- A voz de Alice teimou em sair. Pigarreou antes de prosseguir. -- O que você está fazendo aqui?

 

“Tried to keep you close to me
But life got in between
Tried to square not being there
But think that I should have been”

 

            A mulher apenas a olhava, mantendo em seu rosto pacato um sorriso discreto e encantador.  Alice sentiu seu coração parar naquele momento, tomando-lhe todo o fôlego, seu corpo estremecia a cada segundo com o qual ficavam se encarando. Alice não podia acreditar que dentre todas aquelas pessoas, justamente ela tinha chegado até ali sem ao menos ser notada.

-- É para caridade. -- A jovem de olhos azuis tentava a todo momento obter a atenção da amiga, acompanhando cada movimento de seus olhos e lábios minuciosamente. Foi impossível não notar todo o corpo de Alice se contrair com o susto de vê-la. -- Eu não posso fazer isso Harley. -- Alice ameaçou se levantar, mas a ruiva tocou seu braço, impedindo-a de fazê-lo.

“Hold back the river, let me look in your eyes
Hold back the river so I
Can stop for a minute and see where you hide
Hold back the river, hold back”

 

-- Seria tão ruim assim? -- Emily franziu a testa ao observá-la sentar-se novamente.

            Antes que Alice pudesse responder, uma mulher alta e loira tocou-lhe o ombro e cochichou em seu ouvido, avisando-a que já estava na hora de substituí-la. 

-- Alice, pode ir. É a minha vez. -- A advogada pensava estar sendo mais uma vez salva pelo gongo. Levantou-se rapidamente da cadeira, deixando para a ruiva apenas um sorriso envergonhado, mas antes que pudesse alcançar a saída da barraca, sentiu seu braço ser bruscamente segurado e puxado para trás, fazendo-a girar 180 graus em direção a ruiva, colidindo contra seu corpo.

“Once upon a dear friend life
We rode our bikes into the sky
With love we call against the tide
Those distant days are flashing by”

            Emily deixou escapar um sorriso quando notou o corpo da amiga estremecer em seus braços, ela sabia que Alice estava completamente entregue a esse momento, não tinha como sequer negar isso. Cercou a cintura da advogada e puxou-a para mais perto, deixando seus lábios a milímetros de se tocarem. Era possível sentir a respiração pesada de Alice, seu coração batia agitado no peito e isso tirava-lhe todo o controle sobre suas ações, ela estava estática diante de toda aquela aproximação da ruiva. Seu olhar percorria a extensão dos lábios de Emily vagarosamente enquanto observava-a se aproximar.

-- Emm... -- A voz da advogada falhou quando sentiu os lábios da ruiva colidirem contra o seu em um toque delicado e calmo que tirou-lhe o restante do fôlego.

“Hold back the river, let me look in your eyes
Hold back the river so I
Can stop for a minute and be at your side
Hold back the river, hold back
Hold back the river, let me look in your eyes
Hold back the river so I
Can stop for a minute and see where you hide
Hold back the river, hold back”

            Aquele foi um beijo longo e cheio de carinho, mas em momento nenhum a ruiva ousou aprofundar suas ações. Continuou com seus lábios selados aos da amiga apenas para fazer valer o bilhete que tinha comprado, afinal, Alice aparentava não querer nada além da amizade de Emily e quem seria ela para contrariar sua vontade. Desejo não lhe faltava, muito menos sentimento, mas assim como a advogada, ela sentia um enorme medo de perder aquela amizade que sempre lhe fora tão importante.

            Alice manteve seus olhos abertos nos primeiros segundos do beijo, incrédula com a atitude ousada de Emily, mas não demorou muito para que se rendesse à maré de sentimentos que tomou todo o seu corpo de maneira tão intensa. A ruiva não era a única a se esforçar tanto para não aprofundar o beijo, e como não querer?! Alice a amava e aqueles lábios eram tão macios tão doces... era delicioso apenas tê-la tão perto. Sentiu a ruiva se afastar em um movimento calmo, totalmente contrário ao que as uniu ali, e observou a feição curiosa que se formou no rosto da jovem, elas trocaram alguns olhares antes que a loira as interrompesse.

-- Você não cansa de beijar a minha ex, não é mesmo? -- Lívia fitava-as, completamente incrédula com a persistência e petulância de Emily.

-- Não começa Lívia, na boa. -- Emily resmungou sem desprender seu olhar da advogada a sua frente, que por sinal havia ficado completamente corada.

-- Tanto faz. Você e eu sabemos muito bem aonde as noites de Alice acabam, e adivinha só, não é na sua cama. -- Falou com arrogância enquanto encarava-a. Suas palavras provocantes despertaram o olhar da ruiva que retribuiu com um olhar nada satisfeito, deixando escapar uma risada nervosa logo em seguida.

            A advogada olhou sério para Lívia, repreendendo-a. Mas sua atenção voltou-se para a ruiva no instante em que a viu saindo em passos apressados da barraca.

-- Porque você é sempre assim Lívia? -- Arfou. -- Tente ser menos cretina da próxima vez. -- Alice balançou a cabeça em reprovação a atitude da loira. -- Emily, espera! -- Gritou enquanto adiantava os passos para tentar alcançá-la. -- Emily, por favor. -- A advogada já estava próxima o suficiente para saber que podia ser ouvida, mas mesmo assim Emily não parou. -- Será que dá pra você esperar?! -- Disse enquanto tocava no ombro da ruiva tentando impedi-la de continuar.

-- Eu detesto essa garota! -- Emily falou entre os dentes enquanto virava-se para Alice, usando de um tom bem mais irritado do que pensou que seria.

            A amiga tentou segurar o riso, mas acabou deixando escapar um sorriso bobo e descontraído, sorriso este que atraiu a atenção da ruiva, fazendo-a franzir as sobrancelhas.

-- Que foi? Que sorriso é esse? -- Fitava-a.

-- Não é nada... -- Pressionou os lábios para disfarçar o sorriso, mas o fato de ver Emily com aquela expressão tão séria e curiosa a fez gargalhar.

-- Alice, o que foi? -- Cruzou os braços e continuou a encará-la, dessa vez semicerrando o olhar.

-- Você fica uma graçinha quando está com ciúmes. -- Implicou.

-- Ci...Ciúmes? -- Arregalou os olhos. -- Você está louca ou o quê? -- O timbre agudo da jovem nesse momento não a deixava esconder o nervosismo. -- Eu não tenho ciúmes dela.

-- Não? -- Aproximou-se da ruiva, fazendo-a recuar igualitariamente a quantidade de passos. -- Então porque saiu quando ela insinuou que...bom, aquilo?  -- Olhou nos olhos da ruiva e achou fofo a forma como ela desviava o olhar para todas as direções possíveis e mesmo assim acabava voltando para o ponto inicial: Seus olhos.

-- O que vocês fazem ou deixam de fazer não é problema meu Alice. -- Retrucou em um tom sério. -- Eu só não acho que ela seja mulher para você. Ela é uma vagabunda arrogante, medíocre, mesquinha, fútil... -- A ruiva respirou fundo para não continuar os insultos, nesses últimos segundos ela estava odiando a loira muito mais do que normalmente o fazia. -- Você merece coisa melhor. Mas se quiser ficar com ela, tudo bem. Ai é com você. -- Alice apenas observava a amiga falar apressadamente enquanto gesticulava em quase todas as palavras, transparecendo quase que cem por cento todo o nervosismo que provavelmente estava sentindo. Ela sorriu novamente, fazendo com que Emily semicerrasse os olhos em sua direção.

-- Eu não quero ficar com ela Harley. -- Deu um passo em direção a ruiva. -- Eu a detesto tanto quanto, ou até mais que você. -- Falou com convicção.

-- Não foi o que pareceu. -- Sentiu seu coração palpitar com a aproximação da advogada.

-- O quê?! Só porque eu não bati boca com ela ou neguei o que ela disse? -- Pressionou os lábios em um bico, um que sempre fazia quando pensava em alguma coisa. -- Eu só não acho que vala a pena mais Harley. Lívia é um passado do qual eu quero me esquecer. -- Manteve seu olhar sobre a amiga. -- E sim, ela é tudo isso que você disse. Então não tem motivos para sentir ciúmes dela, porque eu nunca dormiria com ela de novo. -- Falou sem pensar no duplo sentido que suas palavras poderiam ter.

            Emily ficou corada com a insinuação da advogada.

-- Acho que me expressei mal... -- Franziu as sobrancelhas em uma expressão de completa culpa, despertando a risada da ruiva.

-- Não, eu só acho que você realmente acredite que eu quero dormir com você. -- Levantou as sobrancelhas e sorriu de maneira completamente galanteadora, achando-se a ultima coca-cola do deserto, e claro que fora tudo pelo simples prazer de implicar com Alice e deixá-la totalmente envergonhada. Funcionou. -- Eu estou brincando Alice. -- Sorriu brincalhona. -- Vem comigo. -- Emily puxou-a pelo campo, correndo em uma direção completamente contrária a aglomeração de pessoas dançantes.

            Alcançaram a fila da roda gigante, mas não ficaram esperando. A nova remessa de pessoas estava embarcando no brinquedo quando chegaram e elas logo também o fariam.

-- Vai me levar na roda gigante? -- Alice olhou-a, carregando nos lábios um sorriso discreto.

-- Eu não queria ir sozinha então pensei que talvez você pudesse me acompanhar, o que acha? -- Emily retribuiu o olhar e estendeu a mão em sua direção em um gesto de cavalheirismo.

-- E tem como dizer não? -- Alice olhou para frente, apontando alguma coisa com um balançar de cabeça. Emily logo entendeu e seguiu o olhar da jovem, comprovando que elas eram as únicas que ainda não tinham embarcado no brinquedo e todos estavam as esperando.

            A ruiva deu passagem para que Alice embarcasse primeiro e logo a acompanhou, sentando-se colada ao seu corpo.

-- Alice? -- Emily chamou a amiga, que até então estava distraída observando a noite linda que fazia.

-- Sim? -- Respondeu-a ao fitá-la.

-- Me desculpa pelo beijo. -- Falou com receio. -- Eu não fiz por mal. Não quis desrespeitar a sua vontade e...

-- Minha vontade? -- Interrompeu-a.

            Alice franziu a testa, confusa.

-- É... -- Engoliu seco, tentando tomar coragem para falar sobre o assunto. -- Eu sei que você não queria me beijar, e que você também não quer nada a mais do que nós já temos, e... -- Alice sentiu suas bochechas corarem e seu coração pulsar forte no peito. -- Enfim, eu só queria esclarecer que eu fiz o que fiz apenas para ajudar na caridade. -- A ruiva tocou a mão da amiga. -- E eu jamais beijaria a Lívia, você sabe disso. Então eu...

-- Então você me beijou. -- Completou.

-- Sim... Não. Sim. -- Pausou por um certo tempo na tentativa de evitar mais gaguejos e constrangimentos. -- Quero dizer, eu não te beijei só por isso. Não foi o único motivo. -- Olhou a amiga nos olhos e pôde sentir a tensão que transbordava através de Alice.

-- Não? – Perguntou receosa.

-- Não... Alice -- A ruiva depositou sua mão sobre a de Alice que estava sobre a perna e entrelaçou seus dedos. -- Eu estive longe por dias e você não me procurou uma única vez, e nós duas sabemos o por que. -- A essa altura o coração da advogada batia tão forte que ela podia jurar que Emily o ouviria. -- E eu te peço desculpas antecipadamente, mas não vou deixar que fuja dessa conversa de novo. -- Emily respirou fundo, buscando manter a calma diante de um momento que poderia mudar todas as coisas com as quais estava tão acostumada a viver.

-- Emi... -- A ruiva colocou o dedo indicador sobre os lábios da advogada, impedindo-a de estragar tudo ou até mesmo de espantar a sua coragem. -- No ultimo final de semana muitas coisas aconteceram comigo, e eu não te culpo por achar que tudo que eu lhe disse no casamento foi por fraqueza, ou porque você achou que eu estava confusa de mais para saber do que eu estava falando, ou do que eu queria. -- Umedeceu os lábios com a ponta da língua antes de prosseguir. -- A questão é, Alice, que naquele dia você fez com que eu sentisse que aquele era de novo o primeiro dia da minha vida, eu estava cega até esse dia, talvez eu sempre tenha sido cega, ou talvez eu tenha tido apenas medo de mais para admitir para mim mesma o quanto eu estou, e o quanto eu sempre estive apaixonada por você. -- A ruiva trouxe a mão de Alice até o centro do seu busto enquanto olhava-a nos olhos. -- E eu estive pensando que este é finalmente o dia em que eu tenho que deixar você saber que sentimentos como este demoram para sempre, e que eu, especialmente, fui lenta de mais e burra de mais para perceber isso. -- Os olhos de Alice estavam avermelhados pelo esforço que ela fazia para não deixar com que as lágrimas ali formadas caíssem. -- Eu preciso de você Alice. Eu sempre precisei. E eu sei que levei tempo de mais para perceber isso, e que você pode estar em outra, ou pode simplesmente não querer compartilhar esse sentimento comigo, mas eu sinto como se pudesse ir a qualquer lugar com você e que eu seria feliz assim. Então se você quiser ficar comigo, mesmo com o medo de estragarmos tudo que nós temos, essa é a hora, porque eu realmente não sei se teria coragem de dizer tudo isso de novo... -- A respiração pesada de Emily refletia claramente a forma desordenada e intensa que seu coração batia. -- Diz alguma coisa, por favor. -- Após longos e tortuosos segundos de silêncio, a ruiva praticamente implorou para que a amiga se pronunciasse.

-- E como eu poderia quando você tira todas as palavras de mim, Harley? -- Questionou-a com o timbre fraco e trêmulo, em um tom quase inaudível. 

-- Eu só preciso que me diga alguma coisa, que me dê um sinal... Se você disser que não eu posso esquecer esse assunto e nós nunca mais precisaremos falar sobre ele. Mas se você disser que sim...-- Suspirou.

            Assim como o tom da voz, a expressão facial da ruiva implorava-a por qualquer palavra. Alice estava hipnotizada pelo olhar penetrante que a ruiva lançava sobre ela, mas foi desperta quando o celular em seu bolso vibrou, e antes que pudesse dizer-lhe qualquer coisa ela lembrou-se da ameaça de Matheus, o que a fez pegar o celular discretamente e o olhar, lendo imediatamente a mensagem na tela.

“Seu tempo acabou. Amanhã contarei à ela”.

            A advogada sentiu como se seu coração parasse de bater naquele momento, seus olhos reencontraram com os da ruiva, mas dessa vez eles não traziam consigo a mesma ternura de antes, e sim um desespero incomparável.

 

-- Emily...             

Fim do capítulo


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