Segue em anexo o link da música deste capitulo:
https://www.youtube.com/watch?v=6iB5MLmmgyE
Uma ótima leitura a todas!
Capítulo 38. The vow
Emily saiu daquele quarto e partiu diretamente para o quarto onde a mãe havia entrado minutos antes, ela não podia deixar essa conversa para dois, e agora ela sabia disso. Sua mão alcançou a maçaneta e durante um giro calmo e receoso, uma voz vinda do final do corredor assustou-a, fazendo soltar a maçaneta antes mesmo de abrir a porta.
-- Esse era o sanduíche que veio buscar? -- A ruiva olhou por cima do ombro e pôde ver Alice caminhar em sua direção. -- O que houve com o “Ela não vale a pena”? -- Aqueles olhos dourados e inconformados cercavam-na durante toda a aproximação. Quando já próxima o suficiente, Alice segurou na mão da ruiva, que ainda estava de costas para ela, e tirou-a da maçaneta. Emily sentiu a respiração forte de Alice tocar seu ombro e pescoço enquanto parte de seu corpo se tocou com o dela. A ruiva sentiu sua respiração vacilar por alguns segundos, fazendo-a estremecer assim que se virou de frente para ela. Alice cercava-a próxima da porta e seus olhos intimidavam-na. -- Então Emily? -- A ruiva tentou dar um passo para trás na tentativa de buscar mais espaço para si, mas sentiu seu pé e costas tocarem a porta. Trocaram um olhar indecifrável, azuis e dourados buscavam se entender, mas Alice estava decepcionada por imaginar que a ruiva estava ali atrás de Anne e isso complicou tudo.
-- Eu não vim atrás dela se é o que quer saber. -- A ruiva não desviou o olhar.
-- Claro. Então o que veio fazer aqui quando disse que iria fazer outra coisa? -- Alice deu um passo à frente, reduzindo o espaço entre elas. Ela pôde perceber o instante em que a ruiva prendeu a respiração, e isso lhe pareceu um sinal claro de nervosismo. E de certa forma Emily estava mesmo nervosa, mas não pelas palavras duvidosas de Alice, e sim por aquela aproximação que recentemente vinha lhe tirando o fôlego.
-- Alice, não tente supor o que você não sabe, por favor. -- A ruiva deslizou seu olhar pelo rosto da amiga. -- Deixe-me explicar.
Um longo silêncio instalou-se entre elas até que a ruiva percebesse que deveria prosseguir.
-- Robbert me contou que isso não será um ensaio de casamento. -- Aqueles olhos dourados que antes acusavam-na murcharam em preocupação com a amiga, essa descoberta deveria ter abalado muito a ruiva, e Alice sabia disso.
-- Emily eu sinto mui... -- Foi interrompida.
-- Está tudo bem. -- A convicção em suas palavras surpreendeu a jovem parada a sua frente. Alice entreabriu a boca, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra a ruiva colocou o dedo indicador sobre seus lábios, impedindo-a. -- Eu estou bem. -- Emily deslizou seu dedo em um toque suave e calmo até tirá-lo completamente dos lábios da amiga, que agora a ouvia atenta a cada palavra. A ruiva acariciou-lhe o queixo com as pontas dos dedos e levou aquele toque por toda a curva do maxilar de Alice, repousando sua palma nas bochechas macias e rubras da amiga. -- Eu não a amo Alice, e agora eu sei muito bem disso. -- O azul dos olhos da ruiva estavam intensos e brilhantes, carregavam em si uma certeza e uma felicidade há muito tempo não vista por Alice. -- Eu precisei que todas essas coisas acontecessem para finalmente perceber que esse amor já tinha acabado há anos, e que o que eu pensava ser amor era na verdade uma vontade de viver uma história que não parecia ter chegado ao fim, uma história que eu insistia em querer relembrar. -- Alice fechou os olhos, apreciando cada segundo daquela carícia que a ruiva lhe fazia no rosto. -- E eu precisei viver tudo isso para enxergar tudo que eu sempre ignorei. Para entender que a mulher que sempre esteve ao meu lado é a mulher que eu sempre... -- Alice abriu os olhos no momento em que percebeu aonde aquelas palavras chegariam, mas o abrir da porta logo atrás delas afastou qualquer palavra que a ruiva pudesse querer dizer.
Alice desviou seu olhar e afastou-se da ruiva em um súbito movimento. Seus olhos dourados demonstravam a surpresa que aquela mulher mais velha, ao passar pela porta, lhe trouxe. Não era atrás da Anne que a ruiva estava indo, era de sua mãe. Sentiu seu coração palpitar pelo sentimento de alivio que tomou-lhe o corpo, deixando um sorriso discreto escapar-lhe pelos lábios.
-- Emily? Alice? -- Katrien arregalou os olhos. -- O que estão fazendo aqui? Não era para estarem se arrumando? Já está quase na hora do...
-- Casamento. -- A ruiva completou, e por mais que não parecesse ser possível, a mãe sentiu seus olhos arregalarem-se ainda mais. Emily sabia que não era apenas um ensaio, e com certeza ela estaria em maus lençóis, de novo.
--------------------- Dois dias atrás ------------------------
-- Mãe, você não pode contar à Emily. Por favor. -- O rapaz de cabelos ruivos implorava a sua mãe. -- Você viu quando ela não aceitou ser a madrinha, acha que com aquela atitude ela pretendia ir sequer ao casamento?
-- Robbert, eu não posso fazer o que está me pedindo. Da ultima vez que eu escondi algo dela eu me... -- O rapaz interrompeu, mantendo sua persistência.
-- Por favor mãe. Você sabe o quanto a presença da Emily é importante para mim. Ela é a minha irmã caçula e antes desse incidente, o de termos nos apaixonado pela mesma mulher, nós éramos inseparáveis. -- Ele andava de um lado para o outro. -- Eu sei que eu errei e que a machuquei muito por algum tempo, mas eu me arrependo muito disso. Eu não quero me casar sem o consentimento dela, sem a aceitação...
-- Ela nunca vai aceitar isso querido, não agora. Não em tão pouco tempo. -- Katrien se aproximou do rapaz e segurou em sua mão, tentando confortá-lo.
-- Você está enganada mãe. Emily está apenas se negando a aceitar, mas ela já superou essa relação entre elas há tempos, e só ela não vê isso.
Katrien franziu a testa, talvez ela não fosse a única a acreditar no verdadeiro amor que a ruiva supria por outra pessoa que não era nem de perto a Anne.
-- Você acredita que ela aceitará isso quando o ver casar? -- Katrien olhava o filho com muita atenção.
-- Eu sei disso. -- Falou com convicção. -- E sei que ela vai me odiar por muito tempo quando descobrir, e é possível que ela odeie você também por causa da mentira, mas nós sabemos que ela precisa disso para acordar para o que sempre esteve na frente dela todos esses anos.
-- Robbert... -- Katrien estava apreensiva quando a decisão.
-- É como uma armadilha Blackburne mãe, nós precisamos sacrificar para tentar alcançar uma vitória. No caso, nós precisamos nos sacrificar para que Emily finalmente enxergue a verdade. -- O rapaz estava também apreensivo, mas acreditava cegamente que essa era a melhor maneira de fazer a irmã seguir em frente. -- É uma jogada arriscada eu sei, principalmente para nós. Mas o prêmio valerá o preço, você sabe disso tanto quanto eu.
Katrien pensou por longos minutos nas palavras do filho, agora era ela quem caminhava de um lado para o outro. Muita coisa estava em jogo com essa escolha, inclusive sua relação mãe-e-filha que sempre fora de se admirar, e arriscá-la por uma incerteza não lhe parecia a melhor opção.
-- Eu não acho que devemos fazer isso. E se ela não acordar, mesmo dessa forma?
-- Anne me assegurou que seria. -- O coração do jovem ruivo batia apertado no peito, ele recordou-se do que a morena havia lhe contado meses atrás quando estavam tentando decidir aonde aconteceria a cerimônia do casamento.
-- Como assim? -- Franziu a testa.
-- Ela me contou sobre os planos que havia feito com a Emily na fazenda, por isso escolhemos aquele lugar para realizarmos a cerimônia.
-- Planos? -- Katrien se espantou ao perceber que Anne vivera uma história muito mais intensa do que imaginava com a sua filha. -- Planos de casamento?
-- É mãe. -- O olhar do rapaz murchou. -- E ela garantiu que seria exatamente igual.
-- E você concordou com isso Robbert? -- O timbre incrédulo e nervoso da mãe o assustou. -- É o seu casamento, e tudo que você e Anne tentam é criar um ambiente de impacto para a Emily?
-- Não foi fácil para mim também, okay?! -- Alterou o tom de voz.
Robbert respirou fundo antes de prosseguir.
-- Eu e Anne tivemos que conversar muito para que tomássemos essa decisão. Esse casamento é de extrema importância para nós, é claro, mas nós amamos a Emily e não podemos deixar que ela continue acreditando nesse sentimento desconecto...
-- No que ela quer acreditar ou não é problema dela Robbert. Vocês não podem simplesmente planejar e armar para que ela sofra desse jeito. -- O rapaz a interrompeu, retrucando.
-- E se tudo der certo, ela não vai mãe. -- Robbert se aproximou da mulher mais velha e olhou-a nos olhos. -- Se tudo der certo, nossa pequena sentirá um alivio enorme e ao contrário do que imaginamos, não sofrerá. -- O ruivo segurou nas mãos da mulher e levantou-as a altura do peito, apertando-as. -- Nós precisamos arriscar.
--------------------------- Atualmente ---------------------------
-- Casamento. -- A ruiva completou, e por mais que não parecesse ser possível, a mãe sentiu seus olhos arregalarem-se ainda mais. Emily sabia que não era apenas um ensaio, e com certeza ela estaria em maus lençóis, de novo.
-- Emily eu... -- Katrien foi interrompida por Alice.
-- Eu vou deixar vocês a sós, acho que precisam conversar. -- A jovem recuou em passos receosos, deixando-as sozinhas.
-- Obrigada. -- Emily movimentou seus lábios sem pronunciar som algum.
-- Deveríamos entrar no quarto novamente?
-- A não ser que goste de ter seus assuntos espalhados para que qualquer um possa ouvir, sim. -- A ruiva semicerrou os olhos para a mãe.
-- Mãe! -- Robbert gritou do final do corredor, impedindo-as de entrar no quarto. -- Nós três temos muito o que conversar, eu sei disso... -- O rapaz se aproximou das ruivas. -- Mas está quase na hora da cerimônia, será que poderíamos deixar para depois? -- Ambos olharam para Emily, esperando pela aceitação da caçula. Ela apenas confirmou com um suave balançar de cabeça e posteriormente se afastou, indo para o próprio quarto.
-- Vocês estão me devendo essa, não se esqueçam. -- Deixou as palavras antes de finalmente deixar o corredor.
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Já passavam das sete e todos os convidados já estavam em seus devidos lugares apenas aguardando pela chegada tão esperada da noiva. Alice era a única que não esperava apenas por Anne, seus olhos percorriam toda a extensão da festa a procura da amiga de cabelos ruivos que juntamente com Mila ainda não havia aparecido no salão.
Alice usava um vestido longo em um tom azul marinho com ponto fechado na repartição dos seios, e alças finas e cruzadas na parte das costas, deixando grande parte de sua pele branca a amostra. O vestido que se alongava até a altura de seus tornozelos era soltinho da cintura para baixo e com um corte do comprimento de sua coxa em uma das pernas, deixando-a visível. O cabelo estava solto, preso apenas na parte da franja em um topete alto. A jovem estava tão preocupada olhando o ambiente a sua frente que mal pôde perceber quando a ruiva chegou ao seu lado, passando por trás dela.
-- Procurando alguém, Butckovisky? -- Emily sussurrou ao pé de seu ouvido, fazendo-a tremer dos pés a cabeça.
Alice fechou os olhos e pressionou os lábios em um sorriso de contentamento. Ter Emily ao seu lado neste momento era importante. Ela queria ter certeza de que a amiga não sofreria em momento algum, e que se isso realmente viesse a acontecer ela estaria lá pronta para fazê-la esquecer. Alice curvou seu rosto e olhou-a de canto de olho, vê-la parada ali, com aquele olhar brincalhão e tão cheio de energia deixou-a surpresa de certa forma. Talvez a ruiva estivesse falando a verdade, talvez ela realmente não amasse mais a Anne e esse casamento não passava apenas de um evento chato.
-- Estava procurando você. -- Alice foi direta, e a convicção com a qual falou causou uma palpitação no coração da ruiva, que esperava por qualquer resposta brincalhona, exceto essa. Emily sentiu sua respiração falhar quando a amiga virou-se de frente para ela, olhando-a dos pés a cabeça com um sorriso discreto nos lábios. -- Você está linda Emily. -- A ruiva usava um vestido tubinho médio até a altura das coxas em tom preto com pequenos detalhes em renda branca na parte das alças e seios. O olhar de Alice percorreu o espaço a volta de Emily, notando que Mila não estava com ela. -- Onde está a Mila? Achei que ela estava com você, mas... -- Franziu a testa.
Emily sorriu sem jeito, demonstrando-se levemente chateada com o que estava para dizer.
-- Ela foi embora. -- Antes mesmo que Alice conseguisse questionar mais alguma coisa a ruiva prosseguiu. -- Disse que o pai ligou e depois disse que precisava ir. Falou alguma coisa sobre a saúde dele, mas não foi específica. -- Suspirou. -- Eu me ofereci para levá-la, mas ela não quis que eu saísse desse “evento” de família. -- A amiga fitava-a. -- Então eu pedi que o Eurico a levasse. -- Eurico era o marido de Joana, responsável por todo o andamento da fazenda enquanto a família Harley estava ausente.
-- Nossa Emily. Será que é algo grave? -- O olhar dourado da amiga era encantador, até mesmo quando expressava tanta preocupação.
-- Eu não sei, mas irei ligar assim que der o devido tempo dela chegar à cidade. -- A ruiva forçou um sorriso. -- Bom, pensemos pelo lado bom, Anne não irá importuná-la mais. -- A ruiva observou o sorriso doce de canto de boca que se formou nos lábios da amiga, e o formato encantador que eles tinham provocou-a um sorriso de resposta. -- Então eu acho que somos apenas nós e a nossa saga de batalha contra o tédio. -- Soltou um forte suspiro.
-- Eu posso fazer esse tédio ir embora, você sabe muito bem disso. -- Sorriu presunçosa.
-- Esse ego todo não te incomoda não?! Deve estar vazando pelos orifícios, sério. -- Emily aproveitou o momento de gargalhada da amiga para observá-la por completo, Alice estava incrivelmente linda naquele vestido. A pouca maquiagem que usava permitia que toda a sua beleza natural transparecesse. -- Esse vestido lhe caiu muito bem. Você está... -- A ruiva foi interrompida pelo alto sonoro da marcha nupcial que se iniciava, informando a todos que a entrada da noiva estava prestes a acontecer.
Alice continuou a olhar a ruiva, crente de que aqueles olhos azuis perderiam toda a sua atenção para olhar a mulher morena que entraria, mas para contradizer tudo que ela esperava, Emily continuou a olhá-la e aqueles olhos pareciam-lhe duas Turmalinas Paraíba de tão brilhantes e intensos. Seu coração acelerou, batendo de forma apressada e forte no peito, ter a atenção da ruiva em um momento como este era totalmente novo e inesperado.
-- Emily... -- Repreendeu-a em um sussurro e alternou seu olhar entre a noiva e a ruiva, insinuando que elas deveriam prestar atenção, assim como todos.
A ruiva deixou um sorriso discreto escapar ao perceber o claro nervosismo da amiga. Ela virou-se para o centro e observou Anne caminhar em passos vagos pelo tapete vermelho estendido no chão. A morena forçava um sorriso e dava passos receosos em direção ao altar, seu olhar perdia-se entre a multidão enquanto buscava por aquele par de olhos azuis tão conhecidos, mas Emily deu um jeito de se esconder atrás de um rapaz alto e forte antes que fosse vista.
Os dizeres do juiz seguiram com o planejado, mas os votos de casamento não seriam os convencionais, Robbert e Anne tinham escrito os seus próprios.
-- Uma vez me disseram que o casamento é a faculdade em uma relação afetiva, faculdade essa que ninguém sabe quanto tempo dura, ou quantas coisas terão que ser aprendidas e superadas. Nosso relacionamento começou como qualquer outro, simples, puro e cheio de sonhos e planos, e eu sei que poucos são aqueles que chegam aonde chegamos hoje. Nós transformamos uma pequena pedra em diamante e o lapidamos pouco a pouco até o ponto em que conseguimos enxergar e aceitar o outro como é, e nós fizemos isso, várias e várias vezes. Anne Calliari, eu prometo dedicar todos os meus dias aos teus e fazê-la feliz enquanto eu puder. Eu prometo amar-lhe até o ultimo dia da minha vida. -- O rapaz tinha os olhos marejados pela emoção de ter aquela mulher em seus braços, tornando-se inteiramente e completamente sua pelo selo sagrado do matrimônio.
Anne sentiu suas bochechas corarem, não por timidez, mas sim pela lágrimas que segurava para não deixar escapar-lhe dos olhos.
-- Obrigada pelas lindas palavras. -- A morena movimentou seus lábios sem pronunciar som algum. -- A nossa história é tão longa. Há onze anos eu conheci esse lindo homem que hoje está aqui ao meu lado, desfrutando de um plano que fizemos há tantos anos. Nossa relação nem sempre foi um mar de rosas, mas a necessidade de tê-lo perto e a vontade de continuar aprendendo e ensinando sempre nos manteve juntos e firmes. Eu nunca tive dúvidas de que seria com você que eu me casaria desde o dia em que olhei nos seus olhos e senti a falta de ar mais prazerosa do mundo. O amor não nasce de um dia para o outro, precisa-se de convivência, afeto e amizade, tudo que nós tivemos de sobra. Hoje eu posso dizer perante a todas essas pessoas e a Deus, que eu estou disposta a passar o resto dos meus dias ao lado do meu melhor amigo, do meu próprio eu, do meu amado. Robbert Egmond Leur Harley eu amo você. -- A morena engoliu seco ao terminar de se declarar, embora não quisesse admitir para si mesma, seu coração implorava para que o primeiro nome citado em seus votos fosse trocado por outro cujo sobrenome era exatamente o mesmo.
------------------------------ Alguns minutos antes do casamento -----------------------------
-- Robbert, eu não sei se devemos seguir com o combinado. -- A morena entrou no quarto do rapaz em um rompante.
O ruivo assustou-se com a entrada repentina da noiva, levantando da cadeira em um único impulso. Olhou-a de cima a baixo, Anne já usava o vestido com o qual iriam se casar.
-- O que aconteceu com o ditado de que o noivo não pode ver a noiva vestida antes do casamento? -- Questionou-a em um tom brincalhão.
-- Depois de tudo que nos dispusemos a fazer no dia do nosso casamento você vem me falar disso? Que se dane esse ditado. -- Anne cuspia as palavras. -- Eu não quero mais fazer. Não quero me casar aqui, não desse jeito. -- A morena sentia as palavras da ruiva eclodirem em sua memória, a armação para fazê-la esquecer desse amor tinha funcionado, mas de alguma forma esse fato não era desejado e nem foi bem vindo por ela, que agora sentia seu coração se despedaçar a cada minuto em que se aproximava a subir naquele altar. Aquele lugar e casamento deveriam ter sido mantidos apenas entre ela e a ruiva, era o momento delas, a história delas, maldita hora em que Anne fora compartilhá-lo com Robbert.
Toda aquela confiança de que fazer o casamento dessa forma seria de algum jeito melhor para todos se esvaiu no momento em que o objetivo foi alcançado: Emily a esqueceu. E esse era o único fato que não deixava nada melhor, não para ela.
-- Do que você está falando Anne? Nós já arranjamos tudo e parece ter dado certo.
-- E deu! -- Esbravejou.
-- E qual o problema então? Está tudo indo como o planejado e será apenas questão de tempo para que minha irmã nos perdoe... -- O rapaz se aproximou da noiva, tocando seus braços carinhosamente. Ele olhava-a atentamente, observando cada traço e curva da expressão da morena, analisá-la não era tão difícil.
-- É o nosso casamento Robbert e nós o planejamos baseados em motivos que não eram os nossos. Eu não quero ter que me casar à sombra de um lugar que foi meu e dela.
-- Nós decidimos que faríamos esse sacrifício pelo bem dela, foi uma escolha nossa, não só minha, amor. -- Usava de um timbre atencioso, tentando na verdade esconder o medo que sentia das palavras da mulher amada. Ele percebeu no momento em que a noiva entrou que algo não estava certo, que os sentimentos de Anne estavam mexidos e a causa só podia ser uma: Emily.
Robbert adiantou os passos em direção à porta.
-- Te vejo no altar.
-- Robbert eu não sei se eu.... -- O rapaz fechou a porta atrás de si, deixando-a sozinha no quarto com suas palavras ditas ao vento. -- Quero me casar. -- A morena arfou em um momento de lastima.
------------------------------- Atualmente -------------------------------
-- Eu vos declaro, marido e mulher. -- Robbert tomou a esposa em um beijo antes que sequer fosse-lhe permitido. -- E pode beijar a noiva. -- Falou retoricamente.
Terminado a cerimônia e todos os costumes tradicionais do casamento, todos os convidados se dirigiram para o salão onde ocorreria a festa, e festejaram junto ao noivo e a noiva por horas.
Emily dispersou-se da multidão durante um tempo, alegando que iria ao banheiro, mas tudo que a ruiva queria era um momento sozinha para poder voltar a respirar. Ela se trancou em um dos banheiros do chalé buscando abrigo emocional dentro daquelas paredes. O fato de não amar aquela mulher não era suficiente para evitar todo o desconforto e também o sentimento de traição que lhe tomava o corpo durante toda a cerimônia. A ruiva apoiou as mãos na pia e olhou-se no espelho de maneira infindável, perdendo-se no profundo dos próprios olhos.
“Ela realmente ousou se casar aqui, no lugar onde até então eu pensava pertencer apenas a nós, apenas a nossa história, ao nosso amor. -- Amor? -- Essa é realmente uma palavra da qual ela nunca sequer soube o significado.” -- A ruiva fechou os olhos por longos segundos durante uma respiração profunda. “Eu não acredito que perdi tanto tempo e que durante este tempo ignorei tantas coisas, tantos sentimentos e tantas histórias verdadeiras que eu poderia ter vivido... -- Que mulherzinha. -- Enfim, o que foi já foi e o que não foi jamais será. Não adianta ficar me lamentando aqui sozinha, eu preciso mesmo é viver, amar, aproveitar, aliás, eu tenho ela”. -- Um sorriso pacato formou-se. “-- Alice. -- A ruiva perdia-se em seus pensamentos e lembranças. “-- Aqueles lábios delicados avermelhados... ela quase me beijou hoje... Ou será que eu é quem quase a beijei?”. -- Emily sacudiu a cabeça tentando se abster daqueles pensamentos a respeito da amiga. “-- O que está acontecendo com você Emily?! Pode ir parando de pensar nela e naqueles olhos tão profundos, ou naquele cheiro inebriante, na pele macia ou no...” -- Três fortes batidas na porta despertaram-na dos pensamentos, fazendo-a tremer com o susto repentino.
A ruiva saiu do banheiro decidida a procurar Alice e dizer-lhe que estava louca ou até mesmo fora da razão, e dizer-lhe que não conseguia controlar seus pensamentos a respeito dela. Ela procurou por toda a festa, mas não a achou. Perguntou a alguns conhecidos e ninguém tinha a visto.
Emily continuou a procura, mas dessa vez por fora do ambiente da festa. Ela caminhava pelo quintal atrás do chalé quando viu a iluminação vinda de dentro do pequeno orquidário de vidro que a família mantinha.
-- Achei você. -- A ruiva afirmou para si ao observar a sombra de Alice através do vidro.
Caminhou em passos silenciosos até a porta de acesso ao orquidário, intencionada a assustá-la, mas assim que a viu desistiu no mesmo instante. Alice caminhava em passos lentos e ritmados pelos orquidário, tocava suavemente as orquídeas que encontrava pelo caminho, aproximando-se e cheirando uma à uma. Um sorriso delicado e doce escapava-lhe dos lábios a cada vez em que o perfume inebriante das flores domava seus sentidos. Emily recostou o braço sobre o marco da porta e ficou a admirá-la em toda a sua beleza e encanto. E como não se encantar? Aquela mulher parecia-lhe um anjo em sua repleta paz e inocência. Alice estava de lado, permitindo que a ruiva a visse de perfil, podendo observar o movimento sutil que seus lábios fizeram ao morder o lábio inferior durante um sorriso. A amiga colocou as mãos sobre a barriga, prendendo os dedos uns nos outros como se tentasse controlar algum calafrio interno, aqueles olhos dourados se fecharam por longos segundos enquanto ela desfrutava da sensação adorável que era sentir o vento frio, que passava pelas frestas das janelas, bater em seu rosto pálido e jogar seus cabelos para trás, acompanhando o vento como se estivessem em uma dança harmônica. A iluminação a base de pequenos lampiões elétricos espelhados pela estufa incidia em poucas partes do orquidário, dando-o um toque de equilíbrio entre luz e escuridão. O som alto da festa podia ser ouvido mesmo de lá, porém em tom muito mais baixo do que no ambiente da festa. Tocava uma canção conhecida por Emily e em ritmo perfeito para o que estava prestes a pedir a Alice.
-- Dança comigo? -- A voz rouca e de surgimento repentino da ruiva podia ter assustado Alice, que estava em toda a sua paz interior e tranqüilidade, mas era como se ela já esperasse por Emily. Alice curvou a cabeça em direção a ruiva enquanto abria os olhos em um movimento lento, porém ansioso. Um sorriso emocionado formou-se em seus lábios, e em um simples movimentar de cabeça ela aceitou o pedido da ruiva.
All you never say -- Birdy
“You've been searching
Have you found many things?
Time for learning
Why have I not learnt a thing?”
Emily caminhou em sua direção em passos lentos e destinados, sem desprender em momento nenhum o olhar daquela mulher magnífica que estava a sua frente. Há poucos passos de distância a ruiva estendeu a mão direita até a amiga. Alice olhou a mão estendida a ela e logo voltou a encontrar o olhar intenso de Emily, dando-lhe um sorriso completamente encantado pela atitude. Em um movimento sutil ela pôs sua mão sobre a da ruiva e acariciou-lhe o polegar.
“Words with no meaning
Have kept me dreaming
But they don't tell me anything”
A ruiva trouxe a mão da amiga calmamente até o alcance de seu ombro, deslizando-a, posteriormente, até o centro de seu busto. Puxou-a em um movimento delicado para mais perto, colando seus corpos enquanto enfrentava a imensidão dourada que eram aqueles olhos cheios de sentimentos.
“All you never say is that
You love me so
All I'll never know is
If you want me oh
If I only could look into your mind
Maybe then I'd find a sign
Of all I want to hear you say to me
To me”
Emily cercou-lhe a cintura com o braço livre. A grande proximidade entre elas permitia que ambas sentissem a respiração levemente ofegante uma da outra, tocar a superfície de seus rostos e também de seus pescoços. Alice deixou-se levar pelo ritmo lento que a ruiva iniciava, entregando-se completamente a aquele momento e também a aquela mulher que fazia-lhe o coração pulsar de maneira tão forte que parecia-lhe querer sair pela boca.
“Are you uncertain?
Or just scared to drop your guard?
Have you been broken?
Are you afraid to show your heart?
Life can be unkind
But only sometimes
You're giving up before you start”
Alice apoiou seu queixo entre o ombro e o pescoço da amiga, curvando-o em um deslizar suave pela extensão do ombro de Emily, até que sua boca alcançasse a superfície de sua pele, depositou-lhe um beijo longo e delicado naquela região e sentiu Emily aperta-lhe entre os braços durante a dança.
“All you never say is that
You love me so
All I'll never know is
If you want me oh
If I only could look into your mind
Maybe then I'd find a sign
Of all I want to hear you say to me
To me”
Emily fez o mesmo movimento ao encaixar o rosto entre o pescoço e ombro de Alice. Sua respiração tocava-a na região da nuca, causando-lhe arrepios por todo o corpo. Levantou seu rosto roçando-o no pescoço de Alice até que sua boca atingisse a altura da orelha dela, e em um sussurro rouco, admitiu o que estava engasgado desde o inicio da festa.
-- Eu quis te dizer isso tantas vezes hoje, Alice. -- A ruiva fechou os olhos durante uma respiração tranqüila e reconfortante que lhe escapava. Sentiu Alice estremecer em seus braços e isso a manteve firme, dando a amiga todo o pilar de apoio que precisa em seus braços. -- Você está linda. -- Retornou para a região do ombro da amiga com um mesmo movimento suave e pôde sentir seus pêlos arrepiados tocando-lhe a superfície dos lábios.
“All you never say is that
You love me so
All I'll never know is
If you want me oh
If I only could look into your mind
Maybe then I'd find a sign
Of all I want to hear you say to me
To me”
Fim do capítulo
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lay colombo
Em: 14/05/2017
Chupa Anne, e honestamente não me adimira q o casamento deles tenha dado errado, eles montaram todo o casamento ,q devia ser algo só deles, baseado completamente em outra pessoa, a Anne não fazia ideia se qria mesmo casar ou ao menos ql dos irmãos ela realmente qria, e por fim o Robert vendo q ela não qria casar fugiu da CV só pra evitar ser abandonado, enfim tá TD errado nesse casamento.
Única coisa boa é q a Em finalmente percebeu q a Ally é o grande amor da vida dela (eu ouvi um amém??), mesmo já tendo lido eu tô amando ver o começo da relação delas de novo. Infelizmente o babaca do Matheus tá chegando aí né.
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