Capítulo 28. Surprise
-- Mãe, você viu meu celular? -- Emily gritava com a boca cheia, estava mastigando um pedaço de pão quando finalmente lembrou que Mila ligaria para ela para que pudessem sair.
Já era fim de tarde e a ruiva estava fazendo um lanche na bancada da cozinha enquanto lia o jornal para distrair-se dos seus freqüentes pensamentos do que havia acontecido entre Anne e ela.
-- Não querida. -- Katrien estava mexendo em uma agenda telefônica, buscando pelo telefone de um cliente, quando pensou melhor sobre o que a filha havia perguntado. -- Na verdade, eu não o vi desde que você chegou da noitada. -- Tem certeza que não o perdeu?
Emily abriu um sorriso descarado nos lábios ao ouvir a mãe. Bastou ouvi-la para que se lembrasse que não conseguia achar o celular, pois havia o jogado no sofá quando chegou e com certeza ele estava caído no espaço entre o braço e a almofada. A ruiva levantou-se às pressas, e colocou a xícara de cappuccino sobre a bancada de forma desajeitada, derrubando um pouco do conteúdo sobre a mão. Mas o incidente não a impediu de correr até o sofá e procurar pelo celular. Assim que o pegou em mãos e desbloqueou a tela seu sorriso se desfez tão rapidamente quanto tinha se formado.
“-- É bom que você tenha uma ótima desculpa para estar me dando um furo de novo, tentei te ligar duas vezes. Nós íamos sair hoje, esse era o combinado, não se lembra? :/ .”
A ruiva apertou o celular entre os dedos, insatisfeita por tê-la decepcionado mais uma vez. Sem pensar duas vezes ela pegou a chave do carro sobre a mesa de canto da sala e correu até o mesmo, dirigindo até o final do beco atrás da boate pixy. Ela olhou para as escadas do prédio e acompanhou-a com o olhar até o topo, o portão de entrada do terraço estava aberto, confirmando as expectativas da ruiva, fazendo seus olhos reluzirem pela esperança de encontrá-la por lá. Emily tirou o celular do bolso e retornou a ligação para Mila, mesmo sendo horas depois.
-- Alô?
-- Alô, Mila, sou eu, Emily. -- Ela hesitou um pouco.
-- Eu sei. O que quer Emily? -- A voz da morena soou mórbida.
-- Eu... Bom... -- Só então a ruiva parou para pensar, percebendo que realmente havia ligado sem saber sequer o que falar. -- Você me ligou...
-- Sim. E você disse claramente o que queria ao não atender. -- Mila estava sentada no tapete de yoga, os joelhos estavam dobrados e cercados pelo braço que estava livre o celular. Seu semblante estava tão desanimado quanto a própria voz.
-- Tecnicamente eu não disse nada... -- Emily tentou brincar com o tom de voz, enquanto com dificuldade subia as escadas com uma mão. -- Eu estava longe do celular na hora que ele tocou e... -- Emily sentiu-se mal ao lembrar-se do motivo pelo qual não atendeu a morena. -- Desculpa.
-- Emily... -- Mila arfou. Queria evitar ter essa conversa com a ruiva. Estava na cara que Emily era do tipo enrolada e complicada, e disso Mila queria distância.
-- Olha -- Emily a interrompeu. -- Eu sei que vacilei. -- A ruiva abusou de uma voz rouca e manhosa ao prosseguir. -- Mas se você apenas olhasse para trás e pudesse me perdoar apenas mais essa vez, eu juro que poderia te levar para qualquer lugar. -- Ouvir a voz da ruiva soar de forma tão carinhosa e real deu à Mila a sensação de que Emily estava tão perto que parecia estar no mesmo ambiente.
A morena olhou para trás em um reflexo decorrente da sensação que teve, seus olhos mantiveram-se estagnados e incrédulos na imagem da ruiva parada entre o acesso do portão. Emily segurava o celular junto ao rosto enquanto observava à morena. Seus olhos se encontraram, e como um efeito puramente magnético um sorriso descontraído surgiu de ambas as mulheres. Emily abaixou a mão lentamente sem romper a troca de olhares entre elas, ver aquela morena mudar instantaneamente ao encontrá-la lhe causava frios na barriga. Era impossível não notar que aqueles olhos castanhos brilhavam intensamente como um reflexo do luar incidindo em águas escuras.
-- Oi. -- Emily mordiscou o lábio inferior enquanto desviava seu olhar tímido para o chão. Ela esperou alguns segundos por alguma resposta, mas por não obtê-la olhou-a de soslaio enquanto mantinha sua cabeça baixa. Vê-la se levantando e seguindo em sua direção com uma expressão séria e sem dizer uma palavra sequer fez com que o coração da ruiva pulasse dentro do peito. Ela não sabia o que esperar de Mila em uma situação como essa, e isso deixou-a ainda mais nervosa.
-- Isso é alguma espécie de dom? -- Mila falou baixo, enquanto em passos lentos ela continuava a se aproximar da ruiva.
Emily franziu a testa como se não entendesse o que a morena queria dizer com aquilo.
-- Sabe, essa coisa de aparecer e sumir quando bem entender. -- Mila intimidava-a com o olhar, e por um momento a ruiva sentiu-se incomodada com as palavras. Não queria que a morena pensasse que ela estava brincando com a amizade delas.
-- Não exatamente. -- Falou apreensiva. -- Acho que é mais algum tipo de imperfeição mesmo. -- Emily respirou fundo. -- Me desculpa. -- A ruiva murchou, ela se sentia completamente chateada e decepcionada com si mesma.
-- Não é uma imperfeição quando você aparece. -- A morena deixou um sorriso tímido de canto de boca escapar. Suas bochechas ficaram levemente coradas quando a ruiva retomou a conexão entre seus olhares. -- A condição para que eu te perdoasse era que você saísse comigo e você...
Emily a interrompeu de novo, dando um passo a frente.
-- Eu estou aqui agora. -- Ela apontou para si mesma, gesticulando. -- E eu serei completamente sua por tempo indeterminado. Vai lá, pode abusar. O que quer fazer? -- Emily falava empolgada.
Mila soltou uma risada gostosa e franziu a testa enquanto repensava nas palavras com duplo sentido ditas por Emily.
-- Tudo bem, isso soou estranho mesmo. -- A ruiva a acompanhou na risada. -- Bom, você entendeu.
-- É, eu entendi. -- Mila sorriu e forçou-se a segurar o riso. A ruiva não media as palavras antes de dizê-las, e isso a deixava em maus lençóis muitas vezes.
-- Acho que primeiro eu lhe devo explicações. Não é mesmo?
-- Você não me deve nada Emily. -- Falou com convicção. -- Você está aqui, e mesmo que não dê mais tempo para fazer o que eu tinha planejado para nós hoje, de uma maneira ou outra você cumpriu o que disse. -- Emily sorriu ao ouvi-la falar com tanta ternura.
A ruiva sentiu seu coração palpitar.
-- Então não temos idéia do que fazer? -- Falou sem jeito, tentando cortar o clima que começava a surgir entre elas. De forma alguma Emily poderia deixar que algo entre elas acontecesse, ainda mais logo depois de suas ações com Anne.
-- Na verdade... -- Mila mordiscou o lábio inferior e perdeu-se nos seus pensamentos, forçando-se a lembrar de alguma coisa, chamando a atenção dos olhos de Emily para aqueles lábios avermelhados e umedecidos. -- Talvez eu tenha algo para nós. -- A morena olhou Emily, e logo percebeu o olhar da ruiva voltado para algo que definitivamente não eram seus olhos. A morena passou a ponta da língua sobre os lábios em um movimento lento e em seguida pressionou os lábios. -- Emily? -- Chamou-a atenção.
-- E você estava dizendo? -- A ruiva engoliu seco ao ser notada.
-- Que talvez eu tenha algo para nós. -- Mila pegou o celular em mãos. -- Deixe-me apenas confirmar, calma. -- Ela se afastou um pouco e ligou para um amigo.
Emily observava-a andar de um lado para o outro pelo lugar, a morena falava empolgada e deixava escapar sorrisos largos e animados, encantando-a. Mila desligou o aparelho e caminhou até Emily, esbanjando nos lábios um sorriso de pura satisfação.
-- Isso não é nem um pouco semelhante ao que eu tinha planejado para nós, mas... -- Emily olhava-a intrigada. -- Eu acho que podemos nos divertir.
-- Eu topo. -- Afirmou apressadamente.
-- Mas eu nem disse o que era! -- Resmungou.
-- Não importa. Eu topo qualquer coisa com você. -- Mila franziu a testa, fazendo aquela mesma expressão de antes, quando Emily havia usado de palavras com duplo sentido. -- Não qualquer coisa. -- Emily arfou. -- Qual é. -- Ela resmungou. -- Eu topo qualquer coisa porque não tenho outra opção, lembra?! Era o combinado. -- Emily tentou se explicar em meio a palavras gaguejadas, fazendo Mila cair na gargalhada mais uma vez.
-- Tudo bem. Mas você precisará de uma roupa de banho. -- A morena sorriu.
Emily arqueou uma das sobrancelhas, tentando imaginar o que poderia ser.
-- Nós vamos para alguma piscina?
-- Algo do tipo. -- Foi inespecífica.
-- Tudo bem -- Emily olhou-a desconfiada. -- Preciso passar em casa então.
-- Eu posso ir com você. -- Mila quase engoliu as palavras ao falar tão depressa. -- Se você quiser, claro. -- Ela forçou um sorriso, estava completamente sem graça pelo que tinha dito. – Poderíamos ir direto de lá...
-- Claro! -- Emily confirmou, aparentando estar animada com a idéia de ir para a piscina. -- Meu carro está lá em baixo, vamos?
Mila acompanhou a ruiva até o seu carro e de lá seguiram conversando amenidades até chegaram à casa de Emily.
-- Você quer entrar? -- Emily decidiu não estacionar o carro na garagem, uma vez que logo sairiam para o lugar misterioso que Mila a levaria. A mão esquerda da ruiva ainda estava sobre o volante quando ela parou o carro e curvou seu corpo em direção à Mila. Ela pressionou os lábios em um estado de aguardo pela resposta da morena.
-- Eu posso esperar aqui. -- Respondeu sem jeito.
-- Tudo bem. -- A ruiva deu dois toques fracos no volante com as mãos enquanto tentava decifrar as palavras de Mila. Ela desceu do carro e seguiu até o portão, mas antes que o abrisse, acabou voltando até a porta do carona, onde Mila estava sentada. Ela curvou-se e encostou os braços na parte superior da porta, o vidro estava aberto, o que lhe deu total liberdade de colocar parte de sua cabeça para dentro do carro.
-- Tem certeza que não quer entrar? -- A ruiva insistiu, ela sentia suas pernas tremerem pelo nervosismo sem sentido que lhe subia pelo corpo.
Mila assustou-se com a presença já tão próxima de Emily, afastando o seu rosto da ruiva por puro reflexo. Um sorriso bobo logo surgiu em seus lábios, e após um positivo movimentar de cabeça, ela usou de um tom extremamente calmo para respondê-la.
-- Okay Emily, eu quero entrar. -- A ruiva sorriu ao ouvi-la, satisfeita por tê-la convencido.
Emily abriu a porta do carro e segurou-a até que a morena descesse, acompanhando-a até sua casa logo em seguida. Os passos de Mila apresentavam sinais de timidez que não passaram despercebidos pela ruiva.
-- Você não precisa ficar tímida. -- Emily olhou-a. Suas mãos alcançaram as da morena, e por um simples efeito de momento ela acabou se aproximando. -- Não é difícil gostar de você Mila. -- Seu olhar buscou pelo da jovem, mas ela estava tímida de mais para deixá-lo ao alcance. -- Eu não tenho dúvidas de que você será bem recebida pela minha mãe. -- Mila levantou o olhar ao sentir a confiança que Emily tentava lhe passar. -- Aliás, minha mãe age como se fosse mais nova do que eu. -- Emily movimentou sua cabeça em negação, fazendo com que a morena desse um leve sorriso com a declaração. -- Vamos lá. -- Ela guiou-a segurando em sua mão, e juntas entraram na casa.
O olhar da ruiva percorreu cada perímetro visível da casa, buscando pela presença da mãe, mas não a encontrou no andar de baixo.
-- Viu?! Nem aqui ela está. -- Emily sorriu para a morena e a viu soltar uma respiração aliviada.
Mila observava os detalhes da casa, mas o que realmente lhe prendeu a atenção durante o percurso da sala até o quarto de Emily foi a quantidade de retratos de família e amigos espalhados pela casa, notando a morena que em nenhuma dessas fotos aparecia alguém que parecesse ser o pai da ruiva.
Emily abriu a porta do quarto, deixando que Mila entrasse primeiro. Ela ficou alguns passos atrás, observando os olhares da morena sob todas as partes do quarto.
-- Engraçado... -- Mila falou baixo, crendo que não seria ouvida.
-- O que é engraçado? -- Emily aproximou-se após encostar a porta do quarto.
-- Em nenhum momento eu pensei que pudesse ser diferente disso. -- O olhar de Mila mantinha-se perdido pelos detalhes do quarto.
-- O que pudesse ser diferente? -- A ruiva falou desentendida.
-- O seu quarto. O seu gosto para as coisas. -- Emily arqueou uma das sobrancelhas.
-- E você em algum momento imaginou como seria o meu quarto? -- Ela estreitou o olhar para a morena.
As bochechas de Mila ficaram rubras de imediato.
-- Não o seu quarto literalmente. -- Ela virou-se de frente para Emily e a encarou. -- Mas assim que eu te conheci, eu não sei... Simplesmente imaginei as suas coisas exatamente do jeito que são. Nada mais nada menos.
-- Acho que você é uma psychic ou coisa do tipo. -- Emily tentou descontrair o assunto.
-- Eu não estou dizendo que... -- Mila arfou, hesitando em se explicar. -- É, talvez eu seja. -- Ela pressionou os lábios, decepcionada por não conseguir expressar-se corretamente.
-- Bom, deixa eu pegar o meu biquíni. -- A ruiva caminhou até o guarda-roupa, pegando algumas coisas. -- Pronto.
-- Emily eu... -- Mila sentiu sua voz falhar. Ela pigarreou antes de prosseguir, mas faltou-lhe coragem.
-- O que foi? -- A ruiva olhou-a preocupada, a feição da morena transmitia algum tipo de tristeza ou decepção.
-- Eu normalmente sou sempre tão direta... -- Ela entreabriu a boca como se desejasse prosseguir, mas demorou longos segundos até que ela conseguisse o fazer. -- Mas quando eu estou com você eu simplesmente não... Eu não... -- A morena apertou os olhos, incrédula por não conseguir dizer nada que fizesse sentido.
-- Apenas diga Mila. -- A ruiva olhava-a confusa, não entendendo o motivo de tanto nervosismo por parte da morena.
-- Não dá. -- Mila suspirou, cansada de falhar em tentar dizer o que sentia. -- Eu não consigo. -- A morena ficou cabisbaixa.
Emily sentiu um aperto no peito ao ver o desapontamento que a jovem sentia. Ela aproximou-se e tocou o queixo da jovem com a ponta do dedo indicador, levantando-o com delicadeza.
-- Ei, está tudo bem se não conseguir. -- A ruiva deu mais um passo a frente, colocando seus corpos quase que em contato. -- Não tem nada de errado nisso. -- Ela tentou reconfortar a morena, e conseguiu por em seus lábios um sorriso meigo.
Mila sentiu seu coração bater forte dentro do peito, aquele toque de Emily e também a sua aproximação deixou-a completamente sem jeito. Seu olhar percorreu por cada detalhe do rosto da ruiva, as bochechas rosadas e aqueles olhos azuis davam a Emily uma aparência semelhante à de uma boneca, de tão delicada.
“-- Você é linda Emily.” -- A morena falou em seus pensamentos, mas ao contrário dele, suas palavras destorceram o que realmente deveria ter sido dito. -- Você é uma fofa Emily. -- Um sorriso tímido formou-se nos lábios da ruiva, em forma de agradecimento pelo elogio.
-- Eu vou colocar o biquíni e depois estamos prontas para ir. -- Emily falou calma enquanto andava em direção ao banheiro do quarto.
Mila andou de um lado para o outro dentro do ambiente enquanto ansiosamente esperava que a ruiva se vestisse. Ela se repreendeu diversas vezes em seus pensamentos. “-- O que você pensa que está fazendo?! Isso é completamente sem sentido. Não tem cabimento querê-la tanto assim. Você não pode querê-la dessa forma.” Mila olhava para os próprios pés enquanto andava em forma circular pelo quarto, discutindo consigo em seus pensamentos, não percebendo quando a ruiva finalmente saiu do banheiro.
Emily franziu a testa ao vê-la rodopiar em passos apressados e consistentes.
-- Você vai abrir um buraco no chão do meu quarto desse jeito. -- A ruiva riu divertida.
-- Eu o quê? -- Mila despertou do transe após o susto que levou ao ouvi-la. Aqueles olhos castanhos e assustados guiaram seu caminho até alcançar Emily. A ruiva estava vestida em um short jeans cintura alta, em um tom cinza claro com detalhes hachurados em tom grafite por todo ele. Completando a vestimenta, uma blusa de algodão com manga três quartos em um tom dégradé de azul, e um mocassin bege nos pés.
A morena olhou-a por inteiro, discretamente.
-- O biquíni está por baixo de toda essa produção ai? -- Mila desviou o assunto.
-- Não estou vestindo nada de mais. -- Afirmou, entre um sorriso tímido e um olhar encantado. -- E sim, está. – Ela caminhou até a porta, abrindo-a logo em seguida. -- Vamos?
-- Claro. -- Mila acompanhou a ruiva até a sala da casa.
Emily seguia na frente em passos calmos que acabaram sendo interrompidos pela presença inesperada daquela mulher de cabelos negros. Seus sentidos falharam por alguns segundos, fazendo-a travar a respiração no exato momento em que aqueles olhos castanhos escuros fitaram-na de maneira tão intensa e confusa.
Anne estava com seus pensamentos a mil, o que havia acontecido horas mais cedo entre ela e a ruiva não saía de sua cabeça de forma alguma. Repensar sobre os fatos fez sua ficha finalmente cair: Ela havia sido uma idiota por tratar Emily de uma maneira tão cretina. Aonde podia estar o seu juízo ao fazer amor com a irmã do seu noivo? Ou pior, aonde estaria o seu juízo por deixá-la completamente desapontada depois de o fazer. A morena queria ser mais do que amiga da ruiva novamente, mas pensar sobre o assunto deixava-a completamente desnorteada, como ela explicaria essa “troca” de irmãos novamente? E se Emily simplesmente não a aceitasse depois disso tudo? Anne queria e precisava de coisas reais e estáveis em sua vida, e Robbert lhe parecia à melhor pessoa para proporcionar-lhe isso, e sentir-se devendo essa história ao rapaz tornava todos os caminhos para esse relacionamento mais viáveis e fáceis.
Mesmo mantendo sua escolha fixada em Robbert, Anne não conseguiu evitar a ação de procurar a ruiva na primeira oportunidade que teve. A morena sabia que a casa estaria sozinha, pois Robbert havia saído com Katrien para ajudar na compra de um terno para o casamento do rapaz, então aproveitou para tentar falar com Emily. E para a sua surpresa, a ruiva acabou-a encontrando logo na entrada da casa, na sala.
Anne lançou-lhe um sorriso sem graça quando a viu, não esperava encontrá-la tão rápido, não sem antes planejar algo para dizer. A morena ainda não tinha visto Mila, que estava um pouco atrás de Emily e fora do seu campo de visão. Mas com a parada súbita da ruiva após dar de cara com Anne, Mila acabou não conseguindo parar e esbarrou nas costas de Emily com certa força, jogando o corpo da ruiva sobre o de Anne, causando seqüencialmente uma terceira colisão quando as penas de Anne esbarraram na parte de trás de sofá desequilibrando-a. Mas antes que pudesse cair por cima do mesmo, Emily segurou em seus braços, mantendo-a de pé. A ruiva não conseguiu se mexer, mesmo depois de ajudar a morena com o equilíbrio, mantendo assim a grande proximidade entre seus corpos e também o contato de suas mãos com os braços da jovem. Emily olhava-a, ainda incrédula pela coragem que a morena tinha por estar ali. A troca de olhares entre elas foi inevitável, e por um breve momento a ruiva acabou esquecendo-se de que elas não estavam sozinhas. Mas bastou aquele sorriso que antes tomava os lábios Anne se desfazer para que ela se recordasse: Mila estava ali. O olhar da morena alcançou o motivo de todas aquelas colisões e para sua própria surpresa, ver que outra garota estava na casa de Emily, sozinha com ela, não a agradou nem um pouco, fazendo seu estomago se revirar.
Fim do capítulo
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