Capítulo 16 - Fora de controle
Sem saberem o que dizerem, as duas ficaram paradas uma olhando para a outra. Ambas viajavam nas lembranças de um relacionamento que foi muito intenso desde o início.
A vida não havia sido fácil para nenhuma das duas, mas elas sempre davam um jeito de superarem juntas.
Mas aquela situação não pudera ser superada e elas seguiram caminhos opostos, mas sem nunca terem conseguido esquecerem uma da outra.
-- Entra. - Convidou Veridiana abrindo espaço para sua ex-companheira passar.
Júlia entrou e pode ver que tudo continuava igual no apartamento, decoração, disposição dos móveis e até mesmo o cheiro do ambiente parecia continuar ali, preservando o lugar que fora testemunha de muito amor.
-- Eu não sabia se devia vir ou não, mas acho que temos tanto para conversar. - Júlia falava enquanto caminhava pela sala observando tudo.
-- Nunca duvidei que viesse Júlia. - Veridiana sentou-se no sofá olhando para a sua ex.
-- Já faz tanto tempo! - Júlia voltou-se para Veridiana. - Você se quer quis me ouvir.
-- Creio que naquele momento não havia nada para conversar, seria até pior.
-- Talvez. - Júlia sentou-se no mesmo sofá que Veridiana. - Mas quem sabe podíamos ter tido um final diferente.
-- Você fez o que quis Júlia. Foi embora com Laísa comprovando que aquele relacionamento que você negava era muito verdadeiro.
-- Eu nunca fui para cama com ela antes de nos separarmos.
-- Isso não importa mais.
-- Importa sim, porque eu... - Júlia sentiu as lágrimas lhe invadindo os olhos.
-- Você não sabe o quanto foi difícil para mim àquela época. Eu quase morri de tanto beber, senão fosse Lígia, eu com certeza não estaria aqui hoje. - Veridiana lembrou-se tristemente.
-- E você acha que pra mim foi fácil? Eu fui morar com alguém que mal conhecia, eu fiquei doente, parei de fazer o que mais amava na vida. Acha mesmo que foi a única a sofrer?
Veridiana pegou o controle do aparelho de som e ligou baixinho. Tocava no momento a música Don't da Shania Twain a letra parecia ser feita sob encomenda para o momento.
Ela dizia:
"Não! Você não gostaria que tivéssemos tentado?
Você sente o que eu sinto por dentro?
Você sabe que nosso amor é mais forte que o orgulho
Não! Não deixe a raiva crescer
Apenas me diga o que você precisa que eu saiba
Por favor, converse comigo - não feche a porta
Porque eu quero te ouvir,
Quero estar perto de você
Não lute! Não discuta!
Dá-me a oportunidade de dizer que estou arrependido
Apenas me deixe te amar
Não me despreze - Não me diga para ir
Não! Não desista da confiança
Não desista de mim - de nós
Se pudéssemos persistir por mais tempo
Nós podemos fazê-lo!
Nós superaremos isso!
Não lute! Não discuta!
Apenas me dê à chance de dizer que estou arrependida
Apenas me deixe te amar
Não me despreze - Não me diga para ir
Não finja que está tudo bem
As coisas não vão melhorar desse jeito
Não faça algo que você possa se arrepender um dia
Não!
Não desista de mim
Nós podemos fazê-lo!
Nós superaremos isso!
Não lute! Não discuta!
Apenas me dê a chance de dizer que estou arrependida
Apenas me deixe te amar
Não me despreze - Não me diga para ir
Oh! Não!
Não lute! Não discuta! (Não desista de mim)
Me dê a chance de dizer que sinto muito (dizer que sinto muito)
Apenas me deixe te amar (Não desista de mim)
Não me despreze - Não me diga para ir"
-- Veridiana eu senti tanto não poder te provar que nunca te trai e que no fundo eu nunca, eu nunca...
Sem se conter mais Veridiana a calou com um beijo na boca cheio de saudade no momento que começava a tocar When You Kiss Me também da Shania Twain.
-- Eu te amo tanto Júlia, eu estou quase louca sem teu toque, sem teu corpo, sem teu amor.
-- when you Kiss me, I know you miss me - and when you're with me, The world Just goes away, The way you hold me, The way you show me, that you adore me - oh, when you kiss me... quando você me beija sei que sente a minha falta, e quando está comigo o mundo apenas desaparece, o jeito que você me abraça, o jeito que você mostra que me adora, oh quando você me beija. - Júlia cantou a letra da música e sua tradução ao ouvido de Veridiana. - Nunca deixei de te amar, nunca!
As duas ficaram se beijando e curtindo aquele momento por algum tempo. Pareciam querer recuperar todo o tempo que ficaram afastadas.
Veridiana começou a tocar seu corpo com carinho. Beijava seu pescoço sedutoramente e mordia de leve sua orelha, lhe causando arrepios por todo o corpo.
Júlia correspondia exigindo beijos mais quentes e cheios de desejos. Suas mãos também percorriam o corpo de sua ex com habilidade.
A intimidade das duas aumentavam a cada toque e Veridiana pegando Júlia pela mão a conduziu ao seu antigo quarto.
A ânsia delas era tamanha que iam arrancando suas roupas e deixando em qualquer lugar.
Com o carinho de sempre Veridiana deitou Júlia na cama e deitou-se por cima, beijando seu pescoço e descendo por seu corpo deixando uma trilha de beijos quentes. Suas mãos acariciavam seus seios delicadamente.
Não aguentando de desejo Júlia arqueava o corpo intensificando o contato com seu único amor.
-- Me ama Veri, me ama daquele jeito que só você sabe me amar. - Pedia Júlia gem*ndo alto enquanto suas mãos arranhavam as costas de Veridiana que continuava a ama-la com vontade.
-- Ah como eu esperei por isso! - Veridiana descia rumo ao sex* de sua amada.
-- Não precisa mais esperar eu sou sua agora, me toma para você. - Júlia sentiu a língua de Veridiana lhe invadir seu sex* e gem*u e gritou muito alto.
Veridiana lhe sugava e passava a língua no seu sex* com voracidade já sentindo que o clímax da sua amada estava próximo.
Ela também sentia seu próprio sex* latejando e ardendo de desejo quase explodindo de tesão.
Em pouco tempo as duas se perderam em um orgasmo surreal.
-- Ah Júlia! - Veridiana deitou-se no colo de sua ex recuperando seu fôlego.
-- Eu amo você, nunca deixei de ter esperanças de voltar ao viver ao teu lado. - Júlia afagava os cabelos de Veridiana.
-- Oque vamos fazer agora? - Veridiana estava preocupada. - Nos amamos e tudo, mas há uma vida lá fora, não podemos viver aqui como se nada estivesse acontecendo.
-- Eu sei, eu sei. - Júlia beijou a cabeça de Veridiana com carinho. - Vamos dar um jeito, mas por agora eu quero mais de você, ainda não matei toda minha saudade. - E ela começa a provocar sua ex com beijos quentes.
E mais uma vez se entregaram ao amor, se amando por horas.
Já era noite quando Júlia disse que precisava ir para casa e conversar com Laísa.
-- Não posso me prolongar muito, eu não quero ficar mais nenhum minuto longe de você. - Júlia falou beijando os lábios de Veridiana já na porta de saída do apartamento.
-- Mas vai com calma, a Laísa é uma pessoa difícil e tem problemas emocionais, tenho medo de que ela tente algo contra você. - Veridiana a abraçou forte.
-- Ela nunca faria nada contra mim Veri, ela pode tentar algo contra qualquer um menos contra mim, tenho certeza disso. - Disse dando mais um beijo demorado em Veridiana e saindo logo em seguida.
Em frente ao edifício Laísa via Júlia deixando o lugar sorridente. Havia acordado e não encontrado Júlia na casa, ligou para seu celular, tablet e nada de ela atender. Então lembrou-se de Veridiana.
A princípio foi na sua casa com Lígia, mas não encontrou ninguém em casa, então pensou no antigo apartamento.
Ao chegar lá viu seu carro no estacionamento do prédio. A princípio pensou em subir, mas depois achou melhor esperar, não daria chance para Júlia terminar com ela.
Deu partida no carro e tentou chegar antes de Júlia em casa. Conseguiu e assim que entrou em casa deitou-se na cama, iria fingir uma indisposição.
Júlia chegou em casa e foi a procura da esposa. Sabia que enfrentaria uma longa discussão, primeiro por seu sumiço, depois por querer se separar.
Mas o que encontrou foi um silêncio total. Procurou Laísa pelo andar térreo e nada dela, subiu para o quarto e ali encontrou sua esposa, ela parecia abatida. Estava deitada na cama, a TV ligada, mas não parecia assistir. Havia uma caixa de lenços de papel no criado mudo e duas caixas de analgésico.
-- Laísa? - Júlia chamou em voz baixa.
Laísa virou-se vagarosamente em direção da esposa.
-- Oi amor já chegou? - Perguntou calmamente.
Júlia estranhou a atitude da esposa, ela estava calma demais para quem passou o dia sem notícias da esposa.
-- Está bem Laísa? - Júlia perguntou se aproximando da cama.
-- Na verdade não meu amor. - Laísa fez cara de dor.
-- Oque aconteceu?
-- Eu acordei e não encontrei você, a procurei pela casa, liguei para seu celular, mas não a encontrei, quando pensei em ir atrás de você, senti uma tontura e desmaiei na sala. - Contou Laísa.
-- Você desmaiou? - Júlia ficou desconfiada.
-- Quando me dei conta estava caída no chão da sala. - Laísa contava aparentando fadiga.
-- E procurou um médico?
-- Não acabei preferindo me deitar. Mas e você onde passou o dia todo? Eu estava muito preocupada.
-- Eu fui rever uns amigos, e fiquei sem bateria no celular. Eu não quis te acordar e iria te ligar mais tarde, mas aconteceu isso, e acabei esquecendo de pedir um celular emprestado, me perdoa.
-- Tudo bem você está aqui agora e isso é que importa. - Laísa puxou a esposa para si e a abraçou fortemente. - Eu preciso de você, não me deixe nunca, por favor! - Pediu chorosa.
Júlia não disse nada abraçou a esposa e ficou em silêncio, não seria fácil deixar Laísa, pensou aflita.
*********
Veridiana voltou para sua casa com Lígia sorridente. Sabia que agora voltaria a ser feliz. Finalmente se entendera com Júlia seu único e grande amor.
Teria de procurar Lígia se desculpar pela violência que teve para com ela e terminar o relacionamento de forma que não a magoe tanto. Ela era muito especial e não merecia sofrer novamente como da última vez.
*********
Quando o dia amanheceu Laísa levantou-se, não havia dormido quase nada. Fingiu algumas vezes que dormia e em uma dessas flagrou um telefonema da esposa para Veridiana, dizendo que ainda não conseguira falar com ela, mas faria isso no dia seguinte.
Laísa olhou mais uma vez a esposa e viu que ela dormia profundamente. Então deixou a casa de carro. Não sabia ao certo o que iria fazer mais estava decidida a impedir que Júlia a deixasse.
Então subiu o morro e comprou cocaína. Depois estacionou próximo a um bar e começou a consumir a droga.
Os efeitos logo eram sentidos e Laísa perdeu noção da realidade.
Júlia acordou e não encontrou a esposa. Ligou para Veridiana dizendo que não iria encontra-la, pois queria resolver sua situação com Laísa o quanto antes, então a esperaria chegar em casa.
Algumas horas se passaram até que Júlia recebeu um telefonema de uma jovem. Esta lhe informou que Laísa estava causando problemas próximo ao local que ela trabalhava.
A jovem disse que pegara seu número no celular de Laísa que estava dentro do carro que estava aberto.
Preocupada Júlia foi às pressas atrás de Laísa e o que encontrou foi horrível de se ver.
Laísa estava fora de controle quebrando as coisas de um bar, parecia alcoolizada ou drogada, falava coisas desconexas, as pessoas a volta tentavam impedi-la de quebrar as coisas ou mesmo se machucar.
Com jeito e carinho Júlia se aproximou da esposa tentando falar com ela.
-- Laísa olha para mim. - Pedia enquanto tentava segurar a mulher. - Sou eu sua esposa, vem comigo amor, não faz assim vai se machucar!
-- Júlia minha linda, você veio, você não vai me deixar? - Laísa falava sem pausa.
-- Não amor, eu vim buscar você e vou leva-la para casa, vem comigo. - Júlia não acreditava no que seus olhos viam. A Laísa promotora de justiça linha dura, uma mulher forte, companheira, que estava ali na sua frente olhos vidrados, despenteada, roupa suja, falando coisas sem sentido.
-- É tira essa louca daqui! - Gritou o dono do bar saindo de trás do balcão onde se escondia.
Triste com a situação Júlia levou a esposa para casa, no caminho a observava. Ela estava no banco do carona, estava alheia, olha perdido no nada. Não conseguia entender o que estava acontecendo a ela. Já fazia meses desde a última vez que ela usara drogas.
Ligou para Lígia e contou do ocorrido. Ela a aconselhou a dar um banho nela e deixa-la dormir o tempo que fosse preciso. E que assim que fosse possível iria vê-la, já que no momento estava no interior.
Sentada em uma poltrona ao lado da cama Júlia olhava esposa dormindo. Estava arrasada, não acreditava que ela fosse ter uma recaída logo agora que ela entendera-se com Veridiana.
Já era madrugada quando Laísa acordou e viu Júlia dormindo na poltrona. Ela alevantou-se ainda um pouco grogue e foi até a cozinha beber um pouco de água.
Na volta deitou-se na cama sorridente ao olhar a esposa dormindo. Sentia-se vitoriosa na primeira batalha.
-- Veridiana prepare-se, você não vai tirar minha esposa de mim assim tão facilmente, ah não vai mesmo.
Disse se ajeitando para dormir. Sentia-se muito satisfeita, apesar dos efeitos pós drogas.
Fim do capítulo
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