Luciana e Carlos Fernando almoçavam no Marlene, o prefeito e a ex-primeira dama eram vistos por olhos atentos de curiosos que estavam no local, com certeza aquilo seria assunto para a pacata cidade nos próximos dias.

Luciana estava inquieta, nervosa, não estava gostando nada daqueles olhares que estavam recebendo, engraçado que agora ela se sentia errada, só não entedia bem o porquê, não estava fazendo nada demais.

Carlos Fernanda pergunta: Está tudo bem Luciana? Você mal tocou no prato... Não tá gostando da comida?

Luciana responde sentindo-se verdadeiramente incomoda: Não estou nada bem nesta situação aqui que você me coloca Carlos Fernando.

Carlos pergunta, sem entender: Não te entendo.

Luciana fala: Todos nos olham como se fossemos atração, fico me perguntando o que se passa na cabeça deles, o que vão sair comentando. Seja o que for eu só espero depois não ser incomodada pela sua mulher.

Carlos fala galante: Ciúmes? (Sem perder claro aquele ar cafajeste que lhe era tão característico)

Luciana ficou calada e por um momento se perguntou se era ciúme? Será? Perguntava-se o que estava sentindo naquele momento? Ponderou ainda uns instantes e respondeu: Não! Com certeza não Carlos Fernando. E que bom, me alivia a certeza que não resta nada.

Carlos Fernando sentiu ouvir aquela resposta, no fundo ele sabia que se quisesse Luciana voltaria pra ele, no entanto aquela resposta segura o fez sentir uma pontada no ego. Compartilhou tantos anos ao lado dela, foram bons. Mas que mal haveria se tivessem um remember de vez em quando.

Carlos indagou insinuante provocando: Acabou mesmo Luciana? (Passou a mão sobre as mãos de Luciana e a olhou no fundo dos olhos, Luciana avaliava o que Carlos Fernando pretendia).

Luciana tira suas mãos das de Carlos e pergunta: Afinal você poderia ir direto ao assunto, esse joguinho aqui, não funciona comigo.

Carlos recua e vai direto ao ponto: Ok se é assim que você prefere. Mas você fugiu de minha pergunta. E eu ainda vou querer a resposta. Luciana, vamos fazer uma parceria, eu apoio a ONG, todos os seus projetos, você sabe que pode ganhar uma visibilidade ainda maior se a prefeitura apoiar a ONG e com isso também mais patrocínio, o que é ótimo.

Luciana responde: Claro que é ótimo, é ótimo para os seus interesses políticos, você com certeza ganharia muito com isso, te conheço Carlos Fernando.

Carlos responde: Vai ser bom para a prefeitura também sim Luciana, mas admita que não só pra mim, pra ONG também. (Queria de toda maneira convencê-la)

Luciana questiona: Pode ser! Mas o que você quer em troca? A que situações você vai expor a ONG, os projetos? A ONG está se mantendo sem isso, graças a muito esforço e ao patrocínio de pessoas que só querem ajudar, se é essa sua intenção, há várias associações aqui em Porto Novo que necessitam de ajuda, a dos pifanistas, a das artesãs, do barro, de tantos e tantos, os ajude.

Carlos Fernando fala já perdendo paciência: Eles não são tão organizados como você Luciana, sem contar que tua ONG tem um apelo enorme perante toda sociedade.

Luciana fala em tom decepcionado: No fim só é isso né Carlos Fernando, o apelo e a visibilidade, que espécie de ser humano é você?

Carlos Fernando responde: Ora Luciana, sem essa de boa samaritana desinteressada, é obvio que você também tem seu segundo interesse com tudo isso...

Luciana pergunta chocada: Como?

Carlos Fernando ataca: É a prefeitura o que você quer? É essa sua ambição Luciana? Quer menos ou mais? Vereadora? Deputada será?

Luciana olha indignada para Carlos Fernando, só não o esbofeteou por lembrar que estavam em local público e era discreta de mais para chamar atenção pra ela, se perguntava como pode por tanto tempo está casada com um homem que apesar de tantos anos ter convivido com ela não a conhecia: Realmente Carlos Fernando apesar de tantos anos juntos você não me conhece, é muita falta de respeito, eu imaginava que você não pudesse me magoar além do que já fez, me enganei. (Ela se levanta o deixando só na mesa, retira da bolsa o valor do que consumiu e deixa sobre a mesa). Eu espero que você nunca mais volte a me procurar.

Carlos Fernando fala: Luciana, eu não quis te ofender (Ele levanta). Não sai assim, a gente nem falou dos nossos filhos.

Luciana fala irônica: E você tem Carlos Fernando? Nem sabia. Sua filha chegou aposto que você se quer a procurou... Triste! (Deu as costas e saiu, deixando Carlos sem saber o que fazer)

Luciana caminhava e enquanto fazia isso derramava algumas lagrimas, sentou-se então em um banco na praça e remoía-se em pensamentos que a consumia. Perguntava-se o que havia feito da vida? Tinha dois filhos maravilhosos que eram a razão de sua vida, tinha a ONG que era o que dava sentindo a seus dias, teve um casamento falido, se perguntava se havia sido bom? Não conseguia dar uma resposta, foi sustentável, mas bom? E o que seria da vida dali em diante - Em breve os meninos se casam, vão ter as próprias vidas, e quanto a mim, o que será? - Caíram mais lágrimas. Lembrou-se então de Amanda, daquele olhar intenso, daquela boca que devorou a sua, engoliu, a tomou e invadia seus pensamentos, sorriu de canto enquanto caiam lagrimas - Mais essa, as lembranças dessa menina que não me saem da cabeça, como é possível? Eu preciso desabafar, preciso jogar isso pra fora, mas pra quem, quem me entenderia? - Pensou em Lorena, sua melhor amiga, sorriu, com certeza ela não a julgaria, se surpreenderia, talvez até lhe desse força, mas queria alguém que entendesse também a aflição que aquilo lhe causava. Olhou a frente e viu as portas da igreja aberta - será? - Se perguntou, entraria ou não?

No meio da tarde, por volta das 15 horas. Juliana acordava de sua soneca, percebeu que estava deitada em seu sofá, e lembrou-se que Vanessa que estava lá. Levantou-se rápido e chegando à cozinha, viu a mesa posta e uma bandeja com salada pronta. Enquanto a menina desligava o fogo que esquentava um estrogonofe.

Vanessa fala: Já acordou, está linda (Sorriu tímida). Desculpa invadir a sua cozinha, eu só fiz essa salada, e tinha esse estrogonofe na geladeira e eu esquentei.

Juliana estava apreensiva, mas diante daquele zelo e cuidado todo falou: Eu fiz ontem, tem batata palha na segunda gaveta (Vanessa pega e põe na mesa). Não sabia que você cozinhava

Vanessa responde: E não cozinho mesmo, ainda tô aprendendo, mas esquentar a comida eu sei, e uma saladinha é muito simples né? (Sorriu e Juliana conseguiu se encantar um pouco mais. Ambas se sentaram à mesa e serviram-se, olhavam-se, mas Juliana não conseguia corresponder aos olhares nem conversar)

Amanda estava na sala de sua cobertura com Diego e seu pai, eles contavam sobre a viagem a Porto Novo.

Otávio fala: E por fim, Antônia, foi mais que perfeito, foram dois dias que eu estenderia mais com o maior prazer.

Antônia fala seguindo a empolgação do patrão: Nossa seu Otávio foi ótimo hein? Gostaria de conhecer, da próxima vez já estou me sentindo convidada viu... (Eles riram) E você Amanda, gostou também?

Amanda viajava em seus pensamentos, apesar de Diego que estava a seu lado, sentia-se a quilômetros de distância, sentia-se em Porto Novo, sentia-se segurando a cintura daquela mulher e aspirado aquele perfume, o gosto daquela boca que era a melhor que já provara, era Luciana, não conteve o singelo sorriso nos lábios, foi acordado de seus devaneios por uma voz que a chamava.

Diego fala: Ei Vanessa? Vanessa!

Amanda responde: Ãn? Oi, o que foi?

Otávio ri: Filha estava onde hein?

Antônia responde: Em um lugar muito bom com certeza, olha o sorriso, iguaizinhos aos que ela dar a você, mas esse aí ainda tem um "q" a mais.

Amanda fica um pouco tímida, mais essa. Tímida, efeito Luciana: Que é isso gente, só lembrei-me de um assunto da facul (Desconversou, Diego ficou intrigado). Do que falavam?

Otávio responde: De Porto Novo...

Diego continua: A Antônia perguntou se você também gostou de lá?

Amanda lembra imediatamente de Luciana: Claro! (Tenta conter a animação e responder com naturalidade) Apesar de ser uma cidade pequena tem seus encantos e você com certeza ia amar bá.

Antônia fala: Já gostei, mesmo sem ter ido.

Diego havia convidado no dia anterior Amanda para uma festa, mas ela negou com a desculpa de estar cansada, ele então fala: Seu Otávio, queria perguntar se tá tudo bem para o senhor Amanda e eu saímos para uma festinha hoje, vai rolar na casa de uns amigos nossos da facul, tudo bem pro senhor? (Amanda ficou em choque pela ousadia, óbvio que não queria sair com Diego, já sabia do que se tratava, era o mesmo que ela fazia em sua casa. Desejou que o pai negasse)

Otávio então responde: Bem Diego, se ela quiser ir, por mim tudo bem.

Diego fala animado: Claro que quer né amor? (Amanda se viu presa em sua mentira, o pai acreditava que ela gostava de Diego, afinal isso lhe era cômodo, então pareceu incoerente se negar ir à festa, resolveu topar e tentar se divertir, apesar daquilo não lhe apetecer.)

Diego diz: Então eu passo aqui umas nove tá? (Beijou Amanda e se despediu de Otávio e Antônia e foi embora).

Fim do capítulo