--Oi, muito prazer, o Gabriel fala muito em você, Fernanda! - disse Cecilia!

Nanda ainda não tinha tirado os olhos da morena, porque aquela mulher tirava ela do sério era tudo em que ela pensava.

--Espero que fale bem, ultimamente ele também fala bastante em você. -Cecilia sorriu sem graça. E você é muito mais bonita do que ele disse.

--Obrigada, já sei que você divide as suas estadias entre o Brasil e a suíça, dessa vez vai ficar quanto tempo por aqui?

--Ainda não sei, na verdade eu nunca sei quanto tempo vou ficar em um ou em outro.

A conversa entre Cecilia e Fernanda continuou por mais alguns minutos, Maria Luiza olhava encantada para a ornamentação da festa, ela observava cada detalhe, e se lembrava o quanto sentia falta dessas festas, no interior da sua naturalidade tinha festa de são Joao e ela adorava.

Luiza nem percebia o quanto Fernanda olhava pra ela, tudo era tão lindo, ela estava se sentindo em casa, Cecilia estava conversando com a riquinha da amiga do Gabriel, ela não tinha assunto nenhum pra falar com aquela mulher, por sinal a mulher era um espetáculo, e sempre tinha uma mulher encarando a empresaria.

A noite foi passando os quatros conversavam sobre vários assuntos, estavam se adorando, Nanda contava histórias engraçadas do tempo em que eram crianças, e Gabriel por vingança fazia questão de falar sobre os casos doidos que Fernanda já teve, algumas vezes falavam sobre assuntos sérios, os licores estavam bem gostosos e eles experimentavam todos que passavam na mesa.

--Que horrível esse licor de milho, eca! -Disse Maria Luiza fazendo careta, Fernanda observava a beleza da morena, e naquele momento estava pensando que nem fazendo careta a criatura não conseguia ficar feia.

Já estava ficando tarde, e eles se divertiam muito, o salão já estava bem vazio, a maioria das pessoas já tinha ido embora, a banda começava a tocar um repertoria com músicas mais românticas e mesclando com um bom forró.

--Vamos dançar, -dizia Cecilia puxando Gabriel, -- vem vocês duas!

-- Não sei dançar forró! - respondeu Fernanda!

--Malu te ensina, ela é a melhor forrozeira que eu conheço! Maria Luiza ficou vermelha de vergonha pelo elogio, e de raiva pelo apelido!

--MALU? gostei do apelido.

--Eu não, não gosto que me chamem assim, quer dançar Fernanda? Eu não sou nenhuma forrozeira como a Cecilia disse, e na verdade acho que todos que ainda permanecem na festa estão bastante alcoolizados pra notar que não sabemos dançar!

--Você tem razão, a empresaria disse vencida!

 Maria Luiza segurou a mão de Fernanda, e foi como se alguma coisa magica tivesse acontecido, parecia que ambas já se conheciam, Luiza sentia como se não fosse a primeira vez que tocava Fernanda, a sua mão era macia, e sem saber o motivo ela sentia segurança naquele toque.

Fernanda por sua vez sentia que não deveria largar a delicadeza das mãos de Luiza, por alguns segundos conseguiu ver um pequeno brilho nos olhos de morena, ela queria conseguir acender de vez aqueles olhos, queria ter aquela mulher nos braços, queria beijar aquela boca carnuda, não com desejo como sempre acontecia com ela, mas por alguma coisa mais forte que ela não conseguia entender.

As duas seguiram até o meio do salão, Maria Luiza guiava os passos, realmente ela dava show na dança, quando começou a dançar várias pessoas olhavam e algumas até arriscavam o palpite de que era dançarina, Fernanda foi guiada, e conseguia acompanhar os passos da morena, não com a mesma graciosidade e destreza.

A música acabou, as meninas ouviram uma Salva de palmas e só então perceberam que o motivo da algazarra era elas, Luiza ficou vergonha e escondeu o rosto nos braços de Fernanda, por resposta Fernanda a abraçou, e como tinha começado uma música dessa vez lenta e romântica começaram a dançar, tentando disfarçar o falta de jeito da morena. Fernanda não disse nada até que Luiza olhasse outra vez pra ela.

--Não precisa ficar com vergonha, já acabou, ela expressava conforto na voz.

--Jura que não tem mais ninguém olhando? Disse a morena olhando para ambos os lados.

--Juro, você é sempre tímida assim? - a morena ficou mais envergonhada ainda. Desculpa não queria te deixar mais sem graça.

--Eu não gosto que me olhem!

--Já ouviu aquela frase que diz que o que é bonito tem que se mostrar? Você é linda não precisa ficar com vergonha por dançar bem, ou por qualquer outra coisa, o tom de Fernanda nesse momento foi galante não era só por seu dinheiro que ela conseguia fácil as mulheres, ela era conquistadora, adorava quando tinha trabalho em conseguir pegar uma mulher. Era gratificante levar pra cama quem deu trabalho pra chegar nela.

A música acabou e elas foram se juntar ao casal de amigos que estavam na mesa observando as duas. Maria Luiza pediu licença e saiu, Nanda ficou observando a morena de costas até a entrada dela no banheiro.

--Sai fora, disse Cecilia com um tom de chateação e raiva ao mesmo tempo. - minha amiga está sofrendo muito pelo termino da relação, tudo que ela não precisa é de uma riquinha conquistadora que trata mulheres como mercadoria, ela é muito melhor que isso, e merece alguém melhor que você.

-- Pelo visto Gabriel não disse só coisas boas ao meu respeito.

-- A Cecilia tem razão Fernanda, a Luiza não é uma das suas conquistas, por favor não brinca com ela, deixa ela em paz, ela já tem muitos problemas, e não merece mais sofrimento.

Fernanda estava realmente ofendida, ela não queria brincar com a Luiza, ela queria... ela ainda não sabia o que queria, mas tinha certeza que era diferente, não dava pra explicar, eles não acreditariam, nem ela acreditava no que estava sentindo.

A cara de bicho que Nanda ficou fez Gabriel estranhar, ela nunca se ofendia com essas coisas, até gostava de saber que suas investidas estavam dando certo e pela repreensão dos amigos a confirmação estava nítida.

Xxxxx

--Alo!

-- Como você conseguiu meu número Rafaela?

--Eu liguei para o meu celular quando você estava no banheiro, isso não importa, eu quero falar com você, me diz onde é essa festa que vou te buscar agora!

-- Não vou te falar nada, depois eu te ligo! Você está bebendo?

-- Estou, você acha que é assim, vem na minha casa dorme comigo, e vai embora, hoje a gente faz seis anos de casamento, eu quero te ver.

--Você quis muito, agora as coisas mudaram, tchau!

Luiza saia do banheiro meio tonta com a conversa, mas feliz por conseguir mais uma vez ser firme com Rafaela e não sentir arrependimento, e ainda com raiva em lembrar que esse era o jeito que Rafaela a tratava a algum tempo e ela nada fazia a respeito disso.

Se deparou com seus amigos e uma mulher ruiva que falava alto, como se estivesse discutindo com Fernanda, ela foi se aproximando do grupo quando a ruiva enfurecida olhou para ela e disse:

-- É essa vagabunda que estava dançando com você! Eu vi! Eu vou quebrar a cara dela, você é minha, Tamires tentou ir para cima de Luiza que não entendia o que estava se passando e foi contida por Fernanda! Luiza ainda olhava sem compreender o que estava acontecendo.

--A vagabunda da história sou eu? Luiza perguntou a ruiva

-- Você mesma, que estava se esfregando na minha namorada, você beijou ela Fernanda! A garota dizia ainda mais alto.

-- Eu não sou sua namorada, eu não tenho nada com você, me deixa em paz.

Finalmente Luiza conseguiu entender o que estava acontecendo e se sentiu ofendida pelas acusações, mas estava cansada de ouvir tudo calada, das pessoas fazerem o que bem entendiam com ela.

--Você está dizendo isso só por causa dessa puta, eu sei que você me ama.

--Se for pra levar a fama que seja por deitar na cama, Luiza foi em direção a Fernanda e a beijou, o sabor da boca de Fernanda era maravilhoso, tinha um toque doce, quando a língua de Luiza tocou a de Fernanda ela se arrepiou inteira, os lábios da morena eram macios, seu hálito quente tinha um gosto de licor de chocolate, o beijo mesmo sendo inesperado era delicado.

 Luiza estava no céu quando de repente sentiu um forte puxão no seu cabelo que em milésimos de segundo lhe tirou do seu momento perfeito, ela já sabia quem era a causadora da dor e em um impulso se virou de punho fechado e levou direto ao nariz da ruiva, com toda sua força e raiva.

Todos pararam olhando pra Tamires que tinha o rosto cheio de sangue, Luiza percebeu que tinha ido muito longe, mas como muitas coisas que tinha feito no dia, não estava nem um pouco arrependida.

-- Você quebrou meu nariz, eu vou te denunciar, você vai ser presa sua louca! - dizia Tamires.

--A única louca aqui é você, e você não vai fazer nada contra ela, ou eu que vou dar queixa de você por perseguição e ameaças.

Gabriel pegou gelo colocou em um guardanapo e deu para a ruiva segurar, ele e Cecilia foram leva-la no hospital e Fernanda foi levar Luiza em casa. Em ambos os carros o silencio era enorme Cecilia se segurou por todo o caminho para não rir da ruiva, "bem feito, minha amiga é ótima" pensava ela.

Fernanda não disse nada no caminho inteiro, ela estava surpresa, como aquela mulher tão tímida, tão delicada tirou sangue da ruiva, estava realmente com medo que Tamires fizesse alguma coisa contra Malu, ela não ia deixar isso acontecer, não ia mesmo!

-- Malu desculpa pelo transtorno, eu não queria que isso tivesse acontecido, aquela mulher é louca, a um tempo atrás eu dormi com ela e desde então ela me persegue, mas dessa vez foi longe demais, me seguiu até o Brasil, até a festa.  

--Relaxe, quando ela me processar você paga o meu advogado, disse a morena brincando!

--Desculpa pelo beijo, foi impulso.

Ela parou o carro na frente do apartamento de Nanda. Ficou cara a cara com a morena, e disse:

--Espero que sempre tenham impulsos desse tipo. - Deu um beijo no rosto de Luiza e se afastou.

 Quando Luiza desceu do carro percebeu que a confusão só estava começando. Rafaela estava parada na porta do seu prédio.

Fim do capítulo