Ao sair do banheiro Maria Luiza se deparou com Rafaela dormindo na cama, deitada nua como veio ao mundo, uma fresta de luz que vinha da janela iluminava o seu rosto, era a visão do paraíso, aliás, era a visão do seu inferno.

-- Vamos sair pra almoçar amor? - Dizia Rafaela ainda despertando.

-- Não posso tenho uma festa hoje, estou atrasada para o salão!

--Festa? Que tipo de festa? Com quem? A loira disse enciumada!

--Daquele tipo que não te interessa saber, era só o que me faltava.

--Você está muito diferente Malu, não é mais doce como era, não foi a mesma na cama.

-- Está brincando comigo ne? E não me chama de Malu, você sabe que eu odeio esse apelido.

--Você não pode sair agora, a gente ainda tem muito que conversar!

--Quando eu estiver afim de conversar eu te aviso.

-- Quem é você e o que fez com a minha Maria Luiza?

Maria Luiza saiu da casa, entrou em seu carro e foi em direção ao salão, as palavras da esposa faziam sentido, ela estava diferente, nem se lembrava quando tinha recusado um pedido da loira e dessa vez não estava com a consciência doendo, o sex* tinha sido só sex*, ela não estava entregue, não estava amando, estava apenas satisfazendo a vontade do seu corpo.

--Bom dia, eu tenho horário marcado com o Gustavo! - Luiza estranhou não ser recebidas pela mesma moça que tinha sido nos últimos anos, essa atendente era nova, e como desde a traição de rafa não tinha voltado ao salão, constatara que muita coisa tinha acontecido desde a sua reclusão do mundo.

--Senhora Maria Luiza? - a morena confirmou com a cabeça, ele está aguardando a senhora, por aqui- a funcionaria mostrou o caminho a morena!

-- Lindona, que saudades já estava desistindo de você, achei que nem vinha mais!

-- Me desculpe meu bem, a Rafaela me segurou até agora- o cabelereiro olhava sem entender muito bem, e como não era nada discreto:

-- Rafaela? Como assim? Vocês voltaram? Eu não estou acreditando no que estou ouvindo!

--Não voltamos, eu fui até a nossa casa, e acabei fazendo sex*,- a morena abaixou a cabeça como um sinal de reprovação do que tinha feito.

--Aquela loira é mais poderosa do que eu imaginava, - o cabelereiro estava irritado com o que tinha ouvido, mas sabia que ia acabar deixando Luiza magoada, se realmente dissesse o que estava pensando-então, vamos fazer o que nesse cabelo?

--Quero cortar, alisar e pintar, quero ficar completamente diferente, ser outra pessoa- o cabelereiro olhava para a morena com total reprovação, Luiza tinha cabelos cacheados volumosos, na altura da bunda, maravilhoso, era quase um pecado cortar ou alisar aquele cabelo.

-- Então procure outro cabelereiro, eu não compactuo com assassinatos.

-- Que exagero gu!

-- Se você quer mudar, comece não indo pra cama com a filha da puta que quase te matou, tira essa aliança do dedo, e compre uma casa, a casa que a Rafaela mora não é "mais nossa" - falou fazendo aspas com os dedos-pelo amor de Deus, volta logo, ou tira essa mulher da sua cabeça.

-- Não adianta você vim aqui fazer essa loucura no cabelo e continuar a mesma por dentro, em três dias vai se olhar no espelho e ver a mesma mulher que foi traída, que sofreu e sofre por uma pessoa que não merece, você tem que mudar sua cabeça e o coração, arrumar uma pessoa que te mereça e só depois disso você será outa pessoa. Pronto falei!

A morena se acabava de rir com os comentários do amigo, que falava sem parar, e o pior de tudo é que ele tinha razão, não era a aparência que ela tinha que mudar, Maria Luiza não se sentia a mesma a muito tempo e o sex* com a esposa só confirmava a sua suspeita, ela ainda se sentia presa a Rafaela, mas não encontrava mais dentro de si o amor que tanto sentia pela loira.

--Ok meu bem, então só me deixe linda, hoje tenho uma festa e não quero chegar com essa cara de ontem.

-- Vamos fazer umas californianas nesse cabelo! Você vai mudar bastante e não vai cometer nenhum crime contra essas lindas madeixas, ah e vou tirar só algumas pontas, vai que hoje você encontra alguém que vai tirar a loira gostosa da sua mente, ai! Que tudo, como dizem: pra curar um amor, só outro!

--Você é ridículo, é uma festa beneficente, não um lugar pra procurar parceiros, e nem estou com cabeça pra isso, e acho que não vou ter por tão cedo.

--Nada se sabe, o destino é traiçoeiro, vai que uma milionária gata esteja lá procurando uma linda donzela como você, pra casar e ter filhos. - As gargalhadas dos dois chamavam atenção dos clientes do salão.

--Donzela eu? Mais risos se ouvia, fala sério gato, esse tipo de mulher ou tem 15 na cola e não quer compromisso, ou já tem essa esposa e filhos, e anda logo com isso, eu ainda quero dormir antes da festa.

Xxxxx

--Fernanda Aragão por acaso a senhorita já está no Brasil?

--Sim senhor meu marido, acabei de chegar no meu apartamento, vou dar um pulinho no salão e estarei pronto as 20 horas, ok?

--Ok, estou com saudades gata, ah lembra da Cecilia que te falei?

--A doidinha que a amiga tomou corno?

--Sua referência de Cecilia é ótima não acha não? Sim essa mesma, então estamos saindo, e eu estou gostando dela, então por favor não de em cima.

--Me senti uma predadora, até parece que sou assim - a empresaria colocava a mão no peito se fingindo de ofendida, e alias essas festas costumam ter muitas dondoquinhas e mulheres frustradas no seu casamento, adoro essas presas fáceis, - falava rindo por imaginar a cara que o amigo estava fazendo.

-- Por isso que só vive reclamando das malucas que ficam no seu pé, você é quem procura sarna pra se coçar.

-- Por falar em maluca tive a impressão de ver a Tamires no aeroporto, eu espero que tenha sido uma alucinação. Bom deixa eu ir, não quero me atrasar, você sabe que odeio atrasos, então por favor as 20:00 horas esteja na portaria do meu prédio. Te amo!

--Beijo chata!

xxxxx

A festa já tinha começado, tinha bandeirolas, balões, algumas barraquinhas de palhas com muitas comidas típicas, uma banda com sanfoneiro e uma zabumba tocando forró pé de serra, algumas pessoas estavam dançando no meio do salão, a animação era nítida.

Fernanda observava os detalhes, e lógico prestava bem atenção nas lindas flores que estavam na festa, como ela presumiu as mulheres "fáceis"

Enchiam a festa, ela nem sabia dançar direito, mas o ritmo era gostoso, eles estavam servindo licores e em pouco tempo Nanda já tinha experimentado todos os sabores, Gabriel estava dando atenção para vários convidados ao mesmo tempo e Fernanda não ficava nunca sozinha, várias mulheres faziam questão de se aproximar dela.

--Elas chegaram, Gabriel estava sorrindo feliz, os dois se viraram na direção da porta principa, duas mulheres entravam, uma era meio loira e bastante bonita mas não era o tipo de mulher que a atraia. A outra... tinha os cabelos cacheados, um rosto delicado, um corpo escultural, meio magro para seu gosto, mas mesmo assim lindo.

Maria Luiza se virou, Fernanda a observava, quando os seus olhares se uniram Fernanda se sentia desprotegida, ela conhecia aqueles olhos doces e sofridos, que parecia chorar por dentro, foi por aquele olhar que um dia teve um surto e quis cuidar, proteger, até mesmo amar... balançando a cabeça e voltando a realidade ela viu a enfermeira se aproximar e quanto mais isso acontecia mais seu coração disparava.

--Rafa essa é a Cecilia e essa é a Maria Luiza, dizia o amigo apontando para cada uma delas.

--O, oi!

Fim do capítulo