No dia seguinte às 07h00min, a major Mantovanni apresentou a nova subcomandante do regimento. Todos ficaram olhando admirados aquela mulher que estava ao lado da major.

 O cabo Adilson Motta deu um assovio e todos se viraram para vê-lo e depois para frente onde Márcia e Andressa estavam.

Todos deram risada quando a major chamou-lhe a atenção, deixando a capitã de boca aberta com tanta seriedade.

-- Cabo, por gentileza, guarde as suas gracinhas para outra ocasião.

-- Desculpe major, foi sem pensar, falou sem graça.

 A capitã Andressa falou para a tropa as suas intenções e que trabalharia com eles da mesma maneira em que a major Márcia já vinha trabalhando.

No final agradeceu a presença de todos e com a autorização da major, dispersou a tropa.

Virando-se para Andressa a major Mantovanni, disse:

 -- Parabéns capitã, bem vinda à cavalaria e sem mais palavras se retirou. Andressa ficou olhando Márcia atravessar o pátio em direção ao seu gabinete e ela fez o mesmo indo para o seu.

Quando chegou olhou para a porta e viu escrito: CAPITÃ PM ANDRESSA PIRES PAIVA (SUBCOMANDANTE). Sentiu um orgulho enorme ao saber que estava ali por méritos próprios e não por influência do pai a quem odiava tanto.

 Chamou o sargento Prado e perguntou-lhe:

-- A major é sempre estressada assim?

-- Não capitã, é que hoje a tenente Celina estaria fazendo aniversário e todo ano nessa data ela fica assim. Mas não se preocupe a major é uma excelente pessoa, releve essa pequena falta de tato dela!

-- Obrigada pela informação sargento, preciso saber em que terreno pantanoso estarei entrando.

O sargento Prado por ser uma pessoa com um sexto sentido aguçado e devido à religião a qual frequentava já imaginava o que viria dali para frente e falou:

-- Não se preocupe capitã, a senhora será a próxima primeira dama da cavalaria!

-- Como o senhor sabe disso sargento?

-- Simples capitã, nenhum de nós está aqui por acaso e, no seu caso, à senhora e a major já se encontraram em outras vidas. Porém nunca conseguiram concretizar essas convivências. Mas agora a vida está dando uma nova chance nesse reencontro e foi através da morte da tenente Celina que vocês voltaram a se encontrar. Vocês têm pendências a resolver nessa reencarnação de agora e isso só se resolverá se souberem conduzir esse reencontro.

-- Então eu e a major já nos conhecemos há muito tempo?

-- Sim vocês se conhecem há séculos, assim como eu e os outros amigos que estão ao nosso redor. Até a major Monteiro já conhece vocês há tempos. Somos todos uma família capitã, voltamos nesse mundo para se adaptar a novas provas que estão por vir.

-- A que religião o senhor pertence sargento?

-- Assim como a major Monteiro, o coronel Tavares e outros, eu sou espírita capitã. Agora com licença e se precisar estarei à disposição. Ah, ia me esquecendo, hoje a major passa à tarde praticamente fora, mas se a senhora quiser encontrá-la, ela estará visitando o túmulo da tenente.

-- Obrigada pela sua atenção sargento e desculpe incomodá-lo tanto. Vou pensar em tudo o que me disse e procurar saber mais desse assunto.

-- Fique a vontade capitã se precisar conversar novamente sobre esse assunto, estarei aqui.

Entrou e se sentiu feliz. Ao olhar em direção à sala ao lado viu que Márcia a observava,

sentiu um tremor no corpo ao cruzar com aquele olhar.

Na hora em que estava indo almoçar observou ao passar em frente a sala da major as duas placas que estavam fixadas na porta: MAJOR PM MÁRCIA MANTOVANNI (COMANDANTE).

-- Então já nos encontramos em outras vidas? Aguarde-me major, isso é só o começo do seu tormento pessoal amoroso, você ainda se casará comigo, pode esperar, e eu prometo te fazer muito feliz. Falou em voz baixa.

A major, não estava no regimento, pois, havia ido ao mausoléu visitar o túmulo da esposa. Com isso passava praticamente à tarde por lá olhando a foto de Celina e conversando mentalmente com ela.

Sentia a presença da ex-mulher ao seu lado e quando saia de lá isso a deixava feliz. Ela só não percebeu que Andressa também estava lá olhando a cena.

Fim do capítulo