CAPÍTULO 38: Audácia

 

 

 

Júlia chegou ao hospital junto de Amanda, Manuela, Rachel e seus irmãos, procuraram logo por noticias de Rebecca e logo souberam que ela estava fazendo alguns exames e assim que fosse transferida para outro quarto eles poderiam vê-la.

 

****

 

Rebecca sentiu seus olhos arderem de uma forma insuportável o que fez sua cabeça doer, tinha a visão embaçada e sua cabeça estava confusa, não sabia onde estava, aquela claridade não ajudava em nada com a dor que estava sentindo.

Não reconhecia aquele local e aquele barulho próximo ao seu ouvido estava lhe perturbando. Ao correr os olhos pelo ambiente tentando se localizar viu o rosto de uma pessoa que lhe encarava.

Quem era aquela mulher?

Nem teve tempo de se fazer essa pergunta por muito tempo pois logo que a encarou ouviu aquela voz que lhe parecia familiar, a mesma voz que prendeu sua atenção e lhe fez se forçar a manter-se acordada e abrir os olhos.

 

-- Meu Deus você acordou! – Pauline exclamou desacreditada encarando o olhar da jovem – Olá Rebecca, consegue me ouvir?

 

Rebecca tentou falar mas apenas conseguiu mexer a boca de forma lenta e devagar, sentia sua garganta arder.

 

-- Acho que sim certo? Bom, me chamo Pauline e você esta no hospital, eu preciso examinar você, tudo bem?

 

Becca tentou umedecer seus lábios apesar de sua boca estar seca, puxou devagar sua respiração e sentiu novamente cada parte de seu corpo doer mais um pouco e se forçou a falar mesmo sentindo que sua garganta doía bastante.

 

-- Si-sim.

-- Ótimo, me diga o que sente, certo?

 

Pauline testou seus movimentos da visão a fazendo seguir uma caneta, e pediu para que ela movimentasse novamente os dedos das mãos.

Devagar Rebecca fazia tudo que era pedido, e seguia cada movimento de Pauline.

 

-- Mexa devagar sua cabeça se conseguir, você consegue?

-- Sim – disse baixo e mexeu um pouco a cabeça e franziu os olhos em expressão de dor – dói.

-- Onde mais dói? – se aproximou mais e tocou delicadamente seu queixo a olhando dentro dos olhos.

-- Todo o meu corpo dói – continuava falando baixo – e minha garganta arde bastante.

-- Levando em conta que você esta alguns dias desacordada eu acredito que isso é normal – sorriu de leve a observando mais de perto.

 

“Eu não me enganei, acordada você é mais linda garota, seus olhos... são profundos” pensava até ouvir novamente a voz de Rebecca.

 

-- Dias? Quantos dias?

-- Oito, você consegue se lembrar o que aconteceu?

-- Não.

-- Seu nome?

-- Rebecca – continuou dizendo baixo e fez uma expressão estranha encarando a mulher a sua frente – perguntar se eu me lembro das coisas tipo o meu nome não deveria ter sido a primeira vez que você tinha que fazer?

-- Hã? Ah sim... deveria, me... me desculpe, eu... eu apenas... – não conseguia formular uma frase, ficou nervosa e começou suar frio.

-- Você ta bem? Ei? – perguntou novamente sentindo a mão da outra que estava em seu rosto ficar gelada, forçou-se mesmo com dor a mexer seu braço e levar a sua mão até a mão de Pauline que estava em seu rosto – Você esta bem? O que esta sentindo?

-- Eu? Eu to bem – desviou o olhar para a mão que tocava a sua.

-- Esta gelada, tem certeza que ta bem?

-- Sim, estou, é... me desculpe – pediu tirando sua mão rapidamente de debaixo da mão de Rebecca.

-- Certeza?

-- Sim, certeza – respondeu de forma rápida.

-- Tudo bem, pode me dar um pouco de água?

-- Claro... sim, me desculpe o embaraço é que... eu... eu vou buscar sua água – disse se embaralhando novamente.

 

 

“Mas que droga! O que esta acontecendo Pauline?” perguntou a si mesma e bateu a mão na própria testa assim que saiu do quarto indo em direção do bebedouro que tinha no corredor.

“Eu fiquei toda atrapalhada falando com ela e... meu Deus eu gelei! Que merd*, que merd*!”

 

Voltou para o quarto com a água de Rebecca e a encontrou olhando para o teto de forma confusa e dolorida.

 

-- Tudo bem? – perguntou se aproximando e esticando-lhe o copo – sua água.

-- Ah, obrigada – pegou bebendo devagar – estou bem.

-- Certo, então vou continuar te examinar ok?

-- Tudo bem.

 

Começou passando a mão pelo pescoço da jovem morena e apertando devagar e perguntava se doía, foi descendo pelo colo, ombros, braços.

 

-- Tudo dói – Rebecca suspirou sentindo os toques de Pauline.

-- Mas você precisa me dizer se é apenas o corpo que esta dolorido ou se dói com mais intensidade algum outro lugar.

-- Tudo bem.

-- Vou continuar descendo e você me diz se sente alguma coisa certo? Alguma dor, seja lá o que for, apenas acompanhe os meus toques.

-- Certo.

 

Pauline foi apertando o abdômen e pôs a mão um pouco por baixo dela, ficando entre o colchão e suas costas passou a mão do inicio do ombro até o meio de sua cintura

 

-- Ai! – exclamou Rebecca quando Pauline tocou-lhe o meio de suas costas na direção da cintura.

-- Dói aqui? – perguntou tocando novamente e fazendo uma leve pressão e ouviu outro grito de Rebecca e esse logo formou lagrimas nos olhos da garota.

-- Para! Para, por favor – falou cerrando o maxilar e jogando a cabeça para trás – isso dói muito.

-- Me desculpe, essa dor foi forte?

-- Sim, muito... as duas vezes que tocou.

-- Eu vou terminar de ver se dói em mais algum lugar e depois te levar para fazer exames mais precisos para ver como você realmente esta – tirou a mão de debaixo dela e passou pelo quadril de Rebecca e foi descendo para as pernas, apertando as coxas, que por um momento se perdeu por ali.

 

Não conseguia negar que aquela menina era linda e lhe chamava a atenção, agora acordada e tocando-lhe as coxas sua mente viajava em pensamentos dos quais não eram profissionais, e por esse motivo tentou forçar-se a si mesma a manter sua compostura.

 

-- Eu... eu não... – a voz de Rebecca soou assustada e amedrontada chamando a atenção de Pauline.

-- O que foi? Está doendo?

-- Não – sua voz começou a ficar descompassada devido as lagrimas que começaram a se formar em seus olhos e o inicio de um choro que estava começando – Eu não... eu não...

-- Ei, calma, dói muito?

-- Eu não sinto!

-- Que? Não entendi – disse fazendo cara confusa e vendo as lagrimas descerem no rosto da garota – veja se dói.

 

Voltou tocar e apertar as coxas, de Rebecca que continuava a chorar.

 

-- Não sinto! – disse mais alto no meio do choro e já começando soluços.

-- Calma – pegou delicadamente uma perna de Rebecca e fez com que seu joelho dobrasse a elevando um pouco.

-- Não sinto nada!

-- Se acalme Rebecca, eu vou pedir exames para verificarmos isso, não se desespere.

-- Como não?! Eu vou ficar aleijada! Não consigo sentir minhas pernas, eu não sinto!

-- Se acalme, pode não ser nada, vou ir pedir para te buscarem para fazermos mais exames.

-- Aii não, eu não acredito, eu não acredito – começou a dizer colocando um de seus braços sobre seu rosto e soluçando com o choro.

 

 

 

 

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Já fazia um tempo que Júlia e seus irmãos esperavam ansiosos na sala de espera, queriam logo poder falar com sua irmã e ver como ela estava, até os que não eram de demonstrar tanto apego como Lorena, Breno e Daniel estavam ansiosos.

 

-- Calma amor – Amanda se aproximou de Júlia que estava de pé em um canto esfregando as mãos.

-- Eu estou calma.

-- Não está não, desde que chegou aqui você não para de esfregar as mãos.

-- É só ansiedade amor, ta demorando muito.

-- Eu sei amor, mas deve ser assim mesmo, ela acordou agora depois de dias.

-- É você deve ter razão.

-- Se acalma.

-- Estou calma amor, só fica aqui comigo – pediu a puxando de leve pela cintura e aproximando seus corpos em um abraço e sussurrou ao ouvido da ruiva – te amo.

-- Eu também te amo meu amor – rebateu de forma derretida e deu um selinho na namorada.

 

As duas ficaram ali juntas em um abraço aguardando noticias enquanto os demais também estavam impacientes, Bryan já roia as unhas que quase não tinha de tanto nervosismo, varias coisas passavam por sua cabeça, mas no momento o que tentava se focar e apenas se preocupar era em ver sua irmã bem e logo.

 

-- Família a senhorita Rebecca San’Germany? – a voz de um homem se fez presente.

-- Somos nós – responderam em coro os irmãos.

-- Ela já foi transferida para um quarto no qual vocês podem vê-la, eu só peço que façam silencio e me sigam por favor.

 

 

 

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Rebecca passou por uma bateria de exames que verificavam sua saúde, sentia-se desesperada e com medo, calma era uma coisa que ela não tinha e estava ficando extremamente irritada com aquela mulher de qual a voz lhe chamara tanta atenção toda vez que ela pedia para que ela tivesse calma.

 

Enquanto os médicos analisavam os exames feitos, Rebecca foi levada para o novo quarto em que ficaria e foi avisada de que tinha visitas lhe esperando.

 

****

 

Após diversos exames, Pauline e o medico responsável pela cirurgia de Rebecca e mais alguns especialistas examinavam os exames da jovem tentando entender o que estava acontecendo.

Verificaram que onde Rebecca sentia uma dor forte era na coluna porem não havia lesão, nenhum motivo do qual explicasse a perda de movimentos das pernas da paciente.

 

Depois de muita analise e verificando algumas radiografias Pauline percebeu uma mancha pequena a qual nenhum dos demais tinha notado.

 

-- Vejam isso – pediu mostrando – tem mancha aqui, algum liquido.

-- Me deixe ver – um dos especialistas pediu se aproximando – isso parece ser sangue.

-- Sangue? – Nicolas perguntou também se aproximando.

-- Sim, vocês não perceberam isso durante a cirurgia que fizeram na paciente doutor Nicolas? – indagou outro medico que era especialista em lesões na coluna.

-- Eu preciso analisar isso com calma – Nicolas disse respirando fundo e lançando um olhar reprovador para Pauline ao lembrar daquele dia.

-- Não temos tempo para isso Doutor Nicolas, precisamos operar essa menina agora, ela já passou tempo demais desse jeito, pode prejudicá-la mais.

-- Certo, vou providenciar a cirurgia de emergência e me certificar que eu tenha outra equipe – falou novamente julgando com o olhar Pauline – Não quero os mesmo erros da cirurgia passada nessa paciente.

 

Os demais médicos concordaram e Pauline fechou os olhos sentindo a culpa lhe atingir novamente.

 

 

 

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Quase todos que tinham ido ao hospital entraram no quarto, ficando apenas esperando do lado de fora Rachel, Manuela e Victoria que chegou um pouco depois de quando eles já tinham entrado.

 

Dentro do quarto no começo foi uma bagunça, Amanda pensou em não entrar por já ter muita gente e por não conhecer a irmã de Júlia, mas a loira fez questão que ela a acompanhasse e não soltou a ruiva um segundo sequer.

 

-- Olha só, até que enfim a bela adormecida acordou – Bryan falou sorrindo e se aproximando da irmã beijando-lhe o rosto.

-- Oi Becca – Daniel disse também indo beijar o rosto da irmã.

-- Você nos preocupou – Breno falou cumprimentando a irmã e logo depois dele Lorena a cumprimentou.

 

Luciano também foi até ela e lhe deu um beijo rápido no rosto, ele era o único que desde a noticia que a irmã tinha acordado se manteve calado.

Rebecca estava calada e com o nariz um pouco avermelhado, sua cara de choro era evidente e Júlia percebeu isso, mas ficou receosa de se aproximar e ser repelida por sua irmã.

A ultima vez que tinham se visto, a irmã tinha ficado brava com ela por ter contado o que Otton fez, não sabia se Rebecca ainda guardava rancor por ela não ter respeitado sua decisão de se manter calada.

 

-- Vai lá amor – Amanda disse baixo em seu ouvido.

 

Antes que a loira dissesse alguma coisa, Rebecca virou um pouco seu rosto na direção onde os irmãos estavam e viu a imagem da loirinha calada e afastada, fechou o olho e deixou-lhe escapar um leve sorriso de lábios.

Era bom tê-la ali.

 

-- Não fala comigo? – perguntou baixo, chamando a atenção de Júlia que olhou diretamente para ela e viu que ela falava consigo.

-- Oi linda – disse dando um sorriso feliz por ver sua irmã novamente e ainda falando consigo.

-- Eu não mereço nem um abraço? Quase me perder não é motivo suficiente para você vir me dar um abraço? Sua loira chata – tentou brincar ainda com um sorriso leve no rosto.

-- Oi minha princesa – Júlia se aproximou quase chorando, tentando segurar suas lagrimas. Sentia saudade – você me assustou – conseguiu dizer com a voz embargada quando já abraçava sua irmã.

 

Se afastou deixando um beijo carinhoso no rosto da irmã e a viu sorrindo.

 

-- Me desculpe assustar vocês, mas é que eu acho que fiquei com inveja de você e resolvi também sofrer um acidente de carro – brincou novamente e arrancou um sorriso de Júlia assim como de quase todos que estavam no quarto.

 

Menos Luciano, e este saiu do quarto rapidamente para atender uma ligação.

 

-- Sorte que você não teve inveja do Paul né? – Breno alfinetou tirando por completo o sorriso de Júlia e dos demais.

-- Isso não teve graça Breno e se soltar outra dessa mais uma vez, vou pedir que se retire e que não venha mais aqui.

-- Mandou super mal – Lorena disse balançando a cabeça negativamente.

-- Desculpe – falou realmente percebendo que tinha pegado pesado.

-- Eu senti sua falta – Rebecca disse baixinho chamando a atenção de Júlia que estava ao seu lado.

-- Eu também princesa, como você esta se sentindo?

-- Eu estou horrível.

-- Não esta não – disse sorrindo – você esta linda.

-- Isso é bondade sua, galante como sempre, mas você sabe que eu sou sua irmã não sabe? Comigo não consegue nada sua rebelde – falou fazendo graça novamente e fez Júlia rir mais uma vez.

-- Senti sua falta Becca, me desculpe por tudo, serio, eu...

-- Ei, esta tudo bem agora certo? Você esta aqui e é isso o que importa, mas me digam uma coisa – disse agora para todos do ambiente – quem é essa ruiva que eu não me lembro de tê-la visto? Perdi alguma parte de memória recente ou algo assim?

 

Mais uma vez todos riram e balançaram a cabeça negativamente.

 

-- Essa é a Amanda – Júlia disse a apresentando e mostrando a aliança – ela esta comigo Becca, minha namorada.

-- Nossa – disse surpresa e logo sorriu e chamou para perto a ruiva – pode se aproximar, eu não mordo.

-- Que bom – Amanda riu e se aproximou a cumprimentando com um beijo no rosto – fico feliz que acordou.

-- Bem simpática você, deu sorte ein Júlinha, olha que depois de vê-la até eu pensei em virar lésbica e tentar alguma coisa, mas você chegou na frente né maninha? – brincou novamente sorrindo, até se esqueceu do que lhe fez chorar momentos antes.

-- Ei olha o respeito garota – Júlia entrou na brincadeira e as duas deixaram Amanda vermelha – É minha namorada mocinha, tira o olho.

-- Esta bem, ela é toda sua – disse rindo, mas seu sorriso morreu vendo enfermeiros acompanhados de um medico.

 

Júlia e os demais acompanharam seu olhar e viram sua expressão endurecer.

 

-- Boa tarde a todos – o medico se apresentou – Eu sou o Doutor Nicolas, responsável por sua cirurgia juntamente da doutora Pauline a qual a senhorita Rebecca conheceu hoje mais cedo, avaliamos os exames que fizemos na paciente e descobrimos um pequeno sangramento que esta causando a dor que a senhorita sente na coluna e por não ter nenhuma lesão isso indica que esse sangramento é o responsável pela perda de movimentos de suas pernas.

 

Todos encaram o medico sem entender nada e assustados.

 

-- Como assim perda de movimentos nas suas pernas? – Daniel foi o primeiro a pergunta o que todos queriam saber.

-- Você não sente as pernas Rebecca? – Breno a encarou serio – por que não falou para nós assim que entramos aqui?

-- Ela vai ficar sem andar doutor? – Lorena perguntou encarando o homem.

-- O único motivo aparente pela perda de movimentos é esse sangramento e por esse motivo iremos levá-la agora para a cirurgia e corrigir isso.

-- Vai ficar tudo bem Becca – Bryan disse se aproximando e pegando na mão da irmã.

-- Vamos lá senhorita Rebecca? – o medico perguntou lançando-lhe um sorriso amigável.

 

Porem Rebecca continuava com a expressão dura, sentia medo.

 

-- Estaremos aqui quando a cirurgia acabar princesa – Júlia chamou sua atenção e a encarou nos olhos tentando passar confiança – vai ficar tudo bem, eu vou estar aqui.

 

 

Ela assentiu com um manear de cabeça e os enfermeiros começaram a movimentação              para a sua retirada. Seus irmãos saíram para a sala de espera, precisavam avisar sua mãe.

Quando estava a caminho da sala de cirurgia achou estranho não ver a medica que estava com ela mais cedo, pensou até em perguntar se ela não participaria mas logo desistiu quando lembrou da irritação que sentiu toda vez que ela tentava lhe passar calma.

Ela não precisava de calma agora, precisava só sentir novamente suas pernas.

 

 

 

 

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-- Que bom que a irmã da Júlia acordou né? – Rachel perguntou tentando puxar um assunto qualquer com Manuela que parecia estar irritada consigo.

-- É sim – respondeu seca e sem olhar para a garota de cabelos castanhos.

 

Sabia o motivo da irritação da morena, na noite anterior de tanto ver Manuela trocando mensagens e cheia de risos com Caroline, Rachel surtou.

Foi grossa e ignorou a morena a noite inteira.

Manuela estava ressentida com esse comportamento de Rachel, não entendia o por que dela estar agindo dessa forma a tratando diferente, isso a irritava.

A ignorou e agora conversava como se nada tivesse acontecido.

 

Rachel respirou fundo, sabia que tinha de alguma forma que se redimir da sua birra e tentou começar.

 

-- Manu eu estive pensando, agora que a irmã da Júlia acordou, nós... é que... nós vamos embora certo? E já que vamos embora, eu quero te levar em um lugar bem especial pra mim.

 

Manuela permaneceu calada apenas escutando e depois digerindo o que a outra falou, e esse silencio assustou Rachel que começou a falar apressada e se atropelando com o intuito de tentar convencer a morena a aceitar.

 

-- Lá é legal, você vai gostar, tem neve também e eu posso te ensinar a esquiar já que você falou que nunca tinha visto neve e... e... é que lá é lindo Manu, é tão lindo que eu pensei que você pudesse gostar e...

-- Calma Rachel – Manu pediu com a voz suave e a encarou nos olhos e pegou suas mãos deixando entre as suas – fala devagar esta bem?

-- Me-me desculpe, é que eu... eu acho que...

-- Calma – deu um sorriso achando engraçado – você esta me convidando para ir com você em um lugar que você acha especial, é isso que eu entendi?

-- Si-sim – falou ainda gaguejando e engolindo em seco.

 

Manuela achou esse seu jeito tímido e inseguro bastante fofo, diferente de como ela costumava a ser.

 

-- Tudo bem – falou sorrindo – eu aceito ir, mas você precisa me dizer onde é esse lugar ok?

-- Sim é claro! – exclamou animada – eu digo sim, é na...

 

Antes que terminasse de falar viram Júlia e os demais adentrando a sala de espera, a cara deles não era nada boa.

 

A loira e Amanda se aproximaram das duas e Breno logo chegou abraçando e puxando pelos ombros Victoria que estava sentada ha dois bancos das garotas. Não queria de jeito nenhum que a namorada ficasse próxima de sua irmã.

 

-- O que aconteceu? – Manuela perguntou estranhando a cara de todos.

-- Ela não sente as pernas – Júlia disse em um suspiro se acomodando em uma cadeira e jogando a cabeça para trás.

-- Nossa – Rachel se pronunciou baixinho – eu sinto muito, sabem o que aconteceu? É irreversível?

-- Aparentemente pelo que entendi não – Amanda tentou explicar – o medico disse que não há lesão, apenas um sangramento em um determinada região e talvez seja por causa disso a perda de movimentos, ela esta em cirurgia agora.

-- Se quiserem podem ir para casa – Júlia falou olhando para o teto daquela sala de cores claras – eu vou ficar aqui até a cirurgia acabar.

-- Ficaremos com você Júlia – Manuela disse apertando de leve sua mão – vai dar tudo certo, não se preocupe.

 

 

Lorena foi quem ligou para seus pais e explicou o estado de sua irmã, Elisabeth a informou que estavam a caminho. Queria estar perto de sua filha.

 

 

 

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A cirurgia não demorou muito tempo e logo Rebecca já estava no quarto porem ainda se encontrava desacordada devido a anestesia.

 

Pauline não pode entrar na sala de cirurgia para ajudar pois Nicolas deixou bem claro que não queria que ela se intrometesse, por esse motivo acompanhou do lado de fora.

 

Assim que colocaram Rebecca no quarto ela foi até ela e a viu dormindo, se aproximou e deixou-lhe um beijo leve na testa.

 

-- Eu sinto muito, talvez isso seja culpa minha.

 

 

Depois de alguns instantes se retirou do quarto e foi terminar seu trabalho.

 

Hoje, seria um dos primeiros dias depois do acidente em que voltaria para seu apartamento solitário. Não podia mais ficar com Rebecca, e algo dentro de você já dava sinais de que sentiria aquela falta, seu peito apertava e seus olhos ardiam só de pensar, tentava pensar em outras coisas e achar loucura esses pensamentos.

 

 

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Um pouco antes da cirurgia acabar Elisabeth pousou com seu jatinho particular e saiu junto de Otton.

Na frente do hospital já haviam fotógrafos que de alguma forma já sabiam do estado de Rebecca.

 

Ao entrar encontrou seus filhos que lhe abraçaram, e seu olhar correu por toda a sala até encontrar os verdes de Júlia que por instantes sustentaram seu olhar.

 

-- Como esta Rebecca? – perguntou para Lorena que foi a ultima a lhe abraçar.

-- Ainda em cirurgia – assim que terminou de falar o medico apareceu.

 

Depois de explicar como havia sido a cirurgia, liberou a entrada de todos para verem a paciente.

 

Quando estavam indo em direção ao quarto de Rebecca, Otton parou um pouco e encarou Júlia nos olhos em um olhar raivoso e serio, olhar o qual Júlia também encarou destemida.

 

-- Hey que tensão – Manuela comentou baixo – não deixe ele te intimidar.

-- Amor vai também, você prometeu a sua irmã que estaria aqui – Amanda a encorajou.

 

Porem Júlia se sentia totalmente sem coragem de estar sozinha no meio de pessoas que não gostavam dela.

 

-- Eu prometo que estarei bem aqui se você precisar e entro la tudo bem? Agora vai meu anjo.

 

A loira deu um balançar de cabeça concordando e seguiu também em direção ao quarto de Rebecca.

 

Assim que entrou Otton virou novamente para ela e deixou escapar toda sua raiva na voz sendo estúpido.

 

-- O que faz aqui? Não é bem vinda!

-- Papai... – Bryan tentou se manifestar e foi cortado por seu pai

-- Cale a boca! Não pedi que falasse então se mantenha calado, e você – apontou para Júlia com desprezo – saia já daqui.

-- Esse não é lugar – Elisabeth se pronunciou encarando seu marido, e sentando ao lado de Rebecca.

-- Não quero essa garota aqui e ela vai sair agora – se aproximou e pegou Júlia pelo braço de forma agressiva.

-- Me solta! – Júlia exclamou perdendo a calma e tentando se livrar do aperto forte da mão do mais velho.

-- Cale a boca, você vai sair daqui! – falou apertando mais forte o braço e a empurrando um pouco.

-- Ela não sai – a voz de Rebecca se fez presente chamando a atenção de todos.

 

****

 

-- Do que esta falando?! – Otton perguntou se irritando mais.

-- Me solta – Júlia puxou com força seu braço e o empurrou fazendo se afastar um pouco e quando ele iria avançar novamente para cima da loira, Rebecca interveio novamente.

-- Eu disse que ela não sai – sua voz era baixa e um pouco pastosa – eu a quero aqui.

-- Você não sabe o que esta falando, esta dopada!

-- Sai daqui você – Rebecca pediu o encarando e fez menção em se mover para sentar-se mas foi impedida por sua mãe que estava ao seu lado e colocou as mãos em seus ombros.

-- Não se mexa por favor, o doutor disse que não pode se sentar por enquanto.

-- Se você não quer a Júlia aqui então saia você – Rebecca ignorou sua mãe e olhou em direção de Otton – Ela não sai.

-- Esta me desafiando Rebecca?! – perguntou nervoso e se virando para ela dando alguns passos firmes até a cama e cerrando o maxilar como se tentasse se controlar.

-- O que vai fazer? Me bater?

-- Você... – ia se aproximar mais e foi impedido pela voz da loira.

-- Não toque nela – Júlia exclamou retornando com sua pose dura.

-- Ou o que? Já te provei que se eu quiser posso te dar uma surra bem dada.

-- Vai se...

-- Saia daqui Otton – Elisabeth cortou Júlia já sabendo o que viria a seguir.

-- Eu não vou sair!

-- Ou você sai ou eu peço aos seguranças – Rebecca falou o encarando – Não tenho paciência nenhuma para você agora.

-- Garota! – se aproximou rápido e segurou em seu braço.

 

Elisabeth se levantou e colocou a mão por cima da de Otton usando força e impedindo que ele machucasse sua filha, Júlia se aproximou rápido e o puxou pelo braço o afastando de Becca e o empurrando logo em seguida para a parede mas foi impedida de bater nele por Bryan que a segurou a puxando junto de Lorena que se pôs no meio dos dois, logo Luciano e Breno junto de Daniel seguraram Otton.

Luciano sussurrou algo no ouvido de seu pai e Elisabeth chamou a atenção deles.

 

-- Nunca mais ouse tocar nos meus filhos Otton.

-- Seus filhos? Essas merd*s são meus filhos também! Exceto essa bastarda!

-- Cale a boca! – Elisabeth pediu novamente com o tom de voz mais alto – se você encostar novamente em um dos meus filhos, pode se considerar um homem falido e fora dessa família.

-- Você não sabe do que esta falando!

-- Eu estou te avisando Otton, encoste em um fio de cabelo dos meus filhos e você estará fora de tudo que diz respeito aos San’Germany’s e eu faço questão de acabar com a sua vida.

-- Você é uma vagabunda! – tentou se soltar novamente e ir dessa vez para cima de Elisabeth.

 

Deu uma joelhada no meio das pernas de Breno e um soco em Daniel quando Luciano soltou seu outro braço.

Soltou-se dos filhos e avançou para cima de Elisabeth já pronto para golpeá-la, foi quando Júlia também se soltou de forma rápida de Bryan e Lorena se pondo no meio de sua mãe e Otton.

 

Soco certeiro que pegou a lateral do nariz.

 

Júlia caiu no chão e Elisabeth encarou aquilo abismada, sem reação foi empurrada por Otton com força, logo quando entendeu o que estava acontecendo viu seu esposo já se pondo em cima de Júlia pronto para socá-la mais uma vez, mas foi impedido por dois seguranças que entraram no quarto e o tiraram de lá.

 

-- Júlia? – Rebecca chamou assustada.

-- Ta tudo bem – disse ainda no chão e pondo a mão em seu nariz onde doía – Não se mexe Becca.

-- Meu Deus o que foi isso? – Bryan se aproximou e baixou do lado da irmã.

-- Otton vai pagar por isso – Elisabeth disse já se recompondo e se curvou para ver Júlia que ainda estava deitada no chão com uma mão sobre o nariz – Júlia quantos dedos tem aqui? – mostrou-lhe dois dedos.

-- Seis – respondeu se sentando.

-- Seis? – Elisabeth perguntou a encarando preocupada.

-- Eu estou bem, só fui irônica – tirou a mão do nariz e a viu vermelha.

-- Gente isso é sangue – Lorena se assustou e viu pingando sangue na roupa da loira – Bryan ajude a Júlia a levantar e senta ela aqui nessa poltrona.

-- Eu acho que preciso de um medico – Júlia disse pondo novamente a mão no nariz e sentindo o liquido quente sair cada vez mais.

-- Eu vou buscar alguém, erga a cabeça – Lorena pediu a ajudando erguer a cabeça como tinha falado e saiu do quarto sendo acompanhada por Luciano.

-- Eu vou junto ver como papai está.

-- Vá e diga para ele não aparecer na mansão – Elisabeth avisou com a voz seria.

 

 

Amanda que conversava amenidades com Manuela e Rachel viu Otton ser praticamente puxado por dois seguranças que tentavam conter-lo.

 

-- Júlia – falou sentindo seu coração acelerar e se levantou sendo acompanhada por sua amiga e a amiga de sua namorada.

 

Seguiram para o corredor que levava ao quarto de Rebecca e quando iam entrar viram Lorena sair apressada seguida de Luciano.

 

Entraram e viram Júlia sentada e com a cabeça para cima, ao seu lado estavam Bryan, Daniel e Elisabeth.

Tinha sangue escorrendo por seu rosto, o que assustou a ruiva que se aproximou sem pedir licença.

 

-- Amor o que aconteceu? – perguntou pondo as mãos nas laterais da cabeça da loira e a fazendo a encarar.

-- Eu to bem amor – respondeu e logo baixou a cabeça para cuspir o sangue que entrou na sua boca.

-- Bem? Você esta sangrando!

-- Calma – pediu novamente e olhou para cima.

-- O que aconteceu aqui?! – Amanda perguntou querendo entender e preocupada.

-- Ela e Otton brigaram – Bryan tentou explicar, mas logo Lorena retornou acompanhada de um medico.

-- O que aconteceu aqui? – perguntou o senhor.

-- É o que eu também quero saber – Amanda disse irritada.

-- Ela levou um soco – Daniel disse observando a irmã tentar parar o sangramento e passar a mão no queixo.

-- Mas quem fez isso menina? – o senhor perguntou chegando mais perto e tocou seu nariz.

-- Aii! – gritou de dor.

-- Desculpe, vou te levar para ver o que aconteceu com esse nariz e enquanto isso você me explica o que aconteceu ok?

 

Júlia assentiu e seguiu o medico, Amanda queria ir junto mas a loira conseguiu pedir que ficasse.

 

 

-- Eu vou acabar com o Otton! – Elisabeth disse irritada e foi até a janela tentar se acalmar.

-- O que aconteceu aqui, alguém pode explicar? – Amanda pediu ainda nervosa e preocupada.

-- Meu pai e Júlia brigaram – Breno falou ainda com as mãos apertando o meio de suas pernas.

-- Vou te explicar, mas se acalma – Bryan falou e foi buscar água para a ruiva.

 

Depois que voltou explicou tudo o que tinha acontecido.

Rebecca se sentia raiva de Otton e queria poder estar sentindo suas pernas, gostaria ela mesma de ter-lhe posto para fora do quarto, provavelmente iria ter apanhado, mas pelo menos teria tentado enfrenta-lo.

 

 

 

Fim do capítulo