CAPÍTULO 37: Despertar

 

 

 

Júlia tentou algumas vezes contar para Amanda sobre o beijo de sua prima, mas em todas as tentativas era interrompida por alguma coisa, uma hora era Lara e quando não era a governanta era Bryan e seu celular tocando com mensagens de sua prima, mensagens quais ela ignorou.

Depois de algumas tentativas acabou deixando para lá, não achou que era algo de tão importante dizer e assim passou alguns dias os quais ela e sua namorada junto das amigas permaneceram na mansão enquanto Rebecca não dava sinais de melhoras para acordar.

 

 

 

 

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O quadro de Rebecca teve uma pequena alteração depois do acidente, mas nada que indicasse melhora ou que ela iria despertar, e isso fazia com que Pauline não saísse do seu lado, ela que nunca gostou de ficar enfiada em um hospital se encontrava ali nesse momento sentada em um poltrona do lado do leito da paciente segurando sua mão, não entendia o porque de estar tão envolvida com o quadro daquela desconhecida, sentia-se um pouco culpada por ela ainda não ter acordado, preferia pensar que essa preocupação toda com Rebecca fosse apenas culpa.

 

Não a conhecia, era uma garota linda mesmo adormecida, o que a fez imaginar como seria seus olhos sua expressão e sua fala quando acordasse, desejava isso todos os dias depois daquele dia em que a socorreu.

 

-- Ei vamos lá, acorde moça, você já esta ai vai fazer seis dias, é muito tempo pro seu corpo sabia? Ta na verdade nem é tanto tempo assim, ou talvez seja, mas é que não faz bem e... eu, bom, eu quero ver você acordar... por favor – pedia conversando com a garota que permanecia inerte com aparelhos a monitorando, como se ela pudesse a ouvir – acorde Rebecca.

 

Sua rotina tinha mudado, trabalhava durante o dia e de noite ao invés de ficar sozinha em seu apartamento como de costume acabava permanecendo ali no hospital ao lado da paciente, alguns enfermeiros estranhavam sua atitude, mas não a questionavam, e como acompanhante da família não havia sido liberado pelo responsável ela aproveitava para ficar lá o tanto de tempo que fosse possível.

 

 

 

 

 

 

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Com o tempo passando Rachel cada vez mais gostava da presença de Manuela e se sentia incomodada com a presença de Caroline que começou a freqüentar a mansão após ser ignorada por Júlia nas mensagens que mandou.

Manuela gostava de Rachel e já nem tentava se negar disso mas as atitudes da garota de cabelos castanhos a irritava, ela andava mudando de humor que para ela era sem motivo.

A prima de Júlia era linda para ela e não negava que as vezes admirava a beleza da bela morena com aqueles enormes olhos azuis, sem falar das investidas que ela dava.

 

 

 

-- Amor? – Amanda chamou Júlia se aproximando dela que estava sentada em um dos bancos que tinha no jardim da mansão San’Germany

-- Oi.

-- O que você tem? – se sentou pondo as pernas atravessadas no colo de Júlia que as segurou.

-- Nada não

-- iih tem sim, eu te conheço, me diz o que esta acontecendo amor? Por que você esta assim?

-- Estou preocupada.

-- Com a Rebecca?

-- Sim, ela ainda esta desacordada e isso me preocupa – dizia baixo como se aqueles pensamentos a amedrontassem profundamente.

-- Ei, vem cá – Amanda pediu se aproximando mais e passando a mão nos cabelos loiros – vai ficar tudo bem amor, você vai ver, logo logo sua irmã vai acordar e estar aqui, pensa positivo.

-- Estou tentando – disse em um suspiro pesado.

 

Mais cedo tinha recebido a noticia que daqui a dois dias sua mãe retornaria junto de Otton para a mansão, e teriam que sair da mansão, não queria encontrá-los.

 

 

 

No dia seguinte acordou de manhã com Lara fazendo o maior escândalo pela mansão inteira.

 

-- Graças a Deus! – gritava a governanta.

 

Todos se levantaram e foram ver porque da mulher esta fazendo aquele enxame.

 

 

 

 

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No oitavo dia que Rebecca permanecia inconsciente Pauline continuava ali do seu lado, iria só trabalhar um pouco mais tarde aquele dia, e já era de manhã quando o responsável pela cirurgia de Rebecca entrou e a encontrou dormindo completamente desajeitada na poltrona do quarto e debruçada sobre a maca da paciente.

 

-- Doutora Pauline? – chamou pigarreando um pouco e aumentou um pouco mais o tom – Doutora?!

-- Hã? Sim? – perguntou ainda sonolenta e erguendo a cabeça.

-- O que faz aqui?

-- Eu? Ah... eu, é que, eu estava acompanhando a paciente.

-- Quem lhe deu permissão?

-- Ninguem senhor, eu só pensei que não faria mal... eu.. é que... – se embaralhava nas palavras e antes que disse mais alguma coisa, foi interrompida.

-- Você nada Pauline! Pensou totalmente errado, eu sou o responsável aqui e fiquei sabendo que essa cena esta se repetindo faz dias, e agora chego aqui e te pego dormindo toda torta, você não tem plantão mais tarde?

-- Sim senhor.

-- Então que falta de responsabilidade é essa Doutora?

-- Você sabe que eu nunca quis isso aqui Nicolas, nunca quis essa vida e essa agitação, plantões e correria.

-- Sei muito bem, e sei também que você não foi capaz de bater o pé e correr atrás dos seus sonhos então já que se comprometeu a salvar vidas exijo que faça seu trabalho direito, e não pode fazer isso estando cansada, e dormir nessa poltrona não ajuda, você sabe muito bem disso.

-- Nicolas...

-- Não quero ouvir mais nada Pauline, eu quero que durma mais um pouco e aproveite que essa é seu ultimo dia aqui fazendo companhia com a paciente, entendido? Se despeça desse laço afetivo que você criou ou seja lá o que for.

-- Sim senhor – disse seria encarando o homem mais velho que a olhava.

-- Ótimo, volte a dormir.

 

 

Quando o medico saiu pela porta ela suspirou e se ajeitou na poltrona sentindo suas costas doerem, respirou fundo e olhou para a garota que estava deitada, iria parecer que estava em um sono profundo se não fosse pelos aparelhos que a monitoravam.

 

-- Ótimo, esta vendo ai? Eu ainda nem te conheço direito e já estou levando bronca por causa de você – comentou e se despreguiçou – acho que ele falou serio sobre eu não poder te fazer mais companhia aqui esses dias, então acho que esse é nosso ultimo dia juntas, comigo aqui te perturbando e falando como se você me ouvisse – disse triste e fungou um sorriso no qual não sentia graça.

 

Voltou a se deitar na mesma posição que estava quando o medico entrou, fechou os olhos e esperou o sono lhe alcançar, o que não demoraria pois ela realmente estava cansada.

 

Quando já estava bem sonolenta sentiu algo que imaginou não ser nada, porem sentiu novamente e abriu os olhos se deparando com um dos dedos da mão de Rebecca tocando seu antebraço.

 

-- Você... o que? – disse surpresa.

 

 

 

 

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Rebecca sentia seu corpo todo pesado e cada parte da sua carne doía, parecia que só pelo sangue circular em suas veias aquilo já fazia com que cada célula que a formava doesse.

Sua cabeça estava pesada e as informações entravam em seu cérebro de forma rápida e lenta ao mesmo tempo. Não conseguia abrir os olhos, e foi despertada por vozes, eram duas as quais não conseguiu distinguir. Sentia-se como se estivesse bebido todas na noite anterior.

 

Tudo o que os donos das vozes falavam não conseguia distinguir, apenas percebia e entendia os tons de vozes, um parecia muito bravo e a outra voz seria, e... ela teve a impressão de que aquela voz lhe era familiar, só não conseguia saber de quem.

 

Não entendia o que estava acontecendo consigo, seu corpo não respondia a nenhuma ordem sua, queria abrir os olhos, tentava se mexer, mas nada acontecia e tinha um som muito próximo de seu ouvido fazendo um barulho extremamente chato.

 

O cansaço estava dominando seu corpo novamente e sua cabeça que estava pesada agora estava ficando alta como se fosse um balão subindo, sabia que ficaria inconsciente, até que não escutou mais a voz que tinha um tom bravo.

 

Quando já estava se entregando a inconsciência que lhe atingia então ouviu a voz que lhe parecia família falar e isso fez com que não se entregasse ao cansaço, como se alguém tivesse conseguido segurar o cordão do balão evitando com que ele voasse e desaparecesse no céu.

 

Dessa vez conseguiu distinguir o que a voz falava.

 

Era uma mulher.

Mas que mulher era essa? A quem pertencia essa voz que lhe chamava tanta a atenção?

Não entedia muito o que a outra dizia, mas algumas palavras ela conseguia compreender bem, até que algo no que a outra dizia prendeu bem sua atenção.

 

 

-- Acho que esse é nosso ultimo dia juntas.

 

Aquilo martelou na sua cabeça, não entendia e nem sabia quem era dona daquela voz porem só sabia que não queria que fosse o ultimo dia. Como assim ultimo? Ela queria que ela continuasse ali mesmo sem saber quem era.

O jeito que estava conversando consigo mexeram com o estado que se encontrava, não estava entendendo mais nada, só não queria que a dona daquela voz a deixasse.

 

Quando a outra parou de falar, se esforçou mais do que imaginou conseguir com seu corpo todo gritando de dor e conseguiu mover seu braço poucos centímetros até que encostou em algo, não conseguia ver mas sentiu, sabia que era a dona daquela voz, não sabia como mas sentia que era, tinha que ser. Ela não queria que a dona da voz se fosse.

 

Seu corpo doía e sua cabeça pesava novamente até que conseguiu mexer um de seus dedos encostando de leve no que pensava ser o braço da outra pessoa, e não surgiu efeito.

Tentou uma segunda vez e instantes depois ouviu aquela voz que fez com que sua cabeça parasse de pesar a fazendo esquecer da dor e se atentar somente ao som daquela voz.

 

-- Você?... O que?

 

 

 

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-- Você acordou! – Pauline exclamou se levantando e aproximando-se mais de Rebecca que permanecia de olhos fechados, porem tinha mexido os dedos, ela tinha sentido – Você acordou, não acordou?

 

Esperou alguma reação que não veio.

Pensou se tinha sido fruto da sua imaginação e do cansaço, mas não queria acreditar naquilo então se aproximou mais e pegou a mão de Rebecca que ela tinha mexido e levou ate a altura da boca beijando de leve e ainda segurando se debruçou sobre a cama e aproximou-se do ouvido da garota e falou baixo quase sussurrado.

 

-- Você acordou, vamos lá, mexa novamente os dedos se puder me ouvir, vamos eu sei que pode! Deixe de ser preguiçosa Rebecca.

 

Aguardou mais um pouco e como nada aconteceu pensou ter sido realmente o cansaço que lhe pregará um peça, mas mesmo assim pediu mais baixo ainda no ouvido da garota que estava imóvel e continuava segurando sua mão.

 

-- Vamos lá, acorde, eu sei que pode.

 

Antes que soltasse a mão da paciente sentiu uma leve pressão em sua mão e olhou os dedos da garota se mexerem e logo o aparelho de monitoramento mudar um pouco seus sinais.

 

-- Meu Deus, você acordou! – exclamou dando um enorme sorriso largo e por impulso beijou sua mão.

 

Viu então as pálpebras dos olhos de Rebecca tremerem e depois abrirem e fecharem rápido.

 

Ela realmente havia acordado.

 

Novamente o mesmo ato de abrir e fechar rapidamente os olhos e isso se repetiu mais algumas vezes até que Becca conseguisse manter seus olhos abertos por completo, parecia perdida, sem saber onde estava até que focalizou o olhar no rosto de Pauline que a encarava atenta as suas reações.

 

 

 

 

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O hospital tinha avisado na mansão que Rebecca tinha acordado e Lara por receber essa noticia não pode deixar de ficar feliz e demonstrar essa felicidade, o que chamou a atenção de todos e ela iria compartilhar com eles.

 

 

-- O que aconteceu Lara? – perguntou Breno que estava com uma expressão fechada por ter sido acordado e dessa expressão também compartilhava Lorena que odiava ser acordada cedo e sem motivos.

-- A dona Rebecca acordou! – exclamou ainda feliz ignorando a aparente raiva dos dois irmãos.

-- Acordou?! – Bryan, Júlia e Daniel perguntaram juntos.

-- Sim, acabaram de avisar do hospital.

-- Que ótimo, vamos para lá! – Júlia disse contente e querendo ver sua irmã.

 

Daniel e Bryan concordaram de imediato e apesar de Breno e Lorena não terem se mostrado animados eles também ficaram contentes por Rebecca ter acordado.

O único que não demonstrou nada e ficou calado foi Luciano.

 

-- Vou avisar o papai – Luciano se pronunciou seguindo para o quarto e esbarrando de propósito em Júlia.

 

A loira fechou os olhos e respirou fundo não deixando que ele estragasse sua felicidade por sua irmã ter acordado, Amanda que estava ao seu lado lhe abraçou de lado e beijou seu rosto.

 

-- Eu falei que tudo ia dar certo amor, vem vamos nos arrumar.

-- Disse sim amor, obrigada por estar comigo – disse seguindo a namorada.

 

Manuela e Rachel ficaram felizes por saberem que a irmã da loirinha tinha despertado, e a felicidade da Rachel era também por assim poderem ir embora logo e afastar Manuela das garras da prima de Júlia.

 

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo