Postagem rápida para deixar um gostinho de quero mais. Ótima semana meninas ;)
Capítulo 5
Esther
– Sinto muito! – A minha voz estava abafada – Foi tudo minha culpa! – Escondi o meu rosto em seu pescoço.
– Esther, olhe para mim… – Pediu, a sua voz estava serena.
Os meus olhos estavam marejados, estava arrependida por ter sido tão impulsiva e causando toda aquela confusão. Fiz o que pediu, ela sorria para mim, o seu olhar havia suavizado. Tocou com carinho o meu rosto, olhando aonde havia sido arranhada, percebi que ficou triste, acariciando o local.
– Jamais irei permitir, que alguém, toque em você desse jeito novamente! – Envolveu o meu rosto com as mãos, beijando com carinho – Beijinho para sarar! – Piscou cúmplice.
– Ei! E eu?! Também estou toda desgrenhada aqui, e ninguém vem fazer promessa de proteção! – Manuela, que até então, só assistia, questionou indignada.
Dani riu, trocando olhares com Mia. Acudindo a nossa amiga destrambelhada, abraçando forte, o corpo menor.
– Obrigada, Manu! Você, com certeza, foi de grande ajuda! – Dani, falou – Principalmente, o seu cabelo, que ofuscou a visão daquelas… – Lembrando-se – Brutamontes! – Imitou com voz estridente, rimos.
Manuela ficou bicuda, mas de maneira travessa, retrucava as brincadeiras.
O treinador chamou; Daniele e Mia, precisava delas para poder montar os próximos times. Bruna, alegou que tudo o que aconteceu, foi apenas uma “brincadeira desportiva” mal interpretada, e, que não iria se repetir. Não citou o verdadeiro motivo da discussão; o que foi bem aceito por Mia, já que Manu, desconhecia o fato. Falou também, que, não tinha intenção de ferir o meu rosto, foi apenas um “acidente”. A diretora não estava aceitando bem essa história, mas, ambos os treinadores intercederam, alegando que já estávamos arrependidas, e, já havíamos pedido desculpas. Apesar dos apelos, a diretora deu como punição; três dias de suspensão dos jogos, para todas as diretamente envolvidas nas agressões físicas. Sendo assim, apenas Daniele, ficou de fora da punição. Lamentei mais uma vez, por ter causado esse transtorno para Mia. Apenas sexta-feira (no encerramento dos jogos), que Mia, Bruna e suas “amigas”, poderiam competir novamente. Ainda teríamos que assistir uma palestra sobre violência entre torcedores, que a diretora faria questão de palestrar, e exigir uma redação sobre o assunto. Deixou os inspetores sobre aviso, que não queria mais nenhum tipo de briga, e que, estariam de olho, caso ocorresse novamente outra “brincadeira desportiva, nada amigável”, ressaltando, que os pais ou responsáveis, seriam avisados.
***
Quando deixamos a enfermaria, fiquei no pé de Mia, para manter o gelo em sua mão, que, apesar de não parecer ter sofrido nada, preferi, evitar qualquer luxação. A garota era só sorrisos; tamanho o meu zelo, sempre com um “Sim, mamãe! Ok, mamãe!” Debochada ela, não?!
Na hora de irmos embora, o meu rosto já não estava mais marcado (o que foi um alívio), pois, seria um ótimo motivo para Beatriz, querer fazer à cabeça de meu pai, e, me tirar do colégio. Sempre frequentei escolas particulares, mas, desde que mamãe morreu e comecei a conviver com a Mia, queria estar nas mesmas escolas, ou seja, públicas. Rebatia as suas objeções, dizendo que não era a escola, que, deixava o aluno indisciplinar; ou com desempenho ruim, e, sim o caráter do mesmo e à vontade de se tornar alguém, ou não, na vida.
Despedi das meninas, abraçando forte Mia, pedindo desculpas mais uma vez (sabia que Lúcia, iria brigar com ela). Mais tarde, ligaria e tentaria acalmar, o ânimo dela. Papai, me levou a um restaurante. Enquanto comíamos, narrei o meu dia; menos, o episódio desastroso. Ele estava bem interessado. Contou que estava namorando, uma empresária do ramo industrial, e, nos apresentaria em meu aniversário (que estava chegando), já que ela, estava viajando a trabalho. Confesso; fiquei um pouco enciumada, mas, aceitei. Vi como o meu pai estava feliz e entusiasmado, para nos apresentar. O meu pai é engenheiro naval, e, trabalha numa petrolífera, por conta disso, vivia viajando a trabalho, até à matriz. Adorei a ideia de irmos viajar juntos, nas festas de fim de ano. Fazia muito tempo, que não ficávamos juntos, e com certeza, passaríamos por bons momentos.
Com Mia fora das modalidades esportivas; ela dedicou a semana, junto com algumas meninas, em treinos intensivos. Praticou ao máximo, os dribles e embaixadinhas. Manuela, já dizia, que, ela se tornaria à próxima Falcão (do futsal), se continuasse com tanto treino, para alcançar a perfeição. Daniele, nessas horas apenas assistia, tentava se poupar ao máximo, com Mia fora dos jogos; ela carregava o peso de levar o time, as vitórias. Eu, ajudava no que podia. Levava água e toalhas. Até apliquei massagens em Mia, para tirar a tensão, mas, algumas vezes ela parecia ficar mais tensa. Nesses momentos, pedia para eu pegar alguma coisa, ou, se esquivava, dizendo que ainda não estava bom o passe de bola, e, voltava a treinar arduamente. Foram nesses momentos de teimosia que brigávamos, pois, ela estava exigindo muito de si, e, eu estava preocupada com a sua saúde. Cada uma ia para um lado, até ela não aguentar e vir atrás de mim, tentando reconciliar; o que gerava guerra com garrafas d’água, ou, os seus abraços suados. Eu, corria, fugindo do “fedo” ambulante.
Sexta-feira chegou, com o dia bem quente. Mia, estava mais séria do que o normal, já Daniele, mantinha à confiança. Manuela estava conversando com Felipe, provavelmente, confirmando o horário da sessão. A semana pareceu voar, até tinha esquecido desse compromisso, Manuela, tagarelava tanto a respeito, que acabei perdendo um pouco do medo. Divertia-me, com as suas suposições do que poderia “vir acontecer”.
Mia, entrou na quadra; alongando os braços, e, estalando o pescoço, daria tudo de si nesse jogo. Pretendia fazer com que Bruna, engolisse as todas as provocações, ali mesmo. Antes delas se posicionarem, chamei Dani num canto, e, pedi para ela cuidar de Mia, não queria que acabasse perdendo à cabeça novamente, por causa da outra. Daniele concordou, apesar de saber que, Mia, estava com à cabeça fria, após à conversa que teve com Bruna, no vestiário, algo que só fiquei sabendo depois.
Como ritual, ela olhou para mim, e piscou. Mas, dessa vez, ela não sorria, estava completamente concentrada. Desejei, boa sorte mentalmente, ela não gostava muito, dizia que era questão de quem tinha a melhor técnica, e, não de sorte. Pois é, eu achava bobagem, mas, acatava o que dizia.
O jogo começou. Daniele trocava passes com Mia, que, avançava. Bruna correu até ela, tentando tomar à bola, Mia, por sua vez, esquivava, dando um belo de lençol na garota. Manuela, estava eufórica, gritando e chamando pela torcida.
Mia, estava dando o seu melhor, Dani por sua vez, estava um pouco cansada; devido ao esforço físico, durante os outros quatro dias de jogos. Por isso, ficava mais na defesa, e, quando podia distribuía à bola para as meninas. O time de Bruna, estava entre os melhores de toda escola, perdendo, apenas pelo melhor desempenho da nossa turma. Graziele (atacante do outro time), avançou para cima de Mia, tentando mais uma vez, roubar à bola, ganhou uma lambreta, abrindo espaço para Mia finalizar, e, abrir o placar.
– ISSO! – Manuela, gritava, pulando no pescoço de… Felipe – Olê, Olê, Olê, Olá… O nosso time, vai ganhar! – Repetia euforicamente.
Foi quando notei, a presença dos garotos. Gustavo olhava divertido para Manu, e, sorria para mim. Dei de ombros. “É doida!” Pensei, retribuindo o sorriso.
O jogo continuava acirrado. Apesar de detestar Bruna, tenho que admitir, que, demonstrava ser habilidosa. Dava passes precisos, e, sabia comandar o seu time. Realmente, foi um jogo e tanto. O primeiro tempo terminou com um empate, nos últimos minutos. Manuela ficou irada. Ela xingava o árbitro, pois, foi com uma falta cavada, que, conseguiram o gol. De longe observei, o treinador Luiz, conversando com as meninas. Mia estava agachada em frente à Daniele, aplicando uma massagem em sua coxa, enquanto elas conversavam e falavam com o time.
O segundo tempo começou. As meninas estavam mais cuidadosas, segurando à bola, dando passes curtos. Daniele, avançou pela direita, e, quando chegou próxima a grande área, Luiza, passou à bola para Mia, que disparou, trocando passes com Dani, até ela conseguir marcar um golaço.
– ESSA É A MINHA LOIRÃO! – Manuela, já estava perdendo a voz de tanto gritar – Arrasa com elas, gata! – Assoviou – VAI LOIRÃO! VAI LOIRÃO! – A animação de Manu era contagiante, me juntei à ela, fazendo coro.
Mia, passou correndo, fazendo sinal para torcida, e, todo mundo começou a cantar junto. Retornou a sua posição. O outro time, começou a pressionar mais, Marcelinha, parecia ter virado uma muralha no gol; pulava, fazendo o seu tamanho triplicar. Daniele voltou para defesa, impedindo, o contra-ataque. Letícia, a outra garota, que, estava com Bruna no dia do empurra-empurra, veio por trás de Daniele, dando um jogo de corpo nela. Levantei na hora, pois a loira foi parar no chão, sentindo à coxa. A enfermeira, o treinador, e as meninas, vieram ao seu socorro. O árbitro, deu cartão amarelo para menina, Bruna foi até ela, percebi que deu maior bronca na garota, quando a mesma chegou perto da treinadora, recebeu tapinhas na costas, sendo substituída. Manuela, teve que ser segurada por Felipe, pois, já estava pulando a mureta de segurança, querendo invadir a quadra. Daniele levantou mancando, sendo amparada pelo treinador, e, por Mia doutro lado. Fui até Manuela. Dani, estava com expressão de dor; apertando à coxa. A enfermeira, começou aplicar uma massagem, passando um tipo de gel anti-inflamatório. Mia, olhou feio em direção a treinadora, que, invés de repreender a jogadora, deu apenas tapinhas nas costas, substituindo-a. Depois de ter sido atendida, Dani foi substituída por Chris, Mia, chamou ela e Adriana, conversaram rapidamente. Faltavam aproximadamente, uns sete minutos, para terminar o jogo.
O outro time veio para contra-ataque. Geyse, trocava passes com Bruna, quando Mia aproximou para roubar à bola, Bruna, tentou dar uma lambreta, porém, a morena foi mais rápida; virando junto e usando o ombro, evitando a finalização. Mia, deu passe de bola para Chris, que, invadiu o campo adversário, enquanto Adriana esperava o passe. Nesse momento, Geyse, aproximava rapidamente para acertar Mia, por trás, senti o meu coração acelerar na hora, gritei por seu nome, mas, a concentração dela era tanta, que não me ouviu. Num gesto rápido, apertei o pingente em meu pescoço, quando Bruna alcançou a garota, trombando com a mesma, antes dela acertar Mia, que, passou à bola para Chris, que finalizava a partida, nos dando a vitória com o seu gol. Geyse, foi de encontro com Bruna, tirando satisfação, enquanto, o árbitro apitou o fim do jogo. Manuela, quase ficou sem voz, mas, pulava feliz. Notei que Mia, estava alheia do ocorrido, foi até Dani puxando para a comemoração.
Foi uma cerimônia curta, tocou o hino Nacional, finalizando com o discurso da diretora, dando os parabéns as meninas e pondo em seus pescoços, as medalhas banhadas de ouro e prata. Bruna, aproximou de Mia, dando a mão em sinal confraternização. Mia aceitou o gesto, acenando suavemente. As meninas vieram ao nosso encontro com Mia, carregando Daniele, em suas costas. Ambas estavam cansadas, mas, felizes por ter alcançado o seu objetivo.
A treinadora Cássia, chamou Bruna, tocando o seu ombro e falando algo para ela, a garota começou a negar com à cabeça, saindo de perto da mulher, passando por nós. Encontrei com o seu olhar, agradeci com um leve aceno.
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança; Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades.”
Camões
Continua…
Fim do capítulo
Então, esse encontro vai render ou não? Afinal, Bruna, vai ou não, pro lado negro da força... hahahaha
Comentar este capítulo:
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]