Elisa acordou antes que Carol e ficou a observando, Elisa estava de frente para Carol estavam com as pernas enroscadas e Elisa estava quase esmagando Carol, tentou se afastar um pouco, mas Carol passou o braço que estava ao longo de seu corpo pela cintura de Elisa a puxando para mais perto e balbuciando alguma coisa. Elisa olhou mais de perto aquele rosto que ela já tinha decorado todos os traços observou desde os primeiros fios de cabelo até o queixo, voltou um pouco e focou na boca de Carol não resistiu e deu um beijo, fez um carinho com sua mão no lado do rosto dela e escutou:

- Se eu estiver sonhando não me acorde! Porque no sonho tem uma princesa linda me acordando!

- Boba! Pensei que estava dormindo ainda, te acordei, desculpa.

- Estava, mas se for me acordar sempre assim não precisa de desculpas, será um prazer – abriu os olhos e sorriu para Elisa que já sorria.

- Bom dia...

-Bom dia...- ficaram se encarando até que Carol a apertou mais e foi em direção a seus lábios.

- Eu to com bafo... – Elisa falou antes de Carol iniciar o beijo e depois já tinha esquecido do que falou.

- O que você falou mesmo? – Carol perguntou quando se afastaram e Elisa ainda estava de olhos fechados.

- Nada ... nem lembro mais ... – Elisa puxou Carol para si e passaram a manhã inteira entre beijos, carinhos, sorrisos, abraços e cochilos.

                Com muita preguiça saíram de casa para encontrar Guto, Bernardo e Letícia para almoçar. Acabaram optando por um restaurante japonês, elas chegaram e os outros três já estavam por lá. Assim que foram até a mesa deles Elisa ao se sentar fez a gentileza de ao puxar sua cadeira e sentar, também puxar a de Carol o que gerou uma troca de olhares entre todos só Elisa não percebeu o que tinha feito e quando viu todos a olhando perguntou:

- O que eu fiz de errado?

- Nada – disse Carol – Quer coca cola ou suco de limão? – Carol perguntou e ao mesmo tempo deu um chute em Bernardo para que ele e os outros parassem.

                Voltaram ao almoço, todos descontraídos falando sobre diversos assuntos até que questionaram Letícia sobre a noite anterior e ela contou fazendo com que todos rissem e outras histórias engraçadas surgissem. Terminaram o almoço e cada um seguiu para sua casa, pois no outro dia todos trabalhavam. Carol foi levar Elisa em casa e ela convidou Carol para subir mais um pouco, logo teriam que se separar, pois tinham que se organizar para o início de mais uma semana. Estavam no sofá vendo um filme, ou melhor estavam deitadas no sofá com Carol deitada em Elisa cochilando enquanto Elisa ficava fazendo cafuné em Carol e assistindo ao filme, quando o celular de Elisa tocou e ela atendeu mesmo sem olhar quem estava ligando.

- Alo – falou baixinho para não acordar Carol.

- Oi Elisa, esqueceu que tem família? – Elisa retesou o corpo todo ao escutar aquela voz e aquela cobrança.

- Oi mãe – respirou fundo antes de falar – tudo bem com a senhora? – com cuidado para não acordar Carol foi tentando levantar do sofá e indo até a cozinha.

- Tudo ótimo como sempre, e com você? É tão difícil ligar para a família?

- Mãe, a senhora sabe que não liguei porque da última vez discutimos e a senhora mesmo falou que não tínhamos mais o que falar. – Elisa falou isso se apoiando na pia.

- Bom, mas agora temos, sua irmã irá noivar e gostaria de sua presença, pediu para que eu ligasse e me desculpasse com você, mas sabemos que não há necessidade, então aguardo você aqui no segundo final de semana de novembro. – Elisa ficou muda por alguns segundos.

- Não mãe...

- Elisa, você virá e estamos conversadas.

- Mãe, me escuta...

- Elisa, acho que você já está bem grandinha para fazer birra.

- MÃE! Me escuta! – Elisa aumentou o tom para que sua mãe a escutasse – Eu não sou nenhum de seus funcionários para que a senhora me trate assim, a trato com respeito e educação então por favor, tenha o mínimo de consideração e educação comigo. – Por minha irmã, a qual a senhora encheu a cabeça a vida inteira falando que eu era um mau exemplo e com isso me afastou, eu irei! Ligarei para ela, conversarei sobre o dia que tenho que estar ai, por ela! Por ela que tem ainda um pouco de consideração por mim eu irei!- Elisa já estava com a voz de choro quando terminou de falar.

- Elisa sem drama, acho que precisa voltar a terapia, como eu disse nunca deveria ter ido embora daqui, mas você nunca me escutou. Agora está depressiva ai...

- Não mãe, AGORA que estou feliz, como nunca estive em toda a minha vida! Faz o seguinte, vamos deixar de nos atacar e falar o necessário avise a Lorena que ligarei para ela esta semana. Ou melhor, não avise nada, irei ligar para ela e falo com ela. Obrigada por me intimar a comparecer, mas mesmo que o relacionamento com minha irmã não seja dos melhores, por ela eu irei. Boa noite! Fique com deus Mãe! – Elisa nem deu tempo de sua mãe falar mais alguma coisa e desligou, ficou de olhos fechados se escorando na pia para se acalmar.

- Hey...linda não fica assim – Carol tinha acordado e estava atrás de Elisa a abraçando e falando perto de seu ouvido para a acalmar.

- Ela consegue com uma simples ligação de nem cinco minutos acabar comigo. – Elisa deixou uma lágrima cair. Carol a virou em seus braços.

- Lisa, não pensa assim, você já a tinha enfrentado assim?

- Não, não sei o que aconteceu comigo hoje, estava tudo perfeito na minha vida e do nada ela quer estragar, só que hoje não deixei. Hoje ela escutou, cansei de ser a que escuta tudo, guarda tudo e única que se machuca.

- Eu sei, eu sei ... – Segurou o rosto de Elisa secou as últimas lágrimas dela e a beijou até que sentiu que Elisa começou a se acalmar e a abraçou forte. – Está melhor?

- Estou, obrigada Ca.

- De nada, eu não pude deixar de escutar o final da conversa, então faça o que falou ligue para sua irmã amanhã, converse com ela e faça o que seu coração pede.

- Sim, irei fazer isso, e também é uma chance de eu ver meu avô que mesmo com todos os problemas ainda é o único que se importa comigo.

- Que absurdo você esqueceu-se de mim?Guto?Bernardo?Letícia?Seus amigos do trabalho, da academia e até aquele patife do seu colega de trabalho.

- Patife?....ah o Rogério.... Por acaso isso é ciúmes? – perguntou sorrindo.

- Não...só achei ele um idiota, você falando que eu iria te trazer para casa e ele insistindo, cara chato. – Carol falou fazendo careta.

- Que linda! Fica mais linda com ciúmes, acho que é a primeira vez que alguém tem ciúmes de mim, estou me sentindo agora – riu.

- Não é ciúmes, só achei ele chato. – Carol falou fazendo bico.

- Aham...sei....não é ciúmes...só um grande desconforto em relação a ele se aproximar de mim? Não é? – elas riram, Elisa abraçou mais forte Carol e a beijou, com toda sua vontade de mostrar pra ela naquele beijo que só existiam as duas e ninguém mais e que ninguém iria atrapalha-las.

- Hum...assim fica cada vez mais difícil ir embora. – Carol falou olhando para Elisa.

- Está difícil deixar você ir também.

- Mas temos...

- Mas temos... – disseram juntas e riram.

                Demoraram bastante para se despedirem, e prometerão se falar mais tarde. Fizeram suas coisas em suas casas e antes de dormir se falaram. Esse costume de se falarem toda noite antes de dormir se estendeu pela semana, se falavam também durante o dia por mensagens, na realidade não conseguiam ficar sem se falar.

Mensagem:

- Elisa: já almoçou?

- Carol: ainda não linda, e você?

- Elisa: Acabei de almoçar com o Guto, cheguei no escritório agora.

- Carol: Hoje está bem corrido aqui, provavelmente terei que pedir algo.

- Elisa: entendi, mas se alimenta Ca, beijosssss

                Carol não respondeu, pois provavelmente estava atendendo, Elisa então teve uma ideia, riu consigo mesmo ansiosa para saber a reação de Carol.

                Uma hora depois Carol estava entrando em sua sala, e morrendo de fome, pois já passavam das três da tarde, foi quando viu em sua mesa um embrulho transparente onde continha uma refeição do restaurante que levou Elisa a primeira vez que almoçaram juntas, ao lado um copo do mesmo local com suco de limão e ao lado um envelope com seu nome.

Querida Dra. Gostosona,

Imagino que esteja morrendo de fome, e acho que está na hora de eu retribuir todo o cuidado que tem comigo, e claro te paparicar um pouco. Rs

Já sinto saudades, desde a hora que nos separamos no domingo.

Beijos.

                                                                                                                                Lisa.

                Carol terminou de ler e estava com o seu maior sorriso no rosto, pegou o celular e ligou para Elisa, que não pode atender. Não iria mandar mensagem para ela, iria fazer melhor, mas antes iria ter um ótimo almoço.

                Elisa tinha visto que Carol tinha ligado, mas estava em reunião e não pode atender, mas ficou feliz, pois imaginava que a ligação seria sobre o almoço que tinha enviado a ela.

- Concorda Elisa? – Rogério perguntou no meio da reunião.

- Desculpa, sobre o que?

- Sobre eu ficar com o projeto e orçamento da Clínica Montes, pois como vocês irá começar o orçamento da obra do banco, imagino que ficará sobrecarregada.

- Não concordo Rogério, mas vamos fazer assim, você toma frente e antes de entregarmos a proposta a eles eu irei verificar ok?

- Não tem necessidade Elisa, ficará sobrecarregada.

- Eu sei dos meus projetos, e sei que não irei me sobrecarregar, portanto antes de entregar a eles a proposta eu quero verificar. – olhou para Guto que estava sério, e para os outros participantes da reunião que a olhavam surpresos, pois sempre foi muito calma, mas Rogério tinha o dom de tirá-la do sério e com isso a fazer desconfiar mais ainda dele em relação ao superfaturamento. – Bom se é só isso Guto, creio que podemos encerrar a reunião concorda?

- Sim, encerrado, e aguardo os relatórios até amanhã. – todos se retiraram e foram para seus escritórios.

Antes de chegar em sua mesa Elisa se pegou pensando que não iria em hipótese alguma deixar de ver os orçamentos da clínica, principalmente porque se passassem sem ninguém ver a empresa teria prejuízo e a Clínica de Carol pagaria a mais, absurdo, Rogério a estava tirando do sério, tinha quase certeza que era ele que estava superfaturando. Em sua sala sentiu uma mão segurando seu braço e não se espantou em perceber que era ele.

- Sei que é amiga pessoa do Guto, mas mulher nenhuma fala assim comigo!

- Acabou de conhecer a que fala! E tire suas mãos de mim, só o fato de me dizer esta frase e me tocar eu poderia ir ao RH. Porém não farei isso, agora saia de perto de mim e faça seu trabalho! Que farei o meu!- falou se soltando de um Rogério muito nervoso.

- Fica esperta Elisa!

- Ameaça Rogério?

- Me aguarde! – e saiu de perto de Elisa que já estava tremendo de raiva.

                Elisa pegou suas coisas e decidiu ir embora, pois já passava das 18 horas, como ainda era cedo, seus planos era de chegar em casa e ir até a academia pois precisava se acalmar, odiava estes tipinhos machistas. Chegou em casa mudou de roupa e foi pra academia que era bem próximo a seu apartamento. Depois de quase duas horas treinando foi para casa e lembrou que Carol não ligou outra vez e nem mandou mensagem.

- Estranho, deve ter algum caso complicado – falou sozinha e foi tomar seu banho.

                Quase dez horas Carol parava em frente ao prédio de Elisa, como o porteiro já a conhecia a deixou entrar direto. Foi até o apartamento dela e tocou a campainha, cobrindo o olho mágico. Elisa abriu só um vão da porta e quando a viu abriu a porta toda e sorriu.

- Sei que prometi que só comeríamos besteira de final de semana, mas queria agradecer pelo almoço e sei que você adora pizza! – Carol falou mostrando a pizza que estava em suas mãos para Elisa.

- Está perdoada, mas só se eu ganhar um abraço e um beijo! – falou deixando Carol entrar.

                 Carol nem deu tempo de Elisa fechar a porta direito, a pizza e sua bolsa já estavam sobre a mesa e ela já estava abraçando e beijando Elisa, a encostou na parede ao lado da porta e aprofundou o beijo, Elisa passou seus braços pelo pescoço de Carol a puxando para si enquanto Carol puxava Elisa pela cintura unindo mais seus corpos. As duas se buscavam no beijo, para saciar a vontade que estavam uma da outra após todos estes dias longe. Até que foram se acalmando e diminuindo o ritmo do beijo que por fim terminou com Elisa mordendo de leve o lábio inferior de Carol que riu e deu selinho mais longo em Elisa antes de se afastar um pouco para olha-la.

- Acho que você está com fome – Carol falou por conta da mordida que Elisa tinha lhe dado.

- Um pouco – riram

- Obrigada pelo almoço, mas principalmente pela preocupação e cuidado, eu adorei!

- Que bom Ca, eu adorei também ter enviado – riu – não sou tão desligada quanto pensam, só estava receosa de me meter em sua vida muito rápido, mas agora você dizendo que gostou fico mais tranquila.

- Adorei, e o que mais quero é que entre e tome conta de minha vida!

- Pensa bem hein – riu – sou toda cheia de problemas, mas depois que eu tomo uma decisão não há nada que me faça voltar atrás.

- Ótimo saber disso! – riram – vamos comer?

                Jantaram sentadas no chão da sala usando a mesa de centro como apoio, sentaram-se de lado para ficarem de frente uma para outra, conversaram como foram os dias que se passaram até a hora que Carol bocejou dando sinal de cansaço.

- Ai Cá eu te segurando até agora aqui e você tão cansada.

- To cansada, mas também não quero ir embora, mas tenho. – riu.

                Despediram-se por alguns minutos até que Carol se foi prometendo que ligaria quando chegasse para darem boa noite, Elisa foi arrumando o que utilizaram para jantar e quando ia apagar a luz da sala viu um envelope perto da porta.

MINHA Lisa,

Adoro falar isso, MINHA Lisa. Rs

Obrigada por me deixar entrar em sua vida e viver estes dias um de cada vez para assim não perdermos as boas surpresas e construirmos as boas recordações.

Aceita jantar comigo amanhã?

Beijosss                                                                                                                            Cá.

                Elisa abraçou a carta e foi pro quarto ligar para Carol, estava sorrindo e no fundo emocionada, adorou o fato da carta ser escrita a mão assim como foi a que ela mandou para Carol no almoço.

- Oi Linda

- Aceito – riu – E oi Cá, chegou bem? Adorei a carta!

- Cheguei sim – riu – estava esperando você achar e me ligar, que bom que gostou!

- A Doutora só esqueceu-se de me dizer onde e que horas.

- Onde? Meu apartamento, pois você ainda não conhece. E o horário, pensei em umas oito da noite o que acha?

- Hum, então irei conhecer o seu cantinho, ótimo! E o horário ótimo também! – riram, conversaram mais um pouco até o sono chegar para as duas e se despedirem.

Fim do capítulo