Um casamento em crise, uma nova oportunidade...
Capítulo 8 A viagem
Capítulo 8 – A viagem
-- Menina o que foi aquela bebedeira de ontem, quase que eu não chego em casa, viu!. Ainda bem que Kelly estava comigo, aliás...ainda está...
Disse as ultimas palavras quase que sussurrando ao telefone.
-- Normal né Patrícia, isso é pra gente aprender a beber menos.
-- E Helena, gente? Como ela é gente boa né, Carol! Bem disposta, ria de tudo e ainda tomou um pilequinho daqueles.
Não evitou a rizada curta, fazendo Carolina revirar os olhos e tentar finalizar aquele assunto que ainda permanecia em sua mente.
-- Então, depois eu vejo se ligo pra saber como ela está. Agora vou sair, combinei uma trilha com amigos.
-- Que animação! Hoje eu vou ficar pregada em casa assistindo filmes, mal consigo andar pela casa de tanta ressaca.
-- Então melhoras, querida, que já estou atrasada...beijos na Kelly.
E assim Carolina despediu-se, rapidamente, diminuindo o assunto, pois, queria agilizar sua saída. Ao menos poderia esfriar a cabeça e limpar a mente poluída com certas coisas.
E assim, Carolina fez a trilha e se divertiu com os amigos que há algum tempo não via. Chegou morta de cansada em casa, tomou seu banho e se alimentou com uma salada leve. Olhou para o telefone em cima do criado e suspirou desanimada. Sabia que deveria ligar, quebrar aquele gelo, sua amizade com Helena era importante, portanto, tinha que dar o primeiro passo e garantir para que tudo voltasse ao normal, ao menos pra si mesma. A voz do outro lado da linha deixara seu coração mais calmo:
-- Oi Carol, como vai, querida?
-- Bem, Helena. E você está melhor?
-- Agora sim.
Helena riu do outro lado da linha, arrancando a mesma reação da amiga.
-- Tomei uns remédios e repousei o dia inteiro e você?
-- Acabei fazendo uma trilha muito gostosa com amigos. Foi divertido, cheguei a pouco tempo. Liguei mesmo só pra saber se você estaria melhor depois de ontem.
-- Estou ótima e feliz, apesar da ressaca.
-- Que bom.
-- Então, que bom você ter ligado. Tem algum compromisso pra amanhã?
Carol ficara um pouco nervosa só de pensar na possibilidade de reencontrar a amiga, mas procurou agir naturalmente.
-- Por enquanto nada, por quê?
-- Paulo chegará amanhã e mamãe e papai também virão. Vamos sair pra almoçar fora e eu gostaria de convidá-la, sugestão da mamãe, sabe. Ela está doida pra dar seus pitacos no nosso projeto.
-- Bom, se não for o caso... Mas, você não acha que deveria aproveitar esses momentos com o seu marido, afinal de contas, já faz um tempo que vocês não se veem?
-- Não se preocupe com Paulo, com certeza dará mais atenção ao meu pai e ao assessor que à nossa companhia.
Helena disse de forma indiferente, assustando Carol, que via naquela situação mais um problema que poderia vir a aparecer.
“--Ela tinha que aproveitar o marido e ficar numa boa e não ficar deixando o relacionamento de lado!” Pensou.
No fundo, o que Carol queria era não ter a menor esperança de que Helena piorasse o casamento ou acabasse com o mesmo, abrindo esperanças que jamais existiram e nem seriam aceitas... para si? Preferiu nem pensar em tal hipótese.
-- Tudo bem. Eu irei, sim. Só me passar o lugar, tá!
-- Que bom. Fico muito feliz que você possa ir conosco.
-- Eu que agradeço o convite. Bem, estou com um pouco de sono, acho melhor descansarmos por hoje, né, mocinha!
-- Concordo plenamente, senhorita Carol. Durma bem.
-- Você também...
Carol se assustou quando viu o tom meloso com o qual se despediram. Ficou com raiva de si mesma, ao mesmo tempo que acreditava que talvez estaria quase neurótica com coisas tão bobas e inocentes. Por via das dúvidas, estaria disposta a se policiar em tudo, não iria se permitir estragar sua amizade com Helena de forma alguma.
No outro dia, Paulo e os sogros chegavam ao apartamento que na semana seguinte estaria sendo alvo de uma grande reforma.
-- Meu amor, que saudade!
O deputado abraçou e beijou a esposa carinhosamente, distribuindo beijos na boca e na testa. Entrou tagarelando junto aos sogros, contando sobre as ultimas novidades, o quanto estava trabalhando em seus projetos, a oposição que não largava do seu pé, deixando no ar, mil desculpas para aquela ausência constante. Helena ouvia tudo atentamente, tinha um semblante calmo, indiferente, no final das contas, sabia de cor e salteado toda a retórica rigorosamente ensaiada e, assim, achou por bem criar a sua própria retórica, ou seja, a da esposa satisfeita e compreensiva para que as coisas continuassem andando. Depois de acomodar a família e estando próximo o horário do almoço, escolheram o restaurante e, assim, Helena pode informar a Carolina da decisão.
Carolina se assustou quando percebeu a veracidade das palavras de Helena quando falaram ao telefone num outro dia. Realmente o marido dava total atenção ao sogro e ao assessor, preso no telefone e no Whatts app, enquanto mal percebia as mulheres conversando ao lado. Ao menos elas se divertiam com vários assuntos, especialmente sobre a reforma, os detalhes do projeto.
-- “Esta mais que explicado! Esse homem não merece a Helena, que coisa absurda. Fica milhares de dias sem vê-la e depois não da a menor atenção quando encontra.”
Ela pensava, entre uma rizada ou comentário engraçado da espirituosa mãe de Helena. Por sua vez, ao fim daquele almoço estimulante, o rapaz resolveu mudar sua posição.
-- Preciso dizer que minha querida esposa está cada dia mais bonita. Sinto sua falta, amor.
O deputado aproximou-se de Helena passando os braços por cima dos ombros, para então, distribuir um suave beijo nas bochechas da moça, que surpresa, acabou olhando para os presentes com as bochechas suavemente rosadas. Uma coisa tão simples e, que se tornara tão incomum, deixara Helena estranhamente pensativa. Ela sorrira de uma forma sem graça ao observar que aquele toque não era mais sentido como antes. Óbvio que o carinho estava presente, mas o calor que seu corpo normalmente despendia com a aproximação do marido parecia ter sumido de repente. Do outro lado da mesa, Carol sorriu, também. No seu interior ela desejara que Helena enfim, se acertasse com o marido, mas por outro lado, uma angustia estranha foi sentida com aquele contato. Preferiu usar todas as suas forças internas para não pensar naquela reação, jurava para si própria que tudo fazia parte daquele seu delírio repentino.
-- “Não, ela não estaria com ciúmes de Helena”.
Forçou-se a pensar daquela maneira.
No apartamento de Helena, era quase meia noite quando as vozes alteradas tentavam manter o mínimo da postura para não acordar aos demais.
-- Isso é ridículo, Roberto. Você não iria ficar até quarta-feira?
-- Eu também acreditava nisso, mas não posso ignorar essa sessão extraordinária, é prejudicial ao partido que eu não esteja lá amanhã.
-- É prejudicial ao nosso casamento que você também não esteja aqui.
-- Ora, Helena, nós não somos dois adolescentes, você entende muito bem do que se trata.
-- Ok. Então vamos os dois. Pede ao seu assessor para confirmar a minha passagem.
-- Não acho prudente um rompante desses nesse momento, é melhor que você fique por aqui.
-- Como, rompante, Roberto. Nosso casamento praticamente só está existindo no papel e você não quer que eu volte pra Cuiabá!
Helena se exaltou deixando o marido apreensivo. Estrategicamente ele havia pensado antes de resolver se pronunciar.
-- Querida, você sabe o quanto é importante pra nós termos um filho. Tudo irá melhorar e assim que isso acontecer a nossa vida. Outra coisa, você irá iniciar uma obra amanhã e isso irá te ocupar bastante.
-- Eu não vou mais implorar sua atenção. Façamos como sua excelência desejar.
A advogada sentiu as lágrimas caírem no rosto, quando o marido veio em sua direção e a abraçou carinhosamente.
-- Amor, isso tudo vai passar, seja paciente. Eu te amo, não esquece.
Roberto pegou a mala compacta beijou a esposa e saiu pela porta do quarto. E assim, por alguns minutos Helena ficara na mesma posição até ir se deitar na cama, onde deixou seu pranto rolar por horas naquela noite.
No outro dia, Dona Telma e o marido viram claramente o abatimento da filha. Preferiram não tocar no assunto para não dificultar as coisas e resolveram ficar com a Helena por alguns dias a mais. Carolina ligara para saber do inicio das obras no fim daquela segunda-feira e acabou sentindo a amiga um pouco triste, quando deveria estar radiante pela presença da família. Ficara sabendo que Roberto havia regressado e aquilo a deixara extremamente irritada. Havia se segurado para não falar poucas e boas daquele homem horrível. Preferiu ficar na sua e deixar Helena desabafar.
No escritório, Carolina desabafou todo seu descontentamento com a amiga.
-- Eu não acredito que aquele cara fez isso com a Helena.
Patrícia estava boquiaberta com aquela situação.
-- Pois é, isso me deixa triste. Helena é uma mulher incrível, linda, inteligente, mas infelizmente não fez a escolha certa.
-- Com certeza, ninguém merece aquele traste do marido dela. Puxa vida, Carol, que balde de água fria, hein. Ela estava tão feliz com a reforma. Bom, acho que você deveria se aproximar mais dela. Está sendo um momento difícil, nessas horas os amigos fazem muita diferença, sabe.
-- É, eu sei, disso Paty, mas eu estou meio insegura, ela é reservada e...
-- Não acho que isso tem a ver. Tente convence-la a sair, ir ao cinema, compras...nada melhor que um shopping pra dar alegria a vida das mulheres. Bom, neste fim de semana, irei para Campos do Jordão com a Kelly, ela até sugeriu convidar você e a Helena, mas como eu sei que isso será meio difícil, em todo caso, um passeio na serra seria uma ótima pedida pra todas nós.
--É verdade, sabe que eu estou precisando mesmo de um passeio desses, estou tão cansada.
Carol falava num tom sonhador como se tivesse viajado para outro lugar naquele instante.
-- Pense nisso e me dê uma resposta até quinta. Vamos ficar na casa dos pais dela.
-- Tudo bem, eu te confirmo até lá.
Carolina mergulhou no trabalho até tarde naquele dia, e esqueceu por algumas horas dos problemas que afligiam sua mente e coração.
Na terça- feira recebeu a ligação de Helena. Dona Telma e o marido a convidara para jantar no apart hotel, no qual estavam instalados. Sentiu-se feliz pela delicadeza, afinal de contas, ter adquirido a simpatia dos pais de Helena era para si um motivo de satisfação. Não recusara o convite e no horário previsto estava sendo recebida por Helena que tinha um sorriso meigo e agradecido na face, antes de abraça-la carinhosamente.
- E essa receita, Dona Telma, que maravilha de muqueca de pintado. Eu amo peixes. A farofa de banana da terra também está deliciosa.
-- Não exagere, Carolina, eu sempre fiz questão de cozinhar para os amigos, quando disponho de tempo.
-- Mamãe, não seja tão humilde, a senhora cozinha divinamente.
-- Mas você também aprendeu umas coisinhas, minha filha, só não gosta muito de exercitar.
-- Há muito tempo não cozinho, mas isso nem é necessário. Afinal de contas, cozinhar pra quem, mamãe?
E assim um clima um tanto constrangedor pairou e todos os presente ficaram em silêncio até a senhora sorrir e responder.
-- Pra quem? Oras, pra Carolina, é óbvio. Não vê o quanto ela gostou da peixada?
Carol estava na segunda porção, e acabou rindo da situação, aguentando as demais rizadas que seguiram, deixando a anfitriã e sua mãe felizes. E assim, o jantar continuou de forma alegre. O pai de Helena acabou tomando parte da conversa para si, junto de Carolina, que dava orientação acerca do mercado imobiliário, construção, etc.
-- O que você pretende pra esse fim de semana, Carol? De vez em quanto, você bem que podia tirar minha filha dessa inércia e a forçar a dar umas voltas por ai. Soube que vocês saíram outro dia. Helena, minha filha, aproveite a companhia maravilhosa da Carol e tente se divertir um pouco!
-- Ai, mamãe, não é bem assim, eu até saio de vez em quando, vou ao shopping...
Helena baixou a cabeça, encabulada com as palavras de incentivo da mãe.
-- Na verdade, nem nos seus tempos de faculdade você saia muito, meu bem. O casamento não é uma prisão. Veja sua mãe: Eu, Doninha e Valéria até viajamos juntas ao menos uma vez ao ano! Você precisa ter mais amigas e aproveitar mais a vida, tá pior que eu que já estou na melhor idade.
-- Mamãe!
Helena exclamou dando aquele olhar de quem tentava corrigir a mãe, mas no fundo estava se divertindo com tudo. No entanto, as palavras de Dona Telma surtiram um efeito mais que positivo e Carolina, movida por uma ansiedade estranha aliada a vontade de ver aquela moça sorrir novamente ousou sugerir, com uma voz um tanto contida:
-- Na verdade, Dona Telma, eu até tenho um programa para este fim de semana. Vamos aproveitar o feriado da segunda feira e ficaremos três dias em Campos do Jordão, eu e umas amigas. Eu iria estender o convite a Helena, se ela não tiver outro compromisso...
-- É lógico que ela não tem nenhum compromisso!
-- Mamãe, por favor.
-- Não minha filha, você vai se divertir um pouco com as amigas. Vai te fazer bem, eu e seu pai estamos voltando para Cuiabá amanhã e queremos vê-la mais tranquila.
-- Desculpe, minha mãe Carol, ela é assim...meio...
-- E aí, você aceita dar um passeio na serra?
Carolina reuniu coragem para reforçar o pedido e Helena sorriu, balançando as mãos em negação.
-- Ok, vocês venceram, eu vou pra Campos do Jordao Carol.
Os aplausos vieram em seguida, todos ficaram muito felizes, mas uma pessoa ali ao lado tinha seu coração aos pulos de ansiedade, medo, satisfação e alegria, tudo misturado na mesma medida.
No outro dia, na empresa, Carol parecia pensativa, rabiscava, rabiscava e suspirava.
-- Você quer parar de ficar com essa cara de paisagem perdida e me falar o que de fato tanto lhe incomoda? Eu já estou incomodada com você, Carol?
-- Ah, desculpe, Paty, não é nada não, a propósito, confirme o passeio em Campos do Jordão, eu e Helena iremos.
-- Ahn? Você está de brincadeira, ela aceitou o convite?
Carolina suspirou e revirou os olhos meio que achando sem cabimento a pergunta.
-- Desculpe, mas que bom que ela aceitou ir, Carol, vai fazer bem a ela.
Patrícia disfarçou passando a monitorar a amiga naquele instante.
-- Hun hun.
Foi a única coisa que Carol respondeu demonstrado todo seu estado de introspecção. Laura reverteu seus próprios questionamentos em pensamento:
-- “Isso está mais sério do que eu pensava. A Carol está insegura, eu conheço. Ela vai sofrer se não se abrir e aceitar o que está sentindo. É óbvio que ela tem sentimentos por Helena, mas com certeza está com medo de estragar a amizade, está confusa por ser hetero. Infelizmente eu não posso força-la a se abrir. Uma pena ela ter que segurar esse sofrimento sozinha.”
Patrícia pensava enquanto olhava pra amiga que continuava com a aparência fechada.
Na sexta-feira, Patrícia dava as ultimas instruções a Carolina, pois ambas pegariam a estrada após o almoço e iriam de carro para Campos do Jordão, onde deveriam chegar ao anoitecer.
A ansiedade de Carolina dava sinais de pulo quando a amiga num reflexo segurou seus braços firme olhando em seus olhos:
-- Calma, Carol, seja lá o que você está tendo dentro dessa cabecinha, relaxa. Tudo vai correr bem, o final de semana vai ser lindo e maravilhoso. Para de ansiedade, que você está mais que acostumada a dirigir por aí.
-- Desculpe, é que eu não vou sozinha dessa vez e eu me preocupo com Helena, você sabe.
-- Eu sei que você se preocupa com a Helena, o quanto ela parece uma boneca de porcelana, cheia de não me toques...e também...sexy...
-- Para com isso Paty..
Carolina não conseguiu esconder o riso e Patrícia apenas deu de ombros, deixando-a para trás com seus devaneios. Apesar de sua amiga, ela já estava perdendo a paciência com os surtos adolescentes da amiga, que não se abria e também colaborava.
-- Não se atrase por causa do transito. A gente se vê na chácara. Beijos.
No hotel, Helena também guardava certa ansiedade dentro de si. Estava fazendo coisas que nunca se dera a oportunidade e essa viagem com as amigas, particularmente, seria uma novidade em sua vida.
Pouco tempo depois, a arquiteta aguardava a moça que descia com aspecto feliz e descontraído, seguida do motorista que trazia sua mala. Carol disfarçou bem o nervosismo ao cumprimentar a amiga. Tudo organizado e, então, partiram rumo ao passeio.
Aos poucos ambas se soltaram novamente e a viagem se tornou mais que agradável do que o esperado. A paisagem marcante, a MPB gostosa tocada ao fundo foram fundamentais para a sua tranquilidade. Após duas paradas e elas enfim chegaram a cidade, e assim, alcançaram aquele lugar charmoso e encantador escondido num cenário totalmente bucólico que era a chácara dos pais de Kelly, uma propriedade verde, formada pela rica diversidade nativa da região.
As anfitriãs já aguardavam alegremente na porta do confortável e espaçoso chalé, rodeado pelo jardim onde dois cachorros corriam de um lado para o outro.
-- Até que enfim vocês chegaram!
Patrícia não perdeu a oportunidade de brincar com a situação olhando maliciosamente para Carolina que fingiu não perceber as intenções nas entrelinhas. Após os cumprimentos, Kelly chamou as convidadas para conhecerem a propriedade, enquanto o caseiro levava as malas aos quartos indicados.
-- O lugar é simplesmente lindo.
-- É verdade, Helena e olha que você estava pensando em não vir nesse passeio.
-- Seria um pecado, Carol, obrigada por insistir.
Helena tocou o antebraço de Carolina suavemente, deixando-a um pouco constrangida, o que não passou despercebido por Patrícia que a tempos continuava suas observações.
-- Ah, meninas, eu ia me esquecendo. Irão chegar alguns casais de amigas e umas primas. Eu queria saber se seria algum problema vocês dividirem o mesmo quarto?
Kelly perguntou um tanto receosa e Carolina quase esbugalhou os olhos em estado de pânico.
-- Claro que não, né, Carol, eu até prefiro assim.
-- Sim, por mim, sem problemas.
Ela foi obrigada a concordar.
-- Então deixa eu apresentar o quarto pra vocês. Podem ficar a vontade, tomar um banho. Daqui uma hora vamos servir o jantar.
E assim, elas entraram naquele quarto que parecia um quarto encantador, onde cada detalhe fora artesanalmente colocado dando aquele lugar um aspecto de delicadeza, como fosse um quarto de lua de mel e romance. Carolina ficou quase estática em frente a imensa cama de casal forrada por uma colcha rendada branca.
-- Nossa, amei nosso quarto. Que bom gosto, que delicadeza!
Helena disse antes de ir descobrir o banheiro, onde sorriu ao constatar a jacuzzi maravilhosa.
Carolina parecia não ter conseguido digerir as palavras “nosso” e permanecia silenciosa.
-- Algum problema, Carol.
A advogada não evitou de perguntar ao perceber a letargia da amiga.
-- Não eu só estava pensando no quanto iremos descansar com tudo isso a nossa disposição.
Ela respondeu duma vez só, com disposição ensaiada.
-- Sim, também, acredito nisso. Mas por hora, se não se importar gostaria de imergir por alguns minutos naquela jacuzzi maravilhosa ali no banheiro.
Helena falou sugestiva, fazendo Carolina rir e se descontrair novamente. E assim, enquanto Helena tomava seu banho, Carolina resolveu deitar na imensa cama. Tirou da bolsa o livro que a muito tempo tentara terminar de ler e, assim, viu sua ansiedade sumir no mergulho daquela historia.
Algum tempo depois, Carolina ouve seu nome e instintivamente vai até o banheiro e abre a porta lentamente.
-- Oi. Você me chamou?
-- Ah, desculpe Carol, mas é que eu queria fazer uma esfoliação, aproveitar essa banheira maravilhosa, mas deixei o esfoliante na outra nécessaire. Você poderia trazê-lo ?
-- Vou la pegar, um minuto.
-- Obrigada. Helena respondeu dentro da banheira que a cobria de espumas até o pescoço.
Carolina ficou insegura ao se aproximar da banheira e se deparar com aquela mulher de sorriso perfeito que ergueu sua mão pra pegar o pequeno frasco. A arquiteta se preparava para sair quando Helena disse:
-- Sem querer ser abusada, você não poderia me ajudar com as minhas costas?
Carol fechou os olhos, antes de virar o corpo vagarosamente e se deparar com a mulher absurdamente linda, cheia de espumas, a se levantar da banheira e começar a massagear o conteúdo pastoso em sua pele. Primeiro ela passou nas pernas, depois nos braços. A arquiteta foi se aproximando lentamente. Helena entregou o frasco para a amiga que despejou o conteúdo em suas mãos sem pronunciar uma única palavra. Ela começou a massagear toda a extensão das costas daquela pele tão macia e que parecia queimar suas mãos a cada movimento, mordeu os lábios inferiores, o calor novamente atingira seu baixo ventre, Carolina tremeu e fechou os olhos, fez uma oração interna e continuou a esfolhear a pele da loira. Foi impossível não notar os músculos enrijecidos e cheios de nódulos.
-- Helena você deve estar uma pilha, seus músculos estão cheios de nódulos.
-- Eu tenho sentido muitas dores nas costas. Ansiedade, acho.
Helena respondeu quase sem entusiasmo e Carolina pareceu ter se arrependido quando automaticamente sugeriu:
-- Se quiser eu posso fazer uma massagem, aprendi algumas coisas por ai. Assim, que for para o quarto eu pegarei um óleo essencial para passar nessas costas.
-- Eu aceito, alias, eu preciso. Já estou quase saindo. Vou fazer o enxague agora mesmo.
Pouco depois a loira saiu do banheiro enrolada nas toalhas e foi até a cama.
-- E agora?
Olhou para Carolina que parecia apreensiva, todavia, novamente forçou-se a disfarçar com perfeição.
-- Então, me espera uns cinco minutos, vou ali tomar um banho rápido, descarregar minha energias. Deita na cama e relaxa um pouco. Agorinha eu retorno e faço a massagem.
E assim, rapidamente Carol tomou o seu banho e retornou para o quarto, já vestida com um pequeno short e uma camiseta sem mangas.
Ela evitou olhar para a mulher que em pouco tempo estava deitada sobre a cama lendo o livro que ela deixara na cabeceira.
-- Pronta pra relaxar?
-- Ah, desculpe. Estava completamente envolvida com o seu livro. Adorei o enredo, vou comprar um assim que retornar, muito interessante. Helena colocou o livro de lado, no pequeno criado e fitou a amiga esperando as orientações.
-- Eu vou emprestar o meu pra você tá, mas por enquanto preciso que você tire a toalha e vire de bruços.
Carolina desviou os olhos e pegou a toalha cuidadosamente. Dobrou-a para depois colocar sobre o bumbum da outra. Passou os óleos em suas mãos nervosas. Subiu sobre a cama e sentou-se sobre a anca da loira, evitando deixar todo o peso. Começou a massagem deslizando suas mãos por todo o dorso que pareceu relaxar instantaneamente aquele toque. Entre uma gemida e outra ela ouvia os agradecimentos e elogios que vinham entre palavras sem conexão, Helena parecia cada vez mais sonolenta e Carolina sentia os reflexos daquela pele queimando entre seus dedos e suas mãos, levando uma onda de calor para vários lugares do seu corpo. Ela também suspirava vez ou outra, parecia anestesiada aos próprios movimentos. Algum tempo depois, após o silencio, constatou o obvio, que Helena dormira e então resolvera encerrar por ali, a massagem. Saiu de cima do corpo da mulher que ressonava tão delicada e desprotegida. Resolveu vestir-se para descer. Antes de sair, escreveu um bilhete e deixara no criado mudo ao lado da cama com os seguintes dizeres:
-- Espero que esteja melhor. Estaremos esperando-a para o jantar. Beijos, Carol.
Fim do capítulo
Meus amores, to cansada de pedir desculpas pelos atrazos...muitas historias,,,muita coisa acontecendo em minha vida...e eu nao estou conseguindo ser uma boa administradora...beijos e até a proxima!!
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Miss_Belle
Em: 02/11/2015
Pensei que seria capítulo novo?? Porque atualizou sem ter cápitulos??
Resposta do autor:
Um erro, querida,...capitulo postado novamente...agora vai funcioanar,...comente o que achou..beijos
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Angeloliveira
Em: 01/11/2015
Primeiramente, parabéns!!!!
uma história de amor que esta acontecendo aos poucos, onde as duas estão se descobrindo, até por que até agora elas consideravam-se heteros, está sendo dificil até de compreender o que estão vivendo, pois, são sentimentos novos, existe o impercilio maior para a carol, Helena é casada, por mais que seja um casamento de aparencias,e só existe no papel, mais existe...que ambas possam compreender o que se passa em seus corações antes de mergulharem no desconhecido..
#PS:URGENTE!!!!
manda o marido da Helena pro espaço..ou homem idiota, deve estar com outra, pois não deixou que ela fosse com ele...que desculbram sua traição e o mau carater que ele é..que venha a publico não só para Helena mais para todo o eleitorado que ele "preza" tanto e para o querido sogro que ele parece gostar mais que da mulher....SERÀ QUE ELE È GAY????kkkkkkk
bjim....
Resposta do autor:
Ola querida,
Vocë tem uma ótima percepção e ideias fantasticas...vou acatar uma delas...
beijos continue comentando...
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patty-321
Em: 28/10/2015
Mais um otimo cap. E Helena mais uma vez percebeu q a vida dela e infeliz. Esse marido imbecil quer so o título de casado tem a vida dele e ela nao faz parte. Aos poucos o sentimento vai se instalando nos corações das duas. Esta mais evidente na carol. Fica bem veruska. Aguardo ansiosamente o próximo. Bjs
Resposta do autor:
Patty
Olha ja vou postar o proximo...agora sim os problemas deverao se iniciar,...o marido será apenas um detalhe..
obrigada por acompanhar
beijos querida
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Ana_Clara
Em: 28/10/2015
Já nem me lembro direito do último capítulo... Enfim, espero que essas duas se acertem logo, pq está meio parada a vida da Helena. Esse marido deve trair ela de monte, só a besta não percebe.
Resposta do autor:
Obrigada Ana CLara
Ele faz muita coisa errada sim,...confira nos proximos capitulos;....mas elas duas ainda ter"ao algumas barreiras.
bjos
obrigada por acompanhar
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